O Garoto De Reparos Da Rainha. escrita por Pamonha


Capítulo 8
Passados terríveis e presentes não muito melhores.


Notas iniciais do capítulo

Oi meus semilindos ! MIL desculpas por ter demorado, mas como eu disse, estou de mudança e as coisas estão uma bagunça por aqui !
Espero que ainda tenha leitores amoroso por aqui uashaush
Enjoy *-*



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POV Leo.

O confuso filho de Hefesto resolveu subir e ver como estava Reyna.

Ele havia ficado lá em baixo, terminando de montar o motor sozinho por pelo menos meia hora. Nesse tempo, ele mexia as mãos como se elas estivessem no piloto automático, pois sua cabeça estava totalmente em Reyna. Ele não entendia a reação pós-beijo dela. Quer dizer, ele suspeitava de alguns motivos, mas não tinha certeza de nenhum. Talvez ela ainda gostasse de Jason e tivesse se lembrado disso. Talvez ela gostasse muito menos de Leo do que ele achava. Talvez ela só tivesse se sentido ofendida com a ousadia do garoto.

Do fundo do coração, Leo achava que a pretora havia sim gostado, mas não admitiria isso para ela mesma, quanto mais para ele. Mas talvez, e só talvez, aquilo fosse o começo de algo novo. Algo bom.

O garoto subiu ao convés e se deparou com a romana na proa, olhando fixamente para frente. Ela ficava bonita com o vento bagunçando os cabelos trançados e os olhos semicerrados.

- Hey Reyna ! Está tudo bem ?

A pretora se virou e se deparou com os olhos doces e alegres de Leo. Os dela, por sua vez, estavam duros e frios, o que fez o grego se encolher um pouco.

- Está sim. Porque não estaria ?

- Bom, porque a gente, sabe... e você correu... eu pensei que talvez... – Reyna fez sinal para que Leo parasse.

- Não pense, Sr. Valdez. Esqueça do que ocorreu. Foi um incidente, um tropeço, que não irá acontecer de novo. Estamos aqui numa missão. Temos que cumpri-la, é só. – A expressão dela era altiva e autoritária, o que fazia Leo querer cavar um buraco para enterrar a cabeça como um avestruz. Ele gostava de garotas duronas, mas assim já era loucura. As palavras da rainha romana esbofetearam uma a uma o sempre alegre filho de Hefesto.

- Ah, sim. Tudo bem. Uma missão. Você tem de voltar para seu acampamento e eu tenho que consertar as coisas. – ‘’Como sempre !’’

- Exatamente.

Os dois ficaram um longo tempo em silêncio. Leo olhando para o nada, passando o peso de um pé para o outro. Reyna olhando duramente para o grego.

- Mas então, eu terminei de montar o motor. Podemos ir um pouco mais rápido agora. A próxima coisa a ser consertada é o regulador do tanque de combustível. Mas vamos precisar pousar de novo. Tudo bem para você ?

- Claro, se precisamos parar. - O filho de Hefesto assentiu e pediu licença a pretora para iniciar o processo de pouso.

Quando desceu a coberta e entrou em sua cabine, sentiu os olhos arderem. Ele estava chorando ? Aquilo era ridículo ! Em menos de uma hora a romana havia feito Leo flutuar, se consertar para depois então fazê-lo quebrar e vergar. Ele só não entendia como a garota corajosa e gentil que ele conhecera se transformara em uma tirana cruel com apenas um beijo.

‘’Será que a culpa é minha ?’’

Leo não entendia muito de garotas, por isso achou que talvez sim. Afinal, era sempre culpa dele. Se a garota com quem ele tinha dado o primeiro beijo agora queria o estrangular, a culpa era dele, lógico !

Tentou afastar esses pensamentos e se concentrar em achar uma cidade a onde pudessem pousar e repor peças. Achou uma cidade de pequena para grande a uns quilômetros dali. Ajustou o curso do Argo e deu algumas ordens a Festus. Pousariam em menos de uma hora.

‘’Será que a señorita pretora aceitaria um quase encontro noturno ?’’ , pensou, sorrindo solidariamente para si próprio.

POV Reyna.

A filha de Belona agradeceu aos deuses quando Leo se virou e foi embora. Ela sentia que mais um segundo olhando para o rosto perdido e sem noção do grego e ela acabaria cedendo a tentação de ser gentil com ele do mesmo jeito que ele era com ela.

Quando ele desapareceu dentro da coberta, Reyna sentiu o rosto descontrair. Porque era tão difícil manter a pose perto do estupidamente feliz Valdez ¿ Ele era apenas um grego simpático inofensivo. Não poderia ser assim tão difícil ignorá-lo ! Poderia ? Só o que ela sabia era que assim era melhor. Sem envolvimento, sem sofrimento.

Reyna decidiu tomar um banho e esperar eles pousarem. Ela iria com Leo, afinal, ele ainda poderia precisar de ajuda e ela ainda era uma romana. Ajudar em caso de perigo era uma questão de honra.

Foi até a cabine e tomou um longo banho frio. Achou que isso a ajudaria a esfriar a cabeça. Estava enganada. A missão, o acampamento e principalmente Leo tomavam conta de sua cabeça impiedosamente. Precisou respirar fundo algumas vezes até conseguir se acalmar o suficiente para se vestir. Ser semideusa era absurdamente difícil as vezes !

Vestiu jeans e uma camiseta e deixou os cabelos compridos soltos. Guardou seu antigo gládio no cinto da calça. Viatori seria muito incomoda para levar daquela vez, mas tinha de admitir que preferiria leva a espada grega. Se sentido apenas parcialmente preparada, saiu da cabine e passou no refeitório para comer algo e então se dirigiu ao convés. Leo ainda não estava lá e Reyna não sabia se ficava aliviada ou decepcionada por isso.

Quando ele apareceu, o coração da pretora deu uma pequena cambalhota dentro do peito. Ela se odiou por isso mas tentou manter a compostura.

- Estamos pousando, señorita pretora ! Imagino que não vai querer dar um passeio dessa vez, não é ? - O sorriso louco do grego havia voltado, mas Reyna podia jurar que havia algo diferente nele.

- Não, Valdez, dessa vez é melhor não enrolarmos. Estou com a impressão que teremos uma surpresa desagradável. – Era verdade. Reyna não sabia exatamente o que era, mas havia algo diferente no vento daquela noite. Algo sinistramente diferente.

A romana podia ver as luzes de uma cidade chegando cada vez mais perto. Luzes dos postes e faróis dos carros, que faziam com que a paisagem ficasse bonita. Novamente, eles pousaram um pouco afastados e tiveram de ir andando pela estrada principal. Ela achou a sensação de caminhar a noite agradável, exceto pela sensação de perigo que insistia em persegui-la. Ao seu lado, Leo parecia sentir o mesmo que ela, a diferença era a expressão eternamente marota estampada como uma tatuagem no rosto do grego.

Ao entrarem na cidade, Reyna se sentiu um pouco mais confortável. A sensação de estarem rodeados de prédios, carros e pessoas a fazia se sentir mais segura. Além de proporcionar algo mais para ela prestar atenção além de Leo.

- Temos de perguntar sobre a loja de ferragens a alguém. – Disse Reyna.

- Ah sim, mas só temos de comprar algumas poucas peças hoje. Preciso mesmo é de bronze celestial e segundo Festus, podemos arranjar uma quantidade considerável aqui.

- Bronze celestial ? E como se consegue isso ?

- Cavando, oras ! Ou por acaso vocês romanos acham seu ouro imperial brotando em árvores ? - Definitivamente havia algo errado com o sorriso do garoto.

Não acharam nenhuma loja de ferragens aberta, mas pararam em um posto de gasolina onde funcionava um mecânico de emergência e depois de muita conversa sobre o porquê de dois adolescentes estarem interessados em peças mecânicas àquela hora da noite e de muitas frases ofensivas em espanhol e pragas em latim, eles finalmente saíram de lá com tudo o que precisavam.

- E agora, onde cavamos esse bronze celestial ?

- Perto no Argo. Festus ficou de marcar exatamente o lugar. – A pretora não fazia idéia de como uma cabeça de dragão pudesse fazer aquilo, mas ficou calada.

Ao chegarem ao Argo, Leo entrou para guardar as peças novas e pegar pás e outras ferramentas que eles fossem precisar, deixando Reyna sozinha perto de um grande X feito de laser que demarcava onde eles teriam de cavar.

A pretora sentou-se na grama, esperando Leo com a guarda baixa. Para o azar na romana, seu extinto não a avisou que estava em perigo, como havia avisado a noite toda. Reyna só percebeu que algo estava errado quando o X começou a se mover e a terra embaixo dele tomar forma. Lentamente, uma mulher de terra se formou.

