Rose se dirigiu imediatamente rumo ao prédio onde dividia o apartamento com Lissa, e subiu até o seu andar pelas escadas, pois estava inquieta demais para encarar outro elevador, então como estava sem as chaves bateu com o punho contra a porta usando toda sua força e desespero aparente, até que Lissa abrisse a porta e fosse jogada de volta para dentro do cômodo sendo atacada por uma sacola de compras.

- Meu Deus! –disse ela arregalando os olhos. – O que é isso Rose?

- Roupas. –disse a morena andando até o corredor. – Tá sozinha? –dizia procurando alguma alma viva presente.

- To, o Chris foi pra casa volta mais tarde...

- Ótimo porque preciso de você. –disse Rose regressando ao centro da sala enquanto Lissa fechava a porta.

- Por quê? Você roubou uma loja? –a loira questionou lendo o nome da loja na sacola.

- Não, mas eu fiz uma besteira, uma besteira muito grande...

- Não pintou o cabelo de roxo de novo então tá tudo bem. –Lissa caminhou até o centro da sala e examinou a sacola.

- É sério Lissa, eu fiz uma coisa que não devia. –continuou Rose escorando as mãos no encosto do sofá.

- Nossa! Rose então fala logo.

- Eu marquei um encontro...

- Com quem?

- Dimitri Belikov.

- Quem?

- Belikov... –ela disse aumentando o tom.

- Seu médico? –curiosa Lissa uniu as sobrancelhas.

- É ele estava no shopping e eu acho que tava flertando comigo. A gente conversou e do nada eu estava trocando de roupa numa loja e desfilando pra ele. Eu fiquei me exibindo pra ele, toda feliz com aquelas roupas como se fosse a coisa mais normal do mundo...

- Espera, vocês fizeram compras juntos?

- Ele disse que queria comprar um presente pra uma garota. Eu achei que era só uma desculpa pra falar comigo, mas aí ele comprou mesmo um vestido e uma blusa... –ela dizia começando a andar com uma das mãos na cintura. – Aliás, a blusa ta aí. –ela apontou a sacola.

- Ele te deu uma blusa? –ela riu ao ver a peça.

- Deu como agradecimento...

- Por experimentar roupas pra ele? –disse num tom malicioso.

- É. Eu disse que não queria, e ele insistiu e quando eu vi já tinha convidado ele pra tomar um café...

- Nossa! –ela disse vendo o valor da blusa.

- É. Nossa!

- Quando?

- Amanhã... O que eu faço?

- Ué, vai...

- Como? Você se esqueceu do Adrian?

- Ah é só um café... Que mal tem?

- Todo. –ela retrucou e se sentou no sofá. – Eu não posso simplesmente ir.

- Na verdade pode. Você escolhe uma roupa e vai... –disse Lissa se sentando ao lado da amiga.

- Por que eu fiz isso?

- Ele é um gato Rose, até eu teria flertado com ele.

- Mesmo?

- Claro... Mas não conta pro Chris...

- Tá eu me sinto menos culpada agora, mas... Essa não é a pior parte.

- Ai meu Deus Rose o que vocês fizeram?

- Nada.

- Nada?

- Nada.

- Então?

- O problema é que... –ela se levantou. – Eu me senti tão à vontade com ele como se o conhecesse há séculos. –ela se virou e encarou Lissa. – Não de um jeito normal, mas... Eu queria ficar o resto do dia com ele. E eu to louca pra ver ele de novo... Isso não é normal, eu nem conheço aquele cara.

- Você tá apaixonada pelo seu médico sua tarada?

- Não debocha Lissa, isso é sério. –resmungou Rose.

- Acredita em amor a primeira vista?

- Não.

- Então pode tirar a duvida no segundo encontro, amanhã! –Lissa riu e se levantou. – Que horas vocês marcaram?

- Lissa você devia me dizer pra ir até o St. Vladimir e desmarcar.

- Por que eu diria isso?

- Por causa do Adrian... –ela dizia em um tom indignado.

- Eu sou sua amiga, não do Adrian e se minha melhor amiga quiser flertar descaradamente com um deus russo, eu apoio totalmente.

- Você é uma péssima amiga. –reclamou se jogando no sofá com a cara nas almofadas. – Eu vou desmarcar. –disse com a voz abafada.

- Não vai não, ele te deu uma blusa da Middi. Você seria muito grosseira se desmarcasse.

