London Love escrita por Gi Carlesso


Capítulo 44
Momento de paz... ou não


Notas iniciais do capítulo

Olá :D



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Ele abriu a maldita porta (o único objeto que ainda me impedia de arrombar a casa) intermináveis segundos depois de perceber que era eu quem estava tocando a campainha inúmeras vezes. A primeira coisa que vi foram as sobrancelhas negras de Henri se franzindo no instante em que me vira parada em frente a porta de sua casa segurando as chaves de um dos carros de Tom. A segunda, fora os lábios dele abrindo e fechando logo em seguida como se ele tivesse desistido de prosseguir seja lá o que fosse.

– Posso saber o que está acontecendo? Ou é melhor nem tocar nesse assunto?

– Tom e Anabelle vão se casar! – soltei mal conseguindo controlar minha própria voz. Saíra um tanto mais alto que o necessário, tanto que Henri mal pôde esconder sua surpresa. – Acredita nisso?! Eles nem sequer me deram tempo de engolir toda essa história de namoro aos 40 e de repente já estão de casamento marcado, convites sendo enviados e um vestido para ser comprado! Isso é loucura e Tom ainda me fez o favor de pedir para que eu fosse a marinha! Mas que diabos de pedido é esse?! E se já não bastasse, ele fez um escândalo quando ela disse que achava que nós dois deveríamos ficar juntos!

Henri piscou várias vezes seguidas como se tentasse absorver o que eu acabara de dizer e num movimento rápido, puxou-me pelos pulsos para dentro de sua casa e trancou-a logo depois. Eu estava sem fôlego por ter jogado todas aquelas informações de uma vez só e estranhamente satisfeita por ter falado em voz alta. Ás vezes, eu precisava falar demais e acabar com as muitas informações em minha cabeça. O único problema, era que o pobre Henri fora minha vítima e o coitado estava confuso demais até mesmo para conseguir girar a chave.

Mas então, minha atenção se voltou para sua silhueta. Apenas com ele de costas que pude notar o fato de que Henri estava sem camisa com uma calça de moletom cinza relativamente baixa em sua cintura muito perto de uma região que prefiro não comentar. Se ainda já não bastasse a situação dele e meus hormônios a flor da pele, seu cabelo estava bagunçado e a expressão de confusão só o deixava ainda mais convidativo.

Ai, droga, onde estava minha raiva mesmo?

– Me fale isso direito. – disse ele apontando para o sofá com a cabeça. – Porque tudo o que eu entendi foi sobre um casamento e que Tom fez um escândalo.

Bufando, joguei-me no sofá de sua sala esperando que ele fosse sentar comigo ali, mas ao invés disso, Henri desapareceu por alguns segundos entre a porta da cozinha e talvez a lavanderia. Logo, reapareceu colocando uma camiseta de mangas curtas preta de alguma banda de rock que não pude reconhecer e finalmente sentou-se ao meu lado esperando que eu contasse o que diabos estava acontecendo.

Logicamente, como qualquer adolescente com os hormônios a flor da pele, mal pude esconder minha decepção ao vê-lo usando uma camiseta novamente. E Henri deve ter notado, pois exibiu um sorriso carregado de malícia e depois soltou um risinho baixo.

– Ei, tarada, estou esperando.

Antes que eu pudesse sequer responder, soquei-o com força no ombro em troca do “tarada”.

– Muito engraçadinho você, Price. – eu disse com a voz carregada de sarcasmo. – Bom, como eu estava dizendo. Anabelle e Tom simplesmente jogaram na minha cara que pretendem se casar daqui um ou dois meses e que os convites já estão sendo enviados e que ela quer minha ajuda para encontrar um vestido. – eu bufei revirando os olhos. – Mas o pior nem é isso. Eles estavam animados demais falando sobre o casamento antes que ela pudesse citar o assunto sobre relacionamentos. E claro, acabou por Anabelle falando sobre nós dois.

Henri arregalou os olhos de forma assustada.

– O que?! – disse ele um pouco alto demais. – Tia Anabelle disse sobre nós?! – de forma dramática, Henri apontou para ambos sentados sobre o sofá. – Como ela sabe, Scarlet?

