Shake The Pompoms escrita por Allie Próvier, CarolSwanCullen


Capítulo 10
9. Acertar ou errar: eis a questão.


Notas iniciais do capítulo

N/Allie: ÊEEEE! Demorei, mas cheguei! Consegui convencer a minha mãe a voltar a me emprestar o pc dela novamente, e adivinhem: o meu pc (Que eu pisei em cima. Sem querer, claro) tá no conserto! Ou seja: VOU VOLTAR A FICAR ANIMADA DE VERDADE PRA ESCREVER!
Agora, vamos ao capítulo o/
Espero que gostem!



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9. Acertar ou errar: eis a questão.

Eu era amiga de infância de Tanya. Eu era melhor amiga de Tanya. Eu, Tanya e Edward éramos melhores amigos. Edward era apaixonado por Tanya. Tanya gostava de Edward, mas apenas como melhor amigo. Eu amo Edward. Edward gosta de mim apenas como amiga (ou seria como escrava?).

Eu quero morrer.

– - -

Analisa bem a minha situação, e me diz: o que uma pessoa normal faria?

Uma pessoa normal, provavelmente, iria tentar recuperar a amizade de infância, e tentaria contar para o garoto que gosta sobre os seus sentimentos. Certo?

Mas eu nunca pude ser considerada uma pessoa normal, então tudo o que eu penso em fazer é sumir. Porque, convenhamos, seria um alívio. Muito grande. Muito grande mesmo.

Merda, eu voltei com minha crise existencial. Esqueça o que eu disse, apenas ignore. Eu tenho que ser ignorada. Por que eu não sou mais ignorada? Por que eu tenho que usar aquela bendita mini saia vermelha, e aqueles malditos pompons? Eu odeio pompons. Eu odeio líderes de torcida. Eu sou péssima andando, quem dirá dando saltos. Eu sou péssima cantando também, e minha voz parece piorar quando eu me esgoelo para cantar aquela coisa ensaiada das líderes.

E olha para mim, cara... OLHA PARA MIM! Eu estou loira!

Loira!

– Bella, o que você tá fazendo nessa janela? – Edward perguntou parado na porta do meu quarto.

Bufei, saindo dos meus devaneios. Saí da janela e ajeitei os óculos no rosto, desviando o olhar do dele. Eu me sentei em um puf que havia no quarto e joguei a cabeça para trás, olhando para o teto, sem falar nada.

Edward riu e encostou a porta, vindo até mim e se sentando no chão, ao meu lado, com as costas encostadas na parede embaixo da janela.

– Não estava pensando em se jogar, né?

– Talvez. – resmunguei.

Ele riu novamente. Isso, Cullen. Ria. Ria bastante. Ainda mais quando eu perder o controle e tentar enforca-lo. Vai ser uma comédia bem engraçada.

– O campeonato está chegando. – ele disse pensativo. – O Grande Dia.

– É.

– Nessie me disse que você está bem melhor em relação às coreografias.

– É.

– Você ficou bem com esse cabelo loiro, também. Acho que eu já disse isso.

– É.

– Você vai conseguir.

Engoli em seco.

– É.

Ficamos em silêncio, cada um com seus pensamentos. Ele, provavelmente, com os pensamentos naquela quenga loira.

Droga. Eu me sinto mal em chama-la assim. Ok, não tão mal assim, porque eu ainda lembro de tudo o que ela me fez passar, mas agora que eu tenho algumas memórias antigas, isso parece errado.

Fala sério, eu me vesti de princesinha com ela.

– Você pensa em voltar a ser amiga de Tanya? – ele perguntou.

Suspirei.

– Eu não sei. – murmurei.

– Ela gosta de você. De verdade. A Tanya pode ter parecido ruim, mas ela é uma pessoa maravilhosa, Bella. Você sabe disso, nós éramos melhores amigos quando crianças e...

– Edward, por favor. – revirei os olhos. – Não me venha com esse papinho, certo? E outra: se você lembrava da nossa infância, por que não me disse nada sobre isso?

Ele deu de ombros.

– Cada um foi para um lado. Quero dizer, a Tanya, Nessie, Alice e Rosalie continuaram amigas, e você continuou amiga delas menos da Tanya, e eu ainda falava um pouco com os garotos. Eu não sei ao certo o que fez todos nós nos afastarmos, mas não era a mesma coisa. Sinceramente, eu não lembro de muita coisa também. É meio vago.

