POV Austin

Depois que Ally entrou em casa, encostei a cabeça no banco e fiquei pensando um pouco. Eu não acreditava que encontrei a garota perfeita e tenho namorada. Mas, logo tomei uma decisão, iria terminar com Kira. Dirigi lentamente até minha casa tentando pensar em um jeito para chamar ela e terminar nosso namoro. Mesmo assim não foi preciso me preocupar tanto, Kira já me esperava na minha casa.

– Oi amor – Ela veio correndo até mim quando abri a porta – Onde você estava? Espero que não com aquela garota – Kira falou revirando os olhos e me dando um selinho.

– Aquela garota não, o nome dela é Ally – Corrigi a afastando – Precisamos conversar – Falei rude. Ela olhou para mim e compreendeu.

– Olha Austin des... – Ela começou, mas a interrompi.

– Não é só por isso. Kira há muito tempo você... – Tomei coragem para falar, mas fui interrompido pelo toque do meu celular. Era Dez. Fiquei em divida em atender ou não, mas logo aceitei.

– Que foi? – Falei com raiva enquanto Kira me encarava também com raiva, mas provavelmente de mim.

– Ai meu Deus, o que eu faço? – A voz de Dez estava histérica me fazendo ficar preocupado.

– Dez concentra. O que aconteceu? – Perguntei tentando acalma – lo. Ouvi algumas respirações profundas então ele disse:

– Ally sofreu um acidente – Falou rapidamente me fazendo perder a respiração – Ela está sendo levada para o Hospital da Universidade de Miami – Dez falou e caiu a minha ficha, o acidente deve ter sido muito grave, pois eram levados para aquele hospital somente os casos mais graves.

– Estou indo para lá, depois você me contam os detalhe do que aconteceu – Falei rapidamente e encerrei a chamada. Corri até o casaco que tinha acabado de tirar.

– Austin o que aconteceu? – Kira perguntou tentando se fazer de interessada. Balancei a cabeça negativamente e sai correndo para meu carro.

Iria demorar no mínimo 20 minutos para chegar no hospital, mas como fui muito rápido consegui chegar em 10 minutos. Em todo o caminho é como se eu não respirasse, no carro só se ouvia meu coração acelerado. Estacionei de qual quer jeito no estacionamento e corri para dentro. Logo ia perguntar para a mulher na recepção, mas encontrei Dez e Trish sentados um pouco longe provavelmente me esperando. Os dois estavam com as mesmas roupas que fomos à praia, Trish estava vermelha por ter chorado e Dez estava com uma expressão muito preocupada.

– Dez, Trish o que aconteceu? – Falei enquanto chegava perto deles.

– Senta aí – Dez apontou com a cabeça para a cadeira ao seu lado. – O carro que Ally estava perdeu o controle, ele rodou um pouco e depois bateu contra uma arvore que estava na calçada. O lado que Ally estava, do passageiro, foi o mais atingido tiveram que cortar algumas partes do carro para tira-la. Havia outras duas pessoas com ela, a mãe e a irmã. É só isso que sabemos. – Dez falou me olhando triste, e pela primeira vez, muito serio. Balancei a cabeça assentindo e encostei-me ao banco abaixando a cabeça. Aquilo só podia ser brincadeira. Eu não queria acreditar no que estava acontecendo.

– Austin – Dez me chamou me tirando dos meus pensamentos, olhei para ele e percebi que ao seu lado Trish chorava novamente. – Nós vamos comer algo, vou tentar acalma-la. Fique aqui é provável que o médico já venha dar noticias. Você quer algo? – Dez perguntou.

– Não, pode ir – Falei com a voz baixa. Dez assentiu e foi com Trish até o refeitório.

Eu pedia para que o estado de Ally não fosse grave, e também da família dela. Não aquentava mais esperar quando ouvi alguém falar.

– Você sabe algo sobre Ally Dawson? – Alguém perguntou a recepcionista do hospital. Levantei os olhos e depois de pensar muito reconheci o cara que estudava comigo no colégio, mas eu nunca tinha falado com ele e agora ele trabalhava na loja do meu pai. Eu já estava levantando para ver o que ele queria, mas Trish chegou à sala.