Eu poderia muito bem ter mentido dizendo que não fazia a menor ideia e que ela deveria ter notado pelo jeito que nos olhamos, porém, mentir para Henri seria algo que eu jurei jamais repetir. Minha última mentira havia destroçado nossos corações e repetir aquele mesmo feito parecia algo doloroso demais para o momento. Minha sanidade já estava no ponto de se quebrar e eu finalmente enlouquecer. Não poderia correr esse risco.

De forma culpada, eu deixei que um suspiro exausto escapasse de meus lábios e os mordi com força tentando repreender-me por isso.

– Eu contei. – murmurei baixo demais assumindo uma expressão séria que não deveria ser digna do momento. Eu deveria estar furiosa demais para sequer pensar em me sentir triste. Uma pessoa só não seria capaz de aguentar ambos os sentimentos de uma vez só. – Ela percebeu e me fez assumir de uma vez. Só que Anabelle pareceu saber como agir em relação a Tom, Henri. Sabe, ela... me deu coragem de seguir com... isso.

Para que ele entendesse bem do que se tratava o isso, pousei minhas mãos sobre a dele, a qual Henri mantinha sobre sua perna. Ele estava quente, muito mais que eu, por causa do frio do lado de fora e do vento cortante que se assemelhava a uma sequencia infinita de agulhas me perfurando o corpo. O choque térmico entre nós foi imediato, porém eu não afastei minhas mãos. E muito menos ele, quem entrelaçou nossos dedos e puxou-os juntos para cima na direção de seu rosto. Com leveza, Henri beijou nossas mãos entrelaçadas e eu tremi por sentir o toque de seus lábios quentes e ternos.

– Você tinha dúvida se era certo seguir com isso? – perguntou em um breve sussurro.

Como seus olhos não estavam mirados nos meus, tive um breve momento para pensar em uma resposta que fosse verdadeira e que expressasse exatamente o que eu sentia. A verdade era que eu sempre tive a certeza de que deveria seguir com qualquer relacionamento com Henri, poderia ser apenas amizade ou talvez o namoro que ameaçava terminar, não importava o que fosse. Tudo o que eu queria era tê-lo comigo apesar de ser tão clichê e soar tão bobo. Éramos novos demais para pensar em amor, tínhamos uma vida inteira pela frente e muita coisa aconteceria depois daquela noite. Porém, minha única certeza se repetia em minha mente de forma constante e perigosa.

Naquele momento, eu queria seguir em diante.

– Nunca tive. – sussurrei em resposta não ligando para o fato de que havia me aproximado mais dele. – E jamais terei. – franzi o cenho por um instante e um sorriso surgiu em meus lábios. – Isso é tão bobo.

Impedindo-me de dizer qualquer coisa, lábios estavam sobre os meus reprimindo meus medos mais óbvios e não deixando com que eu pudesse enfatizar o quão bobo achava que meus sentimentos pudessem ser. Eu correspondi a aquele beijo com tanto fervor quanto ele, não evitando sorrir ao senti-lo entrelaçar meu cabelo da região da nuca entre seus dedos e puxar-me ainda mais para ele. Eu estava debruçada sobre ele usando o encosto do sofá como apoio enquanto os lábios de Henri deixavam os meus por alguns instantes e seguiam para meu pescoço arrancando de mim suspiros que eu contive por tanto tempo.

Retomando o controle ainda mais sobre mim, Henri passou a se debruçar sobre mim e não o contrário, de maneira que ele estivesse sentado um pouco mais alto que eu. O beijo se intensificou à medida que seus lábios moviam-se com força contra os meus repelindo qualquer coisa que eu pudesse dizer ou vir a minha mente.

E foi quando seus dedos começaram ameaçar a deslizar o zíper para baixo a fim de abrir meu casaco, foi então que a ficha caiu.

Mais devidamente a dele.

– Hum, acho melhor parar por aqui. – resmungou ele afastando-se obviamente contra a própria vontade. Os lábios estavam comprimidos em uma linha reta mostrando que ele não estava nada feliz com o próprio movimento. – Eu me empolguei de novo.

Com um sorriso sapeca nos lábios, eu deslizei a ponta de minhas unhas ao redor de seu pescoço até alcançar a gola da camiseta preta e puxa-lo em minha direção de novo.

