Meu Doce (In)Desejado escrita por Buzaid


Capítulo 20
Capítulo 19




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O leilão seria naquele mesmo salão e assim que Victória tomou conta do palco para começá-lo todos voltaram às suas mesas e então deram ouvidos à elegante rainha, que até o momento havia conduzido aquele evento com muita perfeição e dedicação.

– Henry, cadê Carolina? - Albert questionou. Henry olhou para a cadeira ao seu lado e só então notou que estava vazia.

– Não a vejo faz um tempo! - Henry respondeu correndo seus olhos pelo salão. Ele estava se sentindo na noite da festa de abertura da temporada de caça de novo, quando Carolina sumiu.

– A última vez que eu a vi ela estava com Denise. - Luzia comentou preocupada. Henry continuava procurando a princesa quando ele a viu saindo por uma das portas localizadas ao fundo do salão.

– Albert, Luzia com sua licença. - Ele falou ao se levantar da mesa, sem dar alguma explicação.

"Essa garota vai ver só uma coisa!" Henry pensou enquanto atravessava o salão dando passos largos e apressados. Ao passar pela mesma porta pela qual Carolina havia passado alguns instantes atrás o rapaz se deparou com um enorme corredor, vazio. Ele olhou para a direita e depois para a esquerda tentando decidir o rumo que tomaria para encontrar Carolina...

– Aonde ela se meteu?! - Exclamou baixinho ao escolher o caminho dos jardins.

Henry continuou à caminhar com seus passos apressados e sua irritação habitual quando ouviu uma voz fina e conhecida vindo de dentro da biblioteca do castelo. Ele se aproximou da porta, que estava entreaberta, e percebeu que era Carolina que estava lá, falando ao telefone com alguém.

– Por favor, não faça isso comigo! - Henry ouviu-a dizer. A jovem parecia angustiada. Ele recostou-se ainda mais sobre a porta visando escutá-la ainda melhor. - Mas... mas... mas... olha eu... - Carolina tentava dizer mas era sempre interrompida pela pessoa que estava do outro lado da linha. - Aquele dia foi tudo tão rápido! Sinto que não falamos tudo o que tinha para ser dito, você não acha? - Carolina ficou em silêncio enquanto ouvia o que a pessoa tinha para falar. Lágrimas desesperadas inundaram seu rosto então, por entre a fresta da porta Henry pode vê-la chorar. - Você não entende! Não consigo sentir nenhum tipo de afeto por Henry, juro que tentei... Mas tudo é uma grande farsa até para nós dois. Sinto que as coisas entre nós nunca vão ser naturais e, sinceramente, eu não quero que elas sejam, não faço questão. A única coisa de que preciso nesse momento é de você... - Henry ficou rígido, mais do que o comum. Ele tinha consciência do que Carolina havia dito, mas era estranho ter a certeza de que ela também pensava aquilo. Algum lugar em seu interior o príncipe realmente achava que a jovem não conseguia resistir ao seu charme e à sua beleza que arrancavam tantos suspiros das mulheres. - Não posso fazer isso! Entenda! - Carolina bradou então. Henry voltou à apoiar sua cabeça na porta. - Não posso fingir que nada existiu, eu ainda te amo! - Ela insistia. Novamente um enorme silêncio surgiu enquanto a jovem ouvia a outra pessoa. - Não desligue! - Implorou, mas era tarde demais.

Carolina olhou para a tela do seu Iphone e então ela o travou. Mas continuou segurando e encarando o aparelho na esperança de que a pessoa ligasse de volta.

– Edward não irá retornar a ligação! - Henry afirmou ao adentrar o recinto. Carolina o encarou enraivecida. Com as pontas dos dedos ela enxugou o rosto, que por alguma sorte não tinha a maquiagem borrada.

– Do que está falando? - A princesa fingiu-se de desentendida.

– Você sabe muito bem do que estou falando! - Henry estava tão ou mais sério do que ela.

– A única coisa que sei é que esse assunto não lhe diz respeito, Henry! - Ela cruzou os braços enquanto o encarava intensamente.

– Eu achava a mesma coisa até ouvir o que você falou ao meu respeito! - Henry rebateu-a com ironia. - Sabe, Carolzinha, fiquei até ofendido! - Riu.

– Jura? Não ligo... - Ela deu de ombros.

– Olha, eu não sei porquê mas vou te falar uma coisa... - Henry afirmou aproximando-se alguns passos da jovem. - Eu não sei direito sobre essa sua história com esse cara e, na verdade, eu não tô nem ai... Mas eu sei de uma coisa, você não pode correr tanto atrás dele! Nenhum homem gosta de mulher que gruda!

– Quem disse que eu corro atrás dele? - Carolina questionou ofendida.

– Ah, você corre! - Henry afirmou. - Se ele não te quer mais você apenas deve esquecê-lo e não se humilhar. - Sugeriu.

– Henry você é o primeiro a querer que as mulheres corram atrás de você, não entendo... - O olhar de Carolina estava perdido.

