Remexi-me na cama virando de lado e dei um sorriso bobo ao encontrar o Rick com um sono sereno e a respiração calma. Fiquei observando ele dormir por um bom tempo, era tão lindo dormindo, tão quieto.

Estiquei a mão e deslizei os dedos pelo seu rosto quente. Ele remexeu um pouco e abriu os olhos devagar logo dando um sorriso torto.

– Bom dia! – falei num sussurro.

– Bom dia! – ele respondeu se aproximando para me dar um beijo.

Ficamos nos olhando por longos minutos. Eu tenho que confessar que gosto muito dos olhos dele, aquele castanho com o toque vermelho ficando assim com o contraste avermelhado e lindo.

Toquei seu rosto com uma das mãos e me aproximei o beijando. O mesmo beijo quente e doce.

– Não acredito que isso aconteceu mesmo! – falei. – E nem que...

– Psiu! – ele colocou a ponta dos dedos na minha boca. – Agora não! Você pode se lamentar depois! Mas agora não, por favor!

Assenti e dei um sorriso. Ele sorriu de volta e passou ficando em cima de mim. Deu-me um beijo terno e carinhoso.

– Já fizemos mesmo! As lamentações vêm depois, ou melhor, as suas lamentações. Porque eu não vou me lamentar! – ele deu um sorriso malicioso e me beijou de novo.

...

Fiquei olhando ele procurar pela sua camisa no quarto. Os traços perfeitos do seu corpo pareciam ainda mais atraentes agora, os músculos definidos, sua pele clara...

– Claire, onde você jogou minha camisa? – ele perguntou se abaixando para olhar debaixo da cama.

– Está falando dessa aqui? – fiquei de joelhos na cama para mostrar que eu estava vestida nela.

– Estava ai o tempo todo e você me fez ficar procurando? – ele me olhou.

– Quem manda você ser lerdo! – dei um sorriso.

– Você não presta mesmo! – ele se jogou na cama me pegando pela cintura e fazendo meu corpo cair.

– Não, não, não! – ele começou a fazer cócegas em mim. – Rick!

Ele começou a rir junto comigo e assim ficamos ate ele parar, pois estava sem ar e eu também. Ficou por cima de mim.

– Ai, ai! – ele suspirou. – Você é doida!

– Eu né... – suspirei também pegando ar.

Ele se aproximou roçando o nariz no meu pescoço e meu corpo se arrepiou. Ficou distribuindo beijos por ali, ate suas mãos deslizarem por baixo da camisa dele que eu estava usando.

Beijou-me lentamente enquanto suas mãos faziam o trabalho no meu corpo me fazendo gemer. Sua língua deslizou pelo meu pescoço e subiu ate minha boca de novo.

Ele tirou a camisa de mim sem muito esforço e desceu beijos ate as minhas pernas e me olhou malicioso.

– Ric... – gemi quando senti sua língua quente...

Já estava entregue mais uma vez...

...

Tinha algo de errado comigo! Só podia ser isso, viu!

Como ele tinha tanto efeito sobre mim em tão pouco tempo? Isso não fazia sentido algum!

– No que está pensando? – meu corpo se arrepiou com a sua fala no meu ouvido.

– Nada demais! – suspirei e ele se ajeitou de novo me abraçando por trás. – No que está pensando? – repeti sua pergunta.

– Em você! – ele falou confiante e beijou meu pescoço.

Dei um sorriso e fiquei olhando a outra cama vazia.

– Rick?

– O que?

– Não acha estranho tudo isso estar acontecendo? – perguntei me virando um pouco.

– Não! – ele respondeu com naturalidade. – Eu gosto de você e acho que isso já é o suficiente!

Suspirei e rolei na cama ficando em cima dele. Dei-lhe um beijo demorado e calmo.

– Essa é a primeira e a ultima senhor Henrique! – falei.

– O que?

– Primeira e ultima vez que fazemos isso!

– Na verdade foram duas! – ele deu um sorrisinho.

– Engraçadinho! – fiz uma careta. – Você entendeu!

– Por quê?

– Porque isso não está certo! Nem devia ter acontecido! – expliquei.

– Mas aconteceu e foi muito bom!

– Foi! Mas foi a única vez!

– Veremos então senhorita Claire! – ele sorriu.

Dei um sorriso e o beijei de novo.

– Agora se arruma e vamos sair como se nada tivesse acontecido! – falei me levantando da cama.

– Meio difícil, mas tudo bem né! – ele se levantou também e entrou no banheiro.

