As luzes do quarto estavam apagadas, eu nem sabia dizer direito se aquilo era ou não um quarto. E quando todos enfim entraram Margo, acendeu a luz de um abajur em cima de uma mesa redonda ao fundo.

Quando consegui enxerga comecei a analisar tudo que estava a minha volta. Paredes pitadas de azul bem escuro sem nenhum sinal de janelas, o teto era ainda mais escuro que a parede e nele havia pequenas pitinhas brancas que com a ajuda da luz do abajur refletia como estrelas. E em todo canto haviam pufes almofadados de diversas cores e tamanhos.

Margo se sentou em uma cadeira atrás da mesa e fez sinal para que nos sentássemos à frente. Ficando então, o Adam e eu sentados nas duas únicas cadeiras enquanto o Nathaniel permaneceu de pé ao meu lado.

– Então meus queridos, antes de começamos gostariam de tomar alguma coisa? – Perguntou ela educadamente.

– Não obrigado. – Respondemos juntos fazendo à senhora rir mostrando os dentes perfeitamente brancos.

– Tudo bem. Então vamos começar. – Ela pegou um pequeno cordão ao lado e deu um beijo no pingente que por sinal era a mesma estrela que estava desenhada na porta. – Agora me contem o que esta perturbando vocês?

Ela só pode está de brincadeira!

– Você não é a vidente, então diga você. – Disse grossa.

Vigarista.

– Juh, calma. – Disse pela a primeira vez meu amigo me fazendo revira os olhos.

– Querida siga o conselho do seu amigo. Vamos ter calma. – Disse calma com um sorriso no rosto.

Mas espera como assim?

– Mas eu não disse nada. – Disse Adam, e como eu, ele parecia um pouco espantado.

A velha sorriu e recostou na mesa sobre as mãos.

– Mas eu não disse que foi você meu jovem. Mas sim o espírito que esta ao lado da sua amiga. Jullie certo? – Concordei pasma. – Bem, eu não consigo vê-lo, infelizmente, mas eu sinto que tem algo ao seu lado Jullie, e sim, consigo ouvi-lo. Como podem ver sou uma médium clariaudiente.

– Que diabos esta acontecendo?

– Eu sei que isso parece estranho, mas eu converso com espíritos. Bem, sempre fui chamada de louca por isso. Mas acho que você mais do que ninguém sabe que não sou. – Okay, ela me pegou.

– Então você pode conversa com qualquer morto? – Adam estava serio, e mesmo que eu não o conhecesse tão bem, sabia o que se passava em sua mente.

– Na verdade não. Apenas os que não partiram ainda. – O desapontamento foi bem visível no rapaz. – Então vocês querem saber como ajudar o espírito a seguir?

– Não! – Okay, eu não precisava ter gritado, mas isso tudo esta me dando nos nervos.

– Então o que querem?

– Gostaríamos de saber o por que conseguimos vê-lo, e tentar descobrir o por que ele não seguiu em frente. – Disse Adam.

– Como eu disse, a jovem Jullie é a chave.

– Eu sou a chave de que? – Mas uma vez a senhora deu uma breve risada.

– Como é seu nome espírito? – Ela ignorou minha pergunta.

Nathaniel permanecia calado, na verdade depois que ela disse que sentia sua presença parecia que ele havia entrado em choque.

– Ele se chama Nathaniel. – Disse já que meu amigo não respondeu.

– Eu gostaria que ele dissesse. – Me virei para ele olhando em seus olhos.

Parecia que ele estava com medo, muito medo. Mas eu não entendia o porque.

– Nathaniel, Nathaniel Jamnes senhora. – Disse enfim e a mulher apenas balançou a cabeça.

– Belo nome. Então quando morreu?

– 13 de Dezembro de 2007.

– Seis anos. – Ela sorriu de lado. – Você é o espírito mais vivo que eu já falei.

– O que você quer dizer com isso? – Perguntei e ela apenas deu de ombros ignorou minha pergunta, mais uma vez.

– Porque você não foi meu filho?

– Ele disse que não sabe. – Eu disse e ela me olhou pela primeira vez seria. – Desculpa.

– Não precisa se desculpa. Mas ele sim.

Me virei mais uma vez para o fantasma ao meu lado que continuava com a mesma expressão de medo.

– Porque ele tem que se desculpar? – Perguntou Adam também fitando meu amigo.

– Por que ele mentiu.

– Eu não menti. Nunca iria mentir para Juh. – Ele estava desesperado ou era impressão minha?

