Rosa Adormecida escrita por Kuroi Namida


Capítulo 25
Encontro No Shopping


Notas iniciais do capítulo

DMITRI E ROSE! ♥



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Dimitri acompanhava a avó Yeva pelas inúmeras lojas do shopping em busca de um tapete adequado para enfeitar a sala da mulher que fez questão da companhia do neto, logo sabendo que este estaria usando seu sábado de folga para ler seus livros chatos como ela mesma se referiu a eles. Assim Yeva praticamente arrastou o neto pelas orelhas rumo ao imenso shopping da cidade usando de artifícios tais como chantagens emocionais, e ameaças diretas sobre castigá-lo deixando o mesmo em uma situação bastante constrangedora diante de algum conhecido na primeira oportunidade que tivesse. Então sem muita escolha o médico acabou cedendo aos caprichos da avó e a seguiu naquele passeio agradável.

Em uma das lojas ainda do primeiro andar, enquanto Yeva batia boca indiscriminadamente com o vendedor da loja sobre a verdadeira procedência de um tapete indiano, Dimitri se afastava educada e discretamente rumo à porta buscando não participar daquela conversa. Antes de chegar à saída, uma garota que passava pelo lado de fora daquela loja, chamou atenção do médico que parou exatamente onde estava e ficou imóvel vendo a moça falando ao telefone enquanto olhava tudo ao redor bem diante daquela janela de vidro.

– Roza! –disse ele sentindo seu coração se inflar.

Rose vestia uma jaqueta escura com o feixe aberto o que deixava à mostra a blusa de cor rosa com uma estampa de flores na fronte, e uma calça jeans escura. Ela obviamente não o viu através do vidro da loja, pois estava bastante distraída enquanto falava ao telefone com Lissa, mas Dimitri observou atentamente cada gesto e cada sorriso manifestado por ela enquanto esperava sem conseguir manifestar alguma reação diante dela. Assim Rose acabou se afastando logo em seguida e fugindo do seu campo de visão.

Dimitri respirou profundamente e simplesmente decidiu sair às pressas da loja sem dar avisos prévios a sua avó, deixando a mesma a ver navios minutos depois. Dimitri correu pelos corredores do shopping em busca de Rose, sem nem ao menos saber o que dizer a ela, mas mesmo assim ele sabia que não poderia perder a chance de dar apenas um oi que fosse. Rose entrou em um elevador, e o médico decidiu apressar seus passos até alcançar a porta antes que esta se fechasse. Quando Rose ergueu os olhos em direção à externa do elevador, viu o belo moreno de cabelos longos e lisos, vestindo uma camiseta cinza de gola V, com um casaquinho de frio preto e calças jeans desbotadas. Ele disfarçou a pressa e então entrou no elevador ficando justo ao lado de Rose, que se encolheu no canto ainda falando ao celular.

– Tá, mas ele é rosa. –dizia Rose em tom baixo.

Enquanto ela falava, Dimitri permanecia ao lado dela fitando-a discretamente em silencio com um olhar de canto.

– Não eu só acho que ela poderia ter escolhido algo menos Hello Kitty. Ela vai se casar em um vestido lindo branco, o que eu acho bem hipócrita pra começar, e quer as damas de honra vestidas como um bando de Barbie sem Ken.

Novamente os olhos curiosos de Dimitri repousaram sobre ela, reconhecendo bem aquele tom de ironia e sarcasmo que só ela tinha.

– Tá, eu sei, mas mesmo assim eu acho que você ficaria muito melhor em um preto básico. Você tem aquele vestido lindo, com aquele decotão que ressalta seus peitos, devia ir com ele.

Um dos presentes no elevador pigarreou como se tivesse incomodado com a conversa colateral da moça, e recebeu um olhar de desdém da mesma, enquanto Dimitri que acompanhava tudo quietinho no seu canto apenas sorria intimamente se sentindo extremamente bobo e ao mesmo tempo encontrava certa diversão naquele pequeno momento seu de espião.

– Tá bom, eu vou desligar porque conversas ao telefone no elevador parecem incomodar. –ela lançou a indireta com acerto certeiro no alvo. – A gente se vê amanhã.

Aquela altura Rose já havia se esquecido de que dividia o elevador com o moreno, mas quando seu braço esbarrou no dele e ela se obrigou a se virar parcialmente para pedir desculpas, sentiu o olhar dele sobre ela e então:

– Me desculpa. –ela disse o encarando.

– Tudo bem. –ele respondeu sentindo o coração na boca. – Como vão indo as coisas?

– Bem. –ela estranhou e logo perguntou. – Eu te conheço não conheço?

