Seus Olhos escrita por Beatriz de Moraes Soares


Capítulo 7
O músico


Notas iniciais do capítulo

Hey girls! Primeiramente a demora do capítulo se deve ao fato de termos 26 leitoras e apenas umas quatro/cinco leitoras comentam! Gente, eu preciso de incentivo para escrever! POR FAVOR COMENTEM! Se não, eu não terei inspiração para escrever.

Bom, espero que gostem do capítulo.

Apreciem! ;]



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Depois daquele episódio com meus alunos – onde eu praticamente tive um surto ao os ver fazerem uma brincadeira boba com relação a mim e Eric – eu não sabia com que cara olhar para ele, pois com toda certeza do mundo ele deveria me achar agora uma louca com sérios problemas psicológicos.


No dia seguinte, eu achava que Eric não iria aparecer para o nosso café da manhã juntos, então nem me dei ao trabalho de passar ao Starbucks e comprar seu café preferido – pois é, aprendi com Eric que os americanos tem o costume de ingerir muita cafeína, assim como nós ingleses temos com o nosso chá. Mas, por incrível que pareça, ele apareceu e sentou-se no seu lugar de sempre a minha frente e abriu aquela belo sorriso matinal que ele sempre me dava e por fim olhou para a mesa vazia e disse:


- Onde está meu café?


- Pensei que não viria hoje – falei desconcertada.


- Por que achou isso? – pergunta, arqueando a sobrancelha.


- Por causa de meu surto maluco ontem com meus alunos.


- É. Eu fiquei meio assustado ontem – diz, fazendo uma careta – achei até que iria ganhar uma voadora e um olho roxo ali – com esse comentário ele consegue me tirar um risinho – mas, eu jamais te abandonaria, Valerie – ele diz e ao perceber que disse algo totalmente desconcertante, ele se corrige – Digo, nosso café juntos. Jamais abandonaria nosso café juntos.


Ficamos em silêncio e por fim ele fala algo:


- E então, vai vir comigo assistir a gravação da Demo dos garotos Apocalípticos? – ele faz uma ênfase no nome da banda e me tira um risinho.


Meu primeiro impulso é recusar, mas eu gostaria muito de ir. Adoraria conhecer o local de trabalho de Eric e claro, estar com ele por mais tempo.


- Adoraria – digo e ele sorri – que horas vai ser?


- Não tem uma hora certa para começar - ele faz uma pausa – mas posso te pegar às seis, tudo bem para você?


- Claro – concordo.


E novamente somos interrompidos por meus alunos, então Eric sai.




Mais tarde, chego a minha casa como um jato e vou direto ao meu quarto, mais especificamente ao closet, procurar a roupa mais casual e mais bonita que tenho. Escolho uma calça jeans azul marinho da Calvin Klein que Charlie havia me presenteado em nossa última visita ao shopping – desastrosa por sinal, onde conheci Eric – e um sobretudo grafite, com uma echarpe xadrez. Decidi deixar meus cabelos soltos.


Eu havia acabado de terminar de me maquiar e agora secava meu cabelo com meu escandaloso secador, quando ouço alguém me chamando. Viro-me e me deparo com Doroti, fazendo caras e bocas. Desligo o secador e Doroti começa a falar:


- Senhorita Valerie, tem um rapaz na portaria dizendo que veio buscá-la.


- E quem seria esse rapaz?


Eu sabia quem era, mas eu queria ouví-la dizer seu nome.


- Ele disse que se chamava Eric.


Olhei para o espelho e vi que meu cabelo estava perfeito, então dei um salto da cadeira, peguei minha bolsa e rapidamente vou descendo as escadas. Doroti vem atrás de mim e pergunta se quer que eu avise aos meus pais onde eu havia ido, mas digo a ela que apenas avise que saí.


Encontro Eric do lado de fora da minha casa. Seu carro está estacionado em frente ao portão e ele está do lado de fora, encostado na porta do lado do carona. Ele sorri ao me ver e rapidamente abre a porta para que eu possa entrar.


Ficamos em silêncio durante a trajetória até a gravadora, apenas sorrindo como dois bobos, um para o outro. A gravadora fica em um lugar bem estratégico em Londres e rapidamente chegamos, chamava-se New Perspective Records e tudo era muito bonito lá. Fico meio perdida, mas Eric me ajuda dizendo o que cada coisa serve. Então diz que a maioria do pessoal que trabalha com ele no estúdio já foi, há apenas ele, um assistente e mais duas pessoas lá.


