Wherever You Will Go escrita por Jules


Capítulo 1
93 Million Miles


Notas iniciais do capítulo

Aqui vai o primeiro capítulo, minha gente! Espero que gostem!
Eu vou postar todos os personagens que citei até aí e que terão importância para a fic futuramente, e assim será conforme os capítulos serão postados! Por favor, quem ler poste reviews, porque os reviews são o que me ajudam a continuar, então se querem ler, escrevam! Espero realmente que gostem, então vamos lá! Essa segunda temporada é só pra vocês.
Boa leitura.



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É impressionante o que um ano pode mudar na vida de uma pessoa. Digo, em um ano, pode acontecer de dez parentes seus morrerem, ou trezentos e sessenta e cinco, dependendo da sua sorte, um para cada maldito dia do ano... Ou se tiver tantos parentes, é claro. Em um ano você pode mudar de escola, e conhecer tantos amigos novos, que pode se transformar em uma pessoa muito diferente do que era. Em um ano, pode conhecer uma pessoa e pode se apaixonar loucamente. Um ano, pode ser qualquer coisa... Mas dois anos? É apenas tudo em dobro. Pode passar em uma faculdade, cair em desilusão, até da tempo de descobrir que está grávida e ter um filho por conta de uma camisinha furada. É claro que meus dois anos não foram trágicos como o pressuposto, mas foi sim, mergulhado em mudanças.

Em primeiro lugar, eu comecei em uma faculdade. Sim! Uma faculdade! Eu havia estudado como uma condenada, passado dois anos da minha vida após o intercambio mergulhada em livros de estudos e... Digamos que o resultado foi bom. Mas não só isso. Em primeiro lugar, eu havia feito alguns vestibulares no Brasil e prestado alguns concursos que a presidenta havia disponibilizado para estudantes. Eu não sabia bem o que tinha dado dos resultados no geral, mas havia decidido tirar a sorte e prestar o concurso em que o governo escolheria apenas cem brasileiros em todo país para prestar em uma universidade lá fora... E com lá fora, eu quero dizer em qualquer lugar do mundo. Eu encho o peito ao anunciar que eu:

Oh filha! Você passou!

Os gritos da minha mãe eram tão altos que até me esqueci por um momento que havia prestado vestibular para faculdades muito boas como USP e até mesmo UNICAMP. Mas o que eu estava falando? Era Harvard e Yale que me esperavam lá fora! Simplesmente as melhores faculdades do mundo! E era simplesmente, maravilhosamente, lindamente e perfeitamente gracioso que eu houvesse conseguido passar no concurso... Ainda para prestar medicina! Acho que meus pais queriam me dar um carro.

–Esse é nosso orgulho.

Falou papai me dando um abraço enquanto mamãe e eu cessávamos os pulos. Abri um sorriso enquanto abraçava-o de volta, sentindo o beijo em minha testa. Deixe-me ser sincera: Eu estava em chamas. Porém, eu não tinha certeza se queria deixar meu país mais uma vez. Meu intercâmbio havia sido uma experiência maravilhosa e tudo mais, mas eu havia sentido tanta falta de casa que doía... E é claro que meus pais entendiam muito bem isso.

–Estamos falando de que? Harvard? Yale? Quem sabe até mesmo...

–Por que acha que sua irmã vai querer aceitar esse programa? –Perguntou mamãe, olhando descrente para Ana Carolina que lhe erguia uma sobrancelha. Tossi levemente enquanto olhava para os lados. –Ela passou em faculdades muito boas no Brasil também. Ela ter passado não quer dizer que ela queira ir.

–É claro que sim! –Papai concordou com mamãe, cheio de si. –Não é mesmo, Amanda?

Olhei para meu pai um tanto avoada, só percebendo então que estavam falando comigo. Ana ao perceber meu olhar deu uma risadinha e voltou a tomar o copo de suco que havia enchido para si. A verdade era que eu realmente não sabia. Se eu tivesse de escolher o mais agradável para mim, eu ficaria na USP que é onde há o melhor ensino para o meu curso, mas... Eu não tinha certeza se havia de fato passado ali, e sabia que entre USP e Harvard, Boston me abriria mais horizontes.