Assenti. Edward segurou minha mão, com força. Engoli em seco. Sua mão era grande e quente na minha. Olhei para ele pelo canto dos olhos, e ele me olhava profundamente, com um leve sorriso.

– Eu ainda gosto muito de você, Bella. – ele disse, fazendo um arrepio subir pela minha espinha. – E não importa o que aconteça, eu vou estar ao seu lado. Ok?

Eu assenti fracamente.

– E quanto à Tanya... – ele começou a falar.

Controlei a vontade de bufar e soltei a minha mão da dele, forçando um sorrisinho.

– Eu sei, eu já entendi. Eu vou me esforçar. E ai você vai conseguir o seu tão sonhado encontro com ela. Quer mais alguma coisa? Quer que eu me torne melhor amiga dela novamente para fazer a cabeça dela e fazê-la casar com você? – falei tudo de uma vez, sorrindo falsamente.

Edward, inteligente como só ele era em relação à garotas, sorriu abertamente.

– Isso seria bom! – ele falou.

Eu juro, eu só não soco a cara desse garoto, porque: a) dá pena b) eu tenho preguiça e c) infelizmente, eu o amo.

Só de imaginar Edward machucado, eu me sinto mal. E isso não é bom. É péssimo.

Fechei os olhos e contei até dez, para me acalmar. Edward me olhava sem entender nada.

– Edward, para quê você veio aqui, afinal? – perguntei.

– Eu queria ver se você estava bem... – ele disse, parecendo meio envergonhado. – Você saiu de repente da casa de Tanya, e com o... – Edward fez uma expressão desgostosa, e resmungou: - com o Nathan.

– Ah. Eu estou bem. – falei. – Nathan me trouxe para casa.

Lembrar de Nathan me fez lembrar do beijo. Engoli em seco e senti minha face arder. Droga.

Edward semicerrou os olhos para mim, e eu desviei o olhar do dele.

– Por que está corada?

– Não estou.

– Está sim.

– Não estou.

– Está sim.

– Edward, vai à merda.

De repente, ele estava sério demais.

– Aconteceu algo entre... Entre vocês dois? – ele perguntou.

ELE ME BEIJOU!

– Não. – menti.

– Não minta.

Não é possível que ele me conheça bem assim.

– Edward, você não tem que ir para casa? Fazer os deveres de casa ou ler um livro de aritmética, ou assistir Star Wars, ou qualquer coisa de nerd? – perguntei, tentando desviar o assunto.

Fiquei de pé, me preparando para sair do quarto para ir até a cozinha. Edward em meu encalço.

– Não, eu já fiz tudo. Tanto a minha parte quanto a sua. – ele respondeu.

Eu já tinha até me esquecido dessa parte do nosso acordo.

Minha mãe havia saído com o namorado, o Phil, então eu teria que preparar minha própria comida. O que nunca dava muito certo, então eu esperaria Edward ir embora para preparar um miojo.

– Quer comer algo? – perguntei ao chegarmos à cozinha.

– Qualquer coisa doce.

Revirei a geladeira e consegui achar torta. Separei um pedaço para Edward e lhe entreguei. Bebi apenas suco e nos sentamos à bancada da cozinha. Olhei para a janela da mesma, que dava para a parte da frente da casa, para o gramado e a rua.

Será que eu conseguiria não cair no dia do campeonato? Eu não me importava muito para tudo aquilo, mas caramba, eu estava me esforçando. De verdade.

Senti a mão de Edward sobre a minha novamente, e o olhei. Ele sorriu para mim.

– Você vai conseguir. – ele falou firme.

O problema era: Eu queria conseguir?

– - -

1 mês depois...

Eu não durmo há dois dias. Sabe o que são dois dias acordada, direto, apenas à base de energético, café e Coca-Cola? Mas eu estou bem.

Eu estou otimamente bem.

– Isabella, pare de batucar esse pé no chão. – Rose pediu, me segurando pelos ombros. – Você está com olhos de psicopata.

– Eu estou bem. – sorri abertamente.

Nessie e Alice apareceram atrás de Rose e me olharam cuidadosamente.

– Você, definitivamente, não está bem. – Alice disse. – Bella, se acalme.

– Você comeu algo? – Nessie perguntou, parecendo preocupada.

– Sim.

– O quê? – Rose semicerrou os olhos.

– Energético. E café. E Coca-Cola.

