Never Let Me Go escrita por Line Martins


Capítulo 52
Capítulo 51


Notas iniciais do capítulo

Queridossssssssss, voltei!!!
Que hiatus longo né? Me perdoem, amores.
Então, eu já tinha dito pra vocês que da primeira vez que fui postar esse capítulo, eu acabei o perdendo. Aí depois meu computador quebrou e ficou quebrado por um bom tempo. Daí meu pai consertou e voltou ao normal por um tempinho, só que não pude postar nessa época pq tive que estudar pra recuperar minhas notas, e eu recuperei (menos em física D:). Só que aí meu computador quebrou de novo, meu pai colocou no conserto e só voltou ontem. E hoje eu digitei o capítulo de novo.
Ele está longo, então espero que vocês me perdoem pela demora.
Boa leitura ♥



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POV - Hermione

No domingo, acordei mais tarde que o normal devido a uma noite agitada. Acordei diversas vezes durante a madrugada, fiquei inquieta demais e meu sono não foi dos melhores.

Quando acordei, Luna já havia levantado e imaginei que Cho e Gina também. Saí do quarto em direção ao banheiro, e no corredor pude ouvir as vozes de Cho e Luna, confirmando o que eu havia pensado.

Segui para o banheiro, escovei os dentes e entrei no chuveiro. Fiquei cerca de 15 minutos parada enquanto a água caia sobre mim, olhando fixamente o vidro do box embaçando devido ao calor da água. Após isso, me ensaboei e enxaguei e saí.

Vesti a primeira calça de moletom que encontrei, uma camisa larga que era do meu pai e calcei uma pantufa surrada. Enrolei a toalha nos cabelos e segui até a cozinha.

– Bom dia, Mione! - Luna me deu um sorriso animado

– Bom dia - falei, sem nenhum entusiasmo - Vejo que fizeram o café da manhã.

A mesa estava cheia. Jarras de suco, panquecas, waffles, tiras de bacon e ovos fritos.

– Você sempre prepara o nosso café da manhã, achamos que estava na hora de retribuirmos o favor. - Cho falou

– Onde está Gina?

– Dormiu no loft. Agora se sente.

Sentei-me à mesa e elas começaram a empurrar pratos de comida para mim. Comi tranquilamente, em silêncio. Cho e Luna me observavam com olhos atentos e eu as ignorava.

Quando terminei de comer os ovos com bacon e uma panqueca, parti para os waffles. Eu não havia percebido que estava com tanta fome, nem me lembrava de quando tinha me alimentado pela última vez.

– Ei, tome aqui um pouco de calda - Cho me entregou um potinho de calda de chocolate próprio para waffles

– Onde comprou isso?

– Minha mãe trouxe dos Estados Unidos (N/A: Em Londres os waffles não são muito comuns)

– Hum... - coloquei a calda no waffle e me pus a comer.

Depois da quinta garfada, comecei a sentir algo estranho no estômago. Como se algo estivesse se revirando ali dentro.

– O que aconteceu? - as meninas repararam na minha expressão

– Eu não sei, estou sentindo uma coisa... estranha. Acho que a calda de chocolate não me fez bem.

– É melhor parar de comer

– É, acho que s... - antes que pudesse terminar de falar, a ânsia de vômito me preencheu. Dei um salto para fora da cadeira e saí correndo até o banheiro. Debrucei-me sobre o vaso sanitário e pus pra fora até o que não sabia que havia ingerido.

– Mione! - ouvi as meninas gritarem e virem correndo atrás de mim

– Oh meu Deus, oh meu Deus! - Luna exclamava

– Sem drama, Luna. - Cho reclamou e se abaixou para que pudesse esfregar minhas costas

Não sei por quanto tempo fiquei ali com o rosto no vaso sanitário, cheirando o meu próprio vômito, mas para mim pareceu uma eternidade. Quando finalmente terminei, dei descarga e lavei minha boca na pia.

– É, acho que chega de calda de chocolate por hoje - Luna falou

~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Passei o resto da manhã sentada no sofá da sala lendo, com Cho e Luna me encarando como se eu fosse cair dura a qualquer momento. Pouco antes do meio dia, Gina entrou pela porta da frente.