–Amanda?

Papai perguntou, com o sorriso já desfeito, diante do meu silêncio. Os olhos da minha mãe logo se encheram de água e pude ver a dor em sua face. Tossi enquanto baixava os olhares.

–Sem crise, seu bando de bichos do mato. –Ana revirou os olhos enquanto abraçava mamãe que parecia prestes a chorar. –Amanda vai estudar fora, não morrer. Ela ainda pode vir nos encher o saco em todos os feriados e férias.

Papai olhou para minha irmã mais velha, como se tivesse alguma doença com algo do tipo. Abri um sorrisinho achando um tanto que graça da situação, mas meu coração doía. Eu não havia tomado nenhuma decisão, mas minha irmã, me conhecendo bem já sabia o que eu acabaria fazendo da vida... E pior: Ela sabia o que eu também sabia. Eu escolheria o que seria melhor para a minha carreira. O que eu não encontraria no Brasil.

–Minha moça vai nos deixar de novo?

–Temos dinheiro para isso?

–Eu ganhei uma bolsa. –Comentei em relação a faculdade. –Porém... Só vou se puderem me bancar lá fora.

–E o que não fazem por você?

Ana revirou os olhos com um sorriso no rosto, me abraçando logo em seguida.

–Filha, quero deixar algo claro.

Mamãe falou enquanto olhava para meu pai, para que continuasse. Papai assentiu enquanto soltava um longo suspiro e olhava-me de forma rígida.

–Você vem nos visitar em todas as férias e feriados.

***

Acontece que quatro meses se passaram depois de tudo isso, e a sentença acabou sendo verdadeira. Eu ia estudar fora, e o melhor: Eu ia estudar em Boston. Faltavam alguns dias para que eu pudesse viajar e como sempre, minha irmã estava comigo, preparando para que eu não morresse na falta de alguma coisa... Ou que ela não morresse na falta de me ajudar. Agora em meu quarto a mala estava sendo feita, e no andar de baixo eu ouvia alguns móveis serem arrastados, o que provavelmente significava que meus pais já haviam iniciado os preparativos da festa de despedida, onde eu provavelmente leria em uma faixa enorme, algumas palavras legais de incentivo para mim. Ana estava com seus jeans simples, mas que sempre cabiam perfeitamente em seu corpo que eu continuava a invejar.

Minha irmã e eu, mesmo tendo cinco anos de diferença, nos passávamos por gêmeas constantemente, por sermos extremamente parecidas. As coisas se dificultavam mais antes, quando eu pintava meu cabelo e éramos uma ruiva e uma morena. As coisas se agravaram depois de voltei ao meu moreno natural, e viramos de vez as irmãs gêmeas Costa. Era engraçado a forma como ela deveria se parecer uma pirralha, ou então eu uma velha.

–Sabe o que está simplesmente acontecendo, sua cachorrinha? –Perguntou Ana, com uma sobrancelha erguida, tirando-me dos meus pensamentos perdidos em tantas blusas na mesma cor. –Você está vivendo o meu sonho.

–Estou vivendo o seu sonho de se tornar uma médica famosa?

Ergui uma sobrancelha, curiosa. Minha irmã revirou os olhos, dando-me uma almofadada em seguida.

–Não! Está vivendo meu sonho de sair de casa! E aos dezenove anos! Mas que droga Manda! Eu em meus vinte um anos ainda moro com os pais.

Dei risada dos lamentos da minha irmã enquanto revirava os olhos. Tão dramática... Devolvi o travesseiro nela enquanto voltava a organizar as minhas coisas.

–Você está no último ano da faculdade. E todos sabemos que assim que você terminar, vai correr para Curitiba morar com o Thiago.

–Todos sabem disso, é? -Me ergueu uma sobrancelha em tom divertido, o que me fez dar risada. Ana revirou os olhos para mim. –E você e o Sr. Hollywood? O que deu?