 A banda logo chega e vai direto à cabine de áudio, onde começam a tocar. Não entendo muito de música, mas como Eric disse, os rapazes eram realmente bons e quando tocaram seu cover de Revolution, eu tive essa certeza.


- Sabe tocar alguma coisa, Valerie? – pergunta Eric subitamente, enquanto observo atenta aos garotos tocarem.


- Nem apito – digo e ele dá uma gargalhada – Mas, tenho vontade.


- De tocar o quê, por exemplo?


- Não sei ao certo, talvez piano...


- Eu poderia te ensinar um dia se quiser.


- Eu iria adorar ter um professor como você.


Ele sorri parecendo um pouco envergonhado, desvio meu olhar do seu, visivelmente vermelha também.


Oras! Quantos anos você tem, Valerie? Doze? Que tipo de reação é essa? Você só fez um elogio. Ou nem isso. Respire fundo!


Eric apertou o botão da cabine de som e disse aos rapazes que as gravações estavam encerradas hoje. Depois de arrumar os materiais, Eric desligou as luzes e trancou a gravadora. Enquanto nos dirigíamos para o carro, Eric me pergunta o que achei da banda. Digo que adorei e que achei o trabalho dele muito interessante. Ele, como um cavalheiro, abre a porta do carro para mim e depois dá a volta e entra também.


A viagem de volta é silenciosa, como a de ida.


- Tem como você abrir um pouco o vidro? Estou com um pouco de calor.


 Então ele o faz, abaixando o vidro do seu lado, depois liga o rádio em uma estação que parece apenas grandes clássicos do rock. Em um momento começa a tocar Solitary Man de Johnny Cash e percebo que Eric começa a cantarolar a música. Quando Johnny começa a cantar, eu o acompanho baixinho e quando me vê cantando, ele solta um risinho e começa a cantar animadamente, então o sigo com o mesmo entusiasmo.


Por fim Eric estaciona seu carro em frente aos portões da minha casa. A música acaba e ele solta um suspiro pesado, então logo pergunto o que há e ele me responde:


- É que... – ele faz uma pausa e se ajeita em seu banco para me observar – bom, eu queria saber uma coisa.


- Diga! – o incentivo.


- Por que você ficou daquele jeito quando seus alunos acharam que éramos namorados? – não consigo encará-lo, com isso abaixo a cabeça, mas sinto que seu olhar ainda está sobre mim e ele continua – Te parece tão ruim assim a ideia de pensarem que namoramos?


Reúno todas as minhas forças para finalmente levantar minha cabeça e encará-lo, mas as palavras parecem fugir quando eu estou olhando para aqueles olhos azuis. Ele também parece não ter o que dizer e assim ficamos por vários e vários segundos, até que percebo que Eric está mais próximo do que estava há alguns segundos atrás e parece que de alguma forma eu também estou me aproximando.


Quando finalmente me dou conta do que está acontecendo, Eric está próximo o bastante para que eu possa sentir o doce aroma de sua pele, um cheiro másculo e inebriante, algo que nunca senti na vida. A mão de Eric surpreendentemente toca meu rosto e com delicadeza ele me acaricia. Sinto um arrepio em minha espinha. Sinto-o se aproximando mais e então decido que é a hora de fechar meus olhos. A ponta de nossos narizes se tocam e posso sentir sua respiração, quando de repente:


- Valerie?


Sou puxada para a realidade.


Eu praticamente salto para trás e Eric com o susto faz o mesmo, e então procura incansavelmente a pessoa que nos atrapalhou, ou talvez tenha salvado até. Por fim, encontro os olhos curiosos de Charlie olhando através do vidro do motorista para mim e Eric. Atrás dela, ainda de capacete, acredito ser Hunter, montado em sua Kawasaki Ninja verde fluorescente, que em minha humilde opinião é ridícula e desnecessária.


- O q-que...


Ah, meu Deus, será que fiquei gagá com toda essa situação?


- Fui passear com Hunter – explica ela, me salvando de ter que falar alguma coisa, pois eu sei que naquele instante eu não conseguiria pronunciar uma palavra – não vai entrar?