– Ei gente, bom dia!

– Bom dia - Cho e Luna responderam

– E você, como vai? - a ruiva se sentou ao meu lado no sofá e me deu um beijo na bochecha

Dei de ombros em resposta, sem tirar os olhos do livro.

– Está bem?

Sibilei algo como um "sim".

– Você pode olhar pra mim?

A ignorei e continuei lendo meu livro.

– Ok, já chega - ela tomou o livro das minhas mãos e o colocou do outro lado do sofá.

– Ei! - protestei

– Agora será que você pode olhar pra mim?

Suspirei e a olhei nos olhos, relutante.

– Muito obrigada. - ela sorriu, e então, como se tivesse acabado de se lembrar de algo desagradável, parou de sorrir. - Ei, será que podemos conversar depois do almoço?

Fiz que sim com a cabeça.

– Ótimo! - ela me deu outro beijo na bochecha e foi até a cozinha, onde as meninas preparavam o almoço enquanto me vigiavam.

Peguei meu livro de volta e li até que as meninas servissem o almoço. Sentei-me junto a elas e comi enquanto elas tentavam me animar com conversas fúteis. Coloquei pouca comida em meu prato, não queria que os acontecimentos daquela manhã se repetissem.

Depois do almoço, voltei para meu confortável sofá e peguei mais uma vez o meu livro. Depois de alguns minutos, reparei que as meninas cochichavam algo na cozinha e apurei meus ouvidos para entendê-las ao mesmo tempo em que fingia que estava concentrada no livro.

– Ela não está bem, Gina - Cho dizia.

– Um desmaio e um vômito? Isso não é normal... - Luna completou

– Mas ela estava tão bem ontem à noite... será que isso tudo é por causa da briga dela com Rony? Será que alguém pode ficar doente assim por causa de uma briga com o namorado? - Gina falou

Ex-namorado - eu a corrigi mentalmente

– Eu não sei, só sei que ela está muito triste. E como se não bastasse, agora também deve estar doente. Estou ficando muito preocupada.

Deduzi que não valeria a pena ficar ouvindo minhas amigas falando sobre mim e me voltei mais uma vez para o meu livro. Depois de alguns minutos, Gina veio até mim.

– Mione... será que poderíamos conversar agora?

– Aham - falei

– No quarto, por favor. - ela disse, e se dirigiu ao quarto que eu dividia com Luna.

Fui andando atrás dela, arrastando minha pantufa no chão. Quando chegamos ao quarto, ela fez sinal para que eu me sentasse.

– Bem, Mione - ela começou quando eu me sentei. - sei que essa sua situação com o Rony não é das melhores, e eu estou muito triste pelos últimos acontecimentos. Hum... bem... - ela se enrolou com as palavras - como você sabe, eu fui até o loft ontem para exigir uma explicação de Rony. Nós dois conversamos e eu vim te contar a verdade.

– Que verdade? O Ronald por acaso te contou os detalhes do que ele e aquelas três vadias estavam fazendo antes que eu os interrompesse? Desculpe Gina, mas prefiro não ouvir. - eu disse com o tom mais frio que consegui alcançar

– Não é isso, Mione. Ouça-me. Rony foi uma vítima daquelas três piranhas, ele não sabia o que fazer naquela situação, as garotas o surpreenderam! Elas pediram para usar o banheiro do loft e Rony estava com a roupa suja de vinho, eles todos foram até o loft e as garotas invadiram o quarto do Rony enquanto ele se trocava. Ele não teve culpa. Elas o agarraram e o jogaram na cama e você chegou bem na hora.

– Nossa, de onde o Rony tirou tanta criatividade para inventar essa história? Acho que ele anda assistindo muitos filmes.

– Mione, é verdade! Ronald te ama e ele nunca faria isso com você. Eu vi o estado em que ele está, está tão mal quanto você. Nunca o vi daquele jeito. Você tem que acreditar em mim. Tem que acreditar nele!