– Exatamente! Eu adoro quando as mulheres correm atrás de mim, e modéstia parte várias correm. - Gabou-se. - A questão é os homens adoram saber que tem uma mulher atrás deles e eles adoram ainda mais pisar nelas! Agora, quando a mulher se faz de difícil o cenário muda, quem corre atrás é o homem... - Henry explicou e por incrível que parecesse Carolina pareceu entender e até gostar do que ele falou.

– Mas porque você está me falando essas coisas? - Ela indagou. Os dois pareciam finalmente ter entrado em uma trégua.

– Porque acho que nunca ninguém te disse isso! E toda mulher tem obrigação de saber e se mesmo assim ela correr atrás do homem então ela é uma idiota e merece todo o sofrimento... E isso acontece praticamente com todas as mulheres que correm atrás de mim... - Henry contou fazendo Carolina sorrir.

– Você adora falar das mulheres que correm atrás de você, não é mesmo? - Ela zombou.

– Adoro! - Ele sorriu.

Por alguns segundos os olhares celestiais de Henry e Carolina se encontraram enquanto um silêncio os envolveu. Era estranho aquele momento onde não havia ódio, raiva ou qualquer sentimento ruim entre eles. Era até um alívio saber que não era necessário ficar com a guarda levantada esperando por algum ataque inimigo...

– Vamos voltar? - Carolina indagou ao perceber que aquela troca de olhares já estava ficando constrangedora. Henry assentiu porém não disse mais nada.

Os dois voltaram calados ao salão, onde o leilão já havia começado. A maioria dos presentes, inclusive Victória, que estava em cima do palco, notaram quando Henry e Carolina adentraram o recinto. Rapidamente eles sentaram-se na mesa de número 1, ao lado de Albert e Luzia.

– Carolina, aonde você estava? - Albert indagou irritado.

– Desculpe papai, tive que resolver um assunto ao telefone. - Ela lhe respondeu rapidamente, evitando olhá-lo diretamente. Abert sempre sabia quando a filha estava mentindo.

– E que assunto era esse que te fez sair na hora mais inapropriada? - O rei estava alterado, porém mesmo assim falava baixo.

– Coisas do palácio, papai! Mas não se preocupe já está tudo resolvido. - Carolina sorriu e depois desviou seu olhar para o palco. Nele Victória sorria alegremente enquanto ouvia os lances que faziam por um vaso grego valiosíssimo.

Henry permanecia calado e pensativo. Estava sério e nem sequer prestava atenção no leilão. Ele pretendia dar um lance em uma foto autografada por um antigo e já falecido ídolo seu, que era piloto de fórmula 1, entretanto o rapaz estava tão distraído que nem ao menos viu quando a foto fora leiloada, para seu grande amigo Phillip, por uma quantia de 100 mil euros.

O príncipe parecia anestesiado por fora, enquanto por dentro sua mente viajava pelos acontecimentos daquela noite. Aquele beijo tão intenso com Carolina ainda formigava em seus lábios e mexia com seu coração de uma forma que ele não conseguia e não queria explicar. Era algo que Henry nunca havia sentido antes e que o estava aterrorizando. Em um impulso nervoso o jovem pegou o celular e então mandou uma mensagem para Ivy: "Resolvi repensar no seu caso! Encontre-me no meu quarto depois do leilão..." Com o canto dos olhos Henry observou que a jovem sorria ao encarar a tela do celular, segundos depois a resposta chegou: "Eu também resolvi repensar no meu caso e sairei com Phillip está noite, priminho". Henry não esboçou nenhuma expressão ao ler a resposta, sabendo que Ivy o encarava. Por raiva e vingança, porém, ele resolveu respondê-la: "Pensei que você não quisesse que ele te comesse rsrsrs". Ivy revirou os olhos ao ler a mensagem, chegou pensar em responder mas resolveu não dar bola para o primo, afinal quem sairia perdendo seria ele mesmo.

Aos poucos as vinte e cinco peças foram leiloadas por valores monstruosamente altos e bem satisfatórios. Victória sentia-se tão orgulhosa que, secretamente, desejava que Rupert, de onde quer que ele estivesse, ficasse com uma pontinha de inveja. Ele nunca foi à favor dos leilões dela e além de sempre tentar desviar o dinheiro arrecadado para sua conta pessoal ele também importunava a esposa alegando que aquele evento era uma perda de tempo. "Para que perder tanto tempo fazendo caridade?" O falecido questionava sempre que Victória começava a organização do leilão. "Porque alguém nessa família tem que pensar além do próprio umbigo!!!" Ela respondia sem paciência.

– Já está tarde, vamos indo agora... - Albert falou sorrindo, ao apoiar uma mão nas costas de sua esposa.

– Obrigada novamente por ter vindo Albert! - Victória agradeceu. - Luzia, espero que tenha gostado da estatueta. - Ela disse desviando o olhar para Luzia, que após uma disputa de lances acirradas conseguiu levar uma maravilhosa estatueta de um alce toda trabalhada no bronze e no ouro-velho.