As três reviraram os olhos. Nessie ia falar algo, mas Tanya gritou por elas três, e elas foram até ela. Fui até o lado de fora do vestiário feminino, caçando um bebedouro. Virei uns dois corredores e, finalmente, encontrei um. Mal bebi um gole de água e senti um par de mãos em minha cintura.

Nathan.

Sorri para ele, e ele me abraçou.

– Você fica uma graça com esse uniforme. – ele riu.

– Eu pareço um tomate. Eu sei que pareço. É tão vermelho, e ofuscante, e curto, e essa saia é rodada e essa blusa parece que encolheu, era parece menor e mais apertada e...

Nathan colocou uma mão sobre os meus lábios.

– Bella, o que aconteceu com você?

– Eu estou bem. – sorri.

Ele balançou a cabeça levemente, descrente.

– Você dormiu? – ele perguntou.

– Talvez. Um pouco. Um pouquinho mesmo, quero dizer... – engoli em seco. – Não.

Ele riu.

– Se acalme, ok? Vai dar tudo certo.

Respirei fundo, e assenti. Logo voltei para o vestiário, e ele foi para o local onde aconteceria os jogos.

– - -

Eu podia estar matando.

Eu podia estar roubando.

Eu podia estar estudando.

Mas eu estou aqui, com um par de pompons vermelhos nas mãos e uma mini saia. E um top que mal cobre minha barriga. Por quê? Porque eu fiz um maldito trato com Edward Cullen.

Maldito o dia que eu decidi falar a verdade para Edward Cullen.

Aqui estou eu, cinco meses depois daquele dia do acordo. Depois de ter passado por um monte de vergonha por Edward para tentar fazê-lo conquistar Tanya, esse é o nosso último plano.

E definitivamente, o pior de todos.

Fechei os olhos, gemendo de frustração. Porque eu concordei com aquele absurdo? Céus, eu estava tão ferrada!

– Você está tão linda! – Rose disse, sorrindo abertamente enquanto me avaliava.

– Eu estou patética. Essa coisa está me apertando, sufocando e...

Rose revirou os olhos.

– Bella, vermelho cai super bem em você! – falou. – Se sente preparada?

– Eu nasci não me sentindo preparada. – falei.

Saudades animação.

Rose ia falar mais alguma coisa, quando uma das líderes a chamou. Ela pediu para eu esperar um pouco e correu até a outra garota. Acho que o nome era Lauren.

Sim, sim. Era Lauren. Eu lembro que a derrubei na semana passada e ela quase quebrou a cabeça no chão da quadra porque eu espirrei enquanto fazíamos aquela torre. Caramba, era uma garota em cima da outra! Estava pesando, e eu estava com alergia desde cedo. Eu não podia prender o espirro.

Senti me cutucarem nas costas e, quando me virei, vi o causador dos meus pesadelos e tormentos.

– Caramba, esse uniforme ficou bem em você! – ele disse olhando para as minhas pernas.

Eu vou pegar esses pompons vermelhos brilhantes e enfiar nos cornos desse infeliz. Senti meu rosto esquentar e engoli em seco.

– Diz logo o que você quer. – falei entredentes.

Ele riu, cruzando os braços.

– Eu apenas vim ver se você estava bem. – falou.

– Não estou.

– Imaginei que não.

Bufei, desviando o olhar dele. Edward suspirou.

– Me desculpe por te enfiar nessa confusão. – ele falou, parecendo arrependido.

Dei de ombros.

– Eu tenho todos os meus deveres de casa sendo feitos, para mim está ótimo. Com exceção dessa roupa. E esses pompons. E ter que aturar Tanya gritando no meu ouvido e me chamando de incompetente.

Edward fez uma careta bonitinha, e suspirou novamente.

– Será que ela vai cumprir com a promessa dela? – ele perguntou. – Ela disse que aceitaria sair comigo se você conseguisse pular naquela acrobacia doida delas, não é?

– O negócio não é se eu vou conseguir pular, e sim se eu vou sair viva disso tudo. – resmunguei. – E sim, foi exatamente isso que ela falou.

– Você vai conseguir?

Engoli em seco.

Bom, eu acho que, no mínimo, eu vou sair com algo quebrado. Mas vamos deixar o menino feliz? Vamos.

– Claro! – falei, forçando um sorriso.

Edward passou as mãos no rosto, claramente ouvindo a mentira em minha voz.

– É a minha última chance, Bella. Por favor...

