Doce Problema escrita por Camila J Pereira


Capítulo 14
Amigas


Notas iniciais do capítulo

Um pouco mais de Rosie e Bella.



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Bella

Apesar dos meus protestos Rosie insistiu em me ajudar a tomar banho e trocar de roupa, não tinha adiantado falar que estava bem e que conseguiria tomar uma ducha sozinha. Além de tudo isso ela ainda havia me emprestado uma roupa, as minhas eram muito poucas e apertas, ela disse que eu deveria ficar mais a vontade e foi querendo me sentir assim que vesti seu vestido branco de mangas curtas, a gola era em V e soltinho a partir dos quadris. Rosie também me emprestou uma sandália baixinha da mesma cor do vestido. Além disso, ela também tinha levado para mim uma roupa para que usasse no dia seguinte no desfile.

Eu me sentia grata por tanta atenção. Rosie realmente era uma amor de pessoa, assim como Edward estava se revelando. Ela era muito prestativa também e providenciou-me alguns comprimidos e um copo com água, que além de aliviar as minhas dores ainda proporcionaram uma grande sensação de bem-estar.

A alegria da irmã do xerife era contagiante, e era muito fácil rir com ela. Em certo momento senti meus maxilares doerem de tanto rir de seus pensamentos irreverentes. Sentia-me muito à vontade e parecia que a conhecia desde antes do acidente. Parecia a coisa mais natural do mundo conviver com ela.

- Tem certeza de que não nos conhecemos a muito tempo? - Perguntei.

- Oh, tenho certeza. Se tivéssemos nos conhecido antes creio que você não me esqueceria. - Rosie riu e eu também. - Além do mais, se nos conhecêssemos a mais tempo, já teria feito você e o meu irmão se entenderem. - Meu sorriso desapareceu e acho que fiquei vermelha.

- Ora, Rosie...

- Acha que não percebo os olhares de vocês dois? Meu irmão está caidinho.

- Ok, Rosie, pare com isso. Concentre-se nos meus cabelos. - Pedi e ela voltou a penteá-los.

- Seus cabelos são muito bonitos. - Rosie elogiou. Eles estavam úmidos ainda e ela me olhou através do espelho da penteadeira. - Os meus são feios. Finos como os de um bebê, o que me deixa louca. Parece que tenho treze anos! E meus pobres filhos herdaram os mesmos trapos!

- Rosie, seus cabelos são maravilhosos. Essa cor prateada te deixa muito atraente, não me parece uma garota de treze anos. Parece-me uma loura fatal. - Estreitei os olhos maliciosamente ao falar.

- Sério? - Eu assenti e ela riu novamente.

- Seus filhos puxaram mais a você do que a seu marido? - Ela soltou uma gargalhada.

- Não existe um marido, meu bem. Foi uma opção minha. Mamãe morreu de câncer quando eu tinha seis anos. Quase não me lembro da presença dela. Quando papai morreu, estava terminando o colégio e sofri muito a morte dele. Edward voltou para casa para cuidar de mim e de nossa avó, o que decerto, não era a vida com a qual o meu irmão sonhara. Logo depois disso, me envolvi com a pessoa errada e acabei engravidando.

Nossa! Acho que era tarde demais para ser diplomática. Senti-me uma intrometida.

- Sinto muito se fui inconveniente... - Rosie afagou meu ombro.

- Não se preocupe querida. Não foi o fim do mundo. Só não era o momento certo para nenhum de nós.

- Mas você optou por lutar, não? Isso é muito nobre. - Rosie sorriu.

- Eu apenas fiz o que me cabia.

- Edward...ele...?

- O pobre Ed sentiu-se culpado e a partir daí tem sido super-protetor.

- Ele tem motivos.

- Acontece que tenho 24 anos e sou capaz de cuidar de mim e dos meninos. Abri até uma loja de conveniências e está indo tudo muito bem.

- Isso é ótimo. - Disse sincera.

- Imagine que os meninos já estão na escola. O tempo passa tão rápido! - Ela comentou. - Assumi o controle do meu destino, mas vá dizer isso ao Edward! Eu o amo muito, lógico, mas quando sabem que sou mãe e irmã do xerife, tudo se complica, e acabo sempre passando meus fins de semana sozinha.

- Mas Edward tem o serviço dele. Isso não o mantém ocupado? - Perguntei e ela deu de ombros.

- Olhe bem para essa cidade, Bella. Acha que existe muito o que fazer, mesmo ocupando um cargo que ele ocupa?

- Acredito que não. - Analisei.

- Querida, você é a coisa mais excitante que aconteceu na vida do xerife Cullen em muitos anos. Isso aqui é Hope Falls. É deprimente admitir, mas não temos crimes suficientes nesta cidade para tornar tudo mais interessante para um rapaz como Edward.

- Um rapaz como ele? - Fiquei interessada.

- Seu passado é colorido. Ele participava de rodeios antes de voltar para casa. - Pisquei incrédula.

- Rodeios?

- Foi campeão mundial. Não havia um animal que não pudesse montar. Edward ganhou mais dinheiro do que poderia gastar até o fim de seus dias, mas não fazia isso por dinheiro. Ed adorava desafios, quer dizer, ele adora. - Ela me olhou maliciosa e baixei meus olhos encabulada.

Eu o imaginei como um cowboy coberto de poeira e com um número nas costas. A imagem era muito atraente. Mas depois dela veio outra imagem, dele machucado.

- Não é uma maneira perigosa de conseguir o sustento?

- Claro que é. Meu irmão estava sempre machucado.

- Imagino...

- Mas nada o impedia de vencer. Nunca. Tinha uma sede imensa por tudo o que a vida pudesse lhe oferecer.

- Algo me diz que eu devo ser assim também. Uma espécie de...inquietação. Não creio que estou acostumada a me demorar muito tempo no mesmo lugar. Porém, só terei certeza quando o meu cérebro resolver acordar.

- Talvez seja melhor não se preocupar muito com a amnésia. - Ela sorriu. - Se for como nos filmes, de repente alguma coisa iluminará sua mente e a sua memória voltará. Até lá, para que sofrer?

- É que odeio sobrecarregar seu irmão com uma hóspede indesejada. - Rosie arqueou as sobrancelhas e moveu a cabeça em gesto negativo.

- Meu bem, há uma grande diferença entre “inesperada” e “indesejada”. Posso garantir-lhe que você é uma distração maravilhosa para o Ed. E sabe o que mais? Perguntei a ele se podia levá-la para a minha casa, onde você poderia ficar mais à vontade. “Nem pensar!”, foi a resposta categórica que ouvi. Agora me diga: isso é o que diria um homem aborrecido com a presença de alguém? Eu já lhe disse, ele está caidinho. - Eu sorri para Rosie, não sabia se isso era tão divertido afinal, mas comecei a rir.

- Rosie, você é uma pessoa adorável, sabia? Seu sorriso é tão contagiante quanto o do seu irmão. Estou muito descontraída e relaxada mesmo.

- Bella você que é um máximo! Bem, vou chamar o cavaleiro Edward para carregá-la para baixo. Gosta de espaguete?

- Até que se prove o contrário, gosto de tudo e de todos!

Era mesmo maravilhoso aquele momento, como se não tivesse tantos assim em minha vida. Uma conversa descontraída com uma amiga. Eu nem sei bem se eu tinha mesmo uma amiga. Só sabia que estava feliz e que queria esquecer por um minuto o medo que invadia o meu coração de vez enquanto. Faria isso hoje, esqueceria o medo, assim como as lembranças.


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