Ele gaguejou, levando as próprias mãos à barriga dela.

Kate suspirou, e colocou a própria mão por cima das dele.

Castle balbuciou palavras, como: "não acredito", ou "que bom!", mas ela sentiu que ele não gostara da notícia.

Não podia acreditar que ela carregava no ventre um filho seu. Já haviam conversado sobre filhos, e decidiram que estava cedo demais, para que a pressa? E, de repente, lhes vêm isso!

- Eu sinto muito... - sussurrou ela, duvidosa.

- Pelo o quê? - perguntou ele, ajoelhando-se diante dela.

Aproximou seus lábios da barriga - ainda lisa - dela, e beijou-a com todo o cuidado do mundo.

- Por isso... - e acariciou a barriga.

- Pelo nosso filho? - ela assentiu - Não há motivo para desculpar-se... Kate, ele é a nossa união, nós temos um pequerrucho juntos!

O tom animado na voz dele deu-lhe um pouco mais de segurança, apesar de ela não saber se aquilo era bom ou ruim.

Quer dizer, diga-se de passagem, ela sempre sonhara em ter filhos com alguém que amava, mas, assim? De repente? Não haviam planejado nada. E, ela estava assustadíssima! Seria mãe de primeira viagem, enquanto ele já tinha Alexis.

Tinha medo de se tornar um desastre na maternidade, medo de não fazer nada certo. Ele levantou, depositando uma das mãos na barriga dela novamente, que sorriu constrangida. Esposito entrou na sala, deparando-se com os dois ali.

- Oh, eu não queria atrapalhar... - começou ele.

- Não está atrapalhando, Espo. Na verdade, eu já estava voltando ao trabalho. Paperwork...

••

Ela escrevia com rapidez. Mal reconhecia sua própria letra. As pontadas de culpa vinham à mente como flashbacks, de coisas que nem tinham acontecido. Ela tremeu, sentindo o estômago embrulhar, ao sentir o cheiro de comida.

- Trouxe isto aqui para você, Beckett. - disse a mulher.

- Thanks, sir... But I'll pass it. - disse, suavemente.

Gates sentou-se na cadeira ao lado da mesa dela, deixando a comida bem em cima da papelada. Ela fitou a chefe com desconfiança. Dissera que estava grávida para não pôr seu filho em risco, não para ganhar uma babá!

- Você não pode deixar de comer, Katherine. Seu filho precisa dos nutrientes, não importa se não está com fome, ou se está se sentindo enjoada. O enjôo, dores de cabeça constante e todo o resto, isso é normal. - proferiu. Kate assentiu.

- Mas...

- Não há "mas". Você precisa comer, se não por ti, por ele. - disse, apontando para a barriga dela. Kate engoliu em seco.

Não estava acostumada a tanta atenção. Assentiu, desembrulhando o pacote. Comida chinesa a esperava.

- Obrigada. - suspirou. - Obrigada por não me mandar embora. Acho que eu enlouqueceria.

- Tudo bem, desde que se alimente bem, e não punha-o em risco. - disse, dando uma piscadela - Estou de olho em você.

E saiu.

Kate desembrulhou os palitos, e começou a comer, pondo um bocado na boca. Mastigava lentamente, sentindo a ânsia envolvê-la, mas sabia que não poderia recusar. Era a saúde de seu filho em jogo.

Ryan aproximou-se dela, dando-lhe pequenos tapinhas no ombro. Será que ele sabia?

- Está tudo bem? - ele sabe - Você está estranha hoje...

Ele não sabe.

- Ryan... - começou ela. Castle a cortou.

- Sabe das boas novas? - disse, puxando o colega para longe.

Kate fez um lembrete mental: "Lembrar-me de agradecer ao Castle". E continuou comendo, como se sua própria vida dependesse disto.

O telefone tocou, e ela sentiu a dor de cabeça envolvê-la.

Mais forte do que nunca. Tapou os ouvidos, cerrando os dentes. Esposito aproximava-se, e achou melhor atendê-lo.

- Detetive Esposito na linha. - disse. Ela abriu os olhos. - Não, ela não está se sentindo muito bem, mas eu posso ajudá-lo. Um minuto...

Ela viu enquanto ele transferia a ligação para o próprio telefone, deixando-a sozinha. Não conseguiria ficar no precinto durante a gravidez. Não mesmo.