– Se isso é sinônimo para parar, acho que tenho que ensinar a hora de continuar e a de parar. – sussurrei assumindo um tom de voz que eu nunca conseguira fazer se não fosse para as gravações do filme. Era baixa e um tanto sensual, algo que não lembrava a verdadeira Scarlet de forma alguma. Porém, naquele momento, me pareceu tanto que eu até duvidei de minha própria identidade.

Como ele não respondeu, tomei seus lábios para mim novamente de forma com que eu assumisse o controle do beijo, o qual já estava transbordando de tantos sentimentos que eu mal podia descrever cada um deles. Dentre os inúmeros, saudade era o que estava em maior evidência, principalmente quando passei uma das pernas por sobre as dele fazendo com que eu ficasse sentada em seu colo. As costas de Henri tombaram com o encosto do sofá e eu senti seu ofego de surpresa.

– Scar, não que eu não estivesse gostando, mas... ual! – exclamou ele afastando-me por meros segundos e tirando alguns fios rebeldes de meu cabelo e coloca-los atrás de minha orelha. – De onde isso saiu?

– É que dessa vez eu não queria que você parasse. – eu estava um tanto envergonhada pelo o que acabara de fazer apesar de como reagira na hora. Com certeza, minhas bochechas deveriam estar coradas e os lábios muito vermelhos por conta da pressão, mas Henri encarava-me de uma forma quase que contemplativa. E claro, corei mais uma vez.

– Isso quer dizer que...

– Uhum. – resmunguei voltando a enlaçar seu pescoço em meus dedos e puxando-o para mim, porém de forma mais leve. – Eu quero você, Henri.

Em resposta ao meu pedido quase que implorado, ele me tomou eu seus braços apertando os dedos em torno de minha cintura de forma que eu estava completamente presa a ele. Na verdade, estava sendo comprimida contra seu peito e quadril e não dando a mínima para o fato de que estávamos completamente agarrados no sofá. Não haveria nenhuma visita indesejada e muito menos alguém ali que pudesse atrapalhar. Estávamos sozinhos, apenas eu e ele.

Com cuidado, ele me ergueu usando minhas pernas de apoio e eu as entrelacei em sua cintura enquanto me carregava em direção à escadaria que julguei perigosa para ser usada naquele momento. Porém, mostrando-me destreza, ele subiu cada degrau em direção ao segundo andar e em nenhum momento largou-me, nem ao menos quando chegamos no quarto de origem. Já lá dentro, ele me prendeu contra a parede na mesma posição em que subimos a escada e usando-a de apoio, soltou-me por um breve instante para que eu o ajudasse a arrancar a camiseta de banda de rock.

Logo que o vi sem ela, Henri esboçou um sorriso malicioso.

– Eu sabia que estava louca para me ver sem ela de novo.

Em resposta, eu mordi o lábio inferior de Henri, quem arfou e puxou-me de volta para seus lábios. De forma um tanto ousada, eu senti aventurando suas mãos para dentro de minha blusa tocando em cada centímetro da pele de minha cintura e subir até o tronco roçando de leve no tecido de meu sutiã.

Por instinto, eu o impedi segurando-o pelo pulso.

– O que foi? – sua voz estava carregada de um tom de preocupação e ele alternava o olhar entre meu rosto e seu pulso sendo repreendido por meus dedos. – Fiz alguma coisa errada.

Com a respiração presa, eu assenti negativamente.

– Não fez. – resmunguei. – É que...

– Está tudo indo rápido demais?

Novamente eu assenti discordando.

– Acho que... eu devo estar com vergonha de continuar com isso. – minhas bochechas pareciam estar em brasa. Eu sentia todo meu rosto queimar por conta da vergonha de estar parando tudo para dizer algo tão bobo e infantil.

– Você não precisa ter vergonha perto de mim, Scar. – um sorriso gentil estava em seus lábios quando ele tocou meu queixo com a ponta dos dedos e forçou-me a encara-lo. – Mas se não quiser continuar, eu...

– Não. – interrompi roubando seus lábios para o meu novamente, mas de uma forma mais calma que antes. Não havia mais força ou insistência, apenas um beijo lento, onde ambos desfrutavam de uma imensidão de sentimentos. – Não quero que você pare.