–Não deu. –Soltei um suspiro enquanto voltava a guardar as minhas coisas. –Sabe muito bem o que aconteceu comigo e com Logan. Estamos na mesma de sempre.

Olhei por um momento para a foto que havia tirado com Logan na tarde em que havíamos feito piquenique, no meu aniversario de dezessete, antes de eu voltar para o Brasil. Abri um sorrisinho ao ver nossos rostos sorridentes, sentados sobre a toalha e ainda sujos de bolo pela brincadeira boba que havíamos feito. Eu sentia muita falta daquela época e muita falta do garoto também. A verdade do que aconteceu nos outros dois anos desde a minha volta, é simplesmente algo que eu não poderia dizer diferente. Eu poderia mentir e contar algo super elaborado, de que Logan e eu havíamos nos visto todas as férias desde então e que permanecemos apaixonados como se nada tivesse mudado. Poderia dizer também que tivemos uma briga horrenda, e que nunca mais queria o ver na minha frente. Mas o que aconteceu não foi nem de longe tão interessante assim. Algo simples aconteceu e algo que nós já sabíamos que iria agravar nossa situação: A distância.

Ridículo, mas foi esse simples elemento que conseguiu separar o que eu chamava antes de amor. Logan ocupado com seus filmes acabou não tendo tempo para vir me ver, e eu, inundada nos estudos acabei não tendo tempo para me importar com isso. Aconteceu que fomos nos tornando tão distantes, e que noites perdidas no Skype se tornaram tão vazias, que simplesmente havia perdido o sentido continuar namorando. Algo muito tosco e natural. Eu com certeza ainda tinha um sentimento de carinho muito forte, e talvez um sentimento preso muito grande pelo ator, mas no momento estava afogado, e não deixava com que eu me sentisse mal por me sentir atraída por outras pessoas. Então foi isso. Nenhum grande feito. Nós resolvemos terminar simplesmente porque não estava dando certo. Ou algo tão banal quanto. Eu sabia que Logan e eu não existíamos mais como um só, mas devo admitir que me sentia aliviada por ir para Boston, e não Los Angeles, pois não tenho ideia de qual seria minha reação se o visse novamente, em pele e osso.

–Já tem tudo aí? Casacos, calças, calcinhas, camisinhas?

–Fez uma lista de C? –Arregalei os olhos diante da fala da minha irmã. –Espera... Camisinhas?

Ana deu de ombros, dei risada enquanto balançava a cabeça negativamente.

–Os universitários são maravilhosos.

–Ah! Espere o Sr. Schmidt ouvir isso!

–Se não sair da sua boca...

Minha irmã cantarolou, o que me fez rir novamente. Revirei os olhos enquanto fechava a minha mala, e com uma longa respiração, a prendia em seguida.

–Tudo pronto.

–E você já viaja amanhã.

(...)

E mais uma vez acontecia: a Mandy deixava o Brasil. Eu estava animada, eu não podia mentir, e eu tinha vontade de sair rindo por aí como uma idiota e dar pulinhos, exatamente como havia feito com minhas amigas no dia anterior, antes de nós quatro começarmos a chorar como grandes retardadas e fazer juras de amizade eterna que eu tinha certeza que eram sinceras. Minhas melhores amigas Briza, Mariana e Marina que moravam não muito longe de mim, estavam sofrendo sim com a minha ida, mas a parte que mais incomodava em toda aquela história, é que eu também estava sofrendo e não por causa da minha ida. Mari estava indo estudar na Austrália, foi fazer engenharia como sonhou desde que éramos pirralhas de oito anos e agora havia desistido da profissão de ser princesa para se tornar uma engenheira na faculdade no exterior... Briza nunca largou do sonho de ser cantora. Nós costumávamos praticar no coral juntas e até já tínhamos dividido vários solos nas apresentações da escola ao longo do tempo, porém, eu acabei largando meu sonho de ser cantora da Broadway para seguir com a medicina, o que a Mandy madura e estudiosa de fato seria, enquanto minha melhor amiga viajaria para a Holanda para estudar e viver o sonho que um dia partilhamos.