– Senhora me diz por que acha que ele esta mentindo. – Eu não conseguia falar. Então apenas deixei para que o Adam prosseguisse.

– Simples. Ele sempre soube.

– Para! – Gritou o fantasma.

– O que ele sabe? – O Adam não dava atenção para o desespero do Nathaniel ao meu lado.

– Ele sabe porque não partiu, porque tem que continuar aqui.

– É mentira! – Gritou mais uma vez.

– Se é mentira, porque você estar tão nervosinho? – Provocou Adam.

– Você não sabe de nada. – Os dois se encaravam enquanto Margo e eu só assistíamos.

– Ah claro que não sei. Mas você sabe não é? Sabe e continua nos deixando no escuro.

– Cala boca!

– Cara eu perdi minha irmã, tive que suportar um ano de terapia e agora tenho que aturar um fantasma metido a santo? Por favor.

– O que você quer que eu diga Adam?

– O por que você me assombra e assombra a Jullie! Você não percebe que você está impedindo até mesmo a Jullie de viver! – Dessa vez quem estava aos berros era o Adam fazendo até mesmo que eu me assustasse.

Quando Margo já ia se pronuncia, eu fui mais rápida.

– Será que dar para os dois idiotas pararem de grita e deixar a Senhora trabalha? – Certo eu não estava tão calma assim, mas me forcei a fica.

– Mas Jullie ele sabe e não te fala. Ela está te prendendo à morte dele.

– Eu já mandei você cala essa sua boca. – Dessa vez o tom da sua voz saiu realmente fantasmagórico, em um grave que eu nunca ouvira antes. Fazendo assim até mesmo um vazo que ficava ao lado do abajur explodir.

– Nate calma. – Pedi e ele abaixou a cabeça. – Adam, deixa Margo falar, só ela.

– Obrigada. – Sorriu para mim enquanto Adam ainda olhava para meu amigo que continuava de cabeça baixa. – Bem como estava dizendo, o Nathaniel sabe e só ele pode dizer. E a única que pode libertá-lo é você.

– Libertá-lo? Mas eu não estou mantendo ele preso a mim. Ele só e meu amigo.

– Ele não é só um amigo, e você sabe disso. Pois espíritos assim só ficam próximos as pessoas na qual eles mais amaram quando vivo.

Meu coração acelerou, e claro que olhei para ele para vê se ele reagiu a isso, mas já era tarde. Ele não estava mais lá.

– Ele se foi. – Disse com a voz tremula.

– Ele estar com medo. – A olhei confusa e sem que eu precisasse perguntar ela se adiantou me respondendo. – Ele tem medo, medo que você saiba a verdade. E medo de te deixar.

– Espera, deixa ver se entendi. Ele fica atrás da Jullie porque amava ela. Isso estava bem na cara. – Como? – Mas eu nem conhecia o individuo porque então também o vejo.

– Isso até eu não sei te responde.

– O que eu estou fazendo aqui então? – Com um sorrisinho ela chegou próxima a ele e sem que eu ouvisse disse algo que o fez cora. – Isso não é verdade. – Ela deu de ombro e voltou ao seu lugar.

– Teria algo mais que vocês queiram saber?

– Não que a senhora tenha dito muito né. – Disse seca a fazendo rolar os olhos.

– Jullie, a única que pode descobrir é você. E o Nathaniel é o único que pode te contar. - Se ele me contar.

Eu nunca havia visto o Nathaniel daquele jeito. Parecia que ele iria arrancar a cabeça do Adam fora. E como eu bem o conhecia sabia que tinha algo que ele estava me escondendo. E eu tinha que descobrir o que era.

– Tudo bem. Então acho que é isso. – Disse me levantando.

– Só não se esqueça que você é a chave para libertá-lo, basta você querer.

– Acho que primeiro eu tenho que saber como. – Não que eu queira.

– Obrigado. E me desculpe por ter me alterado. – Disse o Adam se levantando também.

– Tudo bem querido. E acredite sua irmã te perdoou. –Sorriu de lado.

– Como você...

– Eu sinto, apenas sinto.

Da mesma forma que o Adam, eu também fiquei surpresa - de novo- com essa mulher. É acho que ela não é uma vigarista como eu pensei.

Depois de pagarmos – o Adam pagou – ela nos levou até a porta. E mais uma vez tive que subir naquela coisa de duas rodas.

O caminho parecia ainda mais longo. Mas eu não estava me importando tanto. Assim era bom, pois podia por tudo no lugar. Tentar entender tudo que foi dito naquele quarto.

