Rosa Adormecida escrita por Kuroi Namida


Capítulo 2
O Espírito da Rosa


Notas iniciais do capítulo

Dimitri Belikov aparece pela primeira vez!



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Rose despertou sentindo uma luz forte queimando seus olhos. Ela apertou as pálpebras e foi piscando freneticamente até se acostumar e sentir-se confortável com a luz. A garota girou a cabeça olhando ao redor e notando que estava em uma sala imensa com paredes brancas. Estava deitada sobre uma cama de ferro nas laterais.

– Hospital? –ela disse ao se levantar.

Rose sentou-se sobre o leito e retirou os lençóis de sobre seu corpo logo retirando as pernas para fora e pendurando-as ao lado da cama. Rose usou a escada de ferro com três degraus para descer da cama e andou com os pés descalços sobre o piso se dirigindo até a porta. Ela escorou as mãos nas laterais da mesma e olhou curiosa para o lado de fora vendo médicos e enfermeiros andando de um lado para o outro, atarefados com seu trabalho. Rose deu alguns passos para fora e seguiu pelo corredor passando por alguns pacientes em cadeiras de rodas, médicos, e mais enfermeiros e enfermeiras. Continuou andando até avistar uma mulher negra um pouco gorda que andava em sua direção encarando-a.

– Hey! –disse a mulher. – O que está fazendo?

– Eu estou procurando alguém... Eu... –respondeu Rose.

– Hey! Estou falando com você. –disse a mulher desviando da garota. – Não pode beber isso. Sabe muito bem que não faz parte da sua dieta... –Rose se virou e viu a mulher falando com um senhor de cabelos brancos. – Vamos! Vamos voltar pro seu quarto!

Rose franziu sua testa e viu a enfermeira se afastando da maquina de refrigerantes com o idoso.

A garota continuou andando enquanto procurava alguém que pudesse lhe dar alguma informação. Ao passar por um dos corredores, Rose percebeu a aproximação de dois médicos, andou até eles e começou a falar:

– Doutor, por favor, meu nome é Rose Hathaway. Pode me dizer o que aconteceu? Por que estou em um hospital? –ela dizia nadando ao lado de um medico de cabelos grisalhos que segurava uma pasta.

– Vamos ter que operar, é uma cirurgia de risco, mas pode ser a única chance do paciente. –disse o homem sem dar atenção a garota.

Rose parou no meio do caminho franzindo a testa já sem paciência e então viu mais dois médicos no canto do corredor segurando pranchetas e vestidos de uniforme verde. Ela ficou onde estava, encarando os dois homens. Um era bem jovem, tinha cabelos curtos e bem penteados, seus olhos eram verdes e não era tão alto. Já o outro aparentava ter uns vinte oito talvez trinta e tinha cabelos longos e lisos. De longe Rose distinguiu a cor de seus olhos como sendo de um negro bastante escuro. Ela decidiu se aproximar ao perceber que ambos discutiam sobre coisas banais.

– O cara tinha uma chave de fenda no estomago! –dizia o cara de olhos verdes. – Como alguém consegue engolir uma chave de fenda cara? –este riu assim como o seguinte.

– Ainda se surpreende com o que acontece nesses corredores? –disse o segundo em um tom grave, e este parecia ter um sotaque.

– Hey! –ela disse ao parar diante deles. – Será que algum de vocês dois pode me explicar por que eu estou neste bendito hospital?

Enquanto o homem de olhos verdes ria o outro voltou seus olhos castanhos escuros na direção da face de Rose que o fitava sem paciência. Porém este não disse uma só palavra, apenas voltou a olhar sua prancheta e disse.

– Tenho que ver um paciente...

– Queimadura, envenenamento "acidental" ou tentativa de suicídio? –disse o outro.

– Acidente de carro. –respondeu. – É uma mulher.

– Sempre disse que mulher na direção dá nisso! –riu o idiota.

– Não, ela foi atingida por um carro na verdade... –respondeu o sujeito de olhos castanhos em tom sério.

– Ok. Vai lá ver sua paciente então! Doutor Belikov!

