The Vampire Diaries - A Novel Morgana escrita por Luke Theon, Morgana


Capítulo 2
Elena




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Mystic Falls, Virgínia, Dias Atuais

Elena ainda olhava fixamente para o diário verde em cima da escrivaninha onde repousado estava uma folha de papel pardo. A caligrafia desorganizada devido à pressa na escrita. Um bilhete simples, direto e triste.

Um bilhete de despedida.

Queridos Stefan e Damon,

Saibam que isso foi uma das coisas mais difíceis que já tive que fazer. Não posso deixar que se arrisquem mais por mim. Por mais que não admitam, vocês sabem que tudo que aconteceu foi por minha causa.

Minha culpa.

Não suporto mais a ideia de ter vocês dois vivendo exclusivamente por mim, se arriscando por mim.

Saibam que sou eternamente grata por tudo que fizeram. Mais que grata, sei que devo minha vida a vocês. Peço desculpa por todos os aborrecimentos que causei, por todas as brigas, todos os desentendimentos.

Este último acontecimento foi o estopim. Só agora percebo que já deveria ter feito isso há muito tempo. Meu único conforto é a minha dor, pois sei que estou pagando pelo que causei.

Por favor, vivam suas vidas, namorem, se divirtam, preocupem-se apenas com o essencial, com o necessário, com vocês.

Amo vocês com todas as minhas forças.

Adeus.

Com amor, Elena

Elena desceu as escadas na ponta dos pés. Ela sabia que Damon poderia estar por perto, por mais que desejasse que não estivesse. Ela não suportaria uma despedida cara a cara com ele.

Por isso estava fugindo.

Elena o encontrou deitado no sofá, a mão pendia solta com um copo na mão, a bebida molhava o tapete persa.

Uísque.

Que previsível, ela pensou.

Elena se deixou sorrir por um momento, vislumbrando a cena. Se ele não fosse o que era, ela poderia pensar que estava sonhando. O rosto pálido mantinha uma expressão serena, quase angelical.

Ela se arrependeu de ter parado para admirá-lo. Mesmo sendo por um instante, a mera visão dele a torturava; fazia a ferida no peito abrir, sangrar como se fosse nova.

Ela se aproximou da mesa de centro da sala. O cheiro de madeira queimando na lareira se misturou ao cheiro forte de uísque que exalava do tapete. Ela pousou o bilhete em cima do volume de Anna Karenina, o livro de Tolstoi que ele vinha lendo.

Que vinha tentando ler.

Damon não tinha o costume de ler. Ela sabia que ele estava fazendo aquilo por ela. Mais uma vez ela se deixou sorrir.

Elena pegou a bolsa no chão do lado da porta e saiu fechando a portaatrás de si. Atravessou a varanda e seguiu jardim à frente, mas parou e virou. A mansão Salvatore erguia imponente, com seu estilo rústico. Elena visualizou a casa pela última vez e seguiu adiante.

Ela havia jurado não olhar para trás, mas não conseguiu.

Uma lágrima escorria pelo seu rosto, enquanto ela se dirigia a um carro preto e luxuoso estacionado no acostamento.

No banco do motorista uma mulher branca — uma cópia exata de Elena, exceto pelos longos cachos castanhos que lhe caiam nos ombros — a esperava.

Katherine dirigia ferozmente, costurando o trânsito da rodovia. Tinham acabado de sair de Mystic Falls em direção a Washington. Um vôo as esperava.

O destino estava escrito na passagem em cima do painel do carro: Amsterdã.

A viagem foi rápida, Katherine costurava o trânsito movimentado da rodovia que levava ao Aeroporto Internacional de Washington Dulles— o mais próximo de Washington D.C. — com a habilidade de um piloto de corridas. Elena que se mantinha colada ao banco do carona, vidrada na estrada, soltava um gemido de apreensão cada vez que Katherine ultrapassava pela contramão, não batendo por pouco nos carros.

— Relaxa queridinha, não tenho a intenção de te matar...hoje — Katherine respondeu sorrindo ao ver a cara de espanto de Elena.

Ela fez uma curva fechada entrando na área do aeroporto, indo em direção ao estacionamento do terminal de embarque. Katherine manobrou o carro em uma vaga, o desligou e saiu.

Elena observou que Katherine não se preocupou em pegar as chaves; as deixando ainda no contato, e concluiu que estava provavelmente em um carro roubado. Ela ainda permanecia sentada no banco, fitando as passagens sob o painel quando uma batida na janela à fez pular do banco. Katherine estava parada do lado de fora, fazendo um sinal para que ela saísse.

— Vamos, não temos o dia todo. Não hoje.

Elena pegou as passagens, saiu do carro e seguiu Katherine. Não levava nenhuma bagagem consigo. Tinha prometido seguir em frente deixando para tudo trás, qualquer vestígio que pudesse fazê-la lembrar do passado.

