POV - Harry

Um mês havia se passado desde a última vez em que Rony e Hermione se falaram. Rony havia nos dito que não voltaria com Hermione e que desistiria dela de uma vez por todas.

Foi um mês conturbado, até demais. Eu, Neville e até Draco estávamos preocupados com nosso amigo. Parecia que, aos poucos, ele estava voltando a ser a pessoa que era antes de conhecer Hermione, e esse é um motivo mais que suficiente para nos deixar preocupados.

Ele saía pra beber três vezes na semana e algumas vezes trazia uma garota para casa e se trancava no quarto com ela por horas. E o pior é que não permitia que nós falássemos nada.

Gina me disse que ela e as amigas (incluindo Hermione) haviam notado a mudança de comportamento de Rony. Desde que a notícia de que ele estava solteiro novamente havia se espalhado por Hogwarts, as garotas foram voltando a venerá-lo de perto, e ele retribuía os olhares, as cantadas, os flertes...

Eu e Gina tivemos longas conversas sobre Rony durante o mês, ela estava tão preocupada quanto eu. Mas não sabíamos o que fazer, ele estava nos afastando.

Em um sábado, às 8hrs da manhã, Gina me ligou:

– Oi, amor - falei ao atender

– Oi, tá tudo bem por aí? - ela perguntou

– Está sim. Algum problema?

– Não, não... Acontece que minha mãe me ligou ontem à noite e ela quer te conhecer.

– Sério? Que dia?

– Hoje. Ela quer que a gente vá almoçar lá.

– Isso é ótimo, eu quero muito conhecer sua mãe. Você fala tão bem dela, ela me parece ser uma ótima pessoa.

– E ela é. Mas tem mais um motivo pelo qual ela quer marcar esse almoço hoje.

– E qual é?

– Papai acabou de chegar de viagem e vai passar a tarde inteira em casa, o que acontece no máximo três vezes ao ano. Ela disse que é a data perfeita para irmos lá.

– Hum... Por essa eu não esperava. Desculpe a sinceridade, mas não estou muito ansioso para conhecer seu pai.

– Sem problemas, eu também não estou muito ansiosa para vê-lo, na verdade - ela deu um risinho nervoso

– Bem, a que horas devemos chegar lá?

– Pode começar a se arrumar agora? E quando terminar vem me buscar aqui em casa e nós vamos.

– Tudo bem

– Bem, tenho mais uma coisa pra te falar.

– O quê?

– Mamãe quer que Rony vá também.

– Ah, não sei... Ele chegou de madrugada aqui em casa, estava em mais uma festa. Graças a Deus não trouxe nenhuma garota.

– Force-o a vir, então.

– Eu vou acordá-lo, mas ele vai querer me bater por isso.

– Não tem problema, você vai continuar lindo até com um olho roxo - ela riu.

Eu ri também. Após alguns segundos sua risada parou subitamente e ela voltou a falar:

– Sabe, mamãe acha que Rony vai levar Hermione para conhecê-la.

– Por que você não disse a ela que Rony e Hermione terminaram?

– Não tive coragem. Ela está tão animada, é a primeira namorada de Rony que ela vai conhecer. Ela já adora a Mione mesmo sem conhecê-la.

– Gina, você sabe que se você não contou a sua mãe, vai caber ao Rony contar. E ele não vai ficar nada feliz com o assunto.

– Eu sei, mas... - ela suspirou - olhe, acorde-o e se arrume ok? Vamos acabar logo com isso.

– Tudo bem, até daqui a pouco. Eu te amo.

– Eu também te amo.

Desliguei o celular e fui até o quarto de Rony. Ele havia chegado em casa muito bêbado para se preocupar em trancar a porta, então entrei de vez.

Abri as cortinas para deixar a luz do sol entrar, puxei o edredom que cobria Rony e comecei a sacudi-lo.

– Mas que p...? - ele abriu os olhos com dificuldade e os voltou pra mim - O que está fazendo?

– Te acordando, obviamente.

– Ainda deve ser de madrugada

– Não, você foi dormir de madrugada, e agora está acordando em uma linda manhã.

Ele olhou para o despertador ao lado da cama

– São oito da manhã, cara, eu pretendia acordar perto das oito da noite.

– Pra levantar e ir pra mais uma festa, chegar de madrugada de novo e repetir todo o processo, certo? Bem, tenho outros planos pra você. Pra nós, na verdade.

Ele respirou fundo e se sentou, esfregando os olhos.

– E o que é?