Eu tinha a foto das minhas três melhores amigas comigo, as quatro sorrindo e mostrando as claras diferenças entre nós. Primeiro eu, com minhas roupas arrumadinhas, sempre com uma camisa de botão e tentando parecer o mais comportada, na medida do possível, usando as roupas que minha irmã adorava apelidar de “universitárias” e que brincava, dizendo que eu parecia uma jovem empresaria, pronta para fazer sucesso em um coquetel de gente rica. Tinha os cabelos castanhos escuro, sempre arrumados e lisos sem qualquer corte em rebeldia, o que era completamente contraditório ao ser comparado há minha foto de alguns anos atrás, quando tinha cabelos tingidos de vermelho.

Ao meu lado, na foto, estava Mari, com a pele com o bronzeado de se invejar e os longos cabelos negros que desciam até a cintura e os quais eu sempre quis ter para mim. Mari, das três era a que gostava de se vestir com roupas mais curtas e mostrar a beleza que seu corpo tinha de sobra. Sempre com o sorriso divertido no rosto e a personalidade louca que fazia com que Briza e eu déssemos gargalhadas por todos os anos de nossas vidas em que nos conhecemos. Na minha direita estava Marina, com um sorriso doce e os cabelos longos e cacheados que assim como os de Mariana, foram de se invejar. Marina, das quatro sempre foi a que teve estilo menos peculiar. Usava roupas básicas e sendo comportada assim como eu, porém, sendo completamente Mariana quando se tratava de festas ou coisas do tipo. Por fim, ao lado de Mari estava Briza, com os cabelos descoloridos e tingidos de um laranja avermelhado, e o batom de cor escura que combinava com suas roupas de caveira, e meia arrastão, que uma boa gótica usaria para sair. Briza sempre foi a mais tranquila de nós três, conseguindo apartar todas as brigas e ser a mais “suave” enquanto eu e Mari sempre nos matávamos por pequenas coisas... Mas mesmo assim, sempre inseparáveis.

Guardei a foto junto com a de minha família, tentando não me sentir surpresa em como todos já estávamos tão velhos e em como meu irmão mais novo, João Pedro, estaria fazendo intercambio no ano seguinte. O meu intercambio parecia ter sido ontem! Mas na verdade havia sido há simplesmente dois anos atrás. Eu me lembrava de quase tudo e me lembrava de como havia sido boa para mim aquela viajem. Eu esperava o mesmo para o meu irmão, que agora já tinha dezessete anos, minha idade na época, e que agora viveria suas aventuras e cresceria muito como pessoa, assim como aconteceu comigo e com Ana. Agora éramos filhos de 24, 19 e 16 anos... Meus pais estavam ficando velhos.

A voz do piloto soou no autofalante e logo todos os aparelhos eletrônicos tiveram de ser desligados. Eu havia ligado para Zoe que agora estudava em uma cidade próxima de Boston e havíamos combinado de nos encontrarmos assim que eu chegasse. Eu não via a loira há dois anos e estava contando os segundos para revê-la. Dois anos em que ficamos só por Skype conversando e tentando afogar a outra em tantas novidades que era até absurdo devido ao tempo tão longo em que ficamos sem nos falar. Com Fanny as coisas haviam sido um pouco diferentes. Fanny havia vindo para o Rio com mais frequência, depois que começou o novo romance com o carioca Felipe, com quem está até hoje. Eles sempre fizeram um casal fofíssimo e sempre que a loira vinha para o Brasil, eu dava um jeito de me encontrar com eles... E é claro que Felipe tinha Miguel, o amigo gatinho com quem Fanny fazia questão que eu ficasse toda vez que eu ia... Não que eu me importasse. É claro que eu e Miguel nunca tivemos nada sério já que eu não sou do Rio, e mais romance a distância era a última coisa que eu precisava.

