Chegando lá tomei um banho, peguei meu celular e tinham várias chamadas, adivinhem de quem?? Da Carly. Garota desesperada. Retornei a ligação e ouvi um “oiii” estridente.

-Oi Carly, você me ligou, to retornando.

-Sim. Você chegou agora?

-Exatamente, acabei de entrar em casa.

-Como foi o encontro? – ela falou toda maliciosa.

-Não foi um encontro, foi um passeio com um amigo.

-Chame como quiser. Me conta como foi.

-Tudo correu bem até o Bryan chegar com a Sara a tiracolo.

Arrependi-me de ter contado isso no momento em que ela soltou um grito

-MENTIRA!!

-Não grita sua louca. E não, não é mentira. Ele se materializou de repente na nossa frente e ainda fez ceninha por eu estar com o Freddie.

-E como o Freddie reagiu?

-Você sabe como ele é, às vezes até exagera na educação, ele apenas cumprimentou o Bryan. O que me irritou foi àquela garota. Ridícula. Com o olho grande pra cima do Freddie, parecia que ia saltar em cima dele a qualquer minuto.

Carly ria do outro lado da linha.

-Ciúmes Pucket?

-Claro que não. Não viaja Carly. É só que é muito mau caratismo até pra ela, tipo, o Bryan tava lá do lado e ela nem pra disfarçar.

-Fico imensamente feliz que o Bryan tenha achado alguém à altura dele, agora sim a ordem está estabelecida.

- Concordo plenamente, mas tirando isso transcorreu tudo bem. Conversamos bastante, nos atualizamos dos acontecimentos da vida um do outro, bem, Carly, já respondi ao seu interrogatório, agora eu tenho que dormir, temos aula cedo neh?

-Tá bom, dorme bem e tenha bons sonhos ta? Ah, que cabeça a minha, é claro que depois de um encontro desses, você não vai ter problemas para ter sonhos. Tchau.

Depois disso, ela desligou sem me dar a chance de responder, me deixando ainda pasma com o celular na orelha e uma expressão perplexa.

Você me paga Shay.

Depois que me recompus, fui tomar um banho, vesti uma roupa confortável, eu mal fechei os olhos pra dormir e o despertador me alerta inesperadamente para um novo dia. Não sei o porquê, mas tenho a impressão de que as noites estão encurtando, bom, sem mais devaneios, olho para o relógio e são 06h30min então tenho bastante tempo para me arrumar.

Quarenta minutos depois já estou arrumada para ir pra faculdade, tomo meu café da manhã- cereal com leite – tranquilamente, ou melhor, entediadamente, leio as notícias do jornal, as coisas nunca mudam... Assalto, extorsão, vários crimes, pessoas desaparecidas. Dobro o jornal e lavo a louça. Tranco a casa e entro no carro, não consigo afastar meus pensamentos de Freddie, principalmente do que ele me falou enquanto nos despedíamos, também senti imensamente a falta dele todos aqueles anos, e nem nos meus maiores devaneios pensei que ele sentisse da mesma forma.

Devido a grande onda de ansiedade que está se instalando em mim, coloco o CD do Maroon 5 para tocar, um dos meus álbuns favoritos – songs about Jane – this Love. Passando o engarrafamento horrível eu consigo chegar à faculdade com tempo suficiente pra encontrar a galera reunida em uma das mesas lá fora.

-E aí Sam, como foi o final de semana? –Kevin, um de meus amigos, perguntou-me afastando-se, me dando espaço para me juntar a eles.

Não sei como foi que pessoas tão diferentes conseguiram fazer amizade, na verdade, Carly meio que é a cola que nos mantêm unidos. Suzane é baixa, cabelos castanhos longos, olhos claros e assim como Carly, ela estuda moda. Ela é namorada do Kevin que é o engraçadinho da turma, as feições dele me lembram o Warrick do CSI, ele estuda rede de computadores. Minha companheira de curso é Bridget, loira como eu, ela é um pouco mais baixa e bem calada, a única pessoa com ela conversa abertamente sou eu. Me desliguei de meus pensamentos e percebo que todos estão me olhando como que esperando por algo. Só que eu não lembrava p que era, olhei para Kevin e disse:

-O que você perguntou?