– Vamos pra casa dos seus pais. Sua mãe quer me conhecer e está propondo um almoço de família. Até seu pai vai estar lá.

– Por 15 minutos, eu suponho.

– Na verdade, sua mãe disse que ele vai passar a tarde toda em casa.

– Hum... Isso é raro

– Então, vá tomar banho e se arrume, vamos sair em meia hora.

– Eu só vou fazer isso porque você já me acordou e não vou conseguir dormir de novo

– Tá, tá - saí do quarto dele e fui me arrumar.

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Eu, Gina e Rony chegamos na mansão dos Weasley às 9h45min. E que mansão!

A propriedade era gigante, absolutamente enorme. Os jardins eram super extensos e quase me perdi ali dentro enquanto Rony e Gina iam me guiando, eu estava dirigindo o carro de Neville, que eu peguei emprestado. Finalmente consegui chegar até a frente da mansão, e Gina disse que eu poderia deixar o carro ali mesmo.

Assim que saí do carro me assustei com um garoto magricela que se materializou na minha frente, estendendo a mão.

– Bom dia, senhor. Eu preciso da sua chave para levar o carro até o estacionamento dos visitantes.

– Hum, tudo bem - entreguei a chave do carro a ele.

– Bom dia, Colin - Gina falou para o rapaz, enquanto ele entrava no carro.

Rony simplesmente ignorou o garoto e foi entrando na casa.

Gina segurou minha mão e fomos entrando. Havia quatro portas duplas na entrada, e a do canto estava aberta, por onde Rony passou.

Entramos também e lá dentro era ainda mais impressionante do que eu achei que seria. Eu estava me sentindo tão pequeno dentro daquele lugar enorme!

– Você está bem? - Gina sussurrou no meu ouvido

– Estou sim, só um pouco nervoso

– Sua mão está suada - ela disse

E então eu percebi que estava suando feito um porco. Senti-me ainda pior.

Gina me puxou para mais adiante na casa, e encontramos Rony abraçado com uma senhora vestida com um uniforme muito elegante. Quando ela nos viu, se afastou de Rony e veio até nós.

– Ah Ginevra, você está tão linda! - ela abraçou Gina e se voltou pra mim - Você deve ser o famoso Harry, certo?

– Sou eu sim - disse, e fiquei surpreso quando a senhora também me abraçou.

– Você está cuidando bem da minha menininha? Espero que sim... - ela me soltou - A propósito, meu nome é Papoula, sou a governanta da mansão.

– Ela é como minha segunda mãe - Gina disse

– Falando em mãe, a sua está na sala de estar com o seu pai.

– Acho que devemos ir vê-los - Rony disse

– Devem sim, mas... Querido - Papoula se voltou para mim novamente - Você me parece muito nervoso, tem que se acalmar antes de encontrar o sr. Weasley. O velho Arthur não é lá muito tolerante, acho que você vai querer impressioná-lo.

– Hum... sim - eu respondi

– Por que não vamos até a copa e eu te dou uma limonada ou algo do tipo? Acho que vai te ajudar.

– Acho que ele adoraria um pouco de passion fruit, Papoula - Gina falou, sorrindo (N/A: na Inglaterra, passion fruit é uma espécie de maracujá. Tem o mesmo sabor, a mesma aparência e o mesmo efeito, que é meio que calmante e tal).

– Sim, ajudará ainda mais. Venham comigo - ela chamou

– Bem, já que vocês vão fazer um lanchinho, eu vou atrás de mamãe e papai - Rony disse, mal humorado, e saiu

– O que há com ele? - Papoula foi andando e nós fomos a seguindo

– Ele está com alguns problemas - Gina falou

– Bem, acho melhor que ele ponha um sorriso no rosto. O pai de vocês está uma pilha de nervos, demitiu dois seguranças hoje pela manhã, só porque os viu acariciando os cachorros de guarda. Se Rony continuar com esse mau humor, eles vão acabar brigando.

Engoli em seco. Tudo o que eu precisava saber era que o pai de Gina estava nervoso.

– Bem, vou preparar pessoalmente um suco pra você, Harry. Um agricultor de North Yorkshire (N/A: uma cidade rural que fica perto de Londres) vem todas as semanas trazer uma remessa de frutas fresquinhas. Ele trouxe uma hoje mesmo, às sete da manhã. - ela ia falando enquanto percorríamos os corredores da mansão, e de certa forma isso foi me acalmando aos poucos.

Depois que chegamos até a copa, Papoula fez o suco e eu tomei, Gina me levou até a sala de estar.

Era um cômodo enorme, com uma lareira, sofás e poltronas de couro brilhante, estantes com alguns livros, um lustre luxuoso no teto e um tapete persa que deveria custar uma fortuna.

A sra. Weasley - uma senhora baixinha e gordinha, de cabelos ruivos curtos e cacheados, com sardas por todo o rosto - estava sentada em uma das poltronas, folheando um revista e tomando chá ou café em uma xícara.

O sr. Weasley - um homem alto e esguio, de cabelos ruivos bem penteados, vestindo uma camisa pólo e uma bermuda – estava no sofá mais próximo a esposa, observando cuidadosamente um taco de golfe prateado.

Gina pigarreou e eles perceberam que estávamos lá.

– Gina! – a sra. Weasley largou tudo o que tinha em mãos em uma mesinha e saiu correndo para abraçar a filha – Que saudade de você. Você e seu irmão nunca mais me fizeram uma visita. – ela soltou a garota e continuou a falar, em tom acusatório – Na verdade, desde que se mudou que você não volta pra casa.

– Desculpe mamãe, estive ocupada.

– Tudo bem, tudo bem... E você, rapazinho – ela se voltou para mim – Você deve ser o Harry, o famoso namorado da minha princesinha – ela me deu um abraço.

– Sim, sou eu. É um prazer conhecer a senhora, Gina me fala tão bem de você. – falei

– Me chame de Molly, por favor – ela me soltou.

Alguns segundos de silêncio se seguiram até que Molly se virou para o marido.

– Não vai cumprimentar sua filha, Arthur? – ela disse, séria

Arthur Weasley agora estava de pé, os encarando com um olhar frio, ainda com o taco de golfe nas mãos.

Ele veio andando até nós e parou em frente à Gina.

– Olá Ginevra – ele disse

– Oi papai – ela respondeu

O sr. Weasley pareceu pensar um pouco e então se inclinou para abraçar a filha brevemente, de forma nada afetiva. Foi um momento constrangedor até pra mim.

Quando a soltou, ele voltou o olhar para mim.

– Então você é o namoradinho de Ginevra? – ele disse a palavra em tom sarcástico, como se considerasse nosso namoro nada mais que uma brincadeira tola de crianças.

– Sim, eu sou o namorado dela. – eu dei ênfase na palavra – Prazer, Harry Potter – estendi a mão para ele. Ele apertou minha mão por poucos segundos e então nos deu as costas e foi voltando para o sofá, dizendo:

– Receio que não tenha vindo pedir minha permissão para namorar minha filha, estou correto?

– Permissão, não. Ele veio apenas se apresentar. – Gina respondeu

– Não falei com você, Ginevra – Arthur disse rapidamente

– Mas ela está certa – falei – Não vim pedir permissão. Espero que o senhor saiba que ficaremos juntos independente de sua aprovação. Mas seria muito melhor se aprovasse.

– Hum... suponho então que quando forem se casar, não vai se dar ao trabalho de vir pedir a mão de minha filha para mim.

– Eu farei questão de vir

– Ou podem apenas fugir para Las Vegas e serem casados por um falso Elvis Presley numa capelinha, não é mesmo? De que vale a benção do pai da noiva, afinal?

– Garanto que não vai acontecer

– Eu não duvidaria, levando em consideração a grande cabeça de vento que minha filha é...

Senti Gina ficando agitada ao meu lado.

– Sua benção e sua presença serão muito importantes para o nosso casamento – falei

Ele me fitou com os olhos estreitos

– Você fala que vai se casar com minha filha com muita convicção, senhor...

– Potter – eu disse

– Sr. Potter. Espero que tenha noção das palavras que está dizendo.

– Eu tenho sim. Sua filha é a mulher que eu amo e pretendo passar o resto da minha vida ao seu lado.

Arthur deu um risinho debochado.

Eu estava prestes a responder uma grosseria quando Rony entrou no cômodo.

– Roniquinho! – Molly exclamou ao ver o filho e foi correndo abraça-lo.

– Eu nem tinha reparado que você não estava aqui. Você não veio pra cá antes da gente? – Gina perguntou

– É, mas eu resolvi passar na garagem para dar uma olhada nos novos carros da coleção do papai. – ele se afastou da mãe e foi andando até o pai – São incríveis, pai.

– Ah, meu garoto. Você gostou? – Arthur sorria ao abraçar Rony – Senti sua falta – ele deu tapinhas nas costas do filho

– Eu também, pai.

– Eu estava no campo de golfe hoje mais cedo, mas resolvi interromper a partida para vir te esperar em casa. Cheguei há uns 40 minutos.

