Seus Olhos escrita por Beatriz de Moraes Soares


Capítulo 17
Preocupações e revelações


Notas iniciais do capítulo

Vamos lá?

Capítulo sem betagem ;x qualquer erro só gritar que eu arrumo!



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Eu me vestia para sair enquanto Eric arrumava seu quarto, quando ambos terminamos peguei minha bolsa junto de meus remédios para ingeri-los, mas antes que eu pudesse pensar em colocar o primeiro na boca Eric interviu e o tirou de minha mão:

– Não, Valerie - disse - isso pode fazer mal ao bebê.

– Nem sabemos se realmente tem um bebê, Eric - digo ríspida.

– Por isso mesmo – ele pega o resto dos remédios e guarda em uma caixa em seu banheiro, depois volta e pergunta se estou pronta, faça que sim com a cabeça e ele me guia para fora do apartamento.

Vamos ao Starbucks do shopping, Eric pede alguns croissants e chá para mim e apenas um Latte para ele. Aquele lugar me trazia lembranças de meu primeiro encontro com Eric, parecia que anos tinham se passado, mas a sensação era ótima. Eric parecia mais cauteloso do que nunca comigo e me fez parar um segundo para pensar que talvez ter um bebê com Eric não fosse um bicho de sete cabeças e que ter um pequeno pedaço de Eric junto a mim podia ser maravilhoso:

– Vamos? - perguntei a ele assim que terminei meu café.

Ele assente e vamos à farmácia, fico roxa de vergonha quando chego à prateleira dos testes. Qual eu deveria comprar? O de cruz? O azul e vermelho? O que tem uma carinha triste e feliz? O que faz barulhinho? Eram inúmeras opções:

– Podemos levar todos - diz Eric dando de ombros - só por precaução.

Era verdade, se fossemos para fazer um teste, faríamos para ter cem por cento de certeza. Peguei todos na prateleira coloquei na cestinha e segui para o caixa, pagamos e fomos para o carro, sem saber para onde ir ou o que fazer. Meu telefone começou a toca, era minha mãe, atendi na mesma hora com medo de enfurecê-la ainda mais ignorando sua ligação:

– Alô?

– Valerie? Não vou nem perguntar onde está por que sei exatamente onde, agora me diga, que horas você vai voltar?

– Já estou indo – desligo nem ao menos esperando sua resposta, viro para Eric – vou para casa, minha mãe está irritadíssima.

– E o teste?

– Fazemos a noite. Eu vou para o seu apartamento.

– Mas, Valerie e se for positivo? Não sabemos que risco o bebê pode correr.

– São só algumas horas, eu preciso acalmar os nervos de minha mãe e você precisa ir trabalhar, já está atrasado e seu chefe pode não gostar – entrego as sacolas para ele – fica com você e você guarda até eu ir ao seu apartamento.

– Está bem, vou te levar para casa.

Eric queria me deixar realmente em casa, mas peço para ele me deixar no portão, sendo que eu posso muito bem andar sozinha. Quando chego a casa, vou à procura de mamãe, a encontro na sala de estar conversando com um homem por volta dos quarenta anos e visivelmente gay, eles tem uma conversa animada e quando me veem chegando ambos sorriem:

– Olá querida! - diz mamãe.

– Oi

Digo olhando curiosa para o homem, percebendo isso mamãe o apresenta:

– Valerie, esse é Johan o design de interiores que contratei.

– Ah, é mesmo? Vai reformar o que?

Ela hesita em falar, mas depois de um tempo cede:

– Seu antigo estúdio de balé.

– O que? – digo chocada – mamãe!

– Valerie, precisamos do lugar, seu pai precisa de uma sala de reuniões maior.

– Mas, há tanto quarto aqui! Por que justo meu estúdio?

– Daria mais trabalho reformar outros quarto, teríamos que quebrar, construir e quebrar tudo, querida.

– Esse estúdio é a única lembrança que me restou do balé.

– Sinto muito, querida.

Com lágrimas nos olhos saio correndo para o andar de cima, em direção ao estúdio que fica lá. Abro a porta e entro no lugar escuro e cheio de espelhos, por fim acendo a luz e com um piscar de olhos inúmeras lembranças começam a me cercar e eu fico ali no meu mundinho, tentando esquecer os problemas.

À noite eu vou para o apartamento de Eric finalmente fazer o teste. Ele me busca assim que sai do trabalho e vai como um jato para seu apartamento, chegamos lá vamos ao banheiro, onde eu preciso fazer xixi nos palitinhos, mas sem muito sucesso:

– Eu não consigo - digo.

– É só fazer xixi, Val!

– Com você me olhando eu não consigo! - digo incomodada.

– Quer que eu saia?

– Adoraria – digo com franqueza e ele sai fechando a porta – desculpe, amor!