Belikov sorriu enquanto recebia um tapa no ombro e então se dirigiu pelo corredor ignorando Rose que o seguia lado a lado.

– Escuta, antes de atender sua paciente, será que dá pra me dizer alguma coisa? Nem que seja pra me informar onde fica o balcão de atendimento...

Belikov continuou olhando sua prancheta ate virar o corredor. Hathaway o deixou seguindo sozinho por um tempo enquanto levava as mãos à cabeça sem entender por que diabos todos estavam a ignorando. Depois correu atrás do doutor e o viu entrando no quarto onde ela antes estava. Rose o encontrou nos pés do leito examinando a pasta sobre a cama.

– Muito bem senhorita Hathaway, vejamos o que se passa com você... –ele disse.

– Ah finalmente resolveu falar comigo. -reclamou a garota.

– Alguns ossos quebrados... –ele disse folhando a pasta. – Nenhuma fratura exposta. A batida atingiu o crânio...

– Do que tá falando? Meus ossos estão ótimos... E por que diabos você não olha pra mim? Eu estou bem aqui. –ela disse sacudindo os braços.

Belikov se afastou dos pés da cama e andou ao redor do leito enquanto lia o conteúdo daquela pasta. Rose por sua vez seguiu até o outro lado da cama e então decidiu ver quem era a pessoa deitada sobre o leito. O que viu a seguir a deixou pasma. A moça sobre aquela cama era ninguém menos do que ela própria. Suas narinas estavam cobertas por um tipo de mascara de oxigênio enquanto inúmeros canos transparentes estavam ligados as suas veias. Sua cabeça estava envolta a ataduras e sua face estava inchada.

– Meu Deus! –ela disse boquiaberta.

– Dezenove anos... –disse Belikov em tom quase inaudível.

Rose o encarou e percebeu por que de fato ninguém podia vê-la.

– Eu estou... Espera eu não estou morta... Então... Por que... –ela tentava entender enquanto Belikov seguia.

– Tipo sanguíneo...

– Você não pode me ouvir não é? –ela disse olhando o rosto do homem a sua frente.

– Ausência de álcool no sangue? –este franziu a testa.

– Não acha meio ridículo procurar álcool no sangue de uma pessoa atropelada? –disse Rose.

– Rum... –Dimitri riu. – Parece meio ridículo procurar álcool no sangue de uma pessoa que acaba de ser atropelada.

– Foi o que eu disse...

– Quem sabe pensam que você atropelou o carro, pequena Roza. –disse olhando o rosto da moça na cama.

– Pequena? –ela franziu a testa. – Eu tenho um metro e sessenta e um, camarada. Tá me chamando de baixinha?

– Bom... Ainda faltam alguns exames... –Belikov apanhou um objeto pequeno do jaleco e se inclinou sobre a cama. – Vamos dar uma olhada nos seus olhos. –ele abriu as pálpebras da garota com os dedos e jogou uma luz contra os olhos de Rose.

– Hey! –ela reclamou. – Eu posso sentir isso... –disse esfregando os olhos.

– Parece que você está em outro lugar pequena Roza... –seguiu ele com seu sotaque estranho.

– Para de me chamar de pequena cara! Qual é a sua?

– Dimitri? –disse uma moça de cabelos cacheados ao adentrar no quarto.

– Sim Claire. –respondeu Belikov erguendo o rosto e jogando o cabelo para trás.

– O doutor Sydney Sage está te esperando na sala dele...

– Diga a ele que já me dirijo até lá. Eu já estou terminando aqui...

– Tudo bem... –tão rápido como surgiu logo à mulher se foi.

Dimitri guardou seus objetos de inspeção de volta nos bolsos do jaleco e deu uma última olhada no rosto de Rose franzindo a testa e depois se retirou deixando-a. Rose se aproximou de si mesma naquela cama e levou suas mãos sobre seu corpo tentando tocar suas próprias mãos mas não sentiu absolutamente nada.

– Como é que isso foi acontecer? –ela se perguntou fitando o próprio rosto.

...


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