Peguei uma legg, blusa de mangas e sapatilhas. Vesti a blusa e olhei para ele que já estavam vestido e adequadamente arrumado, os cabelos meio bagunçados dando certo charme e o sorriso travesso de sempre.

– Que foi? – perguntei vestindo a legg.

– Você é linda! Só isso!

O encarei esperando um ataque de risos, mas ao invés disso ele deu de ombros e sorriu torto meio tímido. E se tinha uma coisa que o Rick não tinha era timidez e eu pude ver isso nele neste momento.

Balancei a cabeça e me virei para o espelho. Eu não podia ficar me deixando levar só por um sorriso dele.

Penteei os cabelos e os deixei soltos, entrei no banheiro e lavei o rosto, escovei os dentes e sai.

– Tá linda! – ele falou assim que sai.

– Obrigado! Mas pode parar de fazer seus elogios pra mim! Afinal, você já conseguiu o que queria.

– Estou só falando a verdade Claire! Não quero me veja assim!

– Está bem Rick! – peguei a maçaneta e ele me impediu me encurralando na porta.

– Não estou mentindo quando digo que gosto de você! Nunca faria isso!

Olhei dentro dos seus olhos e pude quase sentir a verdade bater em mim.

Acariciei seu rosto e fiquei na ponta dos pés para lhe beijar e depois sorrir.

– Também gosto de você! – falei sentindo meu rosto corar.

Ele deu um sorriso mostrando os dentes e me beijou carinhosamente.

...

Saímos devagar vendo que não tinha ninguém no corredor, apesar do Rick quase querer gritar que dormiu comigo. Viramos o corredor dando de cara com a Kate.

– Onde vocês estavam? – ela perguntou irritada.

– No quarto da Claire! – o Rick falou primeiro que eu.

– Fui ate seu quarto e o Alisson disse que saiu e não voltou mais! – ela olhou brevemente para mim.

– Pois é! Ele estava lá com a Aline, ai você já viu né! – ele sorriu.

– Eu sei! – ela respondeu meio seca. – Desculpa gente! Mas está tenso demais!

– O que aconteceu? – perguntei.

– Descobrimos quem é o novo assassino da cidade! – ela falou.

– Serio! Isso é ótimo! Vamos lá pegar ele! – o Rick falou entusiasmado.

– Não é tão simples! – a Kate suspirou. – Acredite! Não é!

– Por que não? Quem são? – perguntei.

– Não são vampiros, mas são tão perigosos o quanto!

Eu e o Rick nos olhamos, depois encaramos a Kate.

– São lobisomens!

***

Felipe

Ficar aqui só fazia com que me sentisse ainda mais idiota. Toda essa dor era por causa de uma só vampira maldita.

Suspirei pela decima vez e ouvi a porta se abrir.

– Bom dia Felipe! – era a médica loira.

Apenas sorri, já que falar com essa mascara de oxigênio é quase impossível.

– Tenho boas noticias! – ela sorriu.

A Bia tinha se recuperado?

– Seus resultados nos exames de sangue foram ótimos! – ela desligou o oxigênio e tirou a mascara do meu rosto.

Me senti mal de novo por saber que a não era noticia da Bia.

– Você está de novo se recuperando muito rápido!

– E a Bia? – ignorei a felicidade dela e falei em voz baixa.

Ela se aproximou e senti a tristeza lhe dominar. Ela abaixou o olhar meio sem graça.

– A Bianca está dependendo dos aparelhos para continuar viva. – ela suspirou. – O hospital vai tentar entrar em contato com senhor o João e a senhora Claudia que disseram serem os responsáveis por ela, para conversarem sobre o desligamento dos aparelhos!

– O que? Vocês querem desligar os aparelhos? – senti como uma espada no peito.

– Não há mais nada que possamos fazer Felipe! Ela não está mais aqui! A Bianca se foi.

Fiquei meio paralisado com isso. Ela está praticamente morta! Morta...

Senti as lagrimas se formarem e minha mente girar.

– Não podem fazer isso! – olhei para ela.

– É só uma questão de tempo para ela ir embora literalmente!

– Não podem! – sussurrei.

– Eu sinto muito Felipe! – a médica falou.

– Não podem... Não... Não... – acho que isso me mataria.

– Não podem! – gritei e senti a cama tremer.

– Felipe! – ela me olhou assustada.

– Não vou deixar! – saiu uma voz sombria de mim e tenho quase certeza que meus olhos mudaram.