– Pois eu não acredito! Essa é a história mais fantasiosa que já ouvi e não acredito em nenhuma palavra. Diga ao seu irmão que eu não quero mais vê-lo nem que esteja pintado de ouro. - fui até a porta do quarto e a abri. - Se puder sair do meu quarto, eu agradecerei.

Gina me encarou com olhos suplicantes, aqueles olhos tão azuis quanto os do irmão. Meu coração amoleceu por um momento, mas minha expressão continuou firme. Quando Gina percebeu que eu não cederia, saiu do quarto.

Tranquei a porta e me joguei em minha cama. Pus a cabeça no travesseiro e chorei todas as lágrimas que consegui.

~~~~~~~~~~~~

Acordei no dia seguinte com Luna me balançando.

– Mione, você vai se atrasar... vamos!

– Me atrasar pra quê? - bocejei

– Hoje é segunda, temos que ir para a faculdade. Só estamos esperando você.

– Eu não vou.

– Não vai?

– Não, não quero.

– Mas Mione, você vai perder as avaliações! Esqueceu que hoje começa a semana de provas? Além de que hoje você tem trabalho.

– Eu faço segunda chamada

Nesse momento, Cho e Gina entraram no quarto.

– Estamos prontas, Mione. Vamos? – Gina disse

– Ela não quer ir – Luna suspirou

– Por que não? Está se sentindo mal? – Cho perguntou

– Não, eu estou bem, pelo menos fisicamente. Mas eu não quero ir. Depois eu pago na biblioteca as horas de trabalho que eu ficar devendo. Agora vocês podem, por favor, ir embora e me deixar em paz? – pedi

– Tudo bem. – elas concordaram

– Mas se precisar de alguma coisa, ligue pra gente. – Luna disse

– Ok, tchau... – me virei e pus o cobertor por cima do meu rosto

Tentei voltar a dormir depois que as meninas saíram, mas não consegui. Afinal, havia dormido por mais de 12 horas. Fiquei rolando na cama por bons 40 minutos, até que resolvi me levantar.

Eu ainda vestia a roupa que havia colocado na manhã anterior, então resolvi tomar uma ducha. Depois do banho, vesti uma camisa branca e um short jeans velho. Fui até a cozinha e preparei algumas torradas que fui comer na sala enquanto assistia tv.

Eu assistia a um documentário sobre golfinhos sem prestar muita atenção quando o telefone tocou. Deixei que tocasse, não queria falar com ninguém. Após o sétimo toque, a ligação caiu na caixa postal e pude ouvir a gravação que eu e as meninas havíamos feito.

“Oi, você ligou para o apartamento de Hermione, Luna, Cho e Ginevra. No momento nenhuma de nós pode atender, mas deixe seu recado após o sinal.”

Depois do sinal, uma voz familiar começou a falar:

– Hum... oi, aqui é Minerva McGonagall, diretora da academia de ballet que Hermione frequenta. Me esqueci de que vocês estariam na faculdade... Bem, Mione, se você ouvir essa mensagem, queria te lembrar de que o campeonato de ballet está por vir e já faz tempo desde que você veio ensaiar sua coreografia pela última vez. Está na hora de voltar aos ensaios, não acha? Me retorne assim que puder. Sinto sua falta, querida. Beijos. – e desligou

– Ah, o campeonato... – me levantei do sofá e fui olhar o calendário que ficava preso à geladeira – falta menos de um mês. Como eu fui esquecer?!

Voltei para a sala, tirei o telefone do gancho e disquei o número da academia.

– Academia de Ballet Mcgonagall, bom dia – a secretária atendeu

– Ah, oi. Aqui é a Hermione, a Minerva está aí perto?

– Sim, ela está aqui do lado, acabou de fazer uma ligação. Só um instante.

Ouvi enquanto a secretária chamava Minerva e ela ia até o telefone.

– Hermione?

– Oi, Minerva. Como vai?

– Eu vou muito bem. Não esperava que fosse ouvir o meu recado tão cedo, pensei que estivesse na faculdade.

– Eu resolvi faltar hoje por... problemas pessoais. De qualquer forma, me perdoe pelo meu sumiço. Eu terminei minha coreografia e resolvi dar um tempo nos ensaios, precisava me concentrar nas provas da faculdade, que começam hoje.

