Meu Doce (In)Desejado escrita por Buzaid


Capítulo 22
Capítulo 21




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No caminho para o aeroporto apenas o som do rádio quebrava o silêncio que havia se formado dentro daquela limusine. Carolina não estava apenas calada, ela estava séria, rígida e muito pensativa. Henry também encontrava-se distante, com um olhar opaco e muito distraído. Ele não pensava em nada pois senão entraria em desespero e provavelmente pularia do carro em movimento...

– Não sei porque dessas caras de enterro! - Albert não conseguiu controlar sua língua dentro da boca. - Vocês estão indo para Nova Iorque...

– Mal posso esperar... - Carolina encarou o pai. - ...para estar de volta.

– Carol, não fale assim, querida! - Victória interferiu ao apoiar suas mãos enrugadas sobre a perna da princesa. - Essa viagem é o melhor para vocês dois no momento.

– Como isso pode ser o melhor? - Henry indagou então, encarando a mãe com revolta.

– Pense bem, filho! Primeiro vocês poderão sair um pouco da loucura que está aqui, com a mídia tão em cima de vocês. Lá em Nova Iorque as pessoas não se importam que vocês são príncipe e princesa de Llyoal, acredite em nós, os americanos olham apenas para o próprio umbigo. - Victória argumentou. - Segundo que tanto eu, quanto Albert e Luzia pensamos que vocês dois precisam desfazer essa inimizade que vocês tem! Isso não é saudável. - Carolina e Henry se entreolharam por um instante mas logo voltaram à encarar Victória.

– Nada pode mudar isso! - Henry afirmou com os lábios semicerrados.

– Nada mesmo! - Carolina enfatizou.

– É o que veremos... - Albert declarou.

Não demorou muito e os cinco chegaram ao aeroporto. Apenas Henry e Carolina desceram do carro e foram diretamente para o jatinho particular, que já estava pronto à suas esperas.

– Divirtam-se! - Albert disse ao abrir a janela, antes que a limusine partisse. Ninguém lhe respondeu ou acenou de volta...

Carolina e Henry entraram em silêncio naquele elegante jatinho, todo revestido por um couro bege e refinado. A comissária de bordo os levou até seus acentos e em seguida entregou-lhes o cardápio do vôo juntamente com uma incrível lista de 250 filmes que haviam sido selecionados de acordo com o gosto dos dois. O príncipe pediu uma lasanha quatro queijos com um vinho tinto, enquanto, na televisão particular do seu acento, ele assistia o filme "Os Vingadores". Já Carolina preferiu um risoto ao funghi, água com gelo e limão e o clássico "Cinderela em Paris". Com tudo isso o vôo não demorou tanto quanto esperavam que fosse demorar e ao pôr do sol daquele mesmo dia o jatinho oficial da Coroa Llyonense já estava pousando em solo americano.

O hotel Four Seasons era o mais luxuoso e elegante hotel de toda Nova Iorque. A maioria das celebridades e figurões do mundo inteiro tinham o local como sua primeira opção de estádia, já que em nenhum outro lugar da ilha havia tanto conforto e luxo como ali. A suíte presidencial do Four Seasons tinha o custo monstruoso de 35 mil dólares por noite e durante aquela semana era lá que Henry e Carolina ficariam hospedados.

No caminho do aeroporto até lá o silencio continuou reinando por entre o príncipe e a princesa. Mas desta vez havia mais do que uma simples quietude no ar, havia uma amarga preocupação misturada com ansiedade e receio. Sentimentos causados pela percepção e conscientização de que aquela viagem seria muito mais difícil do que imaginavam e com um significado maior do que poderiam pensar quando ainda estavam em Llyoal. Era como se agora eles tivessem se tornado um casal de verdade, tendo que dividir o mesmo quarto e o mesmo banheiro, fazendo as mesmas coisas e indo aos mesmos lugares. Ficariam juntos 24 horas por dia durante uma semana inteira... "Isso será uma loucura" Carolina pensou agoniada.

Assim que chegaram ao Four Seasons uma comissão de empregados do hotel já estava a espera do casal, para ajudar com tudo o que fosse necessário. Na calçada, logicamente, haviam alguns paparazzi com suas câmeras e filmadoras apostas, mas não era nada se comparado a quantidade de paparazzi que sempre os seguiam pelas ruas e avenidas de Llyoal.

Depois que o check-in fora realizado e que as bagagens foram devidamente deixadas na suíte Carolina trancou a porta e abriu as enormes e refinas cortinas de seda que escondiam uma maravilhosa vista da Grande Maçã.

– Uau! - Ela exclamou maravilhada. Já era noite e por incrível que parecesse haviam mais estrelas no céu do que faróis nas ruas tomadas pelo tráfego.