Lá vem ele com essa ladainha novamente. Até alguns dias atrás ele não estava confiante de que eu iria conseguir? Cadê a animação?

– Eu vou conseguir ok? Se eu não conseguir, você pode me xingar. – falei.

Ele riu e assentiu.

Rose me chamou e falou que Tanya mandou todas nós nos reunirmos. Eu me virei para Edward para me despedir, e rapidamente ele me puxou e me abraçou.

Engoli em seco, sentindo meu coração dar um salto.

Droga, logo agora que eu bati meu recorde de controlar meus sentimentos perto dele por tanto tempo!

– Obrigada. – ele murmurou em meu ouvido. – Mesmo que você não consiga... Tudo o que você fez por mim até agora foi mais do que qualquer outra pessoa fez.

Assenti, me controlando para não pular em cima dele e me agarrar àquele peitoral magnífico como um macaquinho. Ele estava com o corpo diferente, devia estar malhando escondido, não é possível.

Controle-se Isabella.

Controle-se.

Desconcertada eu encostei minhas mãos em suas costas largas e meus olhos reviraram.

Caramba, ele tem músculos tão durinhos e bem definidos e...

Eu estou virando uma tarada. Droga.

Dei uns tapinhas em suas costas e sorri sem graça. Edward me soltou e sorriu, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.

– Vai lá e dê uns mortais duplos! – falou animado.

Dei uma risadinha sarcástica.

– Mortais duplos... Direto para a morte. – falei.

Edward riu, cruzando os braços. Peguei meus pompons e me virei indo rapidamente até Rose, que me lançou um olhar malicioso.

– Você e o Cullen, hein... – ela disse, me cutucando.

Revirei os olhos.

– Não viaja. – murmurei.

Rose riu e jogou um braço sobre os meus ombros. Enquanto íamos até a quadra, Tanya passou a andar ao meu lado e chegou perto do meu ouvido, sussurrando:

– Se conseguir, eu saio com o seu amiguinho. Se não... – ela me lançou um olhar cortante, e eu engoli em seco.

Tanya estava atacada esses dias. Nem parecia que até alguns dias atrás estava querendo retomar amizade e “ser o que era antes”. Até com Rose, Nessie e Alice ela estava seca. Elas disseram que ela sempre ficava assim quando estava nervosa.

E... Era agora ou nunca.

Edward precisava de mim. Suspirei.

Nós nos posicionamos no meio da quadra, antes do time entrar, e todos na arquibancada gritaram. As líderes sorriram, jogando os cabelos, e eu fiz careta. Bem na minha direção, de pé no meio dos outros, Edward sorriu para mim. Mas logo seu olhar parou em Tanya, e um brilho passou por seus olhos e seu sorriso se tornou maior.

Meu coração perdeu uma batida.

Eu conseguiria mesmo fazer isso? Eu conseguiria mesmo fazer todas aquelas acrobacias sem sentido para jogar o cara que eu gosto nos braços de uma... Argh.

Que droga.

Suspirei. Era agora. Eu tinha que decidir...

Ou eu dava os mortais lá do alto da pirâmide de garotas em direção ao chão e, - consequentemente – em direção ao hospital e fazia Tanya ficar satisfeita, e ela sairia com Edward e ele teria a chance que sempre quis...

Ou eu errava de propósito, fazia Tanya ficar irritada comigo e Edward chateado. MAS... Eu teria uma chance, talvez. Sabe, de mostrar que eu posso ser melhor do que a Tanya e...

Oh cara, eu não sei o que fazer.

– Preparadas?! – Tanya gritou.

Nunca estive tão menos preparada.

– Três... – ela começou a contagem, e todas se posicionaram. – Dois... – ai meu Deus, vou ter um AVC! – Um!

Acertar ou errar: eis a questão.

Tudo estava correndo bem. Eu havia melhorado, e muito, em relação à coreografia. Foi fácil... Até a parte principal.

Respirei fundo, sentindo as mãos de Nessie e Alice segurando meus pés. Eu teria que pular lá de cima.

Passei os olhos pela arquibancada, e todos observavam ansiosos. Edward me olhou, e sorriu. Desviei o olhar rapidamente, e voltei a me concentrar.

E fui.

3 segundos depois, as pessoas da arquibancada gritaram. Mas não foi um grito animado. Encostei a testa no chão, sentindo uma dor absurda subir por toda a minha perna. As meninas me rodearam, alarmadas.