– O que está acontecendo? – ela parecia assustada e andou ate uma mesa pegando alguma coisa.

Arranquei uns tubos que estavam em mim e forcei meu corpo a se sentar.

– Felipe fica calmo! Você não pode se estressar!

– Não! – gritei mais uma vez e foi o que bastou para ela se aproximar e tentar segurar meus braços enfiando uma seringa em um deles.

–Fica calmo! – ela gritava também e vi alguns enfermeiros entrarem no quarto e segurarem meus braços. Comecei a me debater e a gritar sentindo o chão tremer dessa vez.

Tudo foi ficando embaçado e imagens sendo confundidas. Os enfermeiros agora usavam roupas pretas e a médica tinha um controle nas mãos.

Ela apertou um botão e uma correte elétrica percorreu meu corpo me fazendo gritar e arquear.

Olhei minhas mãos notando que estavam trincando, como se fossem desmanchar. Fiquei desesperado e a dor só aumentava.

– Precisa parar Felipe! Agora! – ela gritou.

– Não, não, não!

Abri os olhos sentindo a respiração faltar e a uma dor invadir meu corpo.

– Felipe! Respirar devagar, devagar! – ouvi a voz da médica do meu lado.

Respirei devagar ouvindo meu coração acelerado.

– Isso! Muito bom. Muito bom! – ela falou com uma voz calma.

Olhei para ela meio confuso e tudo estava normal.

– Tudo bem? – ela me encarou com seus olhos azuis.

Assenti percebendo a mascara de oxigênio ainda em mim. Foi só um sonho estupido!

Ela se aproximou e colocou um aparelho de pressão no meu braço direito. Olhou atentamente e depois sorriu retirando.

– Parece que teve um sonho ruim. Não foi?

Fiz uma careta ao me lembrar e ela apenas sorriu. Aproximou-se e tirou com todo cuidado a mascara de oxigênio do meu nariz.

– Não precisa mais disso! – sorriu.

– Me sinto melhor! – falei com uma voz estranha.

– Que bom Felipe! Nós vamos fazer alguns exames e eu não tenho duvida de que vai recuperar rápido!

Dei um sorriso e fechei os olhos, pois uma dor enjoativa estava começando a se formar.

– Felipe, quem foi que entrou aqui e cortou os aparelhos? – arregalei os olhos para ela e tentei mudar minha expressão rapidamente para parecer mais tranquilo.

– Tenho certeza que você viu quem foi, ou ate mesmo sabe quem poderia ser. Então, me diz!

Pensei um pouco no que falar. Olhei seu rosto preocupado e suspirei.

– Eu não vi quando entraram aqui! Minha cabeça estava meio confusa.

– Não precisa mentir pra mim Felipe. – ela colocou uma mecha dos cabelos loiros atrás da orelha. – Pode me contar o que precisar!

– Realmente eu não sei doutora Liz!

– Liz! Chame-me de Liz.

– Eu não sei Liz! – repeti.

– Tudo bem! Quando quiser me contar alguma coisa que se lembre, vou estar aqui para te ouvir.

– Obrigado!

Ela assentiu, andou no quarto e depois parou perto da cama de novo.

– Preciso atender outros pacientes! Mais tarde eu volto aqui!

– Ate mais! – respondi.

– Ate! – ela sorriu e foi saindo.

Fiquei olhando o teto e me preguntando quando a sorte vinha me visitar. Afinal, eu estou precisando.

***

Rick

Tomei o café correndo sob pressão da Kate e logo tive que correr para a sala do João.

Passei na porta encontrando a Claire encostada na parede observando a Claudia mexer em alguns papeis. Parei do seu lado e dei um sorriso quando ela me olhou.

– O que estão fazendo? – perguntei.

– Parece que estão procurando um sentido para um lobisomem se distanciar da matilha e vir atacar a cidade!

– Vai que ele foi expulso! – fiz uma careta e ela me encarou.

– Você tem razão!

– Que ele foi expulso?

– Não Rick! – ela andou ate a Claudia e começou a falar um monte de coisas.

– Hãm? – me senti ainda mais confuso e fui ate eles.

– É isso Claudia! Ele está que a procura de uma matilha nova e por isso as mortes. Um modo de chamar atenção do alfa! – a Claire falou.

– Faz sentido! – a Kate falou. – Lobisomens geralmente não andam sozinhos, principalmente agora que estão em extinção!

– Se a gente der uma olhada no local onde acontecem ataques frequentes? Podemos encontrar alguma coisa! – a Claire falou.