Eu estava inquieta na cadeira conforme o avião decolava, lembrando-me aos poucos da última vez em que estive em um avião internacional, e como havia chorado horrores ao voltar para o meu país. Havia sido o dia mais triste da minha vida e com certeza o dia em que havia mais chorado. Uma coisa que eu realmente não desejaria para ninguém era se apaixonar e depois ter de deixar essa pessoa, sabendo que aquela dor toda havia sido criada por conta de você não poder tomar uma escolha de sua própria vida. Porém eu era maior de idade – ou pelo menos era, já que a maioridade nos Estados Unidos é vinte e um, bosta – e agora podia tomar conta da minha vida com um pouco mais de facilidade. Eu disse um pouco.

Coloquei meus fones de ouvido depois que foi permitido e soltei um suspiro, ajeitando minha cadeira e tomando mais uma pílula de calmante para dar um basta nos meus nervos. Em algumas horas eu estaria em Boston e estaria a caminho da minha nova faculdade, onde faria novos amigos, entraria em novas frias, novas aventuras, novos estudos... Aliás, principalmente novos estudos, mas teria uma toda nova aventura. Era minha nova vida, não que eu quisesse mudar a antiga. A verdade é que mesmo traçando todos os detalhes da minha viajem, o que eu queria dela e o que eu esperava, o que havia de fato acontecido há dois anos, era algo que eu jamais poderia sequer imaginar, então nem fiz grandes planos para essa viagem, pois... Agora não era mais um ano, e sim quatro, e se em um ano o destino me surpreendeu, ele tinha uma chance de fazer isso... Quatro vezes com mais intensidade.

Tripulação, bem vindos aos Estados Unidos da América. O tempo em Boston é de oito graus e são seis horas e trinta minutos, horário local. O tempo de pouso é de dez minutos, todas as poltronas deverão ser colocadas na posição vertical enquanto nos preparamos para o procedimento de pouso. Sabemos que a companhia área é uma opção do cliente, obrigado por viajar conosco. Desejamos uma ótima estadia. A voz do piloto me acordou mais cedo do que eu queria. Por quando tempo havia dormido? Muito. Meus olhos se abriram ainda pesados e um frio na espinha me atingiu ao me lembrar de que havia deixado o doce calor do verão brasileiro para cair de cabeça no frio do inverno americano. Praguejando por não poder me levantar por conta do pouso e ir ao banheiro, tirei da minha bolsa de mão as roupas que havia trazido comigo, não me importando em me trocar ali mesmo. Enrolei o cachecol em meu pescoço, afundei meus pés nas botas Uggs de que Fanny tinha horror, dando um chute no homem sentado ao meu lado. Após me desculpar, coloquei o gorro que Zoe havia me enviado no meu aniversário e as luvas que havia comprado, junto com o sobretudo preto, pesado que sabia que precisaria. Quando o avião pousou e todos nos levantamos, eu já estava pronta para sair no frio, sem congelar, quando havia acontecido quando havia pousado em Seattle antes de ir para Los Angeles, que graças a Deus não era tão frio. O aeroporto era enorme e eu adorava de todas as formas aquelas esteiras rolantes que nos poupavam de caminhar por um longo percurso horizontal, mas resolvi bater um pouco de perna para esquentar.

Minha mala custou para chegar a esteira e eu aos tropeços consegui arranca-la com dificuldade por conta do seu peso que provavelmente era maior do que o meu –ou não. Por fim eu estava tentando desembolar os cabelos que estavam longos demais e ficar apresentável para encontrar Zoe que deveria estar em algum lugar de Boston me esperando assim que meu taxi chegasse. Eu não conseguia me conter de animação, era como se eu pudesse sair correndo por aí até chegar no campus de Harvard, mas eu tinha medo de ser confundida com um maratonista e ser explodida... Ok, piada de mau gosto. Ia tentar não usa-la por aqui. Peguei meu celular mandando uma mensagem para Zoe, tentando ao máximo fazer meus dedos pararem de tremer, mas estava difícil. Mordi o lábio, contendo um sorriso. Então gata... Onde de encontro?” Mandei para minha amiga esperando sua resposta. Não demorou cinco minutos para meu celular assobiar, chamando minha atenção para a mensagem da loira: “Olá minha gata. Eu estou dando uma volta com Jason, mas passo na sua universidade lá para as sete horas. Me espera quente que eu estou fervendo!. Gargalhei ao ler, revirando os olhos de leve ao pensar que Zoe estava realmente tendo algo sério com Jason. Pelo menos estava parecendo funcionar... Estavam juntos há dois anos... E eu aqui solteira.

O taxi parou na frente do campus antes que eu pudesse reparar. Meus olhos caíram nos grandes prédios que se erguiam, repletos de alunos e pessoas estudiosas e bagunceiras que deveriam estar dormindo á uma hora dessas de um domingo. Agradeci pela carona e paguei o taxista, tendo sua ajuda em pegar as minhas malas, as quais consegui ajeitar direitinho e arrasta-las sem muita dificuldade em direção ao prédio. Eu poderia dizer que estava completamente perdida e desnorteada, mas eu estaria mentindo. Minha mãe e eu, nesses quatro últimos meses que passamos falando de faculdades, havíamos pesquisado até sobre os buracos de rato daquele lugar, o que me permitia já saber em qual prédio eu ficaria alojada, em qual área estudaria e até mesmo em que laboratórios teria as minhas aulas práticas. Eu mal podia esperar pelo meu primeiro dia de aula naquele lugar, os alunos deveriam chegar todos entre e hoje e amanhã, porque assim segunda feira todos os estudos se iniciariam.

O elevador me serviu muito bem, por me poupar de subir escadas com as malas pesadas. Algumas meninas caminhavam de um lado para o outro do prédio, todas parecidas comigo, usando roupas não muito curtas, mas ao mesmo tempo arrumadas, provavelmente por causa do frio, mas tentei pensar que estava em um local onde as pessoas eram semelhantes a mim. Abri um sorriso bobo ao ver algumas garotas caminhando com as unhas molhadas de esmalte e outras com quilos e quilos de livros nos braços, enquanto entravam e saíam descontraídas dos quartos em que ficavam alojadas. O meu era o seiscentos e dois, pelo que havia recebido no e-mail, e o que a supervisora havia me dito quando entrei em contato com ela na última sexta feira. Eu iria dividir o quarto com uma garota, quem não consegui encontrar no Facebook ou em qualquer rede social, mas esperava só que ela fosse legal, e não uma garota no estilo Holly. Estremeci ao me lembrar da falsidade da colega.

Tirando a chave que havia recebido junto com o envelope ao entrar no prédio, destranquei a porta, abrindo-a e a empurrando com minha cintura enquanto caminhava com as mãos ocupadas pelas malas, e praticamente tropeçando ao entrar no dormitório com tantas coisas em cima de mim. Pude ouvir um gritinho, e logo o barulho de passos vindo em minha direção, que ajudaram milagrosamente para que eu não fosse de cara no chão. Meus olhos viraram-se para uma garota, que segurava minha mala e me olhava em tom preocupado, parecendo tentar descobrir se eu estava bem. Abri um sorriso para ela enquanto adentrava o quarto e colocava minhas coisas no canto, para liberar a passagem, ela deu risada de tanto desastre da minha parte.

–Oh meu Deus! Quanta coisa... Não vou mentir, eu não trouxe mesmo. –Brincou a garota, em tom simpático. Limpou as mãos na calça de pijama folgada que usava, erguendo-me em cumprimento. –Sou Juniper.

–Oi! –Abri um sorriso contente ao reconhecer o nome da garota que seria minha colega de quarto. Tirei a luva para responder ao seu cumprimento. –Sou Mandy! Prazer Juniper!

–O prazer é meu! Soube que viria então deixei o seu lado livre! O quarto não é muito grande, mas da com certeza para nós duas.

Dei uma risadinha diante de tanta animação vinda da garota. Eu não sabia dizer se Juniper estava de fato animada comigo ou se aquele era realmente o seu jeito. Minha colega de quarto tinha cabelos ruivos naturais – que fiz questão de invejar – e algumas sardinhas que decoravam seu rosto com uma expressão um tanto brincalhona, pequeno demais para os óculos pesados que usava naquele momento. Juniper era mais baixa do que eu e parecia um daqueles cachorrinhos animados, o que me fez simpatizar com ela em um mesmo momento. Não me parecia metida ou uma garota de L.A, sem querer falar mal delas, já que foram minhas grandes amigas. Juniper parecia mais simples. Parecia mais comigo... Ou com o que eu gostaria de ser.