– Está doendo... – gemi.

Nessie, Rose e Alice rapidamente se ajoelharam ao meu redor.

– Onde dói? – Rose perguntou, levando uma mão até a minha perna.

Rose tocou minha panturrilha e eu gemi, sentindo as lágrimas virem aos meus olhos.

– Droga, ela deve ter lesionado! – Alice falou. – Tanya!

Tanya rapidamente veio até nós, a expressão preocupada.

– Acho que ela lesionou a panturrilha. – Nessie falou. – Temos que leva-la ao vestiário.

Nessa hora, os garotos do time entraram. A torcida logo desviou a atenção de nós, e gritou por eles.

Nessie e Rose me ajudaram a ficar de pé, cada uma me apoiando de um lado do meu corpo, enquanto Tanya falava para as outras meninas ficaram por lá mesmo, logo nos acompanhando. Estávamos saindo da quadra, quando Edward apareceu na nossa frente.

– O que foi que...

– Edward, fale menos e aja mais! – Tanya falou. – Nos ajude a levar a Bella até o vestiário!

– Como?

Nessie e Rose bufaram, e praticamente me jogaram para ele. Ele me pegou no colo, e eu engoli em seco. Logo estávamos no vestiário, e as meninas foram buscar gelo e água para mim, e algum remédio.

Ficamos só eu e Edward.

Eu me ajeitei no banco de madeira que havia em uma das paredes, e amarrei meu cabelo em um coque frouxo. Minha mão estava gelada, então a coloquei em minha testa. Isso sempre me acalmava.

– Dói muito? – ele perguntou agachado na minha frente e olhando a minha perna lesionada.

– Nem pense em tocar. – sussurrei.

Ele assentiu sério.

Look What You've Done - Jet

– Você foi bem... – ele falou. – Até o final.

Ele sorriu de forma debochada. Ele estava irritado. Era visível.

– Me desculpe. – murmurei. – Eu mal vi quando saltei.

Ele ficou de pé, colocando a mão nos bolsos da calça.

– E isso porque você falou que ia dar o melhor de si. – ele riu sem humor. – Se esse era o seu melhor...

– Me desculpe, ok?

– E se ela não quiser sair comigo agora? – perguntou com a expressão séria. – Você conseguiu estr...

Ele parou de falar, e engoliu em seco. Balançou a cabeça e suspirou.

– Fale.

Ele me olhou nos olhos, e sorriu do jeito debochado novamente. Senti minha garganta doer. Eu queria chorar, porque: a) eu dei, sim, o melhor de mim e b) ele era um imbecil completo.

– Você conseguiu estragar tudo. – ele falou.

Sorri amarga, desviando o olhar do dele. Senti meus olhos arderem, e respirei fundo, tentando controlar a vontade absurda de chorar. Minha perna doía, e eu mal conseguia mexê-la.

Sorri da mesma forma debochada que ele, e bati palmas. Vagarosamente, uma por uma.

– Belo discurso, Cullen. – falei. – É claro, a culpa é toda minha, porque só eu tenho atitude aqui, certo? Se você queria tanto sair com Tanya, se gostava tanto dela assim, podia ao menos tentar ser um homem de verdade uma vez na vida, e correr atrás, ao invés de depender uma garota até para isso. – Edward semicerrou os olhos, e torceu os lábios. – Se eu fiz tudo isso, foi por você, idiota. Eu não precisava, e nem queria, nada disso! Andei com pessoas que não tinham nada a ver comigo, me esgotei fisicamente para fazer tudo certo, pintei a merda do meu cabelo com uma cor ridícula, e agora, não consigo mexer a minha perna! Tudo porque um moleque, - não um homem, um moleque – não tem capacidade suficiente de conquistar uma garota!

– Eu conseguiria sozinho!

– ENTÃO POR QUE NÃO TENTOU?! – gritei. – Por que não foi até Tanya e abriu o jogo, e continuou insistindo?! Se queria tanto, que se esforçasse! Agora quer vir até aqui, e jogar a culpa toda em mim? Isso é fácil, não é? Não foi você que fez tudo o que eu fiz, então é fácil falar!

Edward desviou os olhos de mim, e eu vi que se envergonhava. Mas não iria se desculpar. Eu sabia disso.

Edward era mesmo um moleque. Talvez seja por isso que Tanya nunca tenha dado uma chance para ele.

