“...– Não chore , Carly não iria querer. – Ele falou soltando um sorriso fraco que eu correspondi. Depois de alguns minutos já estava passando outra musica e o clima de tristeza já havia passado. A Carly morreu e eu superei isso , mas eu nunca vou me esquecer dela. NUNCA!”

POV Sam

Chegamos no cinema e compramos as entradas. O filme só começaria dali a duas horas então resolvemos andar um pouco. Vejo uma loja. A loja que Carly costumava ir. Sinto uma dor no peito me invadir e lagrimas caírem de meus olhos. Senti os cortes em meu pulso.

- Vamos sair daqui. – Freddie disse percebendo que o desespero me  invadia. Corri para o banheiro sentindo ele me gritar. Me tranquei naquela pequena cabine e retirei uma foto minha e da Carly de minha bolsa.

- Por que? – Disse chorando e vendo as lagrimas molharem a foto. Peguei a lamina em minha bolsa. Sim , eu menti para o Freddie quando disse que havia parado de me cortar. Enfiei em minha pele sentindo o sangue sair e com ele minha consciência.Acordei em uma sala branca. Freddie estava  sentado do meu lado dormindo.

- O que aconteceu? – Perguntei rouca percebendo a bolsa de sangue ao meu lado. Minha fixa caiu! Me cortei tanto , que da ultima vez saiu mais sangue do que devia.

- Você acordou! – Ele disse me abraçando e me beijando. Retribui o beijo na mesma intensidade. Logo nos separamos.

- Você esta melhor? – Ele perguntou preocupado.

- Sim , só um pouco cansada.O que houve? – Perguntei  me esforçando pela primeira vez para lembrar de algo.

- Você... surtou no meio do shopping e correu  para longe. Eu te procurei e ... Vi uma mulher correndo desesperada do banheiro falando que tinha alguém morto lá. Eu me desesperei com medo de que fosse você e era.Cheguei e encontrei você desmaiada  em cima de uma poça de sangue . Não pensei duas vezes e chamei a ambulância e por pouco , muito pouco você não morreu de hemorragia. –Ele disse. Nesse momento um mar de lembranças me invadiu. Tentei não chorar , mas foi inevitável.Onde estaria Carly agora.

- Onde esta Carly? – Perguntei esperando  a morena entrar pelas portas do quarto.

- Ela morreu Sam , você não se lembra? – Quando Freddie disse aquilo eu desesperei. Era mentira!

- Você esta mentindo Freddie , onde ela esta! – Senti meus olhos marejarem.

- Ela morreu Sam! – Freddie disse chorando. Eu não acredito...

POV Freddie.

Sam estava desesperada gritando por Carly. Me doía vê-la daquele jeito. O Doutor me chamou e logo enxuguei as lagrimas e o acompanhei.

- Então , eu sinto lhe dizer , mas Sam esta passando por um momento muito difícil. Em uma de suas crises de automutilação ela passou dos limites. E se isso acontecer de novo temo que ela não sobreviva. – O Doutor me disse.

- Bem , desde quando ela esta nesse estado? – Ele perguntou.

- Desde a morte da melhor amiga dela. Carly era como uma mãe para ela. – Eu disse triste.

- E muito pior do que eu imaginava. Sempre que Sam se mutila  ela faz isso na intenção de aliviar as dores que sente por causa da morte da amiga , o subconsciente dela acha , que se mutilando  as dores vão passar  e quando ela acordar Carly irá estar ao seu lado. – O Doutor me explicou e eu só assenti para que ele continuasse.

- O seu subconsciente não aceita que a melhor amiga se foi , e por isso que sempre quando ela sofre acidentes como esse , ele apaga todas as lembranças da morte de Carly. – Ele disse e foi ai que eu percebi. Todas as vezes que Sam sofria um acidente , ela perdia a consciência e neste tempo as lembranças da morte de Carly se apagavam , como se nunca houvessem existido! Por isso que ela ainda faz isso.

- E um ciclo. – Eu disse vendo o doutor assentir.

- E ela terá que fazer terapia. Por mais ou menos um ano. – O doutor falou e eu assenti.

Cheguei no quarto e Sam já estava melhor. Me sentei do lado dela e expliquei tudo.

- Eu não sou burra Freddie! Carly não esta morta! – Ela disse chorando.

- Sam , você VIU Carly morrendo! TENTE ACEITAR ISSO! – Eu disse já estressado. Vi que passei dos limites quando Sam me olhava assustada.

- Me...me desculpa. – Eu disse me sentando novamente.

- Tudo bem. Eu irei fazer terapia. Acho que e o melhor para mim. – Ela disse rouca enxugando as lagrimas.

- Então senhorita Puckket , poderá sair daqui amanha as duas da tarde! Sua terapia começa semana que vem , de segunda a sexta das três as quatro. – O medico disse simpático.Sam assentiu retribuindo a simpatia. Me sentei no sofá branco da sala vendo a loira adormecer e eu também. Acordei no quarto do hospital ainda. Sam dormia tranquilamente , naquele instante , nada parecia a incomodar. Ouvia o relógio pulsar lentamente  em sincronia com  sua respiração.

- Bom dia . – Sam disse desanimada com os olhos inchados e vermelhos.

- Oi. – Eu disse sorrindo na tentativa falha de reanimá-la. O silencio tomou conta de toda a sala.

- Eu já posso ir embora? – Ela me perguntou.

- Não , só poderá daqui dois dias. E o eu se ganha quando se mutila. -  Disse vendo ela  tentar esconder o rosto.Cheguei perto dela.

- E-eu  não acho que Carly esteja morta. – Ela disse sincera.

- Por que não?Você  a viu morrer. – Falei me arrependendo do que acabará de dizer , sabendo que neste instante , o que poderia a machucar eram as palavras e não mais as laminas.

- Por favor saia. E-eu quero ficar sozinha. – Ela disse.Em quanto eu saia do quarto observei seus olhos antes azuis e calmos, se transformarem em um oceano tempestuoso que ameaça a cada instante  afogá-la em lagrimas de desespero e dor.

- Eu não te deixarei sozinha. – Eu disse firme retornando percebendo que aquilo , por mais que ela tente negar , era o certo.Um sorriso singelo e discreto  se fez em seus lábios que antes carregavam sempre a mesma impressão de dor e tristeza. Me irradiei ao ver  aquilo. Era como se eu tivesse ganhado um milhão de  estrelas de uma só vez. Então de repente parei e pensei: O Universo estava sorrindo para mim. Eu a amava.