Geralmente quando você cresce você se espelha em alguém, pode ser alguém com quem você fala muito, com quem o sentimento é apenas platônico, ou apenas alguém que você para e pensa:  esse cara é o máximo. No meu caso, essa pessoa foi o meu primo, James. Quando eu entrei no ensino médio, ele estava saindo. Mas todos ainda comentavam seus feitos e suas historias. Não tinha quem nunca tivesse ouvido falar do inunda mento no banheiro, do ultimo ponto marcado no final do campeonato da escola, ou da briga das duas garotas mais lindas da escola por ele. Foi fácil para mim me enturmar, no primeiro ano já fui aceito no time de futebol, e tinha várias garotas aos meus pés.  Durante o segundo ano deixei de ser o priminho do James, para ser apenas Edward Cullen. Em algum momento, entre tantas festas, garotas, futebol, minhas notas começaram a cair, o risco de reprovação era eminente, não sabia o que fazer, meu pai estava furioso comigo, a situação estava bem séria. E foi ai que eu encontrei minha salvação, uma garota, não, a garota. Bella. Tudo aconteceu quando recebi uma mensagem no meu celular de um número desconhecido.

“Angie, por favor, por favor, preciso falar com você.”

“Quem é? Está tudo bem?”

“Desculpa acho que errei de número. Está tudo dando errado hoje.”

“Não tem problemas, precisa conversar?”

“ Supostamente não devo falar com estranhos.”

“A gente não vai se encontrar mesmo. Sinto que você precisa conversar.”

“Não é nada demais, você provavelmente vai achar algo dramático.”

“Você só vai saber se contar”

O que ela tinha para contar realmente não era nada demais, mas partir desse dia passamos a nos comunicar com mais frequência, gradativamente, até que chegamos a um ponto que trocávamos mensagens todos os dias. Acho que às vezes só que precisamos é alguém para nos escutar. A Bella é uma das pessoas mais incríveis que já entraram na minha vida, apesar de nunca tê-la visto fico imaginando como ela é pessoalmente, sinto uma vontade inenarrável de marcar um encontro, dirigir até a cidade onde ela mora, mas ela acredita que é melhor o jeito como as coisas estão. A Bella, se voluntariou para me ajudar a estudar, apesar de ter ficado surpresa  quando soube em quantas matérias eu estava em uma situação péssima. Ela gosta de pensar o melhor das pessoas, talvez tenha sido por isso o motivo de tal surpresa.  Trocar uma mensagem, receber uma ligação, ouvir uma gargalhada, discutir sobre os livros que ela andava lendo se tornaram ponto chave do meu dia. Talvez a gente possa se conhecer pessoalmente agora que ela está se mudando para cá. Chicago é muito grande, imagina se eu passo despercebido por ela em algum café por ai. Durmo pensando nisso, e só acordo quando escuto meu celular tocar, tem algum infeliz sem amor a vida me ligando.

-Alô Edward- Fala a Bella, cantando a ultima parte do meu nome.

-Bella? Você tem noção de que horas são?-  Pergunto, enquanto me levanto, esfrego meus olhos, e viro para o relógio ao lado da minha cama, 2:34 A.M.

-Eu já te falei o quanto eu adoro quando você me chama de Bella? O som sai perfeitamente de sua voz. – Ela continua, e eu percebo que ela bebeu pelo modo como ela fala.

-Onde você esta?  Você bebeu?- Pergunto preocupado

-Relaxa, Bê. To com as meninas-  Ela responde.  Bê? Apesar de estranhar, gostei dela me chamando assim. Pareceu algo nosso.

-Então, suposto estuprador.  Você se considera gostoso?-  Me pergunta alguma das amigas de Bella, que eu acredito ser a Jessica. Suposto estuprador? Por favor né?! Um pouco de fé em mim seria agradável.  Não acredito que estavam considerando o fato de eu ser ou não um estuprador gostoso, escuto uma movimentação e acho que alguns gritos e logo depois a Bella volta ao telefone.

-Acho que a Jessica está um pouco bêbada.- Ela explica

-Acho que todas vocês estão muito bêbadas, guarda a bebida, vocês vão ter que gastar um pouco de energia, todo esse álcool não vai fazer bem de manha. - Comento, não gostando nem um pouco da ideia delas bêbedas, sozinhas em casa.

- Já sei, vem para cá? A gente pode dançar o resto da noite. Gastaríamos energia. – Ela me pergunta de um jeito que se torna quase impossível negar, tento imaginar eu e a Bella dançando.

- Bella você não sabe o quanto eu queria, mas você bebeu muito, a gente mora muito longe, mesmo que eu pegasse o carro e fosse para ai, quando eu chegasse,  você já estaria sóbria e me mandaria para longe.-  Explico para ela. Sinto-me contrariado enquanto falo isso, mas tento agir com razão.

- Eu nunca te mandaria para longe.- Ela comenta convicta.

Volta a dormir com um sorriso no rosto sem ter certeza sobre o porque.

Toc toc toc

Escuto alguém batendo na minha porta e grito:

-Vá embora

Toc toc toc

-Abre logo essa porta, Edward. – Fala o Mike, o cara as vezes é um idiota, mas é um bom amigo.

-Vai bater lá no inferno- Falo enquanto abro a porta.

- Vamos, se troca ai, temos coisas para resolver. – Ele explica.

-Não, não temos.- eu digo.

- Tem festa na casa do Taylor, e a Tania esta te esperando.- Ele explica. E eu começo a me lembrar, essa festa está marcada já faz algum tempo, o Mike tinha arrumado briga com o dono da festa alguns dias antes, e nos iriamos só por conta disso. Nada contra, o cara realmente era um idiota, ele e todos os primos dele, sempre se achando superiores. A festa estava animada, uma típica festa na piscina, garotas de biquíni e muita bebida. Viro para meus amigos e falo:

  - Prestem atenção.- Olho  meu redor e encontro meu alvo. Desde que eu entrei na escola ele me encara com nojo, como se eu tivesse feito algo terrível.  Ando até lá e esbarro no ombro dele com força.

-Algum problema, Cullen?- Ele me pergunta me encarando com raiva.

- Na verdade sim, Black.- Respondo ironicamente.