As duas adentraram o hall do terminal de embarque. Conforme cruzavam a multidão, algumas pessoas olharam para elas. Pela primeira vez, Elena se perguntou o que as pessoas viam quando olhavam para elas, certamente deveriam achar que elas eram gêmeas — idênticas fisicamente, diferenciando apenas no estilo e postura. Mas ela sabia que as diferenças iam muito além das roupas.

As duas se encaminharam até o balcão do check-in. Elena passou as passagens para Katherine que as entregou a balconista.

— Passaportes, por favor — disse a mulher, pegando as passagens.

— E mesmo necessário? Acho que as esqueci — Katherine fez cara de espanto.

A mulher soltou um suspiro, como se já tivesse visto aquele cena muitas vezes e não seria uma “carinha” de dó que a faria mudar de ideia.

— Lamento, mas sem passaportes vocês não poderão embarcar.

Katherine fez um muxoxo revirando os olhos. Elena sabia o que viria a seguir, a hipnose. Katherine encarou a mulher e recitou pausadamente, como se estivesse falando com uma criança de cinco anos.

— Você vai confirmar nosso check-in e nosso voo para Amsterdã. Ah, e na primeira classe, é claro. Mais uma coisa, desfaça essa cara de lamento — Katherine virou para Elena e piscou. Dessa vez quem revirou os olhos foi Elena.

A atendente ficou por alguns segundos estática, e parecendo sair de um transe, começou a digitar no computador. Carimbou as passagens e as entregou de volta para Katherine sorridente.

— Aqui está, senhorita. Seu vôo sai daqui a 15 minutos do portão H. Obrigada por escolherem nossa companhia. Façam uma boa viagem.

Elas caminharam até a sala de espera em direção ao portão de embarque.

— Eu vou ao banheiro — Elena disse caminhando até o banheiro no lado oposto a sala.

— Ok — Katherine respondeu se sentando em uma poltrona.

Elena entrou no banheiro. Levou um susto quando se viu refletida no espelho. A pele estava mais pálida que o normal, com os ossos proeminentes, mas os olhos estavam fundos, com grandes olheiras escuras. Ela abriu a torneira e por um momento deixou a água cair abundante, até que se abaixou e com as mãos em concha, jogou um pouco no rosto, deixando a água fria escorrer pelo pescoço. A porta atrás de si abriu e duas garotas entraram. Uma loira e uma morena. Altas, bonitas e aparentando terem no máximo uns dezesseis anos, elas se dirigiram a bancada da pia rindo.

A visão fez Elena pensar que há pouco tempo atrás ela era assim. Ela começou a se lembrar da época do colégio e das amizades. Bonnie e Caroline. Foi quando ela se lembrou da expressão de Caroline a olhando aterrorizada. A expressão de terror depois de ver Matt.

Depois de ver o que ela havia feito com Matt.

Elena conteve a vontade de chorar que sempre sentia quando aquela lembrança vinha à tona. Ela se lembrou da promessa que havia feito de deixar tudo para trás — principalmente às lembranças — e seguir em frente. Ainda olhando seu reflexo no espelho, ela respirou fundo, e saiu do banheiro.

Enquanto saia do banheiro Elena ouviu a chamada de seu voo. Katherine a esperava no portão H. Assim que chegou ele entregou as passagens ao atendente e entrou no corredor metálico que levava ao avião. Elena a seguiu.

As duas se adiantaram até suas poltronas e se sentaram. Elena tremia, e tinha dúvidas se o motivo seria mesmo o que pensava. Balançando a cabeça para afastar os pensamentos e clarear a mente ela inspirou profundamente, um dos reflexos de sua vida humana que ela não tinha perdido, e nem queria. Enquanto o tempo parecia durar uma eternidade, a cabeça de Elena dava voltas com as lembranças que ela se forçava a esquecer. E sua companheira de poltrona não ajudava em nada.

Katherine já estava na terceira taça de champanhe. A primeira coisa que ela tinha feito assim que entraram no avião foi hipnotizar uma das aeromoças para ter o melhor tratamento possível na viagem. A aeromoça loira e esguia a todo o momento aparecia sorridente perguntando se precisavam de algo.

*****

Após os avisos e demonstrações de voo das aeromoças o avião ganhou vida, seguiu para a pista e decolou. Elena viu pela pequena janela Washington diminuir e desaparecer pouco a pouco entre as nuvens amarelas. O crepúsculo também coloria a cidade. Os carros e pessoas parecendo formigas negras em contraste com o laranja que pintava os prédios.

Enquanto o avião subia, uma lágrima desceu pelo rosto de Elena. Ela bem que havia tentado, mas não aguentava mais segurar a dor que a consumia. A partir daquele momento não havia mais volta. Sua antiga vida tinha ficado no passado. No momento em que o avião subiu.

E só restava a ela esquecer. Por mais que doesse, era a única solução.


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