Ela e Dez o reconheceram e foram até ele, o que me fez levantar e ir até lá para perguntar o que estava acontecendo.

– Eu te chamei aqui – Trish falou e ele se virou. Ele estava muito diferente do que eu me lembrava, estava mais alto, tanto quanto eu, e parecia que tinha malhado bastante, pois no colégio era muito magro. Ele tinha uma expressão confusa quando reconheceu Trish.

– Trish? O que aconteceu? – Ele perguntou desconfiado e sem folego, como se tivesse corrido muito.

– Sim, e esse é o Dez – Trish confirmou apontando para o namorado e eu cheguei mais perto – E o Austin – Ela completou e o cara olhou desconfiado para mim – Desculpe te chamar a noite, mas é que Ally sofreu um acidente e você era um dos únicos contatos no celular dela, que deram para mim. Além disso ela falou de você mais cedo – Explicou e eu ergui a sobrancelha com a ultima coisa que ela disse, mas o cara a minha frente apenas assentiu.

– Um acidente de carro? Ela não foi trabalhar hoje – Ele falou coisas sem sentido para si mesmo e eu me mexi inquieto com o pensamento dele saber mais da Ally do que eu. – E meu nome é Harry – Ele se apresentou mesmo já nos conhecendo.

– Vocês conhecem alguma Dawson? – Um médico se aproximou de nós, nos interrompendo.

– Sim – Respondi ansioso.

– Onde está os familiares delas? – Perguntou desconfiado.

– Nós não conseguimos entrar em contato com nenhum outro familiar delas. – A mulher da recepção que estava próxima a nós respondeu.

– Tudo bem – O medico disse ainda receoso – Tenho que informar algumas coisas a respeito dela: A criança que estava no carro já acordou, mas vai ficar em observação no mínimo por três dias, pois poderá ter muita dor de cabeça e vomito. – Ele explicou e vi Trish respirar um pouco aliviada. - A motorista que perdeu o controle, a senhora... – Ele parou e olhou na folha que tinha na mão - Penny Dawson sinto em dizer, mas não aguentou. Ela estava com cirrose no fígado, acontece quando a pessoa é alcoólatra ou é propensa a ter essa doença. Portanto a causa de sua morte foi a doença e não o acidente – Ele falou calmamente e compreensível e todos nós ficamos sem dizer nada. – A outra Dawson, Ally, está em estado grave. Mesmo estando de cinto, a parte mais atingida do carro foi o lado que ela estava. Um pedaço de ferro entrou em sua perna esquerda quase atingindo sua veia, mas mesmo assim ela perdeu muito sangue. O objeto já foi retirado, mesmo assim ela continua perdendo sangue, os curativos adequados já estão sendo colocados para leva-la a cirurgia. – Todos nós arregalamos os olhos – Eu precisava da autorização de um responsável para fazer a cirurgia, mas como não foi encontrado, o hospital autorizou a cirurgia.

– Desculpe, mas qual cirurgia? – Dez foi o único que conseguiu falar.

– Pensei que já tinham sido informados, me desculpe. A menina quebrou duas costelas no lado direito, isso aconteceu porque como eu disse, vários pedaços do carro foram para dentro, então ela foi esmagada contra o banco. – Ele explicou e olhou nossas expressões assustadas – Sei que a situação é muito ruim, mas devem agradecer por Ally ainda estar viva, é realmente impressionante o quanto essa menina foi forte – Ele deu um sorriso tranquilizador e caminhou para porta que saiu. Foi quando percebi como ele tinha dito, ela ainda estava viva, e foi forte.

Eu continuava paralisado com todas aquelas informações, apenas olhei quando ouvi o choro de Trish. Ela estava abraçada com Dez, que tinha lagrimas nos olhos. Na verdade todos nós estávamos chorando. Eu continuava em pé, mas as lagrimas desciam silenciosamente pelo meu rosto e Harry estava sentado com a cabeça baixa, provavelmente chorando. Mesmo as noticias da irmã e mãe da Ally me preocuparem muito, um único pensamento ocupava minha mente: Ally tem que sobreviver.