Depois de um tempo consigo fazer todos os teste, agora só tinha que esperar e a espera parecia ser interminável:

– Já deu o tempo? – pergunto a Eric

– Acho que sim – ele responde do outro lado da porta.

Eu não conseguiria ver o resultado sozinha, então abro a porta do banheiro para Eric entrar e ele vem, ambos vamos em direção ao vaso sanitário que com a tampa fechado serviu como mesa para eu colocar os testes. O primeiro que olhei era o do sorriso, a figura era de um sorriso triste. O que isso significava? Um sorriso triste para mim era eu estar ou não grávida? Decidi pular para o de cruz, que apontava apenas um cruz. O outro que era azul e vermelho, estava com a coloração azul no resultado e por fim o último que era bem mais explicativo e dizia: Negativo.

Ambos, Eric e eu suspiramos aliviados:

– Talvez não fosse a hora - comentou Eric.

– Eu já estava pensando nos nomes – brinco dando de ombros e ele me agarra me beijando apaixonadamente.

~X~



Era inicio de novembro, o frio começava a chegar a Londres, mas ele não chegava a mim, pois eu tinha Eric para me aquecer todas as noites, minha mãe implicava, mas meu pai que realmente parecia entender-me dava um jeito de me ajudar driblando o gênio de mamãe.

Hoje era domingo, acordamos tarde, por volta das onze, nem tomamos café, apenas fizemos nossa higiene matinal e fomos para minha casa almoçar. Já virara costume Eric almoçar conosco aos domingos, meu pai adorava conversar com Eric rugby, ambos adoravam esse esporte e mamãe por sua vez começava a se render aos encantos do meu americano de olhos azuis.

Depois do almoço, Eric perguntou se queria passear com ele no Hyde Park, eu aceitei claro. Fui buscar minha bolsa em meu quarto e quando voltei Eric não estava mais sozinho na sala, Conrad o acompanhava:

– Con! – disse indo abraçá-lo

– Val!

– Ainda não voltou para Milão?

– Ainda não, tenho alguns assuntos para resolver em Londres. Ficarei até depois do natal, passarei com meus pais e depois irei voltar – explica.

– Isso é ótimo - olho para Eric e vejo que ele está apressado - Con sinto muito, mas já estou saindo, pena que você veio me ver só agora.

– Eu, hã, não – ele coça a cabeça um pouco sem graça – eu não vim para vê-la, eu vim para…

– Conrad! - Charlie grita do alto das escadas descendo correndo - oi Val, oi Eric!

– Eu estou ajudando Charlie a escolher a melhor faculdade de moda em Milão – explica Conrad rapidamente.

– É, eu vou começar o próximo semestre na faculdade - continua Charlie.

– E papai e mamãe sabe? - pergunto um pouco confusa pelas explicações dos dois.

– Totalmente – disse Charlie rindo, mas aquele risinho pareceu tão forçado.

– Que legal! Você vai morar com Conrad em Milão – digo sorrindo.

– Mas, não juntos! – Charlie diz rapidamente – ele no apartamento dele e eu no meu.

– Mas, é claro – olho para Eric que apenas observa a situação – bom, eu preciso ir.

– Tchau Val! - diz Charlie.

Enquanto Eric e eu caminhamos para fora da mansão ele sussurra em meu ouvido:

– Eles pensam que não sabemos.

– Sabemos do que? - pergunto confusa.

Eric me lance um olhar surpreso e não fala mais nada.

Na semana vou visitar meu estúdio de balé que ainda não havia sido destroçado por minha mãe. Aquele lugar era quase um lugar sagrado, cada canto ali me remetia aos meus velhos tempos, aos poucos dentro de mim foi crescendo uma vontade totalmente involuntária, a vontade de dançar, a música foi sendo cantada em minha cabeça enquanto lentamente eu fui passo à passo começando a dançar e sentindo uma enorme alegria dentro de mim.

Fechei meus olhos, um tanto anestesiada por tudo aquilo, quando a música em minha cabeça tocou sua última nota eu abri os olhos e dei um pulo para trás quando vi Eric encostado na porta me observando:

– Por favor, não pare por minha causa.

– Quem te deixou entrar?

– Sua mãe – ele disse – ela até que está mais legal comigo. E então?

– O que?

– Por que não dançar pra mim?

– Não mesmo! – digo corada automaticamente.

Ele se aproxima de mim, me puxa colando meu corpo no seu, levemente ele passa os dedos por minha cintura fazendo cócegas. Logo em seguida ele começa a dar um passo para lá e outro para cá, me levando junto, de repente ele começa a cantarolar uma melodia qualquer e lá estamos nós dançando colados. Eric me gira e então me deixa só na dança, sou levada pelo momento e sem nem perceber estou dançando mais uma vez.