- Reyna, a pretora. Pensei que nunca teria o prazer de falar-lhe pessoalmente e nem o desprazer de falar com você justo numa hora em que se encontra patética – As palavras da mulher de terra ecoavam por todos os lados. – Ah sim, minha menina, o amor te faz patética. A atração tem faz patética. Afinal, uma romana como você apaixonada por um grego insignificante como Leo Valdez ?

- Não estou apaixonada por ele ! – Reyna agora estava de pé, apontando seu gládio para a mulher de terra.

- Essa paixão será a sua ruína, minha menina. Assim como sua paixão anterior foi. Por causa do filho de Júpiter, negligenciou seu cargo de pretora, negligenciou seu acampamento, aceitou os gregos como se eles fossem trazer paz, como se fosse ajudar a lutar nessa guerra perdida. Mas não ajudaram muito até hora, não é mesmo, Reyna ¿ Esse gregos só trouxeram confusão e destruição a sua vida. Não deve se unir a eles, minha menina. Deve se unir a mim ! Tudo vem da mãe terra e tudo volta para a mão terra. É o seu destino.

- Pa-pare com isso ! Está mentindo ! Tentando me dividir ! – As lágrimas caiam furiosas dos olhos escuros da pretora. Ela queria desesperadamente que Gaia calasse a maldita boca cheia de barro !

- Não estou tentando te dividir, minha querida. Você já está dividida. E escolherá o lado perdedor, como sempre fez. Por isso lhe digo, Reyna, entregue-se e...

E de repente, a mulher de terra a sua frente era só um montinho desfigurado e sua voz na ecoava mais. Atrás do montinho de terra, um assustado Leo Valdez segurava um martelo do jeito mais heróico que se poderia segurar um martelo.

- Ah Leo – Chorou Reyna, se atirando nos braços poeirentos do menino.

- Está tudo bem, rainha romana. O Super Leo aqui salvou o dia ! – Respondeu o garoto, afagando os cabelos soltos da pretora. O sorriso dele havia voltado ao normal.

- Leo, ela..ela estava tentando...

- Shh, eu sei. E ela vai continuar tentando, você sabe. Mas tem que ser forte o bastante para resistir a ela. E eu sei que você é forte o bastante para isso !

Reyna se desvencilhou dos braços dos braços quentes e aconchegantes do garoto. Por algum motivo que ele desconhecia, ele também estava chorando.

- Temos que cavar o bronze celestial – Ela conseguiu finalmente dizer.

- Porque você não entra e descansa ? Posso cavar sozinho. Te garanto que estaremos de volta no ar o mais rápido possível. – As lágrimas ainda cortavam o rosto do garoto, mas era tão sutis, que a voz dele nem sequer ficava embargada.

- Não é seguro você ficar aqui sozinho.

- E não eu não irei te deixar ficar aqui. Então o que faremos ?

- Porque não entramos os dois e deixamos para pegar o bronze amanhã ? -

 Leo assentiu e os dois foram andando, um tanto quanto desajeitados e silenciosos, até o Argo.

POV Leo.

Leo se sentia totalmente esgotado. Havia sido um dia agitado e confuso. Reyna o tratara bem, depois muito mal e agora muito bem. Ele realmente não entendia as garotas.

Além disso, ver Gaia em sua forma de mulher de terra fez com que as emoções mais profundas e doloridas de Leo viessem à tona. Ele detestava de verdade se sentir infeliz, mas daquela vez, não pode evitar. As lágrimas vieram mesmo na frente de Reyna.

Agora, se encontravam sentados nas cadeiras dobráveis, depois de um banho e de um lanche rápido.  A filha de Belona mantinha viatori ao seu lado e ele próprio mantinha seu martelo salvador. Os olhos da pretora estavam a quilômetros de distancia dali.

- Você estava chorando. Porque ? - Perguntou Reyna numa voz suave.

- Não gosto de falar nisso, mas acho que posso abrir uma exceção para você. – Ele ouviu a própria voz sair rouca e suave. – Gaia, naquela forma de mulher de terra, me traz más lembranças. – E contou a pretora tudo sobre seu passado, sobre Hera, sua babá psicótica, sobre a morte da mãe, sobre uma vida de fugas e de exclusão.

Quando terminou de contar, Reyna chorava discretamente.

- Leo, eu...eu não fazia idéia ! E pelo tridente de Netuno, eu entendo exatamente essa sua sensação de solidão.

- Jura ¿ Bom, é legal saber disso ! Será que agora você poderia me contar a sua história ?

- Acho que te devo isso, não é mesmo ¿

Pela primeira vez na vida então, a pretora Reyna contou sobre seu passado para alguém. Contou que ela e a irmã, Hylla, moravam com o Pai em Porto Rico, na beira da praia. Seu pai tinha uma pequena loja de artigos para barco e ele próprio tinha um barco e era apaixonado por navegação. Um capitão de canoa, era como chamava a si mesmo. Sua paixão pelo mar o levara a enfrentar a morte diversas vezes, se tornando assim um homem corajoso e forte, porém sensível e dedicado. E foi desse jeito que criou as filhas que a deusa da guerra havia lhe dado. Criou-as para serem guerreiras corajosas e dedicadas, sempre dispostas e gentis.

O pai delas saia todos os dias para navegar durante uma hora, pelo menos. E sempre que o fazia, levava as meninas. Assim, desde cedo, elas se apaixonaram por navegação e acompanhavam o pai nas aventuras mais longas. Foi numa dessas aventuras mais longas, que ele enfrentou a morte e não conseguiu vencê-la.

Eles haviam saído para pescar em alto mar no veleiro da família. O tempo estava ruim, mas o pai delas não ligou, achou que passaria logo. Estava enganado. A tempestade começou a se formar a leste e se movia depressa. Quando ela cobriu completamente o céu acima do oceano, foi quando o homem começou a se preocupar. Não com ele, mas com as filhas. Recolheu então as velas e pediu para as filhas se protegerem da forma que pudessem. O vento aumentou e a chuva começou a cair com um estrondo. As meninas se encolheram, uma segurando a mão da outra. O pai se postou na frente delas, como se desafiasse o mar a ferir suas filhas. O mar aceitou o desafio.  Jogou suas melhores ondas gigantes sobre o pequeno veleiro, além de ter a ajuda da chuva e do vento para fustigar o homem forte e levemente grisalho. Para ele seria só mais um desafio, se as filhas não estivessem com ele. Hylla e Reyna estavam aterrorizadas com aquele caos de velas rasgadas, despojos sendo lançados ao mar e ondas impiedosas. Mas o verdadeiro terror veio mesmo quando ouviram o crack do casco se partindo após uma chacoalhada bruta das ondas. As meninas foram lançadas longe em cima de uma das partes restantes do barco. O pai não teve essa sorte e foi engolido pelas ondas. Ele submergia e emergia, vendo o mar arrastar para longe suas duas guerreiras. Sentiu os olhos se encherem de água, fazendo suas lágrimas se misturaram com o mar e a chuva. Rezou silenciosamente para que Netuno tivesse piedade delas e que as levassem a um lugar seguro. Rezou também para Belona, para que as filhas fossem corajosas para enfrentar o que quer que fosse. As filhas eram apenas dois vultos no meio do caos.

 Com essa última visão, o capitão de canoa afundou para sempre no oceano que tanto havia amado e desafiado, perdendo sua última luta com a morte.

Já Reyna e Hylla ficaram a deriva depois que a tempestade passou. A exaustão levou-as a dormir pesadamente em cima do pedaço de barco onde estavam.

Quando acordaram se viram num quarto limpo e arejado, completamente limpas e medicadas. Ao se olharem no espelho, ambas choraram a morte do pai. O choro foi interrompido pela entrada de uma linda mulher. Ela lhes falou docemente, lhes confortou, lhes ofereceu abrigo quando elas não tinham para onde ir nem para quem voltar. Elas aceitaram.

Desse modo, Reyna e Hylla encontraram a Ilha de Circe.

Voltando para o presente, Leo percebeu que olhava completamente alucinado para a pretora. Que história era aquela ¿

- Reyna, eu... eu nem sei o que dizer ! Isso é incrível ! Quer dizer, não ter acontecido todas essas coisas terríveis, mas é incrível que mesmo depois de tudo isso você ainda seja pretora, ainda seja uma guerreira excelente, não tenha pirando completamente, sabe ¿ Reyna, você... você é a pessoa mais corajosa que já conheci.

A menina corou. Ela parecia frágil e quebrada sobre a luz fantasmagórica da lua naquela noite. Talvez ela só precisasse de um pouco de óleo ou talvez ela precisasse trocar todas as engrenagens, mas de qualquer modo, Leo pensou que ali estava uma coisa que ele adoraria consertar.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ! Levei a madrugada inteira fazendo então se tiver muitos erros de digitação, me perdoem !
Obrigada pelos reviews maravilhosos ! E lembrem-se, quanto mais, melhor !
Beijos, meus queridos !