– Até parece que você nunca viu! - Henry debochou com sarcasmo. Ele tinha seu corpo jogado sobre um sofá de couro preto. Com o controle remoto na mão procurava por alguma coisa interessante na televisão, mas para a sua infelicidade estava na hora dos telejornais.

– Não é preciso ver uma coisa pela primeira vez para admirá-la. - Carolina afirmou ao fechar as cortinas. Henry rodou os olhos irritado.

– Não sei como serei capaz de te aguentar durante essa semana. - Ele afirmou então.

– Estou me perguntando o mesmo. - A jovem disse ao se sentar no outro sofá preto de couro. - Mas sabe, Henry, nós vamos ter que nos controlar, se não vamos à loucura. - Carolina afirmou mostrando-se madura.

– Concordo! Você controla esse seu jeitinho irritante de ser e eu controlo minha pouca paciência. Que tal? - Henry gargalhou então, mas Carolina não disse nada, nem sequer rodou os olhos ou bufou irritada. - Nossa, não vai dizer nada? - Ele questionou surpreso.

– Não. - Ela balançou a cabeça de forma negativa.

– Nossa, Carolina, como você é controlada! Estou surpreso. - Henry debochou então de forma instigante. Queria que a princesa explodisse de raiva para ele provar que ela estava errada sobre essa idéia de "vamos ter que nos controlar".

– Obrigada. - Carolina sorriu com simpatia.

– Acho que me expressei mal, você não é "controlada" e sim "falsa". - Henry continuou com as provocações.

– Pense como quiser, meu filho! - Ela afirmou então mais enervada do que antes.

– Hum, cadê o controle? - Ele questionou.

– Não tem controle! - Carolina bradou ao se levantar. A jovem tinha os dos punhos cerrados e seu olhar pegando fogo. - Você é muito chato e inconveniente! Não da para manter a calma ou o controle, sabia?! Às vezes penso que uma criança de dois anos é mais madura que você! - A jovem foi caminhando aos poucos na direção do enorme quarto de casal.

– Eu não ligo para a sua opinião, Carolzinha! - Henry cruzou os braços e afundou ainda mais seu corpo no sofá. - Aonde pensa que você vai? - Ele indagou então, temendo que a jovem fosse se trancar no quarto e não deixá-lo entrar.

– Vou assistir tv no meu quarto! - Ela afirmou.

– Engano, seu! - Ele rebateu. - Esse quarto ai é meu também! - Carolina sorriu de uma forma irritantemente azeda.

– O engano é seu, Henry! Eu vou ficar naquele enorme e aconchegante quarto sozinha! Ou você pensou que fossemos dividir a mesma cama? - Riu zombeteira. - Ah é, eu me esqueci, você está acostumado à ter vagabundas deitadas ao seu lado quando está em hotéis de luxo... Acontece que eu não sou uma delas, você se esqueceu Henry?!

– Como você é ridícula! - O rapaz disse inconformado. - Eu não pensei que fossemos dormir na mesma cama, e eu nem quero isso pois terei pesadelos! Eu quero esse quarto ai e você se vira com os outros dois! - Ele se levantou de forma ameaçadora. Carolina hesitou dois passos para trás ficando mais próxima da porta do quarto.

– Você que se vire! - Carolina declarou ao correr para dentro do quarto e trancar a porta. Henry tentou alcançá-la porém estava longe demais...

– Não pense que você ganhou, Carolina! - Ele bradou ao dar um murro na porta do quarto em que Carolina acabara de se trancar. - Uma hora você terá que sair dai para ir ao banheiro ou para comer!

– Tem um banheiro e um frigobar aqui! - Ela declarou em tom de vitória.

– Como eu disse, não pense que ganhou! - Henry afirmou com revolta e raiva.

– Tarde demais... Eu venci, e você não quer admitir. - Carolina sorria mesmo que Henry não pudesse vê-la.

– A viagem está apenas começando, Carolzinha, não se esqueça disso... - Henry se afastou da porta e voltou ao sofá que estava deitado. Seus olhos, porém, não se fixaram na televisão pois ainda não havia nada de interessante passando nela, eles se fixaram no teto liso e branco tão vazio e monótono quanto ele julgava que sua vida estava naquele momento...

Conforme o tempo foi passando tanto Henry quanto Carolina começaram à sentir fome. Ele pediu um banquete bem no estilo americano que gostava: chesseburguers com bastante maionese e ovo mexido, batata-frita, onion rings e cerveja. Já ela, por orgulho e determinação de não sair do quarto, teve que se contentar com um saquinho de amendoins, batatas chips e um suco de caixinha...

A noite só não foi totalmente calma e silenciosa por conta do barulho dos carros agitados que vagavam pelas ruas da cidade, às vezes também se era possível ouvir alguns hóspedes caminhando pelos corredores encarpetados do hotel, mas não era nada que perturbasse o sono pesado de Henry e Carolina.

