Debaixo Do Mesmo Teto escrita por Giulianna Valadares


Capítulo 7
I just wanna to know today, know that maybe I will be ok


Notas iniciais do capítulo

Fala, galera! Estão gostando das mudanças? Espero que sim.
Aqui vai mais um capítulo!
Sugestão de música: Be OK - Ingrid Michaelson

Aproveitem!! ♥



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Encarar Andrew normalmente, no dia seguinte, não foi nada fácil para Savannah. Quando desceu para o café da manhã, a garota encontrou-o na cozinha, extremamente concentrado no que fazia: ovos mexidos, bacon, waffles, suco de laranja, café... Tinha de tudo, e o cheiro fez o estômago de Savannah roncar alto."Hmmmm, não basta ser gostoso e ter uma pegada incrível, tem que cozinhar bem também" pensou a garota, encostada na soleira, admirando o garoto.

Mas a chegada de sua mãe e Mike fez o garoto se virar e dar de cara com a Savannah de seu sonho da noite passada: na soleira da porta, vestindo a camiseta cinza dele – ela a encontrou em cima do criado-mudo depois da “confusão” – e um shortinho preto que mal aparecia pelo tamanho da outra peça. Os cabelos bagunçados, as bochechas rosadas e um sorriso lindo. O coração dele acelerou e ele se sentia um garotinho de novo, pensa em como aquela garota realmente mexia demais com ele.

Mas não podia. Seriam irmãos agora e o que acontecera na noite anterior não podia se repetir. "Que pensamento de garotinha é esse? Você tinha mais é que aproveitar que ela tá na porta à frente!" O sorriso que seguiu esse pensamento foi inevitável.

— Vocês estão tão quietos hoje! - declarou Susan, quebrando o silêncio da mesa - Nem parecem que temos dois adolescentes nessa casa!

Os quatro riram, mas Savannah e Andrew estavam sem graça. Porque a imagem do que acontecera na noite passada voltava constantemente na mente dos dois. E quando os olhares se cruzaram, o rubor foi inevitável.

— Ontem foi um dia longo, mãe, dê um desconto pra gente - Savannah disse, tentando controlar as borboletas em seu estômago.

— É, foi uma grande mudança, né, maninha? - Andy sorriu para a garota, provocativo. Savannah ficou mais vermelha.

— Ah, que amor, já estão se tratando como irmãos, Mike - Susan bateu palmas.

— Grande evolução, crianças! - Mike sorriu

— Crianças? - os dois jovens indagaram, ao mesmo tempo.

— Ah, Savannah, já a considero minha filha também - ele sorriu paternalmente para a garota. Os olhos dela se encheram de lágrimas. A expressão dele lembrava muito a de seu pai em seus sonhos, mesmo o rosto dele não sendo muito bem definido. Foi o sorriso que despertou essa sensação nela.

— Obrigada, Mike, acho que posso considerá-lo como pai também.

***

Do outro lado da cidade, Peter voltava de sua rotineira corrida quando passou pela caixa de correio e resolveu pegar as correspondências.

— Conta de água, de luz... - murmurava - Telefone, carta da vovó, Universidade de Stanford...

Estava quase passando para próxima quando percebeu o que tinha acabado de ler. A carta de resposta.

Peter retornou ao envelope. Suas mãos tremiam e ele sentia que poderia desmontar, osso por osso, ali no meio da rua. Seu sonho de cursar Engenharia Aeroespacial em Stanford estava ali, em suas mãos. Todas as noites sem dormir, estudando. A dedicação nas atividades extra-curriculares. Os anos de economia para poder pagar a anuidade. Tudo aquilo se resumia àquele envelope.

Ele sentou na calçada e respirou fundo. Tinha colocado todas as outras correspondências de volta na caixinha, e agora estava ali, encarando o envelope. O silêncio da vizinhança permitia que ele ouvisse sua própria respiração e os dedos roçando o papel. "Está na hora, Peter" pensou "Vamos ver o que eles têm a te dizer". E abriu. E saiu correndo para dentro de casa, chorando. Seu mundo estava revirado, era capaz de sentir cada músculo de seu corpo enquanto corria e subia freneticamente as escadas até o quarto. A respiração ofegante, os gritos entalados na garganta. Seu peito ardia, seu coração ardia. Tudo ardia. Mas era simplesmente a melhor sensação do mundo.

— EU PASSEEEEEEI! EU CONSEGUI! - chegou no quarto dos pais aos berros, acordando os dois num susto.

Ambos muito parecidos com o filho, Joseph e Louise eram loiros, de cabelos claros e pele branca levemente bronzeada; ela tinha olhos azuis e o pai, olhos verdes. Olhos que agora se enchiam de lágrimas, corações que se enchiam de orgulho do filho mais novo do casal.

— Nós sabíamos, meu filho, sabíamos que conseguiria - os três haviam se tornado um embolado só na cama.

— Engenharia aeroespacial, mãe, eu vou realizar meu sonho! - Peter chorava muito. Ele ainda não acreditava que era verdade.

Toda a emoção do momento tinha sua razão. Peter sempre se dedicara muito para chegar ao mesmo sucesso dos irmãos mais velhos, Patrick e Vanessa. Ambos formados em Stanford, ele em Direito e ela em Medicina, agora tinham suas famílias e moravam em outros estados do país. Mas sempre estavam presentes na vida do irmão mais novo, apoiando-o no sonho de "trabalhar no ar". Fora o orgulho estampado nas faces de seus pais. Três filhos formados nas três profissões de maior prestígio. Não havia como a felicidade ser maior. Mas o final da carta, que passara desapercebido por Peter, provaria o contrário.

— Deixe-me ver a carta, meu filho - pediu Joseph, lendo-a atentamente depois o que o filho a entregou. Uma expressão de surpresa e alegria maiores ainda surgiram no rosto do homem.

— Você foi convidado para uma espécie de curso preparatório, antes do começo das aulas, Peter! Isso é incrível! - O garoto estava espantado. "Não, não acredito! O curso de verão!" pensou "Não é possível!"

— Deixa eu ver isso de novo, pai - e olhou na carta. Sim, ele fora convidado para o curso. Era um sonho se realizando atrás do outro.

— Meu Deus! - exclamou - Vocês tem noção de que só os melhores calouros são convidados para esse curso? Aqueles com maior potencial são convidados a irem três semanas antes para se ambientarem no campus e fazerem alguns curso livres, até iniciarem matérias mais complexas!

— Ah, meu querido, sempre soubemos que você conseguiria entrar, mas entrar com honras?! Isso é fabuloso! - Louise transbordava alegria.

— Preciso ligar para Savannah - e saiu porta afora atrás do telefone. - Ela vai ficar tão feliz quando souber!

E sorrindo para o celular que encontrou jogado na cabeceira ao lado de sua cama em seu quarto, discou o número que sabia de cor. Chamou uma, duas, três, cinco vezes e nada. Quando estava prestes a desligar, o outro lado da linha respondeu. Mas não era a voz da namorada dizendo alô.

Era a de Andrew.


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Notas finais do capítulo

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