Eles se olharam confusos e Carly se pronunciou:

-Liga não gente, ela ta assim o fim de semana todo – ela se arrependeu instantaneamente vendo que estava revelando demais e sobraria pra mim ter que explicar, mas Bridget veio em meu auxílio.

 – É que essa semana temos um monte de provas, ela deve estar preocupada com isso, e com razão, eu mesma to com muita dificuldade nessa cadeira de estatística, bem que você podia me dar uma ajuda pra prova, não é Nick?

Ela perguntou levando a atenção para ela, me livrando da emboscada em que Carly me colocou. Nick que estava um pouco afastado, pois falava ao telefone, e tinha acabado de desligar, estudava rede de computadores com Kevin e era fera nas matérias exatas.

- Claro Bri, te ajudo, quando é sua prova?

-Depois vocês combinam isso – Carly falou, ela odiava ficar fora do assunto - Então Su, o que o casalzinho dez esse fim de semana?

-Eu e Kevin fomos a uma exposição – Su falou toda animada.

-Que estava chata pra caramba – Kevin disse brincando com o cabelo da namorada.

-Kevin! Você disse que tinha gostado – ela disse meio chorosa.

-Su, meu amor, o sono faz a gente condescendente e já que você exigiu minha opinião, a palavra mais curta e que te deixaria feliz era “adorei” – ele falou com seu jeito espontâneo fazendo-nos rir inclusive Su – Bri, fez o que de bom?

-Um monte de trabalhos atrasados. E você Carly? – ela falou desviando a atenção de si.

-Fui com a Sam a casamento da minha prima.

-Eu, diga-se de passagem, fui obrigada a ir pelas chantagens de nossa amiga Shay.

-Exagerada – Carly falou me mostrando a língua – Bom – Carly não conseguia conter o sorriso – E... Passei domingo com o Brad – Ela falou toda animada.

A noticia não surtiu o efeito esperado.

- Ah, qual é gente, esses é o momento em que vocês dizem “mentira”!! Vocês voltaram?

- Essa novidade aí não é mais tão nova assim – Kevin falou.

-Verdade amiga, dessa vez vou ter que concordar – Su disse, desculpando-se com o olhar.

Continuaram conversando e eu não sei dizer em que parte da conversa fiquei aérea, voltando a pensar no Benson, mais precisamente em minha reação a ele. Certo que em algum momento da minha infância eu nutri sentimentos por ele, mas, tipo, éramos crianças, então era algo platônico. E agora a situação era outra, somos adultos e eu entendo bem o que quer dizer esse frio na barriga que eu sinto quando ele está por perto, embora eu jamais admita em voz alta, não posso mentir pra mim mesma, então sei que algo foi desperto com a chegada repentina de Freddie Benson, algo que eu nem lembrava sentir. Faria o possível para enterrar essa descoberta. Eu não arriscaria minha amizade com Freddie nem meu coração que já estava mais pra lá que pra cá. Senti alguém puxando meu braço, era Bri que discretamente me despertou de meus devaneios ( N/A eu amo essa palavra, deu pra notar não é?)

-Vem Sam, nossa primeira aula já vai começar.

-Ah, claro, vamos. Tchau galera, até mais tarde.

-Tchau – falaram em uníssono.

Entramos e fomos logo para nossa primeira aula. Estamos no segundo semestre e hoje tínhamos aula de Estatística, correu tudo bem, tirando o fato de não ter conseguido me concentrar na aula, mas fiz bastantes anotações, daria uma olhada depois.

O restante do dia foi tranqüilo, encontramos a galera no intervalo, fiz um lanche rápido e só teria mais uma aula, então iria para casa dormir um pouco antes de ir trabalhar.

Quando a aula terminou, me despedi de Bri e fui embora, chegando em casa almocei e fui dormir. A intenção era acordar as três, mas alguém resolveu atrapalhar meus planos, me encontro agora meio sonolenta em uma busca por meu celular que resolveu brincar de pique – esconde dentro da minha bolsa. Quando o encontrei atendi sem olhar o visor.

-Seja quem for, espero que tenha um ótimo motivo para ter me acordado.