Na manhã seguinte o príncipe fora o primeiro à acordar e assim que colocou os pés no chão ele não poupou esforços para fazer barulho, como por exemplo pisando forte fazendo com que seu chinelo de borracha estalasse contra o piso de madeira da sala; ligando o liquidificador na cozinha para preparar uma vitamina; forçando espirros altos e até ligando para o quarto apenas para que o telefone tocasse. Contudo nada disso pareceu perturbar Carolina, até que em um ato de desespero o príncipe "acidentalmente" derrubou uma bola de cristal que enfeitava a mesa de centro da sala.

– HENRY! - A jovem princesa bradou ao abrir a porta do quarto. Ela trajava uma calça de moletom rosa iogurte e uma regata branca.

– Bom dia, Carolzinha! - O rapaz disse sorrindo enquanto recolhia os cacos de cristal espatifados no chão.

– Bom dia para quem? - Ela questionou irônica ao caminhar até atrás do sofá de couro preto.

– Para você, ora essa... - Henry tentava se mostrar inofensivo.

– Henry, para com essa sua falsidade, porque eu não sou idiota! Eu sei o que você esta tentando fazer desde que levantou e odeio admitir que deu certo, o.k? Você conseguiu me acordar e me tirar do sério! - Carolina falou sem respirar deixando que seu rosto ficasse roxo.

– Carolzinha, eu te avisei que era melhor não cantar vitória antes do tempo! - O príncipe sorriu com malícia.

– Digo o mesmo para você! - Carolina afirmou. - Agora se me der licença eu vou tomar um banho longo e relaxante...

– Pois eu também! - O príncipe se levantou e largou os cacos da bola de cristal sobre a mesa de centro.

Carolina foi para o quarto usar o banheiro de lá enquanto Henry utilizou o outro banheiro que ficava ao lado da cozinha estilo americana que tinha na suíte presidencial.

Após um longo tempo a princesa saiu do banho e fez o seu ritual de cremes pelo corpo e maquiagem pelo rosto. Em seguida ela colocou uma calça preta montaria, uma camisa branca com um suéter de caxemira cinza da Tommy Hilfiger, um sobretudo da Burberry e uma bota preta trabalhada em spikes da Chloé. Para dar o toque final uma incrível echarpe com um tom forte de rosa fora disposta ao redor do seu pescoço fino e delicado.

Ao deixar o quarto Carolina notou que Henry já havia saído do banho pois havia uma abafada névoa branca pesando o ar da sala. Da cozinha um barulho de metal podia ser escutado e ela seguiu o caminho daquele som estridente até se deparar com uma cena um tanto quanto surpreendente e sensual: Henry estava com uma toalha branca felpuda, com o nome Four Seasons bordado em um tom de escarlate na barra, amarrada ao redor da cintura. Seu abdômen forte e musculoso além de extremamente definido ainda estava levemente umedecido. Carolina deslizou seus olhos azuis pelo corpo do rapaz deixando-se excitar pelos braços musculosos dele e pela assinatura de Rupert tatuada na costela esquerda dele.

– Gostou do que viu, né? - Henry questionou vangloriando-se do corpo que exibia.

– Já vi melhores! - Carolina deu de ombros ao se recompor. Henry fingiu que acreditou e não se ofendeu.

– Se está dizendo, quer dizer "mentindo"... - Ele zombou.

– Estou afirmando! Já deixei claro que eu não minto.

– Sei...

– Bom, mudando de assunto, eu estou de saída! - Afirmou então, fazendo com que Henry desviasse a atenção do sanduíche para ela.

– Como assim está de saída? - Ele indagou confuso. - Nós temos que sair juntos...

– Henry, meu caro, hoje é apenas o primeiro dia! Teremos tempo o suficiente para satisfazer a meia dúzia de paparazzi que estão de plantão na porta do hotel assim como nossos pais que, surpreendentemente, ainda não nos ligaram! Você não acha? - Carolina sentia-se no controle da situação e Henry sentia-se um tolo por não ter pensado nisso antes.

– Ótimo, assim eu poupo o trabalho de te aguentar o dia inteiro tagarelando baboseiras. - Carolina bufou enervada.

– E eu poupo o trabalho de me irritar à toa. - A princesa caminhou até o sofá da sala e pegou sua bolsa preta da Céline, depois voltou à encarar Henry bem dentro dos olhos e não no corpo tão maravilhoso que ele exibia. - Não me espere, não sei que horas voltarei.

– Digo o mesmo! - O príncipe afirmou.

Carolina saiu do hotel escoltada por dois seguranças além do motorista da limusine que a levaria pelas luxuosas lojas da quinta avenida, enquanto Henry permaneceu no hotel tentando confabular algum plano contra a jovem e astuta princesa.


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