Faço que sim com a cabeça, me viro e abro a porta do carro com as mãos trêmulas. Coloco minhas pernas para fora e quando vou pisar no chão, acabo tropeçando em minhas próprias pernas e caindo de joelhos.


- Ah, Cristo! – grita Eric – Valerie, você está bem?


- Valerie? – Charlie grita também e vem até mim, me ajudando a levantar.


Eric me fita como se perguntasse se estava tudo bem comigo e faço que sim com a cabeça. Charlie ainda está me segurando e me vê olhar para Eric, então ela diz:


- Tudo bem, vou levá-la para dentro – Eric sorri para ela e depois olha para mim. Eu não consigo falar, parece que realmente o “gato tinha comido minha língua”. Ele pisca para mim, dá a partida em seu carro e vai embora.


Charlie vai até Hunter e diz algo para ele, depois o beija e ele também dá a partida, sumindo na noite de Londres. Charlie volta a mim, arregala os olhos e diz:


- O. Que. Foi. Aquilo? – não respondo – Anda! Me diz! Ele já foi embora!


Ela me puxa para dentro e enquanto caminhamos conto sobre Eric e meus medos com relação aos sentimentos que tenho por ele. Charlie fica completamente animada.


- Não posso acreditar – ela diz, com sua voz rouca – você está apaixonada? Ah, meu Deus, minha irmã está mesmo apaixonada!


- Você está chorando? – pergunto, olhando para seu rosto.


- É apenas o rímel novo que comprei – diz, limpando seus olhos – acho que tenho alergia a ele.


Quando chegamos dentro de casa, nos deparamos com mamãe e papai afoitos na sala principal. Papai estava sentado no sofá com seu robe cor de vinho, enquanto mamãe caminhava de um lado para o outro com bobes no cabelo e um olhar desesperador. Assim que nos viram, mamãe começou com seus surtos:


- Valerie Annabele Novack! Onde você esteve? – suspiro e continuo andando – Valerie, não me dê às costas!


Subo até meu quarto e tranco a porta. Vou até o banheiro e enquanto tomo banho, fico pensando em toda a situação com Eric, então algo surge em minha mente: Eu não tive uma crise! Fiquei tão nervosa com a situação e no final acabei não tendo nenhuma crise, ou mesmo um pequeno espasmo.


Seria isso algum tipo de sinal?


Isso não existe. Essas coisas não existem, foi apenas um acaso. Mas, seria tão bom, se a E.M. não existisse mais. Se eu pudesse viver minha vida normalmente.


Então entro em um devaneio, onde eu não tivesse E.M. e tudo fosse como eu sempre desejei que seria. Onde eu estaria? Com certeza dançando pelo mundo com a Royal, conhecendo lugares, pessoas, costumes... Eu seria livre!


Acabo dormindo com esse pensamento e sendo feliz por algum tempo.


Assim que chego ao Centro Comunitário San Frances no dia seguinte, a primeira pessoa com quem cruzo é Eric. Ele apenas me cumprimenta com um cordial “Oi” e segue apressado à sua sala. Na hora do intervalo das crianças, ele não aparece para tomar café comigo.


No dia seguinte foi a mesma coisa. E no outro, e outro, e outro...


Já havia se passado uma semana e dois dias, e eu estava esperando em minha sala o intervalo de meus alunos acabar. Olho para o relógio e noto que já era para meus alunos terem entrado há cinco minutos. Espero mais um tempo até quando decido ir atrás deles. O pátio está vazio.


Encontro Amelie e pergunto:


- Viu meus alunos, Amelie?


- Estão na sala de música, com o professor Dawson.


Além de roubar meu coração, roubou meus alunos também, Eric Dawson?


Sigo apressada para a sala de Eric e abro a porta em um movimento violento, encontrando meus alunos e claro, Eric. Mas eles pareciam estar me esperando, meus alunos e os alunos de Eric estão ao que parecem em algum tipo de ordem. Minha turma parece seguraa algum tipo de placa em branco, enquanto os de Eric estão em volta dele, que está sentado no piano, me encarando.


Por fim, entro na sala e Eric sorri para mim, se ajeitando no piano. Então, começa a tocar uma melodia. Seus alunos começam a dançar, um passo para o lado e outro para o outro.