– Ah, tudo bem. Mas falta apenas um mês para o campeonato, acho que devia voltar a treinar.

– Eu concordo. Inclusive, quero ir ensaiar agora mesmo. Minha sala ainda está reservada?

– Claro que está, pode vir! Você deixou suas coisas aqui no seu armário, não precisa trazer nada.

– Estou indo, então. Chego em menos de uma hora.

Desliguei o telefone e me levantei. Peguei meu celular, a chave do apartamento e a chave do meu armário da academia e coloquei tudo numa bolsinha. Sabia que provavelmente estava muito mal vestida com aquela roupa velha, mas não me importei. Apenas calcei um par de tênis e saí de casa.

O ônibus não demorou a passar, levei apenas 30 minutos para chegar à academia. Entrei e fui direto para o vestiário feminino. Peguei no meu armário as minhas roupas. Vesti a meia calça, as sapatilhas e o collant, peguei o cd que continha a canção que eu dançaria e saí em direção à sala.

Minerva estava na porta a minha espera, e quando me viu abriu um sorriso enorme.

– Hermione! – ela exclamou e me abraçou apertado – Senti saudades.

– Eu também senti saudades, suas e da academia.

– E a academia sentiu sua falta. A melhor bailarina deste lugar se ausentou por muito tempo.

– Desculpe – sorri

– O que importa é que você está de volta. Se importa se eu assistir o seu ensaio por um tempo?

– Claro que não – falei

Nós duas entramos na sala. Era muito ampla, com espelhos cobrindo todas as paredes. Respirei fundo e senti o aroma daquele lugar, deixei que me impregnasse.

Coloquei o cd no aparelho de som e coloquei o número da faixa correta. Eu iria dançar Clair de Lune, de Debussy, um dos meus músicos favoritos.

Minerva foi até o aparelho de som enquanto eu me posicionava no centro da sala. Ela apertou o play, e quando as primeiras notas do piano começaram a tocar, o turbilhão que estava se passando em minha mente se esvaiu.

Era como se eu tivesse me perdido e finalmente me encontrado. Era como se a única pessoa de quem eu precisasse naquele momento fosse eu mesma. Como se eu estivesse me conhecendo novamente.

Eu não havia percebido o quanto eu havia sentido falta do ballet. Sentido falta de dançar, de me movimentar, de ouvir a música, de sentir tudo o ballet me proporcionava.

Paz. Essa era a palavra que pode descrever o que eu senti naquele momento. Uma paz interior que nem eu mesma consigo entender. Depois de horas de sofrimento e confusão, finalmente me senti feliz. Entreguei-me àquela dança e coloquei tudo o que eu sentia para fora através dos movimentos.

Quando a música terminou, eu percebi que meu rosto estava inundado de lágrimas.

– Bravo! Bravo! – Minerva batia palmas fervorosamente. Seu rosto estava molhado pelas lágrimas também. – Ah, querida, foi tão lindo. Tão lindo.

– Obrigada – falei, enxugando meu rosto

– Nunca a vi dançar assim. Com tanto amor, tanta paixão, tanta emoção. Eu diria que você se expressou mais do que poderia se expressar com palavras.

Eu apenas a encarei

– Querida – ela parou de sorrir – o que está acontecendo? Você estava tão tensa. Eu percebi durante a coreografia os seus músculos se suavizando. Essa dança te fez muito bem, não foi? Você conseguiu parar de pensar no que quer que estivesse te atormentando.

– Sim. Eu não estou em um momento muito feliz e dançar agora me fez muito bem. Sinto-me eu mesma novamente.

– Isso é ótimo. Você quer conversar?

– Não, obrigada. Eu já conversei comigo mesma durante a coreografia. Estou bem melhor.

– Tudo bem, então.

Passei o resto da manhã na academia, ensaiando. Deixei que a dor se esvaísse do meu corpo junto com o suor. A dança era o remédio que eu estava procurando.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Deixem comentários, por favor. Senti falta de vocês