Era só mais um dia comum... Inoue Orihime voltara da aula, entrou pela sala e se abaixou pertinho da foto de seu falecido irmão e sussurrou:

_ Estou de volta...

Pendurou as chaves e a bolsa, trocou de roupa e enrolou os cabelos em um coque, abriu a geladeira e começou a cozinhar coisas malucas que costumava comer.

Vivendo sozinha e raramente recebendo a visita de Tatsuki, nunca tinha ninguém para conversar, só lhe restava contar os acontecimentos do dia para o seu irmão, embora agora soubesse que ele estava descansando em paz, e que talvez nem a pudesse ouvir, não havia escolha... A solidão não era algo fácil para ela...

Depois de jantar se sentou e começou a sua rotineira conversa:

_Hoje o dia foi bem legal, almocei com as meninas, e pude passar um tempo ao lado de Kurosaki-kun, apesar de ele nem me notar, foi bom poder saber que ele continua o mesmo cara legal de sempre, às vezes fico pensando se um dia eu vou ter coragem de dizer a ele o que sinto... Será que ele me rejeitaria? É provável que sim, afinal, quem iria se interessar por alguém assim como eu? ... Mas não tem problema, só de estar por perto dele eu já me sinto muito feliz e estou treinando muito para ficar mais forte, quem sabe um dia ele me note... Nunca digo a ninguém o que eu realmente penso, continuo pensando demais para falar, algumas pessoas se divertem com esse meu jeito tapado de ser, acho que me acostumei tanto, que até digo bobagens nada inteligentes para que os outros possam rir um pouco... Boa noite Onii-chan! E assim ela foi dormir.

No dia seguinte tudo parecia normal, mas Orihime não imaginava que a chegada de dois espadas poderia mudar tanto a sua vida, foi ali que ela conheceu Ulquiorra. Depois que eles se foram e dos feridos tratados, Orihime receberia novamente a visita dele, mas essa história já é conhecida de todos...

Após as despedidas, ele voltaria para buscá-la, ela passaria umas “férias” em Las Noches e muita coisa mudaria, não somente em sua rotina, como também em toda a sua vida.

Os dias em e noite naquele lugar eram terríveis e cheios de tensão e medo, mas não tiraram de Orihime a sua forma positiva de viver, porém tudo mudaria quando ela viu a segurança de seus amigos ameaçada, sem poder fazer nada, ela havia perdido a vontade de comer, de viver e todas as suas esperanças, e passava os dias ainda mais solitária.

Em uma noite triste como as demais, ela recebe novamente a visita de Ulquiorra que, sendo responsável pela segurança dela, tenta um diálogo...

_Você não tem comido e isso pode ser uma grande complicação para mim, tenho te observado e percebi que em sua solidão também às vezes fala sozinha e sendo assim tenho algo a lhe propor... Já que minhas tentativas de lhe enfiar a comida garganta a baixo não deram certo, eu poderia lhe fazer companhia enquanto você come, e assim você não se sentiria tão sozinha, o que acha? Falou isso sem nem sequer olhar para ela, ao contrário ficava olhando o céu através da janela acima.

Ela ficou pensativa por um instante e respondeu:

_Porque você faria isso? Com certeza não vê a hora de se livrar de mim...

Ele então olhou diretamente para ela e disse em tom calmo:

_Não é minha vontade que você fique aqui, somente cumpro minhas ordens, mas confesso que será muito interessante aprender mais sobre sua existência... Garota burra.

Ela entendeu aquelas palavras de forma positiva e, percebeu que poderia ser bom ter alguém com quem conversar, depois de tanto tempo que havia passado sozinha, e perguntou:

_Então o que temos aí nessa bandeja? – Já abrindo e confirmando que eram chá e biscoitos. _ Mas o que será que esse Aizen tem, que tanto pede e oferece chá? E sorriu, surpreendendo Ulquiorra, que não esperava que ela pudesse ser amável com alguém que a tinha sequestrado.

Assim todos os dias ele ia até o quarto dela, e passava um tempo ouvindo suas histórias, e percebeu que realmente ela tinha muito a falar sobre Kurosaki Ichigo, também notou que sempre ao falar dele, algo mudava em seu semblante, e se perguntava o que poderia existir entre esses dois? ...