Em resposta ao meu pedido, Henri subiu e desceu suas duas mãos pelas laterais de meu corpo desfrutando de cada mínimo centímetro até conseguir arrancar meu casaco e joga-lo em algum canto do quarto. Eu enlacei seu pescoço com meus braços puxando-o mais para mim e deixando que me carregasse em direção à sua cama no centro do quarto e me jogasse com leveza sobre a mesma. Rindo apesar de nada ali ter graça, Henri cobriu meu corpo com o seu passando seus lábios para meu pescoço e ali depositando uma sequência de mordidas e beijos que me fizeram ofegar. Apesar de em alguns momentos eu perceber seu jeito desajeitado e um pouco apressado, todo meu ser ignorava o lado negativo jogando-o para um ponto obscuro de minha mente. Tudo o que eu queria pensar naquele pequeno momento de paz era que alguém me amava acima de tudo e me fazia me sentir especial. Jamais ninguém o fizera e, por um mínimo instante, eu também achei que Henri não conseguiria.

Mas para minha sorte, eu estava errada.

Eu gostava da sensação de seus dedos em minha pele, mesmo que com o choque térmico por conta de sua pele gelada e a minha quente. Gostava da sensação de ser apenas dele naquele momento e da forma que ele me deixava saber sobre seus sentimentos sempre que podia. As sensações eram surreais e eu não sentia vergonha alguma de amar a forma com que ele me tocava e sabia exatamente como agir.

Os beijos passaram a ser mais agitados e nossos movimentos foram leves à medida que eu sentia Henri descendo o meus jeans e deslizava a calça até que eu a ouvisse caindo próxima a cama. Meio sem jeito, eu fiz o mesmo ajudando-o a arrancar a calça e da mesma forma que fez antes jogou-a para o outro lado. Eu estava completamente exposta para ele, porém, não dava a mínima como se todas as minhas inseguranças tivessem desaparecido com a firmeza do toque de Henri.

– Eu amo você. – sussurrou ele enquanto seus dedos tiravam com destreza as últimas peças de roupa que não nos permitam nos fundir de uma vez.

– Eu também amo você... – minha voz falhou no instante em que seus beijos passaram para meu colo e subiam novamente para meu queixo e voltavam para meus lábios.

Um sorriso convencido, mas ao mesmo tempo com uma alegria imensa surgiu nos lábios de Henri com minha frase e a arfada que dei no instante em que ele deslizou as mãos por todo meu corpo.

E eu podia jurar que nunca vira um sorriso tão bonito quanto aquele.

[...]

Acordei devagar com a claridade invadindo meus olhos. Havia uma janela descoberta pelo tecido pesado da cortina, fazendo com que uma luz irritante invadisse meus olhos no momento em que os abri. Com dificuldade, tentei distinguir onde estava - era um quarto de paredes azuis num tom escuro, cortinas brancas e compridas, uma prateleira em horizontal logo acima da cama com todos os tipos de livros. Uma das paredes era coberta por um guarda roupa longo com fotos de bandas e outros tipos de fotografia.

E então, meus olhos seguiram para o corpo totalmente colado ao meu. Henri estava com o peito nu e usando apenas uma calça cinzenta um pouco abaixo da linha da cintura. Estava de bruços ao meu lado com um dos braços por cima de meu corpo puxando-me para mais perto dele. Com a cabeça na volta de meu ombro, eu sentia sua respiração quente de encontro a minha pele e observava o peito dele subindo e descendo lentamente conforme ele se remexia e se aproximava mais de mim.

Eu sorri conforme tirava os fios negros de seu cabelo que cobriam seu rosto suavizado pelo sono. Assim que pude ver suas feições de perfil, outro sorriso de tranquilidade brotou de meus lábios – ele mordia o lábio inferior inconscientemente e sua expressão exalava uma calma que jamais havia visto em suas feições típicas inglesas. Havia algo a mais naquela expressão de calmaria, algo como satisfação completa e a sensação de que o mundo se tornara algo suportável. O peso do mundo parecia ter deixado seus ombros conforme sua respiração fazia com que seu peito subisse e descesse e o braço em torno de meu tronco me apertasse ainda mais contra ele.

