Rosa Adormecida escrita por Kuroi Namida


Capítulo 8
Pode Me Ver?


Notas iniciais do capítulo

Eu prometi e como sou uma mulher de palavra aqui está o encontro de Dimitri com Rose (mais pro final do capítulo então tenham paciência lá no final eles se falam). bjus



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Dimitri retirou as chaves do bolso e as colocou na fechadura da porta de casa e logo adentrou a residência acendendo as luzes que eram ligadas pelo interruptor perto da porta. A bela casa de cores sólidas e parcialmente escuras, tipicamente masculinas era grande o suficiente para morar uma família, mas era ocupada apenas por Dimitri. Ele jogou as chaves sobre a estante logo na entrada e atravessou a sala assim que desceu os dois degraus da entrada e se dirigiu rumo a cozinha. Rose que não precisava de portas para entrar já observava todo o grande cômodo, ficando surpresa pela organização e a bela decoração do lugar. Já na cozinha Dimitri caminhou até a geladeira e pegou uma caixa de leite, levou até a pia e serviu um copo razoavelmente grande depois bebeu. Lavou o copo, e devolveu a caixa de leite a geladeira passando por Rose que estava sentada sobre a bancada a sua frente sem vê-la.

- Organizado! –pensou ela lembrando que por sua vez, bebia tudo no bico.

Dimitri apagou a luz da cozinha e se dirigiu rumo às escadas seguindo para o segundo andar onde ficava seu quarto. Tirou o casaco e jogou sobre a cama assim que entrou no cômodo particular. Tirou os sapatos e a camisa, e se dirigiu ao banheiro. Enquanto o médico tomava seu banho para em seguida dormir, Rose vasculhava todo o quarto com os olhos sem poder tocar em nada. Havia uma linda fotografia de Dimitri com roupas do dia a dia, ao lado de uma moça muito parecida com ele que Rose imaginou ser sua irmã talvez pela semelhança. Enquanto ouvia o barulho da água vindo do banheiro Rose sentou-se na cama do médico e se jogou sobre ela sem sentir exatamente muita coisa, mas imaginando ser bastante confortável. Quando Dimitri regressou ao cômodo estava vestido apenas com uma calça cinza de tecido leve que deixava seus contornos bem delineados, e com os cabelos ainda um pouco molhados que ele secava com a toalha. Ele andou até o aparelho de mp3 e o ligou deixando tocar uma música bem suave diferente do que ele veio ouvindo no caminho inteiro. O som ficou ligado em volume baixo enquanto o médico jogava a toalha sobre o encosto de uma cadeira e andava pelo quarto com um livro que apanhou de sobre uma mesinha. Rose o seguia com os olhos ainda deitada sobre sua cama, enquanto Dimitri colocava um par de óculos de lentes finas que deviam ser para leitura e o deixavam com um ar extremamente nerd, mas sensual.

- Que vida entediante! –pensou Rose. – Onde estão as groupies*? Pensei que seu quarto fosse repleto de mulheres seminuas apenas esperando para satisfazer os seus desejos mais safados! –ela riu olhando o rapaz sentando-se ao seu lado enquanto lia.

Dimitri permaneceu com aquele olhar fixo e concentrado nas linhas daquela página enquanto Rose estava deitada ao seu lado apenas o interrogando com os olhos curiosos. Por alguma razão, mesmo sem que Dimitri dissesse uma só palavra, apenas olhar pra ele fazia um bem imenso a Rose. Era como se uma paz interior tomasse conta dela cada vez que o observava em silencio, focado em alguma coisa. Os lindos olhos castanhos de tom noturno tinham um brilho incomum e parecia imãs que invocavam a atenção de Rose totalmente para eles todo o momento, e foi isso que fez com que a garota ficasse ali, sem pensar nem dizer nada o resto da noite, apenas admirando cada expressão no rosto de Dimitri. Quando sentiu as vistas cansadas, ele deixou o livro sobre o criado mudo e retirou os óculos logo apagando a luz do abajur deixando o aparelho de musica ligado. Ele se ajeitou na cama e virou-se para o lado onde Rose estava fechando os olhos e logo se deixando dominar pelo sono.

- Boa noite Dimitri. –disse ela em um sussurro bem próxima ao rosto dele.

Dimitri abriu os olhos devagar como quem desperta de um sonho tranquilo enquanto encarava Rose por alguns segundos no meio daquela escuridão. Ambos ficaram olhando um nos olhos do outro em silencio até que Dimitri novamente caiu no sono. Rose sentiu um desejo intenso de tocar os fios de cabelo que caíram sobre a face do médico enquanto ele dormia, e resolveu levar seus dedos até eles. Ela quase podia sentir a espessura daqueles fios enquanto os levava para trás da orelha do rapaz, mas quando percebeu os mesmos estavam novamente no mesmo lugar anterior mostrando a garota que ela podia ter a sensação de tocar, mas não podia tocar de verdade. Então se deitou com a barriga para cima fitando o teto e sentindo-se sozinha.

...

Na manhã seguinte quando despertou Dimitri olhou direto para seu lado na cama procurando alguma coisa. Ele franziu a testa e ergueu a caixa do corpo mantendo a palma da mão direita sobre o colchão enquanto seu rosto fazia uma busca pelo quarto inteiro como se estivesse faltando alguém ali. Depois esfregou os olhos e se levantou andando até o banheiro para fazer sua higiene e em seguida desceu já pronto para voltar ao hospital. Pegou o carro e se dirigiu ao St. Vladimir e assim que chegou resolveu ir até o quarto de Rosemarie Hathaway, mas no caminho foi chamado á sala de outro paciente por Claire. Diante do leito do paciente controlando a dosagem de medicamentos que eram administrados pela colega, Dimitri lia as informações contidas na prancheta em suas mãos para ajudá-la.

- Tudo bem ele está estabilizando Dimitri. –dizia Claire debruçada sobre a cama regulando as gotas que seguiam pelos tubos na veia do homem.

- Continue nessa frequência, duas gotas e segure. Espere dois segundos e solte. –ele dizia com a cabeça baixa.

- Está funcionando os batimentos estão estáveis. –ela encarou Dimitri que ergueu os olhos retirando-os dos papeis.

Quando fitou o espaço que deveria estar vácuo a sua frente, Dimitri viu uma moça de cabelos castanhos longos, soltos sobre os ombros e levemente ondulados nas pontas. Ela estava de pé ao lado da cama segurando a mão do paciente enquanto olhava a face do homem com tranquilidade como se estivesse preocupada. Dimitri franziu a testa vendo a garota sorrir enquanto levava os dedos da mão esquerda aos cabelos e os colocava atrás da orelha. Ele ficou estático olhando aquela cena como se não estivesse acontecendo de fato sem sequer ouvir o que Claire lhe dizia.

- Dimitri? –disse Claire. – Hey? –ela o cutucou retirando-o do transe. – Onde você tá?

- O que? –ele olhou a moça a seu lado.

- To falando com você há meia hora.

- Eu não ouvi desculpa você... –ele voltou a olhar para o outro lado da cama e não viu a garota anterior. – Pode continuar daqui? –ele apertou os olhos e encarou a colega.

- Tá se sentindo bem? –disse ela. – Você tá branco...

- Eu acho que minha pressão baixou. –ele disse. – Eu vou pegar um pouco de ar. –disse largando a prancheta sobre o leito e logo se retirando da sala.

Ao cruzar a porta Dimitri passou pela mesma garota às pressas enquanto esta estava escorada em uma parede do lado de fora do quarto com o queixo voltado para cima e com os olhos fechados. Dimitri parou bruscamente no meio do caminho deixando a garota as suas costas, e não se virou apenas respirou fundo e seguiu em frente se dirigindo até o corredor dos banheiros. Rose voltou os olhos na direção do corredor por onde o médico seguia vendo-o esbarrar com um enfermeiro e pedindo desculpas logo depois. Dimitri parecia transtornado com alguma coisa, então ela resolveu ir até ele. Dimitri invadiu os banheiros às pressas e andou até as pias onde se olhou no espelho e escorou as mãos no mármore branco tentando entender o que estava acontecendo. Do lado de fora Rose lutava contra a curiosidade e o orgulho de invadir o banheiro masculino. Acabou ignorando tudo afinal se tivesse mais alguém além de Dimitri ali dentro bastava ela fechar os olhos e fingir que não estava ali, já que ninguém poderia vê-la mesmo. Dimitri jogava água no rosto quando Rose cruzou o espaço as suas costas o observando.

- Tudo bem Dimitri? –ela disse sabendo que ele não iria responder.

Mas para sua surpresa, o médico ergueu os olhos e olhou direto pra ela assim que se virou.

- V... Você... –ele disse encarando-a. – Rose?

- Pode me ver? –ela disse confusa perto de uma das portas dos sanitários.

[...] continua


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Notas finais do capítulo

É pra não deixar o capítulo muito grande eu continuo no próximo! NÃO ME MATEM!

GROUPIE* é uma pessoa que busca intimidade emocional e/ou sexual com um músico. O termo, utilizado pela primeira vez em 1967 para descrever garotas que perseguiam lascivamente integrantes de bandas de pop ou rock,1 é derivado da palavra em inglês group, que por sua vez é uma referência a musical group (grupo musical em português).2 Entre as groupies mais conhecidas estão Nancy Spungen e Pamela Des Barres.3



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