– Você nunca vai passar do posto de “melhor amigo de infância” da Tanya. – falei firme. – Aceita que dói menos.

Foi eu terminar de falar, para Edward sair em disparada do vestiário. Quando passou pela porta de saída, ouvi vozes femininas dizerem “Ai!”, e logo o silêncio novamente. Nessie foi a primeira a aparecer, com Alice, Rose e Tanya logo atrás. Elas haviam escutado tudo, era óbvio só de olhar para elas.

– Bella... – Nessie murmurou.

Eu não a deixei continuar. Apenas estendi a mão para Rose, e ela me entregou o copo d’água. Elas se entreolharam, e Tanya suspirou, sendo a primeira a se agachar na minha frente com uma caixa de primeiros socorros nas mãos.

Ela me olhou, e sorriu levemente.

– Você foi ótima. – ela disse. – De verdade.

– Não quer me matar? Eu estraguei tudo. – murmurei. – Por mais estranho e inacreditável que pareça, eu só aceitarei que você me culpe, porque... Sim.

Ela sorriu, balançando a cabeça e colocando meu pé cuidadosamente sobre o seu colo.

– Você foi incrível, Bella. – ela afirmou. – Nem eu posso te culpar. De nada.

Assenti, e a conversa acabou.

– - -

Tive um Estiramento na Panturrilha. Uma lesão de grau 2, que é quando o músculo da panturrilha é exigido demais e há um rompimento parcial do músculo. Eu havia um pouco de mal jeito na hora do salto, e esse foi o que bastou para ferrar de vez. Agora, eu teria 1 mês para ficar de repouso. Eu ainda teria que ir para a escola, infelizmente, mas mesmo assim eu teria algum privilégio. Ao menos isso.

– Bella, a Nessie está no telefone. – minha mãe falou na porta do quarto.

– Fala que eu morri.

Enfiei uma mãozada de pipoca na boca, e dona Renée revirou os olhos. Mesmo assim, ela fechou a porta e foi falar para Nessie, provavelmente, que eu ainda não queria saber de vida social.

A verdade? Eu estava chateada. Muito. E com dor, também. Quem Edward pensava que era para me tratar daquele jeito? Pelo amor de Deus, ele mesmo disse que ninguém nunca havia feito tanto por ele, E EU FIZ!

Bufei, deixando o pote de pipoca de lado e ignorando o lindo do Chris Evans. Eu estava realmente mal. O Chris estava ali, na minha frente, em HD numa tela enorme e sem camisa sorrindo de uma forma sexy, e eu estava amuada por causa de Edward Cullen.

Só não levanto e me jogo pela janela, porque não consigo nem virar meu corpo na cama. É sério, a minha panturrilha dói muito. E não foi apenas pelo salto, mas por todo o esforço dos últimos dias. Eu já sentia algumas dores, mas ignorei, e isso só agravou.

E agora aqui estou eu, linda em todo o meu glamour. Afundando em pipoca e chocolate. Mais fim de carreira do que eu, só a Madonna.

Meu celular tocou, e quando olhei o visor, vi que era um número desconhecido. Atendi.

– Alô.

Bella? Sou eu, Seth.

Wow.

– Oi, Seth. Como conseguiu meu número?

Charlie ligou para a sua casa, para saber de você, e... Sua mãe contou o que aconteceu.

Suspirei.

Você está bem?

– Mais ou menos... Minha perna dói bastante, mas eu vou ficar bem.

– Eu queria saber se... Espera aí, Leah. Deixa de ser chata, gar... – de repente, a voz de Seth sumiu, e Leah era quem falava. – BELLA!

– Oi, Leah. – sorri.

Eu fiquei preocupada com você! – ela disse. – Posso ir na sua casa? Eu fiz bolo de chocolate, o Charlie disse que você adora bolo de chocolate e que isso sempre fazia você se sentir melhor quando era criança!

Sorri. Charlie lembrava disso?

– Ok, tudo bem. Pode vir, sim.

Seth tomou o celular da mão de Leah.

Posso ir também? – ele perguntou.

Eu ri, e disse que sim. Logo nos despedimos, e eu gravei o número de Seth no meu celular. Gritei pela minha mãe, e ela apareceu toda afobada.

– O Seth e a Leah vão vir pra cá, tudo bem? – falei.

Renée sorriu, e assentiu. Ela não tinha nada contra eles dois, nem contra Sue. Assