She Will Be Loved escrita por Carol Munaro


Capítulo 38
Holy Shit


Notas iniciais do capítulo

Ooi! Boa leitura!



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Hoje já é domingo e Peter ainda não me contou como foi o encontro com a April. Então, ou foi um fiasco total ou acabou com eles transando no carro. Conhecendo o resto da história, eu acredito mais na primeira opção.

– Ow! - Chamei. - Ei! - Chamei de novo. - Eu to te chamando!

– Eu tenho um nome, Andrew. - April me respondeu. Estávamos no escritório. Eu estava mexendo no computador e ela lendo algum livro.

– Compra um sanduíche de bacon na lanchonete da esquina pra mim?

– Óbvio que não. - Ela disse rindo.

– Eu to com a perna quebrada.

– Pede pra sua mãe comprar. E outra, sua perna tá quase boa. Dá pra andar já.

– Olha, se você for buscar pra mim, eu não fico te enchendo o saco pra me contar sobre o encontro com o Peter.

– Por que caralhos você não pergunta pra ele?!

– Porque ele não me responde.

– Só um de bacon?

– E uma Coca também. Se não tiver, traz um suco qualquer. - E é assim que eu to vivendo desde sexta a noite. Chantageando a April pra ela fazer as coisas pra mim. Isso dá certo porque sei que ela não vai querer me contar.

Mas eu sei que isso está prestes a acabar porque quando ela ainda estava no corredor berrou:

– OLHA AQUI, CONTA LOGO DAQUELA PORRA DE SEXTA PRO INSUPORTÁVEL DO SEU MELHOR AMIGO! NÃO AGUENTO MAIS SER FEITA DE EMPREGADA! E A CULPA É SUA! - Acho que o Peter não vai ficar muito feliz comigo depois dessa.

(...)

– Amanhã, depois da escola, me espera porque vamos sair. - Disse pra Alice no telefone.

– Onde vamos?

– Almoçar. E depois vamos sair.

– Espera. - Ela disse e eu fiquei em silêncio. Aí o tempo começou a passar...

– Alice?

– To tentando me lembrar se você tá me devendo comida.

– Não to te devendo nada. - Disse rindo.

– Lembrei! Você me deve um CBO por contar da minha lista pro Peter.

– Dá onde você tirou isso?

– Da minha mente.

– Tá, tá. Eu te pago um lanche.

– Obrigada. - Ouvi minha mãe berrar me chamando.

– Vou jantar. Te ligo depois.

– Tá bom. Te amo. - Sorri.

– Também te amo.

(...)

– Eu vou ser obrigado a te contar o que aconteceu no meu encontro com a April. - Peter disse assim que cheguei na escola. Vi que ele estava estranho e andava com as mãos nas costas.

– O que aconteceu? Ela te deu um fora humilhante?

– Pior.

– O que pode ser pior?

– Bom, o jantar foi tudo as mil maravilhas. Aí eu fui leva-la pra casa. O problema é que parei na esquina. Ela já sabia que eu ia tentar beija-la. Então, ela me beijou. Tudo ok ainda. O grande problema é que as coisas começaram a sair do controle. Ela... Porra... Ela... Ela mordeu minha mão! - Arqueei uma sobrancelha.

– Não seria mais fácil ela morder seu lábio?

– Eu to te falando que aquela menina é canibal e é isso que você me pergunta?!

– Eu só to tentando imaginar em que posição vocês estavam. - Peter fez uma careta.

– Que nojo, Andrew. Eu não fico imaginando você e a Alice. - Revirei os olhos.

– É que eu não achava isso ser possível.

– Eu... É... Não vou te contar.

– Tudo bem. Continuo chantageando a April.

– Ela vai querer me socar.

– Não posso fazer nada.

(...)

– Por que você sempre afana minhas batatas? - Alice perguntou.

– Porque você pede a média e eu a pequena.

– Você devia pedir a média também.

– Tenho que economizar dinheiro. E você nunca come todas.

– Lógico que eu como. - Continuei comendo.

– Não esquece que vamos pra outro lugar depois daqui.

– Eu já sei. - Terminamos de comer e voltamos pro carro. Alice ainda dirigia meu carro e isso me dava calafrios. Fui dizendo pra ela em que rua virar.

– Aqui tem radar! - Berrei. Ela freou com tudo.

– Ai, que horror! Não berra! Eu não sabia. - Revirei os olhos.

– Vai com calma pelo resto da avenida. - E graças a Deus ela me ouviu. Paramos na frente de um orfanato. Ela riu. - O que foi?

– To nervosa. - Ri.

– Não precisa ficar nervosa. - Ela sorriu. Eu já tinha falado com a diretora do orfanato, então já estava tudo certo. Entramos e uma mulher de uns 40 anos nos acompanhou. Ela contou que as crianças estavam brincando no jardim. E lá fomos nós. Alice foi brincar com as crianças e fiquei olhando em volta. Até que vi uma menininha brincando sozinha. Ela era extremamente parecida com a Bia.

– Oi. - Falei me aproximando.

– Oi. - Me abaixei, ficando da altura dela.

– Qual o nome da sua boneca?

– Bia. - Engoli em seco.

– Gosto desse nome. É o nome da minha irmãzinha.

– Da minha também. Papai disse que eu vou conhecer ela em breve. - Mas ela não mora aqui?

– Qual o nome do seu pai, princesa?

– Nunca perguntei. Só chamo ele de papai. - Sorri.

– Hm... Quantos anos você tem?

– Três. Você tem quantos?

– Tenho 18. - Ela fez uma careta.

– Você é velho. - Ri. - Qual seu nome?

– Andrew.

– O meu é Emma. - Comecei a brincar com ela. Digamos que eu tinha prática, já que morei anos junto com a Bia. Emma me contou que sempre morou ali no orfanato. - A tia Rachel sempre dá presente pra gente no Natal.

– Ganhou o que esse ano?

– Uma roupinha de boneca. Papai também vem me trazer presente todo Natal. E no meu aniversário também.

– O que ganhou dele?

– Essa boneca. - Era a que ela chamava de Bia. Senti um embrulho no estômago. Meu pai sempre dava um jeito de sair depois do almoço de Natal. E claro que, conhecendo meu pai, faz todo o sentido ele ter uma filha no orfanato, já que seria fora do casamento.

– Você tá bem, Andy? - Ouvi a voz da Alice perguntar.

– To.

– Você tá pálido.

– Eu to bem. - Emma se aproximou.

– Tá bem mesmo? - Ela perguntou tocando meu rosto com as mãozinhas.

– To sim. Só... Só vou tomar água. Já volto. - Entrei na mansão e a Alice foi atrás de mim.

– O que aconteceu? - Ela perguntou.

– Tá mais do que na cara que aquela menina é minha irmã.

– Que?! Começou a se drogar agora?

– Eu to falando sério, Alice. Pra começar, ela é a cara da Bia.

– Isso não quer dizer que ela seja sua irmã.

– Meio estranho ela morar num orfanato sendo que tem um pai.

– Não tem só seu pai de filho da puta no mundo.

– Eu tenho certeza que é ele, Alice. Certeza mesmo.

– Olha, tudo bem que eu não gosto do seu pai e que eu sei que ele já errou muito. Mas não acho que ele seja capaz de fazer isso.

– Pois eu acho. - Ela mordeu o lábio. - Pode voltar a brincar com as crianças. Eu to bem.

– Se quiser ir embora, tudo bem.

– Não. Não precisa. - Ela me deu um selinho e fez carinho nos meus cabelos.

– Qualquer coisa me chama? - Assenti. Alice voltou pra fora e eu sentei num banco que tinha do lado do bebedouro.

Eu não conseguia acreditar. Na verdade, eu não queria acreditar que ele poderia ter feito uma coisa dessas. Logo agora que estamos nos dando bem pela primeira vez. Que tipo de pessoa meu pai é? E eu achando que ele poderia ser alguém melhor. O cacete! Ele é o pior ser humano possível!

Voltei pro jardim. Emma ainda brincava sozinha. Ela me viu e sorriu. Sorri de volta.

– Eu fiz um desenho pra você. - Peguei o papel que ela estendia pra mim. - Eu e você. - Sorri mais ainda.

– É uma florzinha na sua mão?

– É. Eu gosto de flores.

– Vou te trazer um buque da próxima vez.

– O que é um buque?

– É um conjunto de flores.

– Todas as flores? - Ela perguntou arregalando os olhos. Ri baixinho.

– Hm... No tradicional, não. Mas eu posso dar um jeito. - Ela me abraçou. Tentei arrastar a Emma pra ela brincar com as outras crianças também, mas ela não quis. Aí chegou a "hora do lanche", como as crianças falam. Aproveitei e fui até a diretora do orfanato.

– A Emma. Ela não fala com ninguém? - Perguntei.

– Dificilmente. Ela gosta de brincar sozinha. E as outras crianças não gostam do fato de ela receber mais presentes que todo mundo.

– Falando nisso... Se ela tem um pai, porque fica aqui?

– Sei que o pai não vai querer que a Emma more com ele. E a mãe dela já faleceu. Não vou deixar a menina na rua.

– Já pensou em chamar alguma autoridade?

– Já. Mas prefiro não arriscar em perder a menina e ela ser deixada em um canto qualquer. - Mas ela não vai. Pode ter certeza que não.

– Vem comer! - Emma apareceu puxando minha mão em direção a mesa.


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Notas finais do capítulo

Bom, o começo do capítulo devo a coleção de livros diário de um banana. Eu to lendo e acho que baixou o Greg em mim pra escrever o Andy ali no começo .-. E sobre a conversa com a Emma: eu sei que tá uma bosta, mas eu não tenho jeito com crianças, então saiu isso aí .-.