- Oi Nate, é eu sei que não devia mais vir aqui, pois afinal o que pensariam se vissem eu Jullie Smale, em um cemitério conversando com o nada? – Eu ri afinal aquela cena era realmente engraçada até mesmo para mim. – Mas quer saber Nate, isso não importa muito...

Pois é, devem estar se perguntando o que diabos eu estou fazendo em um cemitério em plena seis e meia da manhã e ainda mais conversando com sabe se lá quem, mas calma já vou explicar.

Bem, eu costumo vir sempre ao cemitério toda manhã antes de ir a escola, mas não pense que sou algum tipo de macumbeira, pelo amor de Deus, não. É só um pouco melhor. Eu venho aqui para poder conversar com um velho amigo, Nathaniel ou apenas Nate como eu sempre o chamei, ele morreu a mais o menos há seis anos e depois disso eu ainda continuo vindo aqui para conversa como ele. Certo, agora irão pensar que curto necrofilia, ou que sou uma garota depressiva que conversa com mortos, mas calma, não é bem isso.

 O Nate cresceu ao meu lado e sempre foi o meu melhor amigo, então por que depois de morto isso teria que mudar? Depois desses seis anos a única que mudou na verdade, fui eu.

Antes eu que sempre fui uma garotinha chorona e um pouco nerd – tudo bem, talvez eu fosse mais do que um pouco nerd-, tinha um único amigo e mesmo que eu tenha mudado a minha aparecia e o modo como agir, não poderia nunca mudar a única coisa que sempre foi importante para mim... A minha amizade com o Nathaniel Jamnes, o garoto que com apenas doze anos já era o mais popular da escola. Pequeno, mas já com uma beleza que até mesmo as meninas mais velhas suspiravam por ele. E até hoje eu ainda não faço a mínima idéia do por que ele gastava o seu tempo com uma nerd como eu, quer dizer ex nerd.

Para terem uma idéia, eu ainda continuo contando tudo para ele, mas tudo mesmo. Até mesmo foi para ele a primeira pessoa que eu contei sobre o meu primeiro beijo. – E só para deixar claro, eu tenho sim amigas para contar esse tipo de coisa, aliás, agora eu tenho-, mas eu simplesmente me sinto obrigada, não obrigada não, mas sinto a necessidade de contar tudo primeiro há ele, como ele sempre fez comigo. Assim como foi para mim a primeira pessoa a qual ele contou sobre sua doença, fora sua mãe que sempre o acompanhava nas consulta, é claro. Nossa, eu já chorava atoua imagina então o quanto chorei ao saber que meu melhor amigo estava com câncer, foi algo meio que chocante saber que um pequeno tumor no estomago pode tomar conta de grande parte do seu corpo em um período tão curto de tempo, e assim o levando a morte.

É estranho até mesmo para mim o como posso falar sobre isso com tanta facilidade, mas como disse eu mudei e não sou mais a garotinha que sempre chorava por basicamente tudo, aliás, na verdade não me lembro de ter chorado uma única vez se quer depois da sua morte. Acho que todas as minha lagrimas foram embora junto com ele. HAHA’

- Nate, acho melhor eu ir agora se não irei chegar mais uma vez atrasada, mas acredite se eu pudesse ficaria o resto do dia todo falando com você. – Me levantei do chão e ajeitei as tulipas no vazo. – Tchau Nate... S-sinto sua falta.

Disse enquanto dava um singelo beijo em minha própria mão direita e com a mesma toquei sua foto como se assim estivesse beijando o seu rosto como sempre fazia quando ele ainda estava vivo.