–Com certeza da para nós duas.

Falei com um sorriso enquanto parava por um momento para observar o local. O quarto de fato não era grandes coisas, mas bem aconchegante. Haviam duas camas e dois armários não muito grandes, o que me fez pensar como iria acomodar todas as minhas coisas ali. Do lado de Juniper, a cama estava forrada com uma colcha lilás, com desenhos de flocos de neve e a parede inundada de pinturas e tabelas de Deus sabe-se o que. Sobre seu criado mudo, haviam algumas fotos, junto de um livro que eu supus ser a bíblia e um copo de suco de uva, pela cor, já que eu duvidava que aquilo fosse vinho. O armário fechava impecavelmente e fora dele eu não via sequer uma peça de roupa, exceto as que estavam penduradas em um cabide do lado de fora, para não amassar provavelmente. O lado da garota era impecável, exceto pela escrivaninha que tinha uma pilha de livros abertos e lápis espalhados.

Esperava que a garota não tivesse mania de arrumação ou coisas do tipo, porque eu nunca fui exatamente uma pessoa organizada. O meu sonho era ser exatamente como Juniper. Ter tabelas para tudo, ter um armário impecável, cabides próprios para roupas não amassarem... Mas não era bem assim. Meu lado, quando pronto, se resumiria a fotos espalhadas pela parede e as roupas espremidas no armário para caber todas juntas. Uma beleza só.

–Se quiser posso te ajudar com as suas coisas, Mandy. Estava mesmo dando um tempo nos estudos.

Falou Juniper com um sorrisinho assenti enquanto pegava minha mala tentando coloca-la sobre minha cama, a ruiva correu em minha direção para ajudar, facilitando meu trabalho de erguer o objeto pesado.

–Acho que exagerei um pouco.

–Que nada! –Ela deu risada, enquanto me ajudava a abrir a bolsa. –Está em mudança basicamente. Estranharia se não trouxesse uma mala dessas!

Abri um sorriso enquanto assentia e começava a tirar as coisas mais fáceis, para pelo menos conseguir acabar com isso antes de Zoe chegar. Tirei minha colcha de cama, que era de cor rosa quadriculada e todos os porta retratos e o álbum de fotos que havia trazido comigo. Juniper olhou para o livro de fotos em minhas mãos, e erguendo suas mãos finas, arrancou-o de mim, fazendo-me dar uma risadinha. A garota começou a analisa-lo enquanto eu ia estabelecendo lugares para colocar minhas coisas. Comecei tentando esticar o cobertor com a mala me atrapalhando sobre a cama.

–Uau, quantas fatos.

Falou Juniper olhando para quase todas as pessoas da minha vida ali. Aquele álbum eu havia feito justamente para tentar não sentir falta de ninguém. Tinha fotos de meus irmãos, meus pais, até a minha e de Zoe que havíamos tirado em uma máquina do shopping, e outras que tiramos ao longo da minha viagem, Fanny com as Cheerleaders e em alguns dos muitos passeios que fizemos, Mari, Mah, Briza, no Brasil... Bem, vivendo, já que fazíamos tudo juntas mesmo, não ter fotos é difícil. Havia também fotos até mesmo de Hayley, Loren, Sarah e Luke, sorridentes para a câmera, como haviam me mandado por uma carta em um dia. Logan não estava com a família por estar em NY nesse tempo, mas ainda adorava aquela foto com todo o meu ser. Haviam fotos minhas com Jack, o meu cachorro, com Felipe e Miguel e a loira no Rio de Janeiro, fotos com minhas colegas do cursinho, com Britney e Becca, de quem sentia muitas saudades junto de Sterling e Patrick e até mesmo minha foto com Logan, no piquenique que fizemos em meu aniversário.