Dimitri não respondeu, apenas continuou olhando-a com um sorriso invisível esperando que ela o reconhecesse sem o jaleco verde.

– Doutor Belikov! –ela conciliou o rosto à pessoa. – Quase não reconheci sem o jaleco.

– Às vezes eu tenho a mesma dificuldade! –ele riu.

– Ah. –ela sorriu de volta. – Eu encontrei um paciente seu.

– É mesmo? –ele ficou feliz por ver que ela quis prolongar a conversa. – Quem?

O elevador parou em um dos andares e a porta se abriu, fazendo com que os dois olhassem ao mesmo tempo para a porta por onde um casal desconhecido saiu e logo depois a porta voltou a se fechar.

– O senhor Glover! –ela respondeu.

– Se lembra do senhor Glover? –ele arqueou as sobrancelhas com uma ponta de esperança.

– Não exatamente, mas parece que por alguma razão ele se lembra de mim. –ela disse com um olhar um pouco travesso.

Rose manteve o olhar divertido sobre Dimitri, fazendo com que ele se lembrasse de todas as coisas que havia dito sobre ela aquele senhor, e por um momento seus lábios não conseguiram esconder um sorriso culpado. Rose por sua vez, desviou o olhar notando que o moreno havia ficado sem jeito, e então olhou para o reflexo a frente logo sentindo o elevador parar mais uma vez e pela porta passar mais três pessoas que ocupavam o elevador. As portas se fecharam, e restaram apenas Rose, Dimitri e mais uma mulher que estava no canto oposto e apenas sorriu amigavelmente ao ver Rose lhe encarar.

– O que tem feito? –ele seguiu.

– Atormentando algumas pessoas, e sendo atormentada por elas! –ela sorriu e o motivou a fazer o mesmo, mas discretamente é claro.

No andar seguinte a porta voltou a se abrir e por ela passou a ultima mulher presente no elevador, e isso fez com que Rose notasse algo sobre o que ela se manifestou logo depois.

– Você não apertou o número do seu andar. –disse ela sob suspeita.

– Ah. –ele olhou o único botão brilhando e pensou rápido. – Eu vou pro sexto, também.

– Mesmo? –e a porta se fechou. – Setor feminino?

Os olhos de Dimitri ficaram fixos no seu próprio reflexo a frente sem saber o que inventar, e então após alguns segundos ele respondeu:

– Presente. –ela a olhou então.

– Sei. –ela desviou o olhar e manteve um sorriso moleca no rosto.

Ambos conversaram um pouco mais sobre qualquer coisa, até o elevador parar e novamente se abrir. Os dois saíram no mesmo andar, e logo Rose se despediu.

– Bom foi bom vê-lo de novo.

– Também acho. –ele disse sem pensar.

– Então até mais. –ela sorriu e logo deu alguns passos á direita do corredor.

– Rose? –ele chamou antes que ela se afastasse demais.

– Sim? –ela se virou e o encarou.

– Eu... Não sou muito bom nisso... –ele andou até ela. – Mas... Você poderia... Me ajudar?

– Com?

– O presente.

Rose o encarou por um tempo, sem saber bem o que fazer e então decidiu:

– Tá, tudo bem se eu puder ser útil.

– Ótimo. –ele respirou, aliviado. – Eu não levo o menor jeito pra isso, então...

– Tudo bem, por onde quer começar?

– Você é a mulher aqui, me diga você!

– Certo. –ela sorriu e parou ao lado do moreno. – Vem comigo eu conheço uma loja bem bacana. Quantos anos ela tem?

– Quem?

– A moça a quem você vai dar o presente? –ela riu.

– Vinte e um, eu acho. –ele parecia confuso pra ela, mas ele estava nervoso.

– Certo e como ela é?

– Bom ela tem o seu tamanho. –disse pensando na irmã.

– E qual o estilo dela, elegante, casual, despojado?

– A gente ainda tá falando de roupa?

– Aha, tem razão você parece não entender nada do que está fazendo!

– Não mesmo. –ele riu.

– Vamos começar pela Middi! –ela disse e logo levou sua mão até a curva do braço dele o conduzindo pelo corredor.

Era uma pequena aproximação, mas para o médico parecia algo bem íntimo e aquele pequeno gesto caloroso vindo de Rose parecia a melhor coisa no mundo. Dimitri sorriu internamente ao poder finalmente sentir o toque dela sobre ele, mesmo sendo por cima do tecido grosso daquele casaquinho quente que ele vestia. Eles andaram até a loja, e lá se dedicaram a procura de um presente para alguém que nem ele sabia bem quem era, já que tudo não passava de uma improvisação de sua parte apenas para passar mais tempo ao lado da garota. Cada peça de roupa que ela apanhava dos cabides e mostrava a ele, fazia com que ele se sentisse culpado por todo o empenho que ela estava depositando naquela tarefa sem saber que era algo sem fundamento algum.

