Doce Ilusória escrita por RoBerTA


Capítulo 17
Promete?




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1. Ameeeei os reviews ♥

2. Estou terminando de respondê-los

3. Aceito mais ^^

4. Sinto muito pela ultra super demora, mas as coisas têm sido puxadas para mim, para vocês terem uma ideia, semana que vem terei provas todos os dias :/ Fora os trabalhos :((

5. Espero que gostem! ♥

p.S. Vou colocar as notas sempre no capítulo, por que muitas pessoas não conseguem lê-las no lugar certo...

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— Será que você poderia me passar a pimenta? — Papai Noel me pergunta.

— Claro. — Respondo baixinho enquanto alcanço o molho de pimenta para ele, tendo o cuidado de não olhá-lo nos olhos. Se ele me reconhecesse seria uma desgraça.

— Então, — minha mãe começou — como foi que vocês se conheceram?

Acho que ela não é a única a querer saber isso. Mesmo Pedro parece interessado em escutar a história.

Lázaro — um nome que parece respeitável, mas não se engane, é só o nome mesmo — solta uma gargalhada enquanto desliza a mão pela barriga.

— Ah! Por onde começar Antônio?

Impressão minha ou Antônio pareceu um tanto temeroso? Hum, revelações, revelações.

— Nós éramos vizinhos, e estávamos na puberdade, por assim dizer. Esse Antônio aqui era um garanhão, — o coitado engasgou com a sua bebida, quase cuspindo tudo na cara da minha mãe — pegava geral. — Mais uma risada estrondosa. — Então certo dia ele teve a infeliz ideia de querer a minha irmã. Eu dei uma surra nele e desse dia em diante nos tornamos bons amigos! — Termina com uma expressão alegre.

— Uau, — sou incapaz de calar a boca — que história mais fantástica. Sério, melhores amigos ever. Vocês deveriam escrever um livro sobre isso. Seria um bestseller.

Acho que meu sarcasmo foi fortemente notado. Papai Noel, digo, Lázaro estreita os olhos para mim claramente irritado e até que reconhecimento toma o seu rosto.

— Samara! Minha aluna querida! — Ele abre um sorriso de surfista. Na verdade, se minhas fontes estiverem corretas, ele já foi surfista em uma época de sua vida onde vivia loucamente. — Não acredito que não te reconheci antes!

Gemo baixinho. E por que diabos ele precisava exclamar tudo o que dizia?

— Vocês já se conheciam? — Mamãe pergunta com um tom de acusação na voz.

— Aham, ele foi meu professor de história. — Respondo tranquilamente enquanto coloco uma azeitona na boca. Espera, eu detesto azeitona!

— Samara era a minha aluna mais brilhante!

Esse comentário por si só seria o suficiente para me condenar, considerando quem o falou.

Discretamente passo a mão pela boca e em uma manobra perfeita cuspo a azeitona na minha palma. Disfarço com um bocejo enquanto jogo aquela porcaria para trás.

Não que vá fazer alguma diferença, já que esse casebre parece mais um chiqueiro vítima de um furacão.

Arcaico e imundo. Quem poderia querer coisa melhor?

— Nunca vou me esquecer daquele dia...

— Essa sua comida está deliciosa! — Interrompo-o. Só Deus sabe de que dia ele iria falar, principalmente considerando que era um pior que o outro.

— Ah, que nada — ele acena de forma dramática — ela não está tão boa assim.

Fico feliz ao perceber que meu comentário inflou o seu ego e como consequência Lázaro se esqueceu do que ia falar sobre mim.

— Pedro, por que você não mostra depois o lugar para a Sam e o Calvin? — Antônio muda de assunto.

O garoto assente levemente.

— Sim, pai, é uma boa ideia.

Terminamos o almoço com o cover do Papai Noel tentando nos fazer acreditar em suas teorias de conspiração. Acho que a mais impactante era aquela onde os socialistas tinham um pacto com alienígenas do mal que engravidavam as mulheres enquanto estas dormiam, e planejavam escravizar os homens. Francamente, a que ponto chegamos?

Quando levanto da mesa de madeira ouço um barulho estranho. Olho para trás e vejo um porquinho com as pernas para cima.

— Que porr...

— Pig! — Lázaro levanta em um salto, correndo para aquele mamífero dono do barulho estranho. Acho que ele estava engasgando.

— Quem dá o nome de Pig para um porco? Aliás, quem em sã consciência tem um porco de estimação?

Obviamente minha pergunta passa em branco, já que estão todos ocupadíssimos observando Lázaro fazer uma massagem cardíaca no Pig.

O porquinho cospe alguma coisa de aspecto suspeito. Droga! Era aquela azeitona infernal.

Chego mais perto dela e coloco o pé em cima para tentar disfarçar e escondê-la.

Um suspiro de alívio sai do meu ex-professor de história enquanto o cara abraça o porquinho.

Pobre Pig.

— Meu Deus, eu não sei o que faria se o perdesse. Foi meu pai quem me deu ele.

Talvez eu esteja sentindo um mini pingo de remorso. Não que isso faça sentido, afinal, foi completamente sem querer. O porquinho é o culpado; quem disse pra ele ir comer aquela azeitona? Eu que não fui.

Passado o susto acabamos nos dividindo. As "crianças" — Samara, Pedro e Calvin — foram dar um passeio pela propriedade, e antes disso Samara foi puxada para um canto pela mãe, que disse à pobre garota que a mesma deveria se comportar. Nada de encrencas, afinal, aquele era um dia para a família.

A mãe poderia simplesmente ter dito à pobre Samara que a garota não deveria fazer xixi no carpete. O efeito teria sido o mesmo.

E tudo o que posso dizer é: essa Samara só sofre, pobrezinha. Não gostaria de ser ela.

Exceto que sou. E falar de mim na terceira pessoa torna as coisas mais dramáticas. Adoro.

— Então, querido Pedro, para que lugar você está nos levando?

Ele entra em uma trilha. Meu gêmeo e eu vamos atrás dele.

— Tem um açude aqui pertinho. É interessante.

Interessante? Isso não se enquadra na categoria de elogios. É tipo legal.

Imagina se um cara chega em você e diz: mina, cê é mó interessante.

Pois é, você não iria gostar.

— Hum, legal. — Respondo após algum tempo. Agora o pacote de palavras chatas está completo.

Olho ao meu redor com a intenção de fazer um reconhecimento do local. Vejamos, esse é um lugar no meio do nada, sem sinal de celular, com muito mato e verde, aspecto de selva, alta concentração de mosquitos, muito cheiro de terra molhada, aparentemente pouca higiene, segurança questionável e... Um açude que mais parece um pântano.

Por acaso eu voltei alguns milênios e não fui avisada? Se surgisse um dinossauro tipo do nada, juro que não me surpreenderia.

— Chegamos. — Pedro anuncia.

— Esse lugar é nojento. — Calvin reclama.

Concordo fervorosamente.

— Nojento é apelido. Aposto que o simples ato de respirar esse ar vai nos causar alguma doença desconhecida e fatal.

Pedro rola os olhos.

— Primeiro você teria que encontrar um vírus louco o suficiente para querer alguma coisa contigo.

Dou um soco de brincadeira nele, que finge uma careta de dor.

— Mais uma palavra e eu te jogo nesse pântano. — Falo em tom de flerte.

— Para isso você teria que ser um pouco mais forte. — Ele entra na brincadeira.

Ergo uma sobrancelha.

— Por acaso você está duvidando da minha capacidade de te jogar ali? — Aponto para a água lamacenta.

— Ei, eu ainda estou aqui. — Calvin reclama, reversando o olhar entre nós dois.

— Você também quer ser jogado no pântano, querido irmão?

Em momento algum desgrudo meus olhos de Pedro, que me encara de volta com igual intensidade.

Um calor parece florescer no meu peito, aquele tipo de fogo que queima sem queimar. Confuso, eu sei. Acho que ele também poderia ser chamado de desejo.

— Tive uma ideia! — Exclamo exultante enquanto imito uma mosca ao esfregar uma mão na outra.

Dois pares de olhos me fitam de uma forma temerosa.

— Sam... — Calvin começa, mas o interrompo com um aceno de mão carregado de descaso.

— Desafio vocês a pularem ali.

— Nem morto. — Meu irmão faz questão de negar da forma mais convincente o possível. Só de raiva, se ele morrer antes de mim irei mandar cremá-lo e jogarei as suas cinzas nessa água cheia de dengue e outras coisas. Nem morto o caramba.

— E você, Pedro? Nem morto também?

Seu rosto encara o céu, como se ele estivesse considerando as suas alternativas.

Quando abaixa o rosto exibe um sorriso brincalhão.

— Se você for, eu vou.

— Se eu me atirar da ponte, você se joga também?

Pedro morde o lábio.

— Depende. O que me espera lá embaixo?

Abro um sorriso nada angelical.

— Isso você vai ter que descobrir por si mesmo.

Antes que ele possa responder, saio correndo para toda aquela água suja e contaminada e radioativa.