– Estou completamente apaixonada! - Luzia respondeu sorridente.

– Fico feliz! - Victória afirmou.

– Parabéns, Majestade! Tudo estava incrível! - Carolina parabenizou-a dando-lhe um abraço.

– Obrigada por ter vindo, querida! - A simpática rainha respondeu. - Mas antes tenho um pedido para lhe fazer! - Ela piscou para a jovem princesa aguçando a curiosidade de Henry, parado ao seu lado.

– Claro! - Carolina também estava curiosa, assim como Albert e Luzia.

– Bem, na verdade, o que eu tenho à dizer é algo que eu desejo compartilhar apenas com você, querida! - Victória sorria. - Se não se importa, eu gostaria que você me acompanhasse até minha suíte! Seus pais podem indo que depois mando um carro levar-lhe até South Whintchersbarg. O que acha? - Carolina assentiu de imediato querendo parecer gentil. - Ótimo! - Victória exclamou contente.

Albert e Luzia foram embora logo depois.

– O que tem para falar com Carolina? - Henry indagou.

– Isso é algo entre nós duas, querido! - Victória respondeu ao pegar o pulso fino e alvo de Carolina. - Vamos, temos muito o que conversar. - Ela disse animada puxando Carolina para fora do salão.

A suíte de Victória era submersa no luxo mais dourado e requintado que existia, e a culpa de todo aquele exagero era de Rupert. Os olhos de Carolina procuravam capturar cada detalhe daquele lugar mas era quase impossível se apegar à todos. Além da imensidão do cômodo e da sua mobília, inteiramente feita de madeira de eucalipto, os enfeites eram todos feitos a partir de algum material nobre e raro, o que fazia com que Rupert se sentisse poderoso.

– Eu sei... - Victória exclamou sem muita animação ao notar que Carolina parecia maravilhada diante de tanto requinte. Naquele momento a jovem não parecia ter nascido em um berço dourado e sim no meio do povo. - Isso daqui é um exagero! Não tive tempo de redecorar após a morte de Rupert! - A rainha tentou se explicar. Ela sempre tentava achar alguma desculpa para tanto luxo desnecessário que seu marido fazia questão de bancar.

– Me sinto em Versalhes. - Carolina comentou brincando, mas pode notar que Victória sentia-se envergonhada.

– Sinto que esse lugar tem mais ouro do que Versalhes! - Elas riram.

– Certamente tem... - A jovem concordou.

– Me acompanhe! - Victória pediu então indo na direção do closet.

O closet era uma sala a parte, ou melhor dizendo, uma ilha a parte. Ele era tão gigantesco que chegava à assustar... Alguns funcionários do palácio costumavam dizer que aquele closet havia sido a inspiração para a história de Nárnia, mas depois chegavam a conclusão que o reino de Nárnia era menor. Com apenas alguns cliques em um controle remoto, que levava nas mãos, Victória abriu uma série de gavetas aveludadas. Nelas inúmeras jóias estavam delicadamente guardadas e eram apenas tiradas dali em ocasiões muito especiais.

– Querida... - Victória virou-se para Carolina, ficando frente à frente com ela. -... eu sei que faz pouco tempo desde que nos conhecemos, mas eu já lhe considero um membro muito especial da família. - Carolina sorriu levemente envergonhada. - E por isso eu gostaria de lhe presentear com uma jóia! - Agora fora a vez de Victória sorrir. Ela caminhou até as inúmeras gavetas abertas e então pegou uma pulseira de ouro branco e prata com aplicações em safira ao logo de toda a corrente.

– Majestade... - A princesa parecia sem palavras assim que colocou seus olhos na pulseira que a rainha carregava em suas mãos. - Eu não sei o que dizer! - Falou lisonjeada.

– Apenas aceite esse presente. - Pediu.

– Desculpe, mas não me parece certo. - Carolina hesitou dois passos para trás.

– Porque? - Victória indagou decepcionada.

– Bem, Henry e eu não namoramos de verdade e penso que uma jóia dessas deve apenas ser dada para alguém que ele ame de verdade! Eu sou apenas um contrato. - Ela explicou.

– Mas eu estou lhe dando esta jóia pelo carinho que sinto por você, querida. - Victória argumentava. - Isso não tem nada a ver com meu filho.

– Eu continuo sem palavras. - A jovem confessou. - Eu também tenho um grande carinho por você, Majestade.

– Então não há motivos para você recusar meu presente, certo?

– Certo! - Carolina respondeu após um breve momento refletindo. Victória sorriu aliviada e então colocou aquela pulseira maravilhosa no braço da jovem. - Obrigada, Vossa Majestade não sabe o quanto isso significa para mim!

– Carol, me chame apenas de Victória...

– Oh! Me desculpe, é a força do hábito! - Ambas riram como se fossem amigas há séculos...


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