– O que acha dessa? –disse ela colocando uma blusa vermelha em frente ao corpo.

– É muito bonita. –ele respondeu imaginando Rose vestindo aquela peça.

– Não parece muito seguro!

– Não, ela é realmente muito bonita.

– Por que não experimenta? –se manifestou a atendente logo ao lado de Dimitri.

– Ah não é pra mim. –respondeu Rose.

– Pode ser uma boa ideia! –disse Dimitri começando a achar que estava abusando demais da sorte.

– Sério? –questionou Rose.

– É vocês tem o mesmo tamanho. –e ele se sentou um tremendo canalha por estar mentindo pra ela.

– Vamos eu segurou o cabide pra você. –disse a moça se aproximando e apanhando o mesmo. – Pronto! Pode usar aquela cabine ali atrás. –ela apontou.

– Tá bom. –Rose olhou para Dimitri e então se virou e seguiu até a cabine.

Assim que vestiu a peça Rose abriu a cortina e mostrou o modelo para Dimitri que mal conseguiu disfarçar a cara de bobo. Era uma simples regata vermelha bem elegante, mas ainda assim simples, embora retratasse todas as curvas perfeitas da silhueta de Rose o que motivou uma falha leve na respiração do moreno.

– Então? –perguntou Rose. – Acha que ela vai gostar?

– Ficou linda em você! –disse a mulher. – Você tem um corpo perfeito, invejável!

– Obrigada. –Rose respondeu sentindo-se gloriosa com tal elogio.

– O que achou? –a mesma mulher se dirigiu a Dimitri.

– Como eu disse antes, realmente muito bonita. – dessa vez não era a blusa que ele se referia.

– Por que não experimenta essa outra peça? –sugeriu a mulher retirando um vestido escuro do cabide. – Com esse corpo vai ficar perfeito em você! –seguiu a mulher.

– Ah, é que nada disso é pra mim eu só...

– Por favor. –disse Dimitri.

Embora ela tenha sentido certa inclinação à empolgação vinda tanto do tom de voz, quanto do olhar do médico, Rose não pode deixar de apreciar o desejo dele em vê-la naquele vestido e mesmo ela ansiava por colocar aquela peça no seu corpo curiosa em saber como lhe cairia e então ela resolveu que seria uma boa ideia. Ela apanhou o vestido e voltou para a cabine onde se despiu e vestiu o vestido logo voltando para fora, onde a atendente foi a primeira a vê-la e logo se manifestou.

– Como eu imaginei, ficou lindo em você!

– Mesmo? –ela buscou a aprovação de Dimitri que ao se virar e vê-la naquele modelo quase perdeu a compostura e a agarrou ali mesmo.

– Não poderia ser mais bonito. –foi o que ele conseguiu dizer.

– Dá uma volta! –aquela atendente parecia um anjo aos olhos de Dimitri, induzindo Rose a fazer tudo que ele estava imaginando e não tinha coragem de pedir por si mesmo.

Rose sorriu sentindo-se paparicada, e então deu uma volta bem devagar sentindo os olhos da mulher sobre si, e todo o peso do olhar de Dimitri percorrendo cada centímetro do corpo dela, algo que por alguma razão fez com que ela demorasse mais para terminar o giro. Então ela parou novamente diante dele e lhe interrogou com os olhos.

– Eu vou ficar com esse. –disse ele em tom firme e decidido.

– Ótima escolha! –disse a mulher. – E vamos olhar mais alguma coisa?

Dimitri olhou para Rose desejando vê-la desfilar a loja inteira só pra ele, mas ao invés de continuar abusando da boa vontade dela ele deu por encerrada a busca. Rose voltou à cabine e vestiu suas roupas, enquanto Dimitri falava com a atendente.

– Pode separar o vestido e a blusa vermelha também.

– Claro.

Rose saiu do provador com as roupas e entregou a moça que logo levou tudo ao caixa, passou o cartão do médico, e depois ambos saíram da loja com duas sacolas.

– Espero que ela goste, é um lindo vestido! –disse Rose sentindo certa dó em ter experimentado algo tão lindo para outra mulher. – E a blusa vermelha é bem básica, mas linda.

– Que bom que você gostou por que... –ele parou e estendeu a sacola colocando-a nas mãos de Rose. – Eu comprei ela pra você.

– O que? –ela disse meio chocada e surpresa.

– É um presente por ter me ajudado.

