Um Conto De Fadas Em Miami - Fic Interativa escrita por Words of a stupid girl


Capítulo 9
Capítulo 8 - Aperto


Notas iniciais do capítulo

demorei d novo :( realmente, eu nao tenho jeito
eu finalmente me toquei que nao vai dar pra terminar a fic tao rapido quanto eu queria, mas tudo bem, porque ela vai continuar firme e mais forte do que nunca!!!!!
bom, vamos ao cap! fiz na correria, entao se tiver algum erro, me digam por favor!!!!



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-Ótimo. -reclamou Lisa, após mais um fracasso em tentar se libertar do nó apertado da corda que a envolvia. -Aqui estamos, capturados por jogadores de futebol americano que cresceram demais.

-Trolls, você quer dizer. -Rider a corrigiu.

-Mas o que diabos está acontecendo aqui???!!!!!!! Por que eu estou amarrado?!!!!

Esses e outros comentários menos educados eram cortesia do garoto gordinho, que acabara de acordar, e, por sinal, fora o último dos cinco a fazer isso. Sim, você leu certo. A acordar, pois minutos atrás, estavam todos desmaiados.

Rider não tinha ideia de onde estavam. E tinha a vaga impressão de os outros -Lisa, Alison e aqueles dois que haviam encontrado em Bayside- também não. Estava escuro, mas o local era parcialmente visível, pelo menos depois de esperar até seus olhos se acostumarem. A propósito, aquele era um exemplo muito bom das desvantagens de se ter olhos claros: você é dez vezes mais sensível a qualquer tipo de luz. E acredite, isso não é nada legal. Rider teve que aguardar, mas foi apenas uma questão de tempo para que se formasse, à sua frente, um espaço quadrado, pequeno e apertado, feito do chão às paredes e teto com tábuas de madeira escura. Alguns buraquinhos desleixados, além de os permitir respirar, deixavam entrar uma fina cortina de luz no local, que refletia bem no rosto dele.

O garoto estava sentado no chão, os braços amarrados bem firmes às costas por um laço de corda. Junto com os outros quatro, formava uma roda, onde cada um se encontrava de costas para alguém, todos encarando a parede rústica. Suas articulações doíam, como se tivesse acabado de fazer malabarismo com dois navios e ainda levantado uma scooter, de sobremesa. A cabeça ainda o confundia, embaralhada com milhares de pensamentos gritando insandecidos, clamando por sua atenção.

Porém, apenas um era o centro dela: o pensamento de que ele tinha que sair dali de algum jeito. Tinha que contar para a garota morena quem ela realmente era. E isto é, mais uma renascida. Pois é, faria isso assim que descobrisse como se mexer sem bater a cabeça no teto baixo.

-Bru... Não está ajudando nem um pouco. -ela falou, tentando virar a cabeça para trás para advertir o gordinho. Tinha um colar muito estranho, pendurado no pescoço, com a imagem de um animal que Rider não conseguiu identificar. Usava uma camiseta colorida um tanto quanto estranha, tênis lamacentos e jeans folgados.

-Ah! Por que você não cala a boca?! -o gordinho resmungou. Ainda reclamava a plenos plumões sobre o aperto que a sala proporcionava. Rider não conseguia vê-lo. Estava exatamente de costas para ele.

-Não seja um garoto rabugento! -ela continuou. Apesar da voz repreensiva, parecia ter ficado ofendida pelo insulto, pois tinha um pequeno sorriso nos lábios.

-Ok, pessoal. Não vamos brigar... -ele tentou colocar o máximo de confiança e imposição que pôde na voz. A última coisa que precisavam, agora, era de uma discussão. O estranho é que, normalmente, ele não estaria cessando-a, mas sim causando-a, junto com Lisa. Situações irônicas à parte.

-Ora, não se mete, cabelinho arrepiado! -o garoto cortou-o.

Com o canto do olho, Rider pôde enxergar a irmã reprimindo uma generosa gargalhada, o que o fez chutar sua canela, em repreensão. Ela respondeu com outro chute, bem em seu osso. Ele chutou de volta. Outro chute. E outro. E outro. Sorte que Alison estava ali, entre o gordinho e a morena, e podia parar as duas brigas. E fez isso olhando entusiasmada e curiosa para o pingente de animal/coisa disforme que a morena trazia no pescoço.

-Totem aborígene? -ela apontou para o pingente, falando devagar e calmamente.

A garota pareceu iluminar-se quando essas palavras chegaram aos seus ouvidos, embora Rider suspeitasse de que ela tinha dúvidas se chegaram ou não. Ela parou de se concentrar no garoto a quem importunava e passou a prestar atenção à loira. Com as sobrancelhas arqueadas em uma expressão surpresa, porém feliz, dirigiu-se a Ali:

-Uau! É a primeira americana que conheço que sabe o que é isso.

-É. Minha mãe costumava enfeitar alguns desses para vender, no começo da carreira. -Ali explicou. -Agora ela vende joias mais refinadas, mas sempre achou peças rústicas bem charmosas. E eu também.

-Obrigada. -as duas abriram um sorriso de cumplicidade. Um minuto passaram em silêncio. -Aliás, também gosto do seu modelito. Tem personalidade.

-Ah, isso? -Alison olhou para a camisa preta de Rider que ainda estava no seu corpo. -Não, é que acabei de ser libertada de uma prisão em um hotel.

Ela não devia ter dito aquilo, pois logo depois dois rostos se contorceram e soltaram um grande e sonoro "Hein?". Aparentemente, a frase não surtiu o efeito desejado, ou ela queria mesmo que os dois amigos não entendessem nada do que falava.

Rider tentou livrar de novo seus pulsos das cordas, mas era inútil. Não via sua espada (ops, a espada era de Charlie. Tinha que se lembrar disso.) em lugar nenhum, e o nó estava apertado demais para ser desfeito. O fato de estar com as mãos nas costas só piorava qualquer chance de se libertar. Por mais esteanho que pareça, esses tais trolls eram muito espertos. Poderia até chutar as paredes e derrubá-las, entretanto, como faria isso? O lugar era tão pequeno, com os cinco juntos e espremidos ali, que mal conseguia se mover!

Se tinha algo que ele detestava, era esse tipo de impotência. Já tinha analisado todas as possibilidades. Não havia o que fazer. Simples assim. E isso lhe dava nos nervos. Se ao menos não estivesse tão apertado lá dentro...

Foi aí que a ideia lhe atingiu em cheio. Estava olhando apenas o que estava à sua frente, quando deveria perceber o que estava por trás disso. Era apenas um palpite, e nem de longe os tiraria dali, mas era alguma coisa. Ele vibrou por dentro. Aquele era, sim, o caminho certo a se seguir. A frase ecoava em seus ouvidos, límpida e clara como água, como se uma voz feminina gentil e delicada sussurrasse repetidas vezes perto dele. "O aperto nos deixa mais unidos. O aperto nos deixa mais unidos".

Já sabia por onde começar. O aperto estava ali. Tudo o que precisava fazer era... Se unir.

-É, parece que a gente vai ter que ficar um bom tempinho por aqui. No mínimo, até descobrirmos onde estamos. -ele começou. Esperava que seu dom com as palavras desse conta do recado. Sempre fora bom em convencer as pessoas com as palavras, era o que pensava. Tomara que estivesse certo. -Enquanto isso, posso pelo menos saber o nome das pessoas a quem estou literalmente amarrado?

A garota do, como era o nome mesmo? Totem aborígene? Tá. Ela olhou para ele como um aluno olha para um professor de matemática: completamente confusa e incrédula. Rider quase perguntou se fora alguma coisa que dissera. Sua expressão dizia algo como "Por que diabos esse garoto está falando comigo? Por que ele iria querer me conhecer? Quer dizer, sou eu!" de uma maneira não convencida, mas sim crítica. Era até bem bonita, com seu nariz pequeno, sobrancelhas finas e cabelo escuro. Não chegava a um nível de beleza Alison, claro. Esse patamar era quase inalcançável por reles mortais. O que não impedia seus olhos redondos e verdes de serem bonitos de se ver, à luz suave que os fazia brilhar. Imaginou se, como ele, ela também tinha problemas com luminosidade.

-Meu nome é Heather. Eu até apertaria sua mão agora, mas sabe como é, né? -ela fez um gesto com a cabeça na direção das mãos amarradas, sorrindo de leve. -O enfezadinho ali atrás é o Bruce.

-Rider. Estas são Alison e Lisa. -ele respondeu.

-Ai, meus Deus. Ai, meu Deus!!!!!!! -Lisa gritou, mas abaixou o tom de voz ao perceber que todos os olhares se centravam nela. Passava rapidamente os olhos por toda a extensão. -Rider, cadê o meu diário? Pelo amor de Deus, me diz que foi você quem pegou ele!

-Desculpa, irmãzinha, mas, no momento, minhas mãos estão meio ocupadas. Deixa o diário para outra hora, está bem?

-Você não entende! Eu preciiiiiso encontrá-lo! -Ela suplicou, com ênfase no "preciiiiiiso". Exalava desespero pelo rosto cheio de sardas. -Tinha um livrinho dentro dele. Um livrinho de capa azul, e é muito importante...

-Importante? Importante? -Rider arregalou os olhos. -Vejam só. Enquanto eu tento achar alguma coisa como a minha espada...

-Ela não é sua. -Lisa interropeu. Ele odiava admitir, mas ela tinha razão em um ponto. Não que ele fosse manifestar isso antes de morrer.

-Que seja. Enquanto eu tento achar alguma coisa como uma espada, ou um punhal, sabe, coisas que são REALMENTE importantes e que podem ajudar a nos tirar daqui, a garotinha aqui procura a porcaria do diariozinho dela! O que vai fazer com ele, hein? Amolecer as paredes com seus sentimentos?

-Melhor que você, que vai fazer elas fugirem de medo desse seu cabelinho arrepiado!

Se algum dia Rider tivera o desprazer de conhecer a verdadeira capacidade deles de inisistir um contra o outro, então sabia que os argumentos teriam continuado por horas a fio, com direito a gritos, chutes e cabeçadas em geral. Era um ciclo vicioso que acontecia todos os dias em suas vidas desde... desde... bem, digamos que eles vêm fazendo isso há um tempo considerável. Não podia evitar se a implicância entre irmãos tinha certos efeitos colaterais. Sua língua estava afiada, e teria, naturalmente, uma boa resposta para o ataque da gêmea. Isto é, se uma voz assustada não tivesse o interrompido. Ele odiava ser interrompido.

-O quê? Então quer dizer que você tem uma E-S-P-A-D-A? -exclamou o gordinho, ou melhor, Bruce. Rider ainda não conseguia vê-lo, embora tivesse certeza absoluta de que ele arregalava os olhos. -Por que eu tenho a impressão de que esses três sabem um pouquinho mais do que nós dois sobre o que está acontecendo? Ah, eu tinha que sair da minha caminha preciosa hoje...

-Não, foi muito bom você ter feito isso, na verdade. -Alison se intrometeu. -Facilitou muito a nossa vida!

-Que bom! -ele respondeu com um tom de ironia. -Fico feliz em ter ajudado! Agora, se não se importa, ALGUÉM ME DIZ POR QUE RAIOS ESTOU PRESO EM UMA CAIXA COM MAIS QUATRO SERES IDIOTAS E IRRITANTES ANTES QUE QUEBRE SEUS OSSOS E USE PARA PALITAR OS DENTES!!!!!!!!!!!!

Ele precisou respirar um pouco para recuperar o fôlego do grito, que, aliás, pareceu mais grave e rangido que o normal. De repente, a visão inteira e Rider se abriu:

-Mas é claro! Estamos dentro de uma caixa! Tudo parece tão claro agora! ...

-Como você é burro, né? -Lisa fez questão de salientar.

-... Para de me interromper!!! Onde eu estava? Ah, é. Acho que devemos respostas aos nossos dois novos parceiros.

-Deixa eu explicar, dessa vez? -Alison pediu. Sua voz passava segurança. Rider constatou que ela sabia o que estava fazendo. Não tinha como dar outra resposta que não:

-Vá em frente!

A loira pigarreou. Seus cabelos ondulados eram como o próprio sol, irradiando sobre ele.

-Então, é o seguinte: sabem todos os contos de fadas que vocês ouviam quando eram crianças? Eles existem! São todos reais! E essa nem é a melhor parte. Acontece que eu, você, nós somos eles! E, para retornar ao mundo mágico, temos que derrotar um monte de vilões armados e bem poderosos, que querem nos matar a qualquer custo! Para que isso seja possível, temos que achar todos os adolescentes que, como nós, representam, cada um, um personagem de uma história. Então, como me saí?

-Hmmm... diferente. Foi menor, mais sintetizado. Gostei! -Rider elogiou a garota.

-Espera! Como vocês sabem que fazemos parte desses... adolescentes especiais que você fala? -Bruce perguntou. De uma hora para outra, parecia ter um certo interesse pelo que Ali falava.

-A fada madrinha nos contou. -Rider explicou. -Ela é meio que uma guia para nós. Nos disse que três renascidos, como somos chamados, estariam em perigo em Bayside, e precisávamos salvá-los. Vocês são dois. Falta um.

Bruce balançou a cabeça, como se assimilasse aquela explicação em silêncio. Sinceramente, era um alívio para Rider. Pensava ele que o garoto fosse explodir em outro grito e ensurdecer todo mundo. Aquela criança tinha problemas sérios de estresse. Quanto à outra garota, Heather, ela também não gritava, apenas apertava os olhos verdes para enxergar por um pequeno buraquinho que achara na parede da caixa, de frente para ela. O que observava, ele não tinha ideia. Talvez apenas examinasse o lugar estavam. Ele não saberia, mas ela deixou bem claro quando os alarmou:

-Pessoal! São eles! São os homens que nos nocautearam em Bayside! Com camisa de canguru e tudo! Estão bem na nossa frente, e segurando um tigre branco em uma coleira!

-Mike! -Alison reagiu de imediato. Estralou o pescoço, de um jeito meio bad boy de filmes de ação. Um anjo bad boy. -He, querida, chega um pouquinho para a direita? Eu vou dar uma olhada na situação agora.

Ela esticou-se até onde conseguia (espremendo os outros ainda mais, por sinal.) e aproximou os olhos e ouvidos da abertura. Rider já ouvira falar sobre seus sentidos biônicos, mas vê-los ao vivo o deixava ainda mais empolgado.

-Consegue ver onde estamos? -perguntou.

-É outro porto. -Ali respondeu. -É maior que Bayside e tem navios maiores. O chão é de concreto e poucas pessoas andam por ele, a maioria usa uniforme de trabalho. Tem várias gruas, empilhadeiras e montes de containers espalhados. Gente, os navios são gigantes!

-O Porto de Miami! -Bruce interviu, explicando. -Ele comporta principalmente navios de carga.

-É. Com certeza é esse porto aí. O sol ainda está forte, o que significa que não ficamos fora do ar por mais que uma ou duas horas. Os dois trolls estão conversando, e um de sobrancelhas emendadas tem o Mike preso. Ele disse algo relacionado a "Gatinho mau! Muito mau!". Tem uma terceira voz, com quem os dois conversam. Não consigo ver de quem é, mas é de uma mulher, com certeza. De uma Adele versão King Size. O outro troll falou. Ele diz "Os renascidos estão prontos para serem despachados para o navio, Vossa Majestade." e o que segura Mike repete "É isso aí, Gustav! Prontos para serem despachados para o navio!". A voz feminina não está parecendo nada feliz com isso. Ela os chama de uns nomes que... não valem a pena mencionar, e diz que "Mandar os renascidos para longe não vai resolver problema nenhum. Vocês têm que acabar com eles de vez!". Ela continua: "Apenas joguem-os na água, e deixem que eu cuido do resto." O troll responde "É isso aí, Majestade. Joguem-os já água.". O tal Gustav disse "Cala a boca, Willie. Seja útil, antes que eu te faça voltar para aquele pé-de-feijão." , e... Willie saiu. Não dá mais para ver ele.

-Mas o que ele quis dizer com... -Bruce se manifestou, mas foi logo cortado pela loira.

-Shhhhhhh. Gustav e a voz feminina estão falando. Eles estão discutindo algo sobre dar um jeito em todos nós, assim como fizeram com aquela... aquela família esquisita. Heather... eu acho que eles estão falando de você.

-Espera! Não, não pode ser! Dar um jeito... estão mentindo, não estão? -Heather gaguejou.

-Sinto muito. -Ali lamentou.

-Maninha... não...

Ela irrompeu em lágrimas. Rider ia estender a mão para tocar seu ombro, como consolo. Infelizmente, as mãos estavam atadas, de modo que seu propósito fracassou. Soluçava ininterrupta, o que o fez se sentir muito, mas muito mal por ela.

-Escuta, está tudo bem. -ele tentou acalmá-la. -Podemos dar um jeito nisso.

Pior expressão que ele poderia ter usado em todo o vocabulário. A garota voltou a soluçar, ainda mais alto, dessa vez.

Aquela era uma das partes de um filme em que, geralmente, se pergunta: Será que pode ficar pior? E, como sempre, a resposta é: adivinha? Sim, é óbvio que pode! Eis que se faz ouvir um rangido, vindo de fora. A princípio, nada demais. Tanto o vento, quanto uma empilhadeira roçando os pneus na rua, até um ser humano poderia ter causado um barulho semelhante. Nenhum deles deu importância. Heather continuou a chorar, e Bruce continuou a fazer uma careta de insatisfeito. Foi apenas quando uma vibração estranha atacou, quase fazendo Rider perder o equilíbrio, que soou o alerta vermelho. A caixa vibrou cada vez mais fortemente, até que mexeu-se para o lado.

-Por favor, me digam que só eu senti essa caixa idiota balançar! -Bruce desesperou-se. Rider não sabia com o que tinha ficado mais surpreso: com o chão onde pisava sendo lentamente movido ou com o fato de que o gordinho dissera "por favor". Esperaram o pior por mais uns poucos. Felizmente, ele estava enganado. Os rangidos cessaram.

O garoto encheu os pulmões com o doce e puro ar, pronto para suspirar e soltar um mais que merecido "Ufa!". Assim que o fez, aprendeu a lição que considerou a mais significativa em todo o seu dia. Esta é: Nunca cante vitória antes do tempo.

Antes que pudesse sequer pensar, a caixa deu um balanço violento, fazendo tanto Heather quanto Alison caírem em cima dele. Começaram a oscilar, mais ou menos como se fossem o pêndulo de um relógio. E que má sorte têm os pêndulos de relógios. Uma Heather chorosa e uma Alison enjoada não são coisa muito boa de se presenciar. Rider sentiu uma pontada de preocupação com as garotas, e percebeu tarde demais o que era incontestável: estavam sendo suspensos no ar.

-Alguém tem um plano????!!!!! -Bruce gritou. Sua voz estridente ficara grave novamente. Aquela criança era mesmo muuuuito estranha. -É bom dizer logo, ou vamos todos morrer!!!!!!

Rider sabia exatamete do que ele estava falando, e sabia exatamente o que viria a seguir. De acordo com Alison -garota na qual ele confiava plenamente-, a voz dissera "Joguem-os na água". Não havia como ser mais simples e claro que isso. Se não saíssem dali rápido, afundariam como uma pedra para a sua morte.

Aquela era a hora perfeita para parar de pensar e começar a unir forças.

-Eu tenho um! Só que vai doer! -ele gritou em resposta.

-Meu filho, qualquer plano é melhor que ficar aqui! -Alison exclamou, segurando-se para não vomitar.

-Tá legal! -ele ponderou. -Vamos trabalhar juntos, então! No três, todo mundo se joga contra a parede! Prontos?

Ninguém respondeu.

-Eu vou tomar isso como um sim! -Rider respirou fundo. -No três! Um... Dois...

-AAAAAAAAAAAAHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!

O garoto mal chegou a dizer o número três, pois o ansioso do Bruce se jogou antes do tempo. A parede da caixa não resistiu a uma investida dele, e quebrou-se como uma bolacha. No calor do momento, nem foi preciso fazer ou emitir um único som. Todos, inclusive Rider, o seguiram e partiram a caixa em pedaços, rumo ao vazio do ar.

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A queda pareceu, ao mesmo tempo, à velocidade da luz e em câmera lenta. Seus pés se debatiam, a procura de um lugar para pisar, mesmo sabendo que nada encontraria além de vento. As mãos, se esquecera, estavam amarradas, e pode apostar, não melhorava em nada sua graça e leveza de hipopótamo caindo. Cometera um erro gigantesco de cálculo, porque a altura da qual pularam era umas dez vezes maior do que tinha em mente. Ele nunca fora excepcionalmente bom em física, então aquilo não foi uma surpresa. Não saberia dizer se gritou ou não na hora, mas estava certo de que ouvia berros desesperados enquanto ia de encontro ao concreto.

Deu tempo de fazer uma cambalhota no ar -palmas para Rider, o acrobata!- e ele atingiu o chão bem com o quadril, o que causou um choque repentino de dor correndo pelo seu corpo. Um microinstante depois, se encontrava estirado, de barriga para cima. A luz forte do sol perfurou seus olhos (ele já disse sobre seu problema com luzes?), o fazendo gemer. Levantou lentamente seu tronco, seguido das pernas, e pôs-se em pé, desajeitado. Deu uma olhada nos outros, que pareciam bem, fora uns arranhões ali e cotovelos ralados acolá.

-Está todo mundo bem, aí? -uma cabeça tocou seu ombro de leve, e ele se virou para ver. Era Lisa, com cara de atordoada e óculos tronxos, mas, graças a Deus, inteiros.

-Fica quieto, ou eles vão te ouvir! -ela falou.

Tarde demais. Acima deles, um guindaste grande cinza era o que tinha levantado a caixa, agora destruída. Ele era controlado por um homem grandalhão, o qual mal cabia dentro da cabine. Seu cabelo era castanho-avermelhado, os olhos, azuis. Era dentuço e tinha uma única enorme sobrancelha -uma monocelha. Que nem criança correndo para um pirulito, ele corria para os dois. Gritava "Gustav! Eles fugiram! Eles fugiram!". Era um troll um tanto bobo, mas era grande. E como era grande.

Gustav era o outro troll, que, apesar de menor, aparentava ser o líder dos dois. Tinha cabelos e olhos negros, um cavanhaque curto e espesso, e expressão de maldade no rosto. Um colar de pingente azul pendia de seu pescoço, e tanto ele quanto Willie usavam camisetas marrons de canguru ridículas. Ao ouvir o que o parceiro tinha a dizer, Gustav sugeriu, sagaz e mau:

-Willie! Vamos jogar um jogo?

-Uh! Jogo! Divertido! -Willie bateu palmas.

-Ótimo! O jogo se chama: "Catar as sardas na cara daqueles dois renascidos"! -ele apontou para Lisa e Rider. -Em seus lugares, preparar, JÁ!

O troll Willie correu em direção aos gêmeos.

Por que logo eles?

Rider adoraria dizer que o espírito de fraternidade prevaleceu sobre tudo, e blablabla, mas a verdade é que, na hora do "vamos ver", dane-se a fraternidade! Cada um correu para um lado!

Já que Lisa era fraquinha e aparentemente indefesa, a decisão mais lógica seria seguir Rider. Willie não parecia ser do tipo inteligente, mas, por via das dúvidas, o garoto apertou o passo. Avistou, ao lado de uma pilha de containers azuis brasileiros, um tigre preso a uma coleira, guardando um amontoado de espadas brilhantes, a mochila laranja e outras armas. Para lá, ele foi.

Chegou rapidamente, pegou sua espada e começou a serrar a corda que prendia seus pulsos. Tudo o que conseguia pensar era em ir mais rápido, senão adeus, sardas. O tigre lançou-o um de seus melhores rosnados que, sinceramente, já estavam irritando.

-Mike, agora não, tá? -ele se distraiu com aquilo, e, olhando para cima, reconheceu para quem o animal rosnava. Lá estava ele. Willie.

Conseguiu soltar-se a tempo de brandir a espada afiada para a barriga da criatura. Pena que ela, com uma só patada, derrubou-a de suas mãos, como se fosse o gesto mais fácil do mundo. Desarmado, indefeso e insignificante, o garoto deu um passo para trás e encostou no container azul escuro. Estava com raiva de si mesmo por ter baixado a guarda e deixado o troll se aproximar. Fechou os olhos e esperou pela morte.

Felizmente, ela não veio. Uma certa garota morena chegou, de última hora, pelo lado esquerdo do monstro e deu uma rasteira certeira em suas pernas, fazendo-o perder o equilíbrio e cair de cara no chão. Rider não pensou duas vezes: pegou a espada de volta e, em um só golpe, cravou sua lâmina nas costas de Willie.

A garota, ou melhor, Heather também estava caída no chão. Rider ajudou a levantá-la devagar. Ela parecia bem tonta.

-Poxa, Heather. Você... você salvou minha vida. -ele sorriu com gratidão. -Onde aprendeu a chutar desse jeito? Eu faço caratê há um ano e meio, e nunca fiz nada assim. Foi uma rasteira muito boa.

-O quê? Ah, claro! Rasteira! Golpe! Foi exatamente o que aconteceu! -ela disse, como se tentasse disfarçar. -É que eu sou muito bem treinada na arte do... do... enfim, solta minhas mãos para mim?

Com a ajuda da espada, foi fácil cortar as cordas que prendiam a garota. Feito isso, guardou a espada na bainha, que prendeu ao cinto, e deu um dos punhais a ela.

-Obrigado, de novo. -ele repetiu. -Engraçado. Acho que tenho uma dívida com você.

-Pois é, né? Ih, olha lá! É o Bruce! Parece que está com problemas! Vamos!

Ela agarrou suas mãos antes que pudesse dizer mais, e, juntos, correram de volta para onde estavam Ali, Lisa e Bruce, lutando contra o troll Gustav. Bom, lutando não era a palavra certa, pois não tinham como atacá-lo. Estavam, mesmo, é fugindo, ou apanhando. Os dois alcançaram, primeiro, as garotas. Libertaram-nas de suas respectivas cordas. Rider ficou feliz em perceber que, apesar de se conhecerem a menos de um dia, já estavam virando uma equipe.

-Vocês viram o Bruce? -Heather perguntou.

-Eu pensei que VOCÊ tinha visto ele! Não foi o que disse? -Rider dirigiu-se a ela, que enrubesceu na hora.

-Ele está ali. -Alison apontou um cantinha bem na beirada do porto. -Está dando uma bronca naquele ogro, gigante, sei lá. Eu não iria até lá, se fosse você.

Heather levou as mãos à testa.

-Esse garoto ainda vai acabar se matando, qualquer dia desses!

-Eu vou salvá-lo. Você fica aí e cuidam de tudo, certo? -Rider pediu a Heather, meio que ordenado. -Sabe onde nossas armas estão.

Ela não apresentou nenhum tipo de objeção à ordem. Pelo menos alguém tinha acordado com o objetivo de fazer o certo hoje, não é mesmo, Lisa? Ele desembainhou a espada prateada, manchada de sangue vermelho de troll, e andou sorrateiramente até as duas figuras. Era até engraçado, ele diria, ver alguém como Bruce, um baixinho que batia na cintura de Gustav, fazendo caras e bocas, falando com a voz, mais uma vez, grave de raiva. Dessa vez, quase parecia um rosnado:

-... E AÍ, EU FUJO DE CASA, SÓ PARA VER SE EU TENHO UM POUQUINHO DE UMA MÍSERA E IDIOTA PAZ!!!!!!!!! E O QUE EU ENCONTRO? UMA GAROTA AINDA MAIS CHATA QUE FICA TENTANDO SER UMA AMIGA IDIOTA QUE DERRUBA LÍQUIDOS EM MIM!!!!! SÓ PARA COMPLETAR, DOIS IRMÃOS IDIOTAS, UMA LOIRA DE FARMÁCIA BIÔNICA IDIOTA E SEU TIGRE BRANCO IDIOTA CRUZAM MEU CAMINHO IDIOTA, COM UMA BOLINHA DE GUDE BRILHANTE IDIOTA!! E A PAZ DO BRUCE? NINGUÉM SE IMPORTA!!!! E AINDA VEM VOCÊ, UM CARA GIGANTE E IDIOTA, QUERENDO ACABAR COM A MINHA VIDA IDIOTA, E NEM SEQUER FAZ ISSO DIREITO!!!! GRRRRRR É TUDO TÃO IDIOTA!!!!!

O que se pode dizer? Bruce era, no mínimo, suicida. O troll assistia ao escândalo com um leve ar de tédio, mas principalmente preparando-se para o golpe final. Rider correu para chegar, balançando a cabeça em desaprovação.

Correu direto para o espaço entre Gustav e Bruce, preparando a arma para o ataque. Atrás do monstro, não havia nada além de oceano. Se conseguisse derrubá-lo ali, o peso exagerado faria com que ele afundasse, tornando muito mais fácil a tarefa de matá-lo. Respirou fundo.

Depois de tanto ouvir conversa mole, ele não aguentou. Esticou um dos braços enormes, cujas mãos -que davam a impressão de terem crescido- poderiam facilmente esmagar a cabeça do reclamão. Ele ia virar baguete de renascido, se Rider não fizesse alguma coisa. Ao chegar mais perto, ele levantou a espada no ar, deu um salto e um grito de poder, pronto para fatiar o braço daquele infeliz... passou direto.

Isso aí. Era tamanha a leveza da arma do garoto, que a gravidade o traiu, e ele foi cair de cara do outro lado da briga.

Voltando ao troll: ele estendeu o braço e agarrou o gordinho pela gola da sua camisa. Ele se debateu, desesperado, em vão.

-Ok, já chega de ladainha, garoto. Agora, você vai calar essa sua boquinha e me escutar!

Oh-oh. Problema. Rider se levantou rapidamente. Olhou para a espada, SUA espada. Olhou para Bruce. Espada. Bruce. Espada. Bruce. Tinha sua prioridade.

Largou a espada no chão, pois de nada lhe serviria. Correu para pegar velocidade, e foi até o lugar onde devia ter atacado. Pulou alto, e, dessa vez, aplicou um chute forte no antebraço de Gustav. E não errou. O monstro, de prontidão, largou o garoto. Rider deu outro chute de leve, o derrubando na água salgada.

-Você está bem? -perguntou a Bruce.

-Estou. -ele disse em um suspiro. -Valeu, cara. Foi mal eu ter te chamado de idiota, bem, umas seis vezes. Me desamarra aqui?

Assim que Rider se preparou para fazê-lo, uma mão gigante surgiu das profundezas. Agarrou exatamente a corda que amarrava as duas mãos de Bruce, que foi puxado fortemente para baixo. Para a água.

-Se eu vou afundar, você vai comigo!!!!!!!!

E, com essas palavras roucas e grossas, Bruce foi arrastado aos berros para o oceano.

O dia simplesmente não acabava!

Rider sabia o que tinha de fazer. Tinha de salvar os três renascidos. Um sentimento forte ia crescendo em seu peito. Um calor. Seria heroísmo? Deus sabe. Mas, no minuto seguinte, ele pulava de cabeça no mar aberto do Porto de Miami.


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Notas finais do capítulo

chegamos ao fim de mais um!!!! gostaram?
to uma lesma pra postar, mas dessa vez tive motivo. Eu to trabalhando em uma one-shot, que será lançada no dia do Halloween! E é sobre, adivinha: halloween!! Enfim, se voces sao como eu, e nao tem nada para fazer no dia 31, deem uma lida. tambem estou planejando postar outra interativa (to com duas ideias, mas n sei qual das duas eu posto), e eu ficaria cuidando de duas fics ao mesmo tempo. n sei se dou conta, mas se eu n tentar, aí é que eu n vo saber mesmo

bom, so pra fechar, como nao bolei perguntas para hoje, quero que me respondam: que personagens de conto de fadas voces acham que sao Rider, Heather e Bruce? deixem nos comentarios!!!!

enfim, até proximo cap!!! os proximos serão importantes!! e não vai demorar mt para aparecer mais renascidos (mt mais do que voces imaginam hahahahaha)