POV - Rony

Cheguei à faculdade mais cedo do que de costume na segunda-feira. Deixei os meninos dormindo e saí de casa em silêncio para que não acordassem e me enchessem de perguntas.

Era o início da semana de provas, e tive que olhar em uma lista na recepção da faculdade em que sala Hermione faria a prova. Era a sala de número 394, tive que subir algumas escadas até chegar ao corredor correto. Ainda faltavam 40 minutos para o início das provas, como eu sabia que Hermione sempre chegava cedo, me sentei à porta da sala e fiquei a sua espera.

Os 40 minutos foram se passando e os corredores começaram a ficar cheios de alunos transitando. Os professores que iriam fiscalizar a prova na sala dela entraram, seguidos por vários alunos. Faltando pouco tempo para a avaliação começar, vi Gina se aproximando:

– Rony? O que faz aqui?

– Gina! - me levantei - Estou esperando Hermione, nós precisamos conversar e resolver toda essa história de vez. Onde ela está?

– Ela não vem hoje...

– Não vem? Por quê? Está tudo bem?

– Ela passou mal ontem pela manhã e...

– Passou mal? Como assim passou mal?

– Ela vomitou, mas não foi nada demais.

– E vocês a deixaram doente e sozinha em casa?!

– Ela está bem, Rony.

– Se ela está bem, por que não quis vir para a faculdade?

– É óbvio, Rony! Ela faltou para te evitar...

– E-ela disse isso?

– Bem, não com essas palavras... mas é claro para mim que ela quer ficar longe de você.

– Ela não perderia as avaliações...

– Ela está muito mal, Ronald. Essa história toda de traição...

– Eu não a traí – a corrigi

– A deixou muito fragilizada – Gina continuou a falar, me ignorando - você não tem noção do quanto. Não duvido que a tontura e o vômito de ontem tenham sido causados por essa situação.

– Bem, então eu vou até o apartamento de vocês tentar falar com ela

– Eu não acho que seja uma boa ideia...

– Eu estou pouco me importando, Gina. Eu não consigo viver sem a Hermione, e eu não vou desistir de fazê-la acreditar em mim

– Ok, mas e a prova? Você precisa se concentrar para passar, Rony. Hermione me contou que suas notas não estavam lá essas coisas...

– Arg, é verdade. Vou até minha sala e digo ao professor que não posso fazer, não sei. Algum jeito eu vou dar – antes que minha irmã pudesse me impedir, saí correndo em direção a minha sala de prova.

Na metade do caminho, me esbarrei em alguém enquanto corria distraidamente.

– Mas o que...? – uma voz grave falou – Ah, Sr. Weasley.

O reitor da faculdade, Severo Snape, me encarava com uma de suas sobrancelhas arqueadas.

– Podia me explicar o porquê da pressa? – ele perguntou, ajeitando o terno amarrotado pelo impacto

– Bem, eu estava indo explicar para o meu professor que não posso fazer a prova, mas posso falar com você.

– E por quê não pode realizar sua avaliação?

– Bem, eu... não estou me sentido muito bem...

– É pra isso que temos uma enfermaria aqui. Você pode ir lá e tomar um remédio, depois ir fazer sua avaliação. O atraso será justificável.

– Mas eu não acho que um remédio vá resolver. É que eu... eu estou com... diarreia! – falei, e coloquei as mãos sobre a barriga

– Hum... bem, acho que nesse caso... – o reitor fez uma careta – Ah, pode ir, sr. Weasley. Mas não se esqueça de se inscrever para a segunda chamada depois.

– Tudo bem, obrigado senhor. – saí correndo para o estacionamento

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Cheguei ao prédio de Hermione e entrei pelas portas de vidro da entrada. O zelador, sr. Filch, veio me cumprimentar:

– Sr. Weasley, como vai? O porteiro faltou hoje, então estou no lugar dele – o velhote disse com um ar de importância.

– Olhe, vou subir para o apartamento da Hermione – falei rapidamente, o ignorando

– Ah, senhor, não tem ninguém aí

– Eu sei que as meninas saíram para a faculdade, mas a Hermione ficou em casa.

– Não não, a srta. Granger saiu há uns cinco minutos

– Não, com certeza ela ficou em casa

– Não senhor, ela saiu – Filch disse, ficando irritado

– E pra onde ela foi?

– Foi para o ponto de ônibus dali da frente, mas acabou de pegar o ônibus. Eu a vi subindo.

– Que merda! – berrei

Filch me encarou com um olhar de reprovação e foi se sentar à mesinha do porteiro

Saí do prédio e fui para casa, não tinha cabeça para tentar fazer a prova. Quando cheguei ao loft, os meninos já haviam saído. Aproveitei o silêncio, tão raro naquele lugar, me deitei no sofá e fiquei olhando pro teto.