Quando termino, Eric bate palmas:

– Bravo! – ele diz sorrindo– você é maravilhosa, Valerie! Não entendo o porquê não a deixaram continuar.

– Meu talento não era nada para eles, comparado a grande dor de cabeça que eu os daria.

Eric não disse nada, apenas me abraçou, era tão confortante estar em seus braços.

Logo, Eric teve de me deixar e voltar a sua rotina. Eu fiquei no estúdio por um longo tempo, só fui me dar conta que já era noite quando Mercedes me chamou para jantar, senti falta de Charlie à mesa, mamãe disse que ela havia saído com uma amiga. Isso era bom, desde o termino dela com Hunter, ela andava muito introspectiva. Depois de jantar voltei para meu quarto, Eric me ligou querendo saber se era para ele me buscar, eu não quis, preferi ficar esta noite em casa.

Era por volta de meia noite e meia, eu estava madrugando colocando minha leitura em dia estava lendo um ótimo livro de Julian Quinn chamado O Duque e Eu, quando ouço um barulho de carro. Estranho, pois era tarde, quem poderia estar saindo essa hora? Vou até minha janela e espio um Ranger Rover entrar em nossa propriedade. Esse carro não me era estranho, mas não me lembrava de quem tinha um parecido. É quando vejo Charlie saltar dele, ela dá a volta e vai até o motorista e ao que parece o beija. Eu tento ver quem é o motorista, mas não consigo, o vidro é insulfilmado. Mas, seja lá quem for, espero que faça minha irmã feliz!

Charlie se despede do motorista e vai indo em direção a porta, não suporto a curiosidade e desço correndo as escadas e vou até ela que acabou de fechar:

– Valerie? - pergunta surpresa.

– Oh meu Deus! - digo animada - que é o gato do Ranger Rover?

Ela engole seco.

– Perdão?

– Deixe de besteiras, Charlotte. Eu vi como você se despediu dele.

Ela parece sem graça, nunca vi Charlie daquele jeito, na verdade eu vi, mas foram raríssimas vezes. Por que ela não queria me contar? Por que era tão difícil dividir com sua irmã uma confidencia dessas? Será que era um traficante? Uma agiota? Ou algo que ela tivesse vergonha de me apresentar? Charlie não era uma garota problema, nunca foi, ela não iria se envolver com alguém assim.

Por fim ela solta um suspiro pesado e diz:

– Já está na hora de você saber.

– E então?

– Amanhã vou trazê-lo – ela diz e fico um tanto irritada com todo esse mistério, mas concordo, sabendo que não seria nada demais.

Vou dormir um pouco ansiosa. De manhã a primeira coisa que faço é ligar para Eric:

– E aí, como estão as crianças? – pergunto.

– Hoje estou na gravadora– diz brincalhão.

– Oh céus, estou perdida! Não sei maisque dia da semana estamos! Acho que é a ansiedade de conhecer o namorado de Charlie.

Eric fica em silêncio:

– Eric? – o chamo.

– Você disse que vai o que? – ele pergunta.

– Charlie vai trazer o tal namorado misterioso dela – faço uma pausa – você acredita que ela estava namorando em segredo?

Eric fica em silencio de novo:

– Bom, à noite nos vemos – digo a ele – vou pedir para Mercedes fazer seu bolo de chocolate.

– Está bem. Tenha um bom dia, qualquer coisa me ligue – diz preocupado.

Desligo o telefone e vou tomar meu banho matinal. Vou tomar café e vejo que não há ninguém a mesa, Mercedes diz que papai foi trabalhar logo cedo, mamãe ainda está dormindo e Charlie está pela casa igual uma barata tonta.

Enquanto estou comendo, a campainha toca e Mercedes corre a atender a porta, depois de um tempo ela volta sozinha em silêncio:

– Quem era Mercedes?

– O Sr. Fitzgerald, senhorita.

– Ora, então por que não me chamou? – digo me levantando imediatamente e indo até a sala de entrada.

Quando chego, vejo Conrad parado em pé vestindo sua habitual roupa de trabalho, terno e gravata. Ele tem as mãos no bolso, parece um tanto nervoso, estou prestes a gritar seu nome, quando Charlie surge no alto das escadas e chama seu nome, nenhum dos dois percebe minha presença, estão ocupados demais olhando um para o outro. Conrad sorri ao ver Charlie, ela desce correndo as escadas e se joga em seus braços e então meu coração para quando ela o beija.


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Notas finais do capítulo

Meninas, venho dizer que vocês são um gênio! HAHAHA muitas nos anteriores já haviam sentido algo entre Conn e Charlie. Pois bem, e agora? O que Dona Valerie Novack vai dizer sobre o ex/melhor amigo dela saindo com a irmã? Difícil saber. Até a próxima!