Por mais que estivesse completamente presa contra Henri, eu me sentia em paz.

Porém, um barulhinho vindo de meu celular despertou minha atenção. Irritada por não ser em uma boa hora, tirei o braço de Henri que me rodeava e tentei encontrar o aparelho em algum canto do quarto. Encontrei-o por fim dentro do bolso de minha calça (que por acaso estava jogada entre a parede e a cama) e de lá enfim descobri do que se tratava o som – uma mensagem de Jordan.

Scarlet, resolveu dormir demais justo hoje, é? Jason marcou uma reunião com todos do elenco e os produtores! PELO AMOR DE DEUS, VENHA PARA CÁ AGORA!”

– Droga! – esbravejei meio que sussurrando enquanto caia para fora da cama de forma desajeitada e rolava até bater a cabeça na parede. – Ai, droga, por que a parede tem que ser tão perto?!

Da forma rápida em que tirei o braço de Henri de sobre mim, pensei que pudesse tê-lo acordado de um jeito nada educado, mas a pressa havia me pegado desprevenida.

Desajeitada, saí pelo quarto caçando minhas roupas encontrando cada peça em um canto. O quarto estava com uma claridade um pouco grande considerando o fato de que havia apenas uma fresta aberta que provavelmente fora esquecida por Henri, mas minha atenção não estava voltada para a possibilidade de ele me ver correndo de um lado para o outro com uma perna da calça vestida e a blusa do lado do avesso.

Enfim encontrei tudo e começava a vestir direito a calça jeans quando um murmúrio alto veio de algum ponto da cama.

– Bom dia, margarida!! – com o susto (e claro, um grito de bônus), eu caí com toda a força de costas no chão do quarto recebendo em resposta um Henri assustado e com a expressão como quem tenta segurar a gargalhada. – Scar? Você está bem?

– SERÁ QUE PODERIA FAZER UM BARULHO ANTES DE ASSUSTAR ALGUÉM QUE ACABOU DE ACORDAR?! – esbravejei.

Sem nem sequer me dar tempo de terminar o sermão, Henri começara a gargalhar de novo.

E, bom, eu não poderia culpa-lo, afinal, ainda estava no chão.

Mas isso era apenas um detalhe.

– Será que você poderia parar de brigar comigo e levantar? – Henri ainda estava rindo, porém agora deitado de barriga para baixo usando os cotovelos como apoio para se manter erguido para me ver melhor no chão. Seus olhos azuis estavam pequenos e a voz um pouco sonolenta pelo fato de ter acabado de acordar, mas ele nunca havia ficado tão lindo como naquele momento. – Caso não percebeu, sua calça está meio... torta?

Irritada, porém ao mesmo tempo achando graça de minha posição, consegui me colocar de pé vendo-o me observar em silêncio e com uma expressão um pouco mais maliciosa do que ele mesmo pretendia. Com um meio sorriso esbanjando malícia, ele pediu fazendo apenas um gesto para que eu me aproximasse. Ainda confusa com aquele pedido e uma sobrancelha erguida, dei dois únicos passos em direção à cama apenas observando enquanto ele se colocava sentado e esperava que eu ficasse mais próxima. Quando enfim estava perto o suficiente para fazer seja lá o que fosse que ele faria, Henri enlaçou os dedos na barra de minha calça sem quebrar nosso contato visual profundo e começou a puxar a barra para cima bem lentamente.

Mas quando digo lentamente, era porque era muito lentamente. Aproximou-se da região de minha cintura e distribuiu beijos lentos e cada vez mais altos na região de meu quadril até a parte alta da barriga. Enquanto isso, puxava a barra da calça até alcançar finalmente a região do quadril e ali fecha-la sem quebrar nosso contato visual.

– O que foi isso, Sr. Price? – murmurei arqueando uma única sobrancelha em sentido de subjeção.

– Uma das outras coisas que sei fazer... – sussurrou ele colocando-se de joelhos e abraçando o mesmo local que me beijara puxando meu corpo na direção dele até nos chocarmos um contra o outro. – Bom, além das dessa noite. Mas tenho que admitir que tirar essa calça foi muito mais divertido do que coloca-la de volta.