– Legal – Rony sorriu

Logo percebi que aquilo era exatamente oposto ao tratamento que Arthur dava a Gina. Me senti injustiçado e indignado por ela.

– Então filho, você não tinha que trazer sua namorada também? Her... mione? Não é esse o nome dela? - Molly perguntou

Rony parou de sorrir e lançou um olhar desesperado e furioso para Gina

– Então mãe – Gina começou a falar quando viu o olhar de Rony – O Rony e a Hermione... eles... hum... não estão mais juntos.

– O que? Por quê? Mas o que aconteceu? Isso é uma péssima notícia, por que você não me avisou logo? Eu estava tão ansiosa para conhecê-la e...

– A Hermione não vem, mãe. Ela não vem. – Rony disse

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Passei o resto da manhã no jardim com Gina, Molly e Papoula. Estávamos sentados em volta de um pequeno lago e tínhamos uma conversa agradável em que pude conhecer melhor as duas mulheres mais importantes da vida da minha namorada, e elas pareceram gostar muito de mim.

Rony passou a manhã com o pai em qualquer lugar da mansão que fosse bem longe de nós.

Às 12h30min, uma empregada foi até nós e nos disse que o sr. Weasley havia mandado servir o almoço e que queria todos lá agora.

Voltamos para a casa e eu, Gina e Molly fomos para a sala de jantar, onde Rony e Arthur já estavam.

Assim que nos sentamos, três empregadas começaram a servir a entrada. Quando terminamos, foi a vez do prato principal.

Estávamos todos nos deliciando com a comida quando Arthur pigarreou e começou a falar:

– Então, sr. Potter... se não for muito incômodo, pode me dizer mais algumas coisas sobre você? De onde vem a sua família? Qual a carreira dos seus pais?

– Minha família vem aqui de Londres mesmo e meus pais... bem, estão mortos. Desde que eu tinha um ano de idade.

Molly levou as mãos à boca, espantada.

– Sinto muito, querido – ela disse.

– Tudo bem – respondi

– Me perdoe por tocar no assunto então, sr. Potter – Arthur disse – Mas agora fiquei curioso, com quem viveu após a morte dos seus pais?

– Vivi com meus tios até os quinze anos de idade e depois disso me mudei para morar com meu padrinho, que também foi morto após o meu aniversário de 18 anos. – falei de uma vez só, para que me poupasse de pensar no assunto (N/A: Não sei se vocês lembram, mas já contei a história do Harry aqui na fic em algum capítulo anterior)

– Sua família se envolveu com algum crime ou algo do tipo, sr. Potter? Tantas mortes... me parece uma perseguição. – Arthur perguntou, parecendo desconfiado.

– Não, senhor. Meus pais morreram num acidente de carro e meu padrinho foi apenas mais uma vítima da violência mundial. – falei, tentando parecer tranquilo.

– Mas quem te sustenta agora?

– Meus estudos são pagos com uma pequena fortuna que meus pais deixaram pra mim quando morreram. Meu padrinho me deixou uma casa, no largo Grimmauld em Little Whining. Mas não moro nela, só tenho as chaves. Na verdade não faço a mínima ideia do que farei com a casa, mas isso é um assunto para pensar depois.

– Já que não mora lá, aonde mora?

– Bem, eu moro com o Rony. Sou um dos melhores amigos que vive com ele no loft que você comprou.

– Ah, então você é um dos amigos de Rony... quer dizer então, que eu pago suas contas? – Arthur deu um sorriso cínico

– Se te incomodar, eu posso começar a pagar por minha estadia. Não quero ser sustentado por ninguém.

Os olhos do sr. Arthur brilharam de algo que me pareceu admiração. Mas ignorei aquilo.

– Não, Harry. Pare com isso, é ridículo – Rony se pronunciou – Vocês podem parar de discutir e voltarem a comer?

– Só uma última pergunta, sr. Potter. O que quer ser da vida? Você faz faculdade, certo? O que está cursando? – Arthur perguntou

– Eu faço faculdade de medicina, senhor.

– Olha só, alguém que quer ter uma carreira promissora. Isso é ótimo, talvez possa ensinar alguma coisa a Gina e fazê-la largar a ideia medíocre de ser escritora.

Gina revirou os olhos. Eu quase fiz o mesmo.

– Meu filho Ronald, sim. Vai ser um grande advogado, o meu garoto. E vai se casar com uma mulher que saiba o que quer também, uma mulher com uma carreira também promissora. Nós, Weasleys, não nascemos para sustentar nossas esposas.

– Falou o homem que me impediu de trabalhar para que eu cuidasse da casa – Molly disse

Arthur a ignorou e continuou falando com Rony

– Então filho, o que a sua ex-namorada Hemone fazia? Tenho certeza de que as garotas que você escolhe são muito inteligentes.

Rony ficou imóvel e encarou o prato. Ao perceber que o irmão não ia responder, Gina disse:

– O nome dela é Hermione, e ela cursa Letras junto comigo. E sim, pai, ela é muito inteligente – Gina lançou um olhar afiado para o pai

O sr. Weasley franziu o cenho, parecendo irritado e surpreso. Não esperava que a namorada do filho não fosse ter uma carreira que ele considerava aceitável e promissora. E o curso de Letras era algo que ele considerava sem fundamento e uma grande perda de tempo.

Ele relaxou a expressão e deu um sorrisinho, então voltou a falar:

– Outra lunática que acha que vai ter algum prestígio profissional sendo uma escritorazinha. Pelo menos agora sabemos por que o Rony terminou com ela, não é? – ele riu

– Perdi o apetite – Rony levantou da mesa e foi saindo

– Mas filho, ainda nem comeu a sobremesa – Molly falou.

– Ronald? Ronald, volte aqui! – Arthur o chamou, mas ele não voltou.

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Depois daquela situação, soubemos por Papoula que Rony pegou um táxi para ir pra casa enquanto terminávamos o almoço.

Eu e Gina passamos a tarde assistindo um filme e trocando carinhos no antigo quarto dela, e a toda hora uma empregada batia na porta para nos encher de lanches.

– Mamãe gosta de ver os filhos bem alimentados – Gina disse – e as visitas mais ainda.

No fim da tarde, vimos pela janela do quarto enquanto um helicóptero pousava ao longe no jardim, em uma área aparentemente feita para pousos. Vimos enquanto um pontinho vestido de preto ia até o helicóptero e ele decolava novamente.

– Era o meu pai. Ele já foi e nem se despediu de mim. – Gina parecia chateada, mas eu estava aliviado por não ter que me encontrar com ele novamente.

Quando escureceu, nós nos despedimos de Molly e Papoula e fomos embora. Gina resolveu ir dormir no loft, então fomos direto pra lá.

Quando entramos pela porta, a sala estava vazia e as luzes apagadas.

– Os meninos devem ter saído – eu disse

– Sim. Vou beber um copo d’água – Gina falou, e foi até a cozinha.

Eu estava tirando os sapatos quando ouvi Gina gritar e saí correndo até a cozinha.

– O que aconteceu? – perguntei

– Isso aconteceu – Gina apontou para uma menina loira de lingerie que estava em frente a ela

– Eu vim buscar isso – ela levantou uma garrafa de vinho – e sua amiguinha chegou e se assustou comigo

– Quem é você? – perguntei

– Vejo que conheceram a Fleur – Rony ligou as luzes e veio até a cozinha, ele vestia só uma cueca – Ela me deu o número dela ontem e resolvi aproveitar que não tinha ninguém em casa pra chama-la pra cá – ele pegou a garrafa de vinho da mão da menina e bebeu um gole

– Saia daqui agora – falei para a garota

– O quê? – ela perguntou, tinha um sotaque francês, eu reparei

– Saia daqui agora – falei pausadamente

– Não pode expulsar ela daqui – Rony disse

– Posso e vou – peguei a menina pelo braço e a arrastei até a sala – se vista e saia, ou vou jogá-la na rua desse jeito mesmo

– Acho que achei o pedaço de pano que ela chama de roupa – Gina pegou um tecido azul minúsculo do chão que parecia ser um vestido

– Me dá isso aqui! – a menina arrancou o vestido da mão de Gina e o vestiu rapidamente

– Agora vá embora – a empurrei até a porta

– Me larga, ok? – ela se soltou de mim e pegou um par de botas que estava no chão – eu consigo sair daqui sozinha. Bando de trogloditas... – ela jogou os cabelos por cima do ombro, nos olhou com desprezo e saiu porta afora.

Pensei que Rony ficaria furioso, mas ao invés disso, começou a rir enquanto voltava pro seu quarto:

– Que bom que vocês só chegaram depois de várias rodadas de um bom sexo, eu ficaria bem irritado se me interrompessem.

Depois que Rony entrou no quarto, Gina falou:

– Não sei como consertar isso. Como consertar ele.

– Eu acho que sei, amanhã vamos leva-lo num passeio. Espero que dê certo. – eu disse, já planejando em minha mente o dia seguinte.