–Vai dar uma de detetive agora? – perguntei rindo.

– Se for preciso, sim!

– Legal! – falei.

– Podemos ir hoje à noite! Mas antes eu queria ir visitar o Felipe! – a loira falou olhando brevemente para a Claire.

– E quanto ao tiro Claire? – a Claudia perguntou.

– Já sumiu!

– E nós também ficamos sabendo sobre o papel que você viu na cidade! A FEM realmente abriu uma nova caça. Aos quatro elementos! – a Claudia falou mexendo no cabelo curto.

– Se a gente já tinha problemas, imagina agora? – falei.

– Temos muitos problemas! – a Claire olhou pra mim.

– Alguns! – vi a Kate nos encarar e depois fazer uma cara de quem sabe de alguma coisa.

– Então a gente procura hoje à noite? – falei olhando os outros.

– Pode ser! – a Claire respondeu.

– Por mim tudo bem! – Kate.

A Claudia deu de ombros e logo assentiu concordando.

Saímos da sala em silencio e fui puxado pelo braço.

– Nós vamos ir juntos! – a Claire falou.

– Estou sentindo seu amor por mim aumentar! – dei um sorriso me aproximando dela.

– Não é nada disso! – ela me empurrou. – Eu acho que sei quem é o lobisomem perdido!

– Sabe?

– Acho que sim!

– Tudo bem então!

– Ótimo! – ela sorriu.

– O que estão cochichando ai? – a Kate estava do nosso lado.

– Nada demais! Só estava falando para o Rick que preciso de um emprego! – a Claire respondeu.

– Por que será que sinto a mentira no ar e outro clima estranho?

– Mentira? Clima estranho? - falei. - Acho que você está ficando cada dia mais loira.

– Tudo bem! Eu pedi o Rick para fazermos dupla hoje, caso precise! – a Claire me falou e a encarei.

– Ah sim! E esse... – a Kate pensou. – Desejo que está saindo de vocês?

– Desejo? – perguntei.

– Exatamente isso! Desejo que está gritando em vocês dois! – ela explicou.

Cheirei minha roupa e fiz uma cara de desentendido.

– Só sinto meu perfume! – falei dando um sorriso sínico.

–Engraçadinho! – ela fez uma careta. – Acho que vocês sabem do que estou falando. Aconteceu alguma coisa?

– Claro que não Kate! Talvez o seu dom esteja com problemas! – a Claire falou e eu sorri.

– Não aconteceu nada! – sorri. - Tirado a parte que nós fizemos sexo loucamente... Nada demais!

A Claire me olhou e pude sentir sua raiva borbulhar. Dei um sorrisinho e vi a boca da Kate se abrir e ela nos encarar.

– Às vezes dá vontade de matar você! Sabia? – a Claire me olhava quase me destroçando com os olhos.

– Claire! – a Kate quase gritou e um sorriso largo se formou nela. – Não acredito!

– Kate...

– Nem começa! Oh My God! – a Kate começou a rir.

– Eu vou nessa! – falei saindo e a Claire me puxou pela camisa.

– Vou te matar depois que sair daqui! – ela falou cheia de raiva.

– Tá, tá! Mas faz com muito carinho está bem?

Ela rugiu e eu me soltei saindo rapidamente antes que ela cumprisse o que acabou de falar.

– Eu não estou acreditando nisso! – a Kate gritava segurando ela pelos braços. – Você e o Rick?

Comecei a rir e fui andando mais devagar ate chegar ao pátio.

Abri os braços assim que a avistei. Ela veio correndo e se jogou nos meus braços e deu um sorriso lindo.

– Estava com saudades! – falou.

– Também estava com saudades Lu! - dei um sorriso.

– E então?

– O que?

– Você fez o que te falei? – ela se soltou de mim e me encarou.

– Sobre?

– Você beijar a Claire!

– Ah sim! Eu fiz e deu certo! Ate muito certo, mais do que eu esperava!

– Isso é ótimo! São namorados agora?

– Não é tão simples assim Lucy! A Claire é muito teimosa!

– Vocês adultos são tão complicados! – ela revirou os olhos.

– E você é uma doida! – peguei ela pela cintura e a girei no ar.

Começamos a rir ate o João aparecer.

– Ai está você Lucy! – ele falou.

– E ai! – falei e ele sorriu.

– Resolveram alguma coisa? – perguntou.

– Vamos sair hoje à noite para procurarmos! – falei.

– Serio? Eu posso ir? – a Lucy perguntou empolgada.