Eu não poderia me importar menos com ela nesse momento, principalmente quando ouço os seus passos logo atrás de mim.

Uma fração de segundo separa os nossos pulos. Quando meu corpo afunda começo a me amaldiçoar de todas as formas possíveis. Muito embora o dia estive lindo e quente, a água estava muito gelada.

— Frio! Frio! Frioooooooooo! — Começo a gritar, como se isso fosse me aquecer. Mas que iludida eu era!

— Essa ideia foi péssima! — Pedro reclama enquanto seus dentes batem uns contra os outros, fazendo a sua voz soar engraçada. Mas então ele abre um sorriso deslumbrante. É impossível não sorrir de volta.

— Acho que a nossa roupa está em um estado irreversível de ruína. — Comento na falta do que falar.

— Acho que deveríamos ter tirado elas antes de pularmos aqui.

Arregalo os olhos. Poucas coisas nessa vida me surpreendem, e uma delas certamente envolvia certo Pedro fazendo certos tipos de piadas.

— Ainda há tempo... — Digo baixinho enquanto atravesso o curto espaço entre nós naquela água tão escura de sujeira que se fazia impossível enxergar nossos corpos.

— Acho que vocês deveriam sair dali! — Grita Calvin, e eu nunca quis tanto na minha vida separar a linda cabecinha dele do resto de seu corpo.

Pedro se afasta de mim.

— Ele tem razão. É melhor sairmos daqui ou então ficaremos gripados.

Observo-o sair do açude e suspiro irritada. Como um garoto pode ser tão difícil? Essa situação é ridícula. E quanto mais ele se esquivava, maior era a minha vontade de tê-lo.

Quando saio percebo que a minha roupa grudou no meu corpo e o olhar de Pedro está cravado no meu busto.

— Quer tocar?

Ele pula assustado.

— O quê?

— Eu perguntei se você queria trocar, digo, se trocar. De roupa, sabe.

Ignoro o olhar de censura do Calvin, cuja audição é excelente.

— Ah, isso. — Impressão minha ou ele parecia levemente decepcionado? — Pensei ter escutado outra coisa... Acho que sim, podemos voltar para a casa e colocar uma roupa seca e limpa antes de irmos aos outros lugares.

— Tem mais o quê de interessante aqui? — Pergunto enquanto voltamos para o casebre.

— Alguns animais. Galinhas, cabras, coelhos e uma vaca.

— Acho que para mim já é o suficiente ter conhecido o Pig. Não sei se quero mais material para pesadelos.

Chuto uma pedra do meu caminho.

— Acho que eu também não quero ir ver esses animais. — Calvin se manifesta. — Prefiro ir dormir. — Ele mata um mosquito que estava grudado em seu braço. — De preferência em um lugar onde não tenha esses insetos vampiros.

— Insetos vampiros. — Repito aprovando. — Você não poderia ser irmão de outra pessoa.

— Era para ser um elogio? Por que eu estou me sentindo insultado.

Reviro os olhos.

— Calvin querido, ninguém te avisou que esse é o meu papel? Ironia, sarcasmo, falta de educação e tato... Por favor, não troque os papeis. Você é o gêmeo bom, lembra?

Meu irmão apenas me encara.

— E procure não se esquecer de que eu sou a garota aqui. Ou seja, só eu posso ter TPM e apresentar os sintomas dela. Portanto você não tem o direito de ficar rabugento do nada.

Vejo-o apressando os passos e deixando Pedro e eu para trás.

— Você é uma irmã terrível.

— Não. Eu sou uma irmã sincera. — Faço questão de corrigi-lo.

Seu olhar é crítico.

— Não tenho mais tanta certeza se vou querer ser seu irmão.

— Já eu tenho certeza de que não quero ser a sua irmãzinha. Há certas coisas que quero fazer com você, coisas que irmãos jamais fariam.

Pedro cora absurdamente. Já fazia um tempo que não via suas faces tingidas de vermelho.

— Certo, vamos.

Dou de ombros e vou atrás dele. Deixamos que o silêncio reine entre nós enquanto vamos até onde deixamos as nossas coisas.

Pego a minha mochila.

— Tem chuveiro aqui?

— Sim. Mas não fica no banheiro. É atrás da casa.

— Onde?

— Eu te levo lá.

Sigo Pedro até um local um pouco afastado. O chuveiro está pendurado de forma precária na parede de tijolos, e não há nada para proteger a privacidade de quem quer tomar banho aqui. O chão é feito de concreto, e provavelmente a pessoa que o fez — Lázaro, sem dúvida — simplesmente jogou o cimento no chão e nem se deu o trabalho de deixá-lo plano. Sem falar no mato que está quase invadindo esse espaço medíocre.

