Bella

Edward subiu momentos depois que Rosie me deixou e vi seus olhos a expressão do seu rosto mudar a me ver. Edward tinha ficado surpreso. Sorri completamente sem graça, sentindo o meu rosto queimar.

- Parece uma fada. Uma fada de cabelos vermelhos. - Ele se aproximou de mim.

- Não exagere. - Pedi tímida.

- Não estou, pelo contrário, não encontro palavras para definir o quanto está adorável. - Ele abaixou-se em minha frente segurando as minhas mãos.

- Obrigada. Você também está muito bonito. - E estava mesmo, com uma calça jeans e uma camisa azul de botões.

- Tentei ficar mais atraente para você. - Ele sorriu torto.

- Xerife... - Eu murmurei meio tonta com a aproximação do rosto dele. Ele parou a poucos centímetros de mim e inalou profundamente de olhos fechados.

- Você é muito cheirosa. - As sobrancelhas dele se uniram e eu vi um leve tremor em seus lábios. Logo depois ele abriu os olhos que estavam intensos nos meus. - Acredito que seja mais seguro descermos agora.

- Sim...

- Espero que esteja preparada para enfrentar os dois pitbulls. - Ele levantou-se me levando com ele.

- Eles não podem ser tão terríveis assim.

- Acredite, eles são. - E me carregou delicadamente até a mesa.

Elizabeth já estava sentada à mesa e Rosie corria atrás dos gêmeos pela casa para que eles fossem para a cozinha. Eles faziam um grande barulho. Ao vê-los senti novamente o aperto no coração, era o mesmo do dia em que os vi pela primeira vez no boliche. Não entendi o por quê dessa sensação, uma pontada forte atingiu a minha cabeça.

- Eu não disse? - Edward falou ao ver o tumulto. - Sente-se bem? - Ele notou o meu mal-estar.

- Sim, foi apenas uma pontada na cabeça, mas já estou bem. - Afirmei.

- Tem certeza? - Ele perguntou desconfiado.

- Sim, não se preocupe. - Sorri confirmando.

Ele me sentou em uma cadeira enquanto Rosie conseguia manter seus filhos sentados.

- Olá Bella! Você está muito bonita. - Elizabeth me cumprimentou muito amável.

- Obrigada, a senhora é que está.

- Bella, quero lhe apresentar o Felipe e o Fabrício, meus anjinhos. - Rosie indicou os respectivos gêmeos tocando em suas cabecinhas louras e os dois abriram um grande sorriso para mim. Os três estavam ofegantes pela corrida.

- Olá, muito prazer. - Eu devolvi o sorriso.

- Oi. - Os dois disseram juntos.

- Você é amiguinha do tio Ed? - Acho que foi o Fabrício quem perguntou. Eu fiquei meio sem jeito, não sabia exatamente se era amiga do xerife. Com a minha visão periférica vi que ele me observava enquanto sentava ao meu lado.

- Sim, sou. - Disse por fim e Edward sorriu levemente.

- Você é bonita. - Ele falou simplesmente e o outro riu fazendo-o rir também.

- Obrigada. - Falei completamente desconcertada.

- Tão jovens e tão galanteadores já. - Rosie riu dos filhos.

- Espero que não me criem problemas. - Edward fingiu falar sério para os dois. Elizabeth e Rosie riram cúmplices. Fiquei extremamente envergonhada. Ele estava conseguindo me deixar assim constantemente.

- Vamos nos servir antes que a comida esfrie.- Rosie disse.

O jantar foi regado de uma conversa amistosa em que Rosie falava da sua loja e do seu prestativo ajudante Seth. Às vezes ela tinha que ajudar os garotos a continuarem comendo ou mesmo repreendê-los por brincarem no horário da refeição.

Elizabeth elogiava seus netos e bisnetos e até contou alguns pilherices que eles aprontavam. Em certo momento ela os comparou com Edward que era um garoto muito inquieto.

- Acho que não pode julgá-los afinal. – Falei baixinho apenas para que ele escutasse.

- Bem, eu era apenas um e temos aqui uma dose dupla, isto é incomparável. – Respondeu com o mesmo tom de voz que eu.