Primeiro: Eu sou a chave para liberta o Nathaniel. – E eu não quero libertá-lo.

Segundo: Ele sabe – pelo menos a Margo acha que ele sabe – o porque de não ter partido.

Terceiro: O Adam e o Nathaniel definitivamente não se dão bem.

E ultimo: Aquela mulher sabe de muita mais coisa do que parece.

Bem, acho que de tudo a única coisa que agora quero foca, é tentar descobrir o que afinal o Nathaniel sabe. E nada melhor do que perguntá-lo – sei que não será fácil fazê-lo falar, mas acho que sei um bom jeito de persuadi-lo a me contar. Espero que eu consiga as respostas.

Eu estava tão distraída em meu plano de como obter respostas do Nathaniel que não percebi quando paramos. E não foi bem na minha casa.

– Por que você me trouxe aqui? – Perguntei ainda encima moto.

– Por que eu queria conversa. – Disse calmo e tirou o capacete e assim fiz o mesmo.

– A gente poderia conversar na minha casa. – Disse franzindo a testa.

– Sim, mas o Nathaniel estaria lá.

– Você realmente não se dá bem com o Nate né. – Sai da moto e me escorei ao lado olhando aquela imensidão. – Mas porque parar aqui na Ponte Golden Gate?

– Acho bonito aqui. – Concordei e logo notei que ele estava ao meu lado e bem próximo a mim. – Jullie, você tem que descobrir o que o Nathaniel estar mentido.

– Não acho que ele esteja mentido. – Disse sincera.

– O amor está segando você, Jullie. – Isso foi desnecessário e claro que eu fiquei vermelha.

– E-eu não amo o Nathaniel desse jeito. – Menti. Afinal ele não precisava saber dos meus sentimentos.

– Não vou discutir com você sobre isso, mas de qualquer forma ele está escondendo algo.

– Sei que ele está escondendo alguma coisa, e já sei como descobrir. – Sorri de lado.

– O que vai fazer?

– Nada que você possa ajudar, acredite. Mas relaxa que o que eu descobri eu te conto. – Tentei ser menos grossa possível, afinal eu não poderia dizer que iria seduzir o Nathaniel para ele me falar tudo que sabe.

Ele não disse mais nada, apenas continuamos observando aquela imensidão de água abaixo. A Ponte Golden Gate era realmente um lugar muito famoso aqui em São Francisco, mas era a primeira vez que eu ficava parada tanto tempo aqui.

– Adam? – Cortei o silêncio fazendo com que ele se virasse para mim.

– Oi?

– Você acha que iremos ver o Nathaneil para sempre?

– Você eu não sei, mas eu não pretendo ser assombrado a vida toda pelo fantasma do seu amigo. – Suspirei.

– Eu te entendo. Mas sabe, eu não me importaria de vê-lo sempre.

– Jullie não se prenda a ele. O Nathaniel, não é mais o amigo que você conhecia, ele esta morto. – A sua voz era calma, diferente de quando estávamos na casa de Margo.

– Ele continua o mesmo, sei cada coisa que ele pensa antes dele mesmo dizer, só tem uma coisa que eu não entendo, ou pelo menos não quero me iludir. – Ele parecia confuso me fazendo rir. – Esquece.

– Jullie se a vidente estiver certa...

– Ela é uma médium nerd. – O corte rindo.

– Da no mesmo.

– É acho que sim. – Rimos e ele continuou.

– Se a Margo estiver certa e você for à chave para libertar o Nathaniel... Acho que meio entendi o que ela queria dizer. E como se só você pudesse deixá-lo ir embora. – Eu também tinha entendido isso, só não queria admitir.

– Mas eu não quero que ele vá. Droga, eu fiquei muitos anos sem vê-lo, sabe como dói você querer conversa com alguém e essa pessoa não está lá?

– É eu sei. – Ele não olhava para mim, e eu sei que dei uma mancada, afinal ele tinha perdido alguém, mas não podia vê-la como eu vejo meu amigo.

– Desculpa.

– Ta tudo bem, acho que já estou superando. – Sorriu para mim e aquilo meio que me fez cora, mas por quê?

– Acho melhor a gente ir. – Disse tentando esconder meu rubor com o capacete.

Ele apenas subiu na moto e eu fui atrás. Mas antes da dar partida ele disse algo, mas eu não tinha certeza se ouvi certo. Na verdade eu nem sabia direito o que ele queria dizer com isso.

“- Eu te farei superar.”