– Eu não posso aceitar. –ela disse franzindo a testa.

– Vai me ofender se devolver.

– Dimitri essa blusa é muito cara, eu não posso aceitar em troca de um favor tão bobo como esse. –ela disse estendendo a sacola.

– Rose. Eu quero que fique com ela.

– Eu não posso pagar por isso, e não é certo aceitar presentes assim. Você nem me conhece.

– Teoricamente eu convivi com você por três meses.

– Teoricamente você é meu médico. –ela estendeu a sacola mais uma vez. – Não posso aceitar.

– Eu também não vou aceitá-la de volta, ela agora é sua, eu te dei então pode fazer o que quiser com ela. Pode dar pra alguém se não quiser usar, mas eu me sentiria realmente muito ofendido se fizesse isso.

– Tudo bem, então eu fico com ela. Mas eu vou pagar...

– Não quero o seu dinheiro. Só quero que use-a.

– Um café. Eu te pago um café então. Um café bem caro.

– Um café? –ele riu.

– É.

– Tudo bem, eu posso aceitar um café!

– Tá... Tem uma cafeteria no segundo andar e...

– Eu deixei alguém me esperando Rose...

– Ah... –ela sentiu como se um balde de água gelada fosse jogado sobre ela.

– Minha avó. Eu vim com ela...

– Sua avó? –ela disse retomando a empolgação.

– Sim! –ele sorriu satisfeito.

– Espera você faz compras com a sua avó?

– É. –ele respondeu reconhecendo aquela mesma pergunta e aquele mesmo tom.

– Hum.

– Mas eu não moro com ela, e ela praticamente me arrastou até aqui por causa de um novo tapete. –respondeu antes que ela chegasse aquele ponto.

– Pensei que tivesse vindo comprar o presente... –disse ela aproveitando o deslize dele.

– Dois coelhos... –dessa vez ele já estava até acreditando na própria mentira.

– Certo, bom, mas eu ainda te devo um café.

– Que tal amanhã? É domingo e eu ainda estou de folga...

– Não tem que entregar o vestido a dona?

– Minha irmã só vem no próximo final de semana. –ele notou que ela estava interessada em saber pra quem era o presente.

– Irmã! Ah tá... Então pode ser. Amanhã.

Dimitri sorriu ao vê-la totalmente sem graça e lembrou como ela desviava o olhar quando mentia ou quando estava com ciúmes, e sem graça e a lembrança fez com que ele se sentisse ainda mais próximo de Rose.

– Tem uma cafeteria nada discreta a duas quadras do St. Vladimir. –ele seguiu. – A gente se vê lá.

– Ah, claro. Então até amanhã...

– Ás cinco?

– Ás cinco.

– Ótimo. Então até amanhã Rose.

Ele sorriu mais uma vez e em seguida se virou e seguiu pelo corredor deixando-a para trás com sua sacola em mãos. Rose de repente teve um estalo do que havia acabado de fazer e se xingou mentalmente com mil palavrões. Ela mesma havia marcado um encontro com o médico e sequer havia notado isso. Ele por sua vez estava sentindo-se tão bem que quando encontrou a avó no corredor do segundo andar, ergueu a mulher no colo mostrando seu melhor sorriso quase matando a mesma do coração.

– Pode me dizer qual o motivo dessa alegria toda? –disse Yeva se recompondo já no chão.

– Roza! –ele sorriu abertamente.

– Rose? Você a viu?

– Estava com ela.

– Ah, então eu te perdoo por ter me abandonado naquela loja, e esquecido que eu existo.

– Ela estava ainda mais linda do que eu me lembrava. –dizia ele enquanto caminhava ao lado da avó.

– Vocês conversaram sobre o que?

– Ela me ajudou a comprar um presente pra Vick! –ele disse com um sorriso travesso.

– Vick? Mas Vick está na Rússia, eu perdi alguma coisa?

– Não dona Yeva, a senhora não perdeu absolutamente nada. –ele mantinha aquele sorriso feliz na face.

– Você enganou a garota?

– Foi por uma boa causa. –ele disse mais serio. – Não pude resistir.

– Fez bem! Agora vamos que meus pés estão me matando, e no caminho você conta como foi!


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Notas finais do capítulo

Ficou enorme o capítulo eu sei desculpa, mas eu pensei em todos os detalhes e não consegui tirar nada, nem deixar de fora, nem dividir o capítulo porque vocês iam me matar. Espero que tenham gostado, eu sei que ficou clichê, e o Dimitri ficou todo bobo, mas gente. O homem é louco por essa mulher, e ela tem esse efeito sobre ele! Espero que não tenham achado ele muito bobão! Se ficou, mil perdoes!