Apenas Uma Garota escrita por Bruna Lemos


Capítulo 3
Capítulo 3




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“Oi” - estava apreensiva

Fiquei aguardando. Nada. Um leve pensamento o que está fazendo Bruna? Veio a minha cabeça. Mas daí ele respondeu.

“Oi, tudo bem?”

“Tudo sim, e você?”

“Estou bem também.”

“Te vi hoje no ônibus do colégio, mas não nos conhecemos. Mas gostaria que fosse o contrário.”

“Porque não? :)”

“Bom, me sinto uma invasora, mas peguei seu número daqui e enviei uma mensagem.”

“rsrs não se sinta, e aquele número está desativado.”

Aquela pequena decepção por ele não ter respondido sumiu. O papo continuou. Trocamos números e continuamos a conversar. Assim foi durante todo o fim de semana e a semana de carnaval que se seguiu.

Descobrimos muito um sobre o outro. Sua mãe está doente. Bastante doente. Não tem muito tempo, mas ele e a família estão passando por dificuldades. E acho que por contar isso, significa que temos uma intimidade um pouco maior.

Já são dois dias que ele não responde minhas mensagens ou fala qualquer coisa comigo. Meu celular está silencioso.

“Adam, preciso de notícias suas. O que está acontecendo? Me responde.”

E nada. Em pouco tempo me acostumei a conversar com ele e dois dias sem uma noticia parece tortura. Mas então meu celular vibra.

“É minha mãe. Ela piorou muito. Estou me desligando de todos até que ela melhore.”

“Não pode se isolar assim. Você precisa de apoio. Me deixe ajudar, por favor.”

“Está bem.”

“Posso te ligar?”

“Sim.”

Por cerca de meia hora fiquei tentando puxar alguma conversa que não fosse relacionado ao estado da mãe. Eu sabia que ele não estava com cabeça, mas estava se esforçando.

— Eu não sei o que está passando, mas você precisa saber que não está sozinho. E por tudo que me contou, ela vai melhorar. Eu não quero te incomodar tentando mudar o assunto. Se precisar de mim, saiba que estou aqui.

— Eu sei que sim. Eu preciso desligar agora.

— Tudo bem. Até mais.

Meu coração estava apertado. Se há uma coisa que não gosto é ver alguém precisando de ajuda e não poder ajudar.

Nos dias que se seguiram, as conversas foram reduzidas a apenas um oi, tudo bem e como ela está? E todas as vezes em que eu entrava no Facebook, via postagens relativas a mãe. Sejam de pessoas demonstrando apoio ou dele, mostrando o amor a mesma.

Hoje era dia de voltar a rotina do colégio. Havia decidido procurá-lo, até porque ele não se lembrava de mim pessoalmente e novamente, sumiu no fim de semana.

No ônibus, não conseguia escutar uma música alegre. E escutar Hate To See Your Heart Break não ajudava.

A aula de química nunca foi tão longa como a de hoje. Eu precisava vê-lo. De algum modo.

Minha professora de inglês mandou um recado para mim. Assim que se deu o horário de almoço, fui ao encontro dela na biblioteca. Ela estava disposta a iniciar um projeto de pesquisa comigo. Talvez isso me ajudasse a distrair.

Ao chegar na biblioteca, ela estava em reunião com um outro garoto. Se não estou enganada, ele é do terceiro ano. Me aproximei da mesa e ela fez sinal para que eu me sentasse na cadeira. Me sentei e fiquei observando a conversa dos dois. Era sobre um projeto que a pesquisa seria levada a outras escolas. Ela era brincalhona e as vezes dava alguns “puxões de orelha” nele. Ele riu olhando para mim e retribui. Em poucos minutos, sua reunião com o garoto terminou e então se iniciou a minha.

Ao sair da biblioteca, olho pro relógio e vejo que o ônibus dele provavelmente já chegou ou estaria para chegar. Corro para a entrada e minha teoria se comprova. Ele estava descendo do ônibus. Fui então ao encontro dele.

— Ei Adam, oi. Eu sou a Bruna.

— Ah, oi. - me deu um abraço, seguido de um beijo na bochecha.

— E como está sua mãe?

Ele então baixou a cabeça e a levantou novamente, desviando o olhar e eu sabia no meu coração que algo estava bem errado.

 


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Esperando os comentários. =)