E nos animais que poderiam vir aqui.

Sinto um calafrio.

— Hum, Pedro?

— Sim?

— Se eu pedir para você ficar aqui comigo, você fica?

Percebo que ele vai começar a protestar, e então faço a minha melhor cara de cachorrinho fofo e sem dono.

— Mas e se vier uma cobra aqui? Ou algum malvadão? Você realmente vai me deixar desprotegida?

— É só você gritar que eu corro até aqui.

— Por favor...

Seu suspiro é super audível.

— Ok. Eu fico.

Ele se vira de costas para mim e cruza os braços.

Tiro a roupa, ficando apenas com a parte debaixo. Essa coisa de eu ficar várias vezes só com as roupas íntimas perto de Pedro já estava se tornando uma situação um tanto incômoda. Parece até que eu faço de tudo para tirar minhas roupas perto dele. Faz com que eu pareça uma oferecida.

Por que é obvio que eu não sou assim, e jamais faria uma coisa dessas. Tentar desvirtuar o pequeno Pedro? Ficar seminua perto dele para tentá-lo?

Por favor, né.

Brincadeirinha. Eu sou assim mesmo.

— Pedro?

— O que foi agora?

— Como eu faço para fazer o chuveiro funcionar?

— É só...

— Não, eu não vou conseguir. Vou acabar estragando alguma coisa. Vai ser melhor se você mesmo fizer.

— Sam... — Seu tom é de aviso.

— Eu não estou pelada. — O que de certa forma é verdade.

Após alguns segundo Pedro se vira para mim. Quando me vê fica estagnado no lugar.

— Você disse que...

— E é verdade. Além do mais, não há nada aqui que você já não tenha visto.

Ele deixa as suas coisas caírem no chão enquanto avança na minha direção. Seus passos são certeiros e a sua postura está tensa. Algo em seu rosto me faz dar alguns passos para trás até encontrar uma parede maciça e impenetrável.

Logo seu corpo está diante do meu, e eu poderia jurar que por trás daqueles olhos escuros há um fogo abrasador. Seus braços imitam uma gaiola, um em cada lado do meu corpo. Estou completamente presa. Seu cheiro invade os meus sentidos.

E só consigo pensar na sensação dos seus lábios sobre os meus enquanto suas mãos deslizam pelo meu corpo e eu afundo minhas unhas em suas costas marcando-o como meu.

Mal noto um movimento de seu braço esquerdo até que de repente começo a me sentir molhada. Pedro ligou o chuveiro, e mesmo aquela água morna não era capaz de apagar todo o fogo que eu sentia. Na verdade, ela só o fazia mais intenso.

— Me beije. — Murmuro. — Por Deus, eu preciso sentir a sua boca na...

Não precisei pedir novamente.

Esse Pedro era completamente diferente. Não havia muita inocência em seus gestos, e se ele ficasse corado, com certeza não seria de vergonha. Era uma versão mais selvagem dele.

E eu adorei.

Me lembrava...

Aprofundei o beijo para evitar pensamentos indesejados. Fiz questão de tirar a blusa dele para que ficássemos empatados. Se bem que aquela calça também poderia sair de cena por alguns minutos.

Éramos pele e fogo e desejo e irracionalidade e carícias.

Seus lábios viajaram pelo meu pescoço e suas mãos pelo meu corpo inteiro, como eu havia ansiado. A sua falta de pudor somente fez com que eu o quisesse ainda mais.

Seu corpo pressionou o meu contra parede mais uma vez, e eu senti uma vontade louca de beijá-lo por inteiro. Por ora me contentei com os seus lábios. Arranhei suas costas como havia desejado e ele soltou uma espécie de grunhido.

— Sam... — Seu suspiro era tão doce que queria beijá-lo também. — Promete uma coisa...

De repente meus sentidos entraram em alerta, e eu já não era somente irracionalidade afoita. Um pingo de razão foi introduzido em minha mente.

— O quê? — Pergunto baixinho, mas sem realmente querer fazê-lo.

— Promete que você não vai me magoar. Que isso não é um jogo.

Olho no fundo dos seus olhos. Como nunca havia percebido que eles eram tão lindos? Duas pérolas negras.

Respiro fundo e penso que sou uma vaca.

— Prometo.

E me perco novamente nos seus beijos.

Mas a verdade não se deixa perder comigo.


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Notas finais do capítulo

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