– Claro que não pirralha! – falei fazendo cócegas nela.

– Mas a diversão toda vai estar lá e eu vou ter que ficar aqui? – ela falou desanimada.

– Quem disse que a diversão não vai estar aqui também? – o João se abaixou do lado dela.

– Não vai ter bandidos para eu lutar aqui! – ela falou.

– Lutar com bandidos é um saco Lu! – falei me abaixando também. – Da próxima você pode ir!

– Quem sabe! – o João falou me olhando.

– Tudo bem! – ela ficou emburrada.

Dei um sorriso para ela que logo mudou a expressão sorrindo também.

Se dependesse de mim ela nunca iria se machucar.

***

Felipe

A porta do quarto se abriu e com ela veio o perfume familiar e bom. Abri os olhos e brotou um sorriso.

Senti-me completamente feliz ao vê-la.

– Oi anjo! – sua voz linda era mesma assim como a aparência de boneca.

– Estava sentindo sua falta Katherine! – falei sorrindo.

– E eu a sua meu anjo! – ela se inclinou e beijou minha bochecha.

– Está se sentindo melhor? – perguntou.

– Um pouco!

– Quer dizer que Jeniffer veio te fazer uma visitinha? – vi certo ódio nos seus olhos dourados.

– Pois é! Uma grande visitinha! – revirei os olhos.

– Felipe, ela não vai mais chegar perto de você nem da Bia! Eu não vou deixar!

– Obrigado Kate!

Ela sorriu e puxou uma cadeira para se sentar do lado da cama.

– Fiquei tão preocupada com você! E fico ate hoje!

– As coisas vão melhorar Kate. Eu espero que melhorem!

– Vai sim anjo! Acho que você merece um tempo de felicidade ainda. – ela suspirou. – A Bia vai ficar bem e tudo volta ao normal!

Assenti e dei um sorriso desanimado.

Eu confesso que senti falta da Kate. É uma ótima amiga e faz uma grande falta!

Conversamos bastante, e ela ate me explicou os novos acidentes que estavam acontecendo e o que houve com a Claire. Definitivamente as coisas estavam longe de ficarem boas!

– Preciso ir agora anjo! – ela falou com tristeza no olhar.

– Foi ótimo ter sua visita!

– Prometo que volto logo!

– Por favor! – sorri.

– Tudo vai ficar bem! Apenas descanse e não tente se preocupar com nada.

– Pode deixar!

Ela se aproximou e beijou minha testa e depois sorriu.

– Fica bem tá! – assenti. - Ate mais Lipe!

– Ate Kate!

Ela saiu e fechou a porta atrás de si.

Eu queria que tudo realmente ficasse bem e voltasse ao normal. Acho que a bia e todos eles eram mais felizes antes. Antes de eu trazer os problemas, ou o problema: Jeniffer.

***

Rick

Sentei-me num banco da praça a fim de esperar os outros para irmos. Já estava escuro e a lua brilhava forte no céu deixando a noite bonita.

Levei um susto com o tapa que ganhei no braço. Virei-me encontrando a Claire com uma cara...

– Eu devia te matar! – ela falou irritada.

– Por quê? – me fiz de desentendido.

– Ainda pergunta Henrique! – ela se sentou do meu lado. – Tive que ficar contando detalhes pra Kate, porque ela não parava de perguntar.

Dei de ombros e suspirei.

– Qual foi à parte de ninguém saber que você não entendeu? – ela perguntou.

– Ela ia descobrir de qualquer maneira Claire! E o que tem isso? Somos livres e desimpedidos!

Ela assentiu e se virou fitando a praça.

– Podemos ir pombinhos? – virei vendo a Kate com um sorriso.

– Podemos sim loira! – levantei puxando a Claire pela mão.

Eu nem sei onde elas estavam indo, mas claro que as segui por uns caminhos escuros e estranhos. Tivemos que correr ate nosso destino e se tinha uma coisa que odeio é correr por ai.

– Tudo bem Rick! Eu falei com a Kate que acho que sei quem é o lobisomem assassino a sangue frio! – a Claire falou assim que paramos próximos a praia.

– Você acha que pode ser o cara que atirou em você, não é? - a Kate perguntou.

– Sim! Se tive tempo de ver alguma coisa, foi o arranhão que ele tinha no rosto! Como garras. Se ele não é o nosso lobo, sabe alguma coisa sobre tal! – a Claire explicou.

– Tudo bem então! Vocês podem ir juntos e eu vou sozinha! – a loira falou.