- E o que eu faço? –ela ergueu o rosto. – Apareço lá e me ofereço mais um pouco pra ele?

- Descaradamente!

- Eu te odeio.

- Já sabe com que roupa vai?

- Não. –ela choramingou feito uma criança.

- Então vamos já pro seu quarto ver isso. –Lissa correu até a amiga e tomou ela pela mão erguendo-a do sofá e carregando a mesma para o quarto.

Já no outro cômodo enquanto Rose segurava a blusa vermelha no colo sentada sobre a cama com os dois pés pra cima, Lissa revirava seu closet e jogava as roupas na cama.

- Eu achei que você gostasse do Adrian!

- Eu gosto, por que ele é seu namorado, mas quando a minha melhor amiga flerta com um deus como aquele, é meu dever ajudar ela a agir como sempre agiu. Sendo a mulher fatal, gostosona e segura que todo cara quer pegar! –disse colocando um vestido em frente ao corpo. – O que acha desse?

- Vulgar pra ir tomar um café casual.

- E essa blusa, com essa calça? –disse mostrando uma camisete branca com calça social.

- Parece que eu vou a um encontro de negócios discutir sobre meu testamento.

- E essa? –disse mostrando uma saia solta que cobria os joelhos e uma blusa não muito decotada.

- Eu vou ler a bíblia pra ele? –disse rindo.

- Ah, quer saber? Essa calça e a blusa que ele te deu.

- Não vou vestir isso, ele vai achar que to querendo agradar ele.

- Você não tá ajudando.

- Eu não vou. –ela jogou a blusa na cama e levantou da cama correndo até a porta.

- Rose! –Lissa correu até a porta e a impediu de sair. – Tá parecendo criança! –ela segurou a amiga pelos ombros e a levou de volta para o quarto.

- Eu tenho dezenove anos, posso agir assim a hora que eu quiser.

- Não, não pode. Você nunca foi assim... Quer dizer, antes de conhecer o Adrian você era, mas não vem ao caso.

- Acha mesmo que eu devo ir a esse encontro? –disse sentada a beira da cama.

- Se você não for eu te mato. Prometo que passo com um carro por cima de você, e quebro suas pernas só pra poder te levar para o St. Vladimir e te obrigar a encarar aquele russo gostoso.

- Como sabe que ele é russo?

- Ele falou comigo no dia que você saiu do hospital. Eu reparei no sotaque.

- Ele tem um sotaque incrível né?

- É.

- E os olhos? São tão vivos, mesmo sendo frios, e um pouco demoníacos!

- Demoníacos?

- É, você sabe! Dean e Sam Winchester! Quando aqueles demônios apareciam com aqueles olhos negros.

- Que comparação bizarra Rose!

- É sexy! –ela riu.

- Tudo bem, o que acha dessa calça fabulosa com a blusa vermelha?

- Não tenho certeza.

- Então experimenta cacete!

- Não tenho certeza se é legal ir com a blusa que eu tentei rejeitar...

- Vou fazer você comer essa porcaria se não erguer a bunda daí e vestir ela pra eu ver como fica. –disse jogando o jeans nas fuças de Rose.

- Tá bom! Não precisa me agredir... –ela riu e começou a aprontar a roupa para se trocar.

Assim que trocou de roupa ela se colocou diante do espelho e sorriu satisfeita com o que via.

- Gostou? –disse Rose olhando a amiga.

- Se eu fosse o Dimitri eu diria: Poxa, você tá maior gostosa Roze! –ela forçou um sotaque fajuto.

- É Roza! –ela riu e se virou para o espelho.

Naquele momento um estalo fez com que ela parasse de ouvir tudo que a amiga dizia, e se focou naquela pequena palavra que ela tinha acabado de dizer sem querer e sem saber de onde vinha. Por alguma razão Rose sabia que tinha ouvido seu nome ser pronunciado daquele jeito, mas não sabia quando nem por quem.

- Vai com ela.

- O que?

- Com a blusa. Ficou perfeita... E se ele te deu vai gostar de te ver com ela.

- Tá. –ela concordou ainda meio perdida nos seus pensamentos.

Rose não tinha ideia do porque estava se sentindo tão eufórica e ansiosa para aquele encontro, mas sabia que não podia simplesmente desfazer o encontro. Ela queria ver Dimitri de novo, e queria tentar descobrir porque se sentiu tão bem e tão à vontade com ele sem jamais ter trocado sequer uma única palavra com o mesmo antes daquela tarde.