Depois do jantar tentei ajudá-los na lavagem da louça, mas eles não permitiram. Os gêmeos começaram a correr pela casa e só pararam quando Rosie sugeriu que eles assistissem TV. Edward me carregou para a sala onde Elizabeth e os gêmeos estavam assistindo a um desenho animado. Logo me vi entre dois anjinhos louros, um em cada lado e meus braços em volta de cada deles enquanto riamos e comentávamos sobre as aventuras do herói atrapalhado. Logo conseguia diferenciar um do outro. Felipe tinha um pequeno sinal próximo ao seu olho esquerdo. Fabrício era mais alto e seu cabelo era mais espetado do que o seu irmão. Aos poucos eu teria certeza que perceberia mais detalhes, mas no momento eu só queria rir com eles.

Estava rindo quando vejo Edward em pé me observando com uma expressão de encantamento. Não era possível que ele realmente estivesse interessado em mim. Mas e se estivesse? Talvez fosse errado, eu não sei, mas mesmo assim sorri para ele e seu sorriso de resposta me deixou sem ar.

- Despeçam-se da Bella. – Rosie chegou à sala falando para seus filhos.

Eles me abraçaram e me beijaram assim como Elizabeth.

- Nos veremos amanhã. Vamos nos divertir muito. – Rosie falou ao se despedir de mim.

- Claro.- Confirmei.

Eles foram embora e seu sentei novamente no sofá. Fez-se um silêncio quando o xerife fechou a porta e virou-se para mim.

- O que vamos fazer agora? – Ele perguntou sentando ao meu lado. Bom...aquilo fez meu coração dar um solavanco.

- Assistir televisão?- Perguntei fazendo uma pequena careta de dúvida.

- Não. Que tal...irmos até a varanda para apreciar a noite?

- Tudo bem.- Parecia uma boa idéia. Estava mesmo precisando tomar um ar.

Edward me levou até o lado de fora da casa e me sentou no banco de balanço e depois juntou-se a mim. Ficamos em silêncio alguns minutos olhando para o céu e as estrelas, fechei os olhos e inspirei aquele ar gélido, era tão agradável. Quando abri os olhos percebi que Edward me olhava como ha alguns minutos atrás quando eu estava com os gêmeos. Ele sorriu ao ser pego em flagrante.

- A noite esta agradável, não é?

- Sim, muito. – Senti que ele ficou um pouco desconfortável de repente e olhou para o céu novamente. Será que era a respeito do que ele tinha para me dizer? – O que foi? – Ele suspirou antes de responder.

- Bella, acho que encontrei algo que vai ajudar você. Quando desci do seu quarto pela manhã, me dei conta que a sua mochila permanecia no sofá. Eu a examinei antes de colocá-la no quarto. – Ele parecia relutante em dizer isso e lançou um breve olhar para mim. – Sei que deveria ter te esperado para fazer isso com você, mas estava muito ansioso para achar alguma pista que indicasse o motivo de estar viajando sozinha numa moto como a sua. Não é uma situação comum, ainda mais para alguém como você.

Ergui uma sobrancelha em reflexo ao seu comentário.

- Alguém como eu?

- Bem...uma mulher. Bonita. Que sem dúvida combina mais com uma limusine do que com uma Harley- Davidson.

- Acha que eu combino com uma limusine? - Perguntei surpresa.

- Sim, você me parece sofisticada. Não entendo o porquê de estar com essa moto. Você é um enigma, Bella, que não posso resolver.

Eu o ouvi com atenção. Estava mesmo dando trabalho ao xerife Cullen. Fitei-o com o cenho cerrado e acho que tinha um sorriso um tanto sem graça nos lábios.

- Sou uma tremenda dor de cabeça, não? - Era mesmo um inconveniente ter uma desmemoriada hospedada em sua casa.

- De modo algum. Uma surpresa, isso sim. - Ele falou sério, mas não poderia acreditar de todo. Edward estava se mostrando muito gentil e com certeza queria me deixar à vontade.

- Como ter um encanamento da cozinha entupido em pleno sábado à noite? - Fiz a primeira comparação que me veio à cabeça.

- Muito melhor do que isso, posso garantir! Por favor Bella, não se compare a nada desagradável porque você não é.

Nós dois ficamos em silêncio, admirando o céu. Era tão bom essa quietude...Eu não queria falar nada nesse momento e parecia que ele também não. Não queríamos perder esse encantamento. Na verdade não me importava em nada a tal pista que ele tinha encontrado, eu só queria permanecer como estava. Eu poderia, não poderia?