– Humm, está muito danadinho nessa manhã, Price. – eu disse sorrindo antes de roubar-lhe um beijo.

Logicamente, ele retribuiu sem hesitar mordendo meu lábio inferior conforme o beijo ia tomando forma e, de repente, puxou-me de volta para a cama cobrindo seu corpo com o meu assim como na noite anterior.

– Ahn... Henri, eu preciso ir. – murmurei quando seus beijos passavam para meu pescoço e se tornavam um tanto insistente. – Tenho uma reunião.

Tudo bem, eu estragara o clima de uma forma que apenas eu conseguia, porém era preciso terminar antes que... hum, testássemos as molas da cama de novo, como ele mesmo brincara na noite passada. Contra minha própria vontade e com certeza a dele, Henri afastou-se lentamente de mim usando seus braços como apoio para encarar-me bem de perto.

– Já vai me abandonar, White? – os olhos azuis penetrantes passeavam por toda a extensão de meu rosto enquanto eu mal conseguia desviar os olhos de seus lábios levemente avermelhados por conta dos beijos. Ele tinha lábios um pouco mais grossos que os meus, algo que me fazia perder o fôlego só de pensar. – Achei que ia passar o dia comigo aqui.

Contrariada com meus pensamentos, eu dei de ombros.

– Acredite, é o que eu mais queria. – murmurei enlaçando seu pescoço com meus braços. – Mas não sou a chefe e sim a protagonista. Eles precisam de mim.

Eu preciso de você. – fora apenas um sussurro, porém o bastante para que eu sentisse arrepios por todo meu corpo. Sem nem sequer me deixar impedir, Henri distribuiu beijos por toda a volta de meu pescoço e desabotoando a camisa jeans que eu roubara dele pouco antes de cair. – Eles podem esperar mais alguns minutinhos, não acha?

Ele já estava no terceiro ou quarto botão quando o interrompi segurando seus dedos e afastando-os de forma que não o deixaria magoado, apesar de eu já notar resquícios de decepção em seus olhos azuis. Henri me encarou por alguns segundos como se me enviasse uma pergunta mental, a qual demorei para receber ou ao menos entender.

– Desculpe. – sussurrei roubando-lhe um beijo logo em seguida para enfatizar meu pedido de desculpas.

Quando enfim livrei-me de seus braços insistentes, eu começava a abotoar novamente minha camisa jeans e procurava por minha bolsa em algum canto do quarto de Henri. O local estava uma verdadeira zona, com suas roupas em três cantos diferentes e com os lençóis atirados e amontoados pela cama. Porém, mesmo com toda a bagunça, meus olhos só conseguiam focar uma única coisa quando me coloquei entre a porta e o corredor da casa de Henri – ele estava sentado de barriga para baixo de novo usando os cotovelos como apoio para seu rosto, o qual me fitava tranquilamente como se nem sequer tivéssemos conversado há poucos segundos. Os fios negros de seu cabelo apontavam para todas as direções e alguns caiam charmosamente sobre seu rosto ainda sonolento. Como estava sem camisa, eu tive a visão completa de seu tórax e músculos das costas que se contraiam enquanto ele ria baixinho de meu transe.

Com toda aquela visão, por um momento eu tive vontade de sair correndo e pular naquela cama com ele de novo e esquecer da tal reunião. Por um momento, eu quis voltar à noite anterior e fingir que tinha o dia todo de folga e poderia passa-lo ao lado do britânico de 20 anos que me lançava um olhar com duplo sentido – tanto recheado de malícia quanto de esperança caso eu resolvesse atender aos desejos de meu subconsciente.

Mas a vontade passara no instante em que me lembrara da mensagem de Jordan.

– Nos falamos a noite, Henri Tarado Price? – brinquei lançando uma piscadela logo em seguida.

– Só se eu não aparecer na sua casa antes, escalar até a sacada e te arrancar de lá para sempre. – Henri mordeu o lábio inferior e eu ri. – Não ria, Srta. White, isso não foi uma brincadeira.

E eu não duvidava que fosse.


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Notas finais do capítulo

AAAAAAAAAAAH SEUS DANADINHOS u.u
Desculpem a rapidez, to meio com pressa hoje! hahahaha espero que tenham gostado e estou esperando meus comentários viu?