Eu sentia muito a falta de Nico. Agora que éramos eu, Percy e Annabeth, tudo o que eu fazia era ver os dois se agarrando e escutar "elogios" da parte de Annie.

Eu estava preocupada com ele, desde aquele beijo, eu não conseguia mais o tirar da cabeça, e acho que ele também não conseguira  passar uma noite sequer sem pensar nisso. 

Sei que aquele beijo me traria conseqüências, e á Nico também, mas se eu não o beijasse, se eu não me declarasse, viveria infeliz durante anos.

Eu também tenho consciência  de que ele havia gostado, pelo sorriso bobo em seu rosto pude deduzir isso. Pelo brilho em seus olhos.

-Vamos ter que descer. -Annabeth disse ao chegar na cabine com o nosso lanche.

-O que? Porque?

-Percy, encontrei lestrigões na lanchonete. Muitos deles, devem ter rastreado seu cheiro.

-Ah, cara! Qual o problema de se completar uma missão simplesmente levando o que te pedem para levar de volta?

-Tecnicamente você não recuperou o arco... -Argumentei mostrando a tatuagem que agora estava há dois "riscos" da marca.

-Você não está ajudando sabia? -Percy reclamou.

-Temos que encarar os fatos, Cabeça de Algas, Rachel está certa. Você tentou enganar Hades uma vez, por pouco não perde a vida. Se Apolo ficar com raiva, não sei se eu conseguiria viver sem você. -Annabeth colocou as mãos de Percy em seu próprio rosto.

-Sabidinha, eu não vou morrer, se eu morrer, eu... Eu me mato! -Percy sorriu.

-Você é tão esperto Percy! -Ironizei. -Vou arrumar minhas coisas.

-Ele não é dos mais espertos, mas é o mais lindo. -Ouvi Annabeth cantando o namorado quando entrei no banheiro para pegar o resto do que havia ali ficado.

Depois de arrumarmos tudo, conseguimos por pouco escapar do trem sem que os lestrigões nos achassem. Com muito esforço e muita mágica, eu e Annabeth controlamos a névoa e descemos do trem.

-O que fazemos agora? -Percy perguntou encostando numa árvore da floresta em que nos encontrávamos.

-Pessoal, uma hora ou outra, eu terei de lutar, quero uma arma. -Eu falei decidida.

-Não, com certeza não. -Percy Olhou em reprovação.

-E por que não? -Eu e Annie dissemos juntas. -Se eu vou ter que correr risco que seja com proteção! -Eu continuei.

-E se ela vai mesmo com agente  pra uma possível guerra eu que não vou ficar a protegendo. -Annie falou.

-Mas, Rachel, você não tem prática alguma com armas! -Percy retrucou.

-Eu posso ensiná-la! -Annie quase implorou abraçando Percy.

-Por que você insiste tanto que ela lute? -Percy perguntou.

-Por que... Ah, porque sim. Ela tem que aprender a se defender. E porque você insiste tanto que não?!

-Por que... -Percy corou.

Eu por um momento cheguei  a pensar que Percy ainda sentia algo por mim e uma pequena luz dentro de mim se acendeu novamente, como se ele se preocupasse comigo e que tentava me proteger me impedindo de lutar.

Por sorte ou azar, Annabeth deve ter pensado o mesmo que eu e grade parte de sua imensa luz por Percy deve ter se apagado. Ela com os olhos cheios d'água murmurou:

-Sabe Percy, então deixe  nós morrermos por uma garota que nem sequer lutar sabe! Deixe que eu me machuque por uma garota que você gosta tanto não? -E saiu pisando forte.

-Annabeth não, espere! -Percy tentou impedir que ela colocasse o boné de invisibilidade. Tarde e inútil. 

-Percy não fique assim, ela te ama, vai voltar. -Tentei consolá-lo, mas o eco de minhas palavras também se aplicavam a mim.

Os dois se amavam tanto que nem se eu pudesse fazer tudo que Percy queria, lhe conceder a imortalidade, ele não seria meu. Talvez, até seria, mas ficaria comigo pensando nela. E eu nunca tivera a intenção de magoar nem ele nem ela...

-Não Rachel, você a conhece. -Ele gritou chorando.

-Você gosta mesmo dela não é mesmo? -Me sentei.

-Sim, claro! -Ele chorou mais.

-Não fica assim! Não chore, olha, me desculpe por... Por o que quer que seja o que eu tenha feito. Eu não queria magoar você.

-Tá tudo bem Rachel, a culpa não é sua. Annie é que é muito difícil de ser tolerada...

-Mesmo assim me desculpe. -Eu o abracei forte. -Por não poder negar o que sinto.