Juniper parecia encantada com minha exposição de fotos, deu risada olhando algumas engraçadas, provavelmente minhas e de minhas amigas.

–Uau, você ficava bem ruiva!

–Obrigada.

Sorri contente, enquanto arrumava alguns porta-retratos sobre a escrivaninha. Juniper se sentou na parte livre da cama, com o livro grande nas mãos.

–O que pretende fazer com isso?

Dei de ombros ouvindo a sua pergunta. Tirei as fronhas dos travesseiros, forrando os que haviam ali.

–Nada. Eu trouxe para abrir quando sentir saudades dos meus amigos. Alguns eu vou ver quando for visitar meus pais no Brasil, mas algumas das minhas amigas vão viajar.

–Eu acho que isso não deveria ficar guardado. –Juniper deu de ombros, ganhando os meus olhares curiosos. A ruiva parou por um momento olhando para a parede. –O que pretende fazer aqui?

–Eu não sei.

Franzi a testa olhando para parede, e em seguida olhando para o lado de Juniper. Eu não teria tabelas como ela, pois mesmo querendo, não iria segui-las. Me conhecia bem o suficiente para saber que não tinha um pingo de organização. A ruiva assentiu, analisando o espaço. Era até mesmo uma cena engraçada.

–Por que não fazemos um mural legal pra você aqui? Temos uma loja de materiais no campus. Poderíamos comprar algumas tintas e talvez até mesmo umas lanterninhas de led...

Parei ao lado de Juniper olhando para a parede, tentando visualizar o que ela estava pensando... Mas não saiu nada. Me perguntei como ela poderia pensar em tudo isso, quando eu pensei em... Bem, nem pensei na parede. Mas a ideia soava bem. Abri um sorriso assentindo, fingindo visualizar exatamente como ela estava fazendo.

–Acho que vai ficar ótimo.

–Vamos ter tempo amanhã e nos fins de semana em pausas de estudos como estou fazendo por tempo demais agora. –Deu risada. –Sabe que temos um teste na terça? Já?

Senti-me ficar tonta. Nem havíamos começado as aulas e já iríamos ter um teste. O que eu estava fazendo ali? Olhei para meus livros em minha mala, e com dificuldade por conta do peso, os peguei colocando sobre minha escrivaninha. Pelo menos nisso, o meu lado estava parecido com o de Juniper. Olhei para a pilha de livros engolindo em seco, sentindo-me mal por saber que não poderia estuda-los hoje. Eu havia marcado com Zoe, e pela primeira vez estava vendo que ia me dar mal em uma prova. Droga. Logo a primeira!

–Acho que vou ter que pular os estudos hoje. –Falei em desdém. –Tem uma amiga que quero encontrar.

–Ah, certo. –Assentiu Juniper, voltando para sua escrivaninha. –Se divirta.

–Irei. –Dei uma risadinha, enquanto pegava o álbum de fotos e o colocava sobre a escrivaninha. –Mas ela só vai passar aqui mais tarde... Daqui... –Olhei para o relógio esperando ver um horário por volta de seis e quarenta, mas não foi nem perto o que enxerguei. Me perguntei por um momento se estava errado, mas duvidava disso. Dei um pulo agarrando minhas luvas e meu sobretudo. –Agora!

–Bom divertimento, Mandy! Até mais tarde.

–Obrigada, Juniper! –Exclamei enquanto pulava pelo quarto vestindo minhas roupas e pegando meu celular. A ruiva deu risada da minha afobação. –Até!

Exclamei enquanto via mensagens de Zoe no meu celular e saía do quarto correndo, deixando minha chave para trás. Merda. Grande impressão que havia deixado para a minha colega de quarto! Primeiro eu havia mostrado o quanto sou organizada saindo em cima da hora e desesperada, ainda deixando minhas coisas todas espalhadas sobre a cama. Agora teria de atrapalha-la para fazer com que ela abrisse a porta. Praguejei. Tudo bem, aquele era o meu primeiro dia, e se Zoe não me matasse por conta do atraso, eu ainda teria muito tempo para minha adaptação.










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Notas finais do capítulo

E aí???



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