– Você vai sozinha? – perguntei.

– Sou uma vampira de 171 anos! Sei me defender! – falou.

– Você quem sabe!

A Kate sorriu e sumiu como um vulto correndo do nosso lado oposto.

Olhei a Claire que parecia procurar alguma coisa.

– Por onde começamos? – perguntei e ela se virou.

– Por onde teve mortes!

...

Eu preferia mil vezes estar correndo a procurando em local criminal, dando um de detetive.

A Claire me obrigou a vir numa casa abandona em um lugar afastado da cidade onde um jovem de 21 anos tinha sido morto por um suspeito animal, ou seja, o nosso lobisomem.

– A gente não precisa entrar Claire! – engoli em seco quando olhei a casa assustadora.

– Larga de ser medroso Rick! Anda logo! – ela segurou minha mão me puxando para dentro da casa.

– Se a gente encontrar qualquer coisa por aqui, já vai ser o suficiente! – falou ligando a lanterna.

A casa estava mesmo abandonada. Móveis quebrados, paredes sujas, poeira de sobra. Os pisos eram de madeira e parecia uma mansão antiga.

Liguei minha lanterna e andei devagar atrás da Claire.

– Quem esse cara pensava que era também? – perguntei me referindo ao cara morto. Um detetive do CSI?

– Talvez os trouxeram para cá! – ela falou.

– Pode ser!

Odeio escuro e coisas velhas. Dão-me nos nervosos isso e principalmente escadas compridas. Lembram-me o orfanato pegando fogo.

– Tenho evoluído muito na minha vida! – falei. - Antes eu era a presa a ser caçada e morta para realizar um sacrífico, agora sou o caçador, caçador de lobisomens!

– Para de reclamar! Você poderia ter evoluído para uma cova agora! – ela riu baixo.

– Pelo menos estaria conhecendo o outro lado da vida! O lado bom!

A Claire riu de novo e parou quando chegamos perto de uma escada.

– Que foi? – perguntei olhando para trás.

– Está sentindo?

– O que? – olhei em volta.

– Sangue!

Respirei devagar e o leve cheiro veio quase me sufocando.

– Acho que é uma pista. – falei segurando o braço dela.

Ela se soltou e andou alguns passos ate se abaixar e encostar o dedo em alguma coisa. Virou-se para mim.

– É sangue sim! Mais não é sangue humano!

– E nem poderia! – ouvimos uma voz vir da porta.

– Droga! – resmunguei.

Virei vendo a sombra no escuro e somente os olhos brilharem como de um felino.

– Lugar errado para vocês! – ele falou isso e soltou um rugido fazendo meus tímpanos tremerem.

O vi se mover rapidamente pelo ambiente e quando dei por mim meu corpo havia saído do lugar batendo na madeira da escada.

Balancei a cabeça e olhei sentindo a poeira nos meus olhos pelo vento forte circular.

Peguei a lanterna e vi a Claire movimentar rápido demais lutando com cara que eu ainda não consegui ver o rosto, ou melhor, o iluminei e levei certo susto.

Tinha mudado de forma, era como um felino só que grande, tinha os pelos amarelados e algumas manchas, parecido com um gato com mistura de tigre.

Ele soltou outro rugido e pegou- a de surpresa. Jogando a Claire do outro lado na parede perto da porta.

– Aí bichinho! – gritei e ele se virou para mim. – Ninguém toca na minha dominadora!

Levantei-me e senti meus olhos pegarem fogo e logo as chamas surgiram em minhas mãos. Não me movi do lugar, apenas usei minha força e atirei o fogo para cima dele que desviou e avançou.

Girei no ar batendo um dos pés nele que passou pela porta caindo na grama do lado de fora. Lancei outra bola de fogo na sua direção e sorri assim que o acertou e ele soltou um rugido de dor.

– Tudo bem? – ajudei a Claire a se levantar.

– Isso não é um lobo!

– Percebi isso!

Saímos na porta e havia pegado fogo em algumas madeiras que estavam na grama. Vi ele se sentar de costas já na forma humana.

Eu e a Claire nos aproximamos e ele se levantou olhando meio assustado para nós.

A calça jeans tinha se rasgado e estava como uma bermuda. A camisa tinha desaparecido. Mas não foi isso que me assustou e sim o seu rosto.

Os olhos ainda estavam num tom amarelo, como de um gato.

Arregalei os olhos olhando para ele. Era o mesmo cara. Andei um passo e o olhei bem e minha voz saiu totalmente surpresa:

– Você!