- Well, sometimes I go out by myself. And I look across the water. And I think of all the things of what you're doing. In my head I paint a picture.


Eu já ouvi essa música em algum lugar, ela não me é estranha.


- Since I've come home. Well, my body's been a mess. And I miss your ginger hair. And the way you like to dress. Oh, won't you come on over? Stop making a fool out of me. Why don't you come on over, Valerie?


Ah, meu Deus! É a música Valerie, da banda The Zutons, mais conhecida na voz da diva do soul: Amy Winehouse.


- Valerie, Valerie, Valerie – as crianças cantam em coro e nessa hora minha feição de surpresasome para surgir um sorriso bobo.


- Did you have to go to jail? Put your house out up for sale? Did you get a good lawyer? I hope you didn't catch a tan. Hope you find the right man. Who'll fix it for you!


Olhei rapidamente para trás e vi que Amelie, tia Josie, Sadie e Jeremiah estavam ali e assistiam a pequena apresentação de Eric.

                                        

- Are you shopping anywhere? Change the color of your hair. And are you busy? Did you have to pay that fine. That you were dodging all the time? Are you still dizzy? Since I've come home. Well, my body's been a mess. And I miss your ginger hair. And the way you like to dress! Oh, won't you come on over? Stop making a fool out of me. Why don't you come on over, Valerie?


– Valerie, Valerie, Valerie… - o coro das crianças.

                                                              

- Well, sometimes I go out by myself – Eric canta vagarosamente e Desmond, que está na ponta do lado esquerdo da fileira de meus alunos vira sua placa em branco e no verso está a letra S – And I look across the water – Joanne que está do lado de Desmond vira a sua e está a letra AAnd I think of all the things of what you're doing – e do lado de Joanne outro aluno surge com a letra I   – In my head I paint a Picture – depois ASince I've come home – depois a letra C  – Well, my body's been a mess –  então a OAnd I miss your ginger hair – e M  –  And the way you like to dressI - Oh, won't you come on over? – A letra G, eu estou começando a ficar ansiosa para o fim dessa frase – Stop making a fool out of me – e agora O - Why don't you come on over, Valerie? - e então o último aluno da fileira vira e tem um ponto de interrogação e todos soltam uma risadinha baixa.


                                                                                                                                                       

Por fim, as plaquinhas formam a frase: Saia comigo?



Valerie, Valerie, Valerie…



Eric estava pedindo na frente de todos para que eu saísse com ele? Pera aí. Pare tudo que eu quero descer! Não está calor aqui? As janelas estão abertas? Por fim, Eric encerra a música e todos os alunos, inclusive Eric, olham para pequena Penny Lane que está à frente de todos. Sua placa ainda não foi virada e Eric pigarreia, então Oliver cutuca Penny Lane e ela por fim vira sua placa que está escrito: “Pelo amor de Deus”. Todos caem na gargalhada e o aplaudem. Eric olha para mim e seu sorriso me enlouquece.




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Notas finais do capítulo

Nota/Beta/Diva: Olá, pessoas. Desculpem-me se houver algum erro ortográfico, mas a Beatriz ficou enchendo meu saco pra betar rápido. Tenho quase certeza de que o da Vinci pintou a Monalisa sem sobrancelhas porque havia um antepassado da Bia lá do lado.
Enfim, que capítulo foi esse, minha gente? Eu quis matar a vaca, vadia, estúpida da Charlie por atrapalhar o beijo que ia acontecer! Porra, ela deve estar possuída pelo espírito da mãe da Valerie, só pode! A coisa é tão ruim, tão maligna, que se eu tentar matar ela, ela volta como o Jason.
Cuidado, Charlie. Hoje é sexta-feira 13. Haha.
Porém, o Eric conseguiu salvar tudo com seu pedido meigo, fofo... Jesus! O que foi aquilo? Eu quero um Eric pra mim... :/

Música dos Beatles que a banda que Eric está produzindo Os Apocalípticos fez: http://www.youtube.com/watch?v=tH9zG28GQEg

Música que Valerie e Eric cantam no carro: http://www.youtube.com/watch?v=-ir5Ud_shp8

Música que Eric canta: http://www.youtube.com/watch?v=hg1HU-wHelk