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POV – Neville

Eu, Draco e Harry saímos do loft imaginando que Rony estaria na faculdade, mas quando chegamos, descobrimos, por Gina, que ele tinha ido atrás de Hermione. Resolvemos não fazer nenhum comentário sobre o assunto.

As avaliações iam começar e nós fomos para nossas respectivas salas. Eram duas avaliações por dia, depois da primeira havia um intervalo de 40 minutos, em seguida a segunda avaliação e então estaríamos liberados para ir para casa ou continuar no campus.

Demorei mais que o normal para fazer a primeira avaliação, mas saí da sala muito satisfeito. Realizei a prova com perfeição.

Quando saí, a maioria dos alunos já estava do lado de fora das salas de aula. Combinei de me encontrar com Luna na cantina, então fui até lá, animado para contar a ela que tinha ido bem na prova (eu não era muito bom em nenhuma matéria).

No caminho, avistei o mesmo grupo de garotas que eu havia visto na boate conversando sobre Rony. Entre elas, mais uma vez, estava Lilá Brown. Como da última vez, elas estavam cochichando e olhando para os lados para que ninguém pudesse ouvir.

Sem que elas me notassem, cheguei mais perto e me sentei em um banco que ficava muito próximo delas. Peguei o celular do bolso para fingir que estava distraído e apurei meus ouvidos. Era Lilá quem falava:

– Não vi nem o Uon Uon, nem a nojenta da Hermione por aqui hoje. Isso me preocupa. Será que eles estão juntos?

– Acho que não, ela não seria capaz de perdoá-lo – a garota de cabelos negros e curtos falou

– Concordo com a Pansy – outra das meninas disse

– É, talvez. Acho que dessa vez não tem volta. Estou muito orgulhosa de você, meninas. Fizeram um ótimo trabalho – Lilá disse e as outras garotas deram risinhos. As quatro saíram dali.

Aquilo definitivamente era muito estranho. Eu estava começando a achar que aquelas três garotas eram as mesmas que haviam “atacado” Rony. E faria todo sentido, levando em consideração que elas eram amigas de Lilá Brown.

Rony havia contado que Lilá o ameaçara por mensagem quando ele terminou com ela, mas já fazia tanto tempo que ninguém mais lembrava dessa garota. Talvez essa tenha sido a vingança dela. Talvez ela tenha armado tudo para que Rony e Hermione terminassem. Talvez eu tivesse matado a charada!

Eu comecei a me sentir muito inteligente de repente, pois tudo começava a fazer sentido. Mas eu não podia dizer nada a ninguém sem que eu tivesse certeza. Eu iria investigar e descobrir tudo sobre essa história direitinho antes de contar. O primeiro passo era descobrir se aquelas foram realmente as garotas que estavam no loft com Rony. Eu precisava perguntar a Harry, ele saberia, pois tinha visto as meninas.

Saí correndo em direção à cantina, precisava encontrar Luna. Resolvi colocar esse assunto de lado até que eu visse Harry.

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– Oi Nev, como foi a prova? – Luna perguntou assim que me viu

– Muito bem, e a sua?

– Ah, eu fui muito bem também.

– Sério? – Luna perguntou, com um certo tom de incredulidade na voz

– Está duvidando da minha capacidade, é? – ri

– Não, é que... Você sempre diz que poderia fazer melhor, que não foi bem, que devia ter se esforçado mais...

– Mas dessa vez, eu fui ótimo. Sinto-me muito bem comigo mesmo.

– Isso é ótimo – ela me deu um selinho – Ei, sabe com o que eu estava me distraindo antes de você chegar?

– Com o quê? – perguntei

– Com aquilo – ela apontou para o outro lado da cantina, onde Draco estava sentado com Astória em uma mesa.

Ela lia um livro enquanto ele tentava beijá-la no pescoço incansavelmente. A cada investida, ela afastava um pouco mais a cadeira dele, mas ele continuava se aproximando. Em alguns momentos, ela parava de ler para reclamar com ele. Então ele a beijava, ela o empurrava, e voltava a ler.

– Isso está acontecendo há minutos, repetidamente – Luna riu

– Eles até que formariam um casal legal, mas estranho

– Totalmente estranho – Luna riu ainda mais

– O que foi?

– Isso é irônico, não? Estamos falando de um casal estranho, quando nós dois somos os mais esquisitinhos dessa faculdade. Pelo menos é o que dizem.

– Nós somos especiais. Pelo menos, você é. Eu sou só um grande idiota.

– Você é lindo – ela disse, e me beijou.

Ficamos conversando por alguns minutos. Quando o sinal para a segunda prova bateu, os alunos começaram a ir para suas salas. Eu me despedi de Luna e fui em direção a minha, e mais uma vez me deparei com aquelas garotas. Mas dessa vez, elas eram cinco. Astória estava entre elas, conversando animadamente.

– Hum... acho que está na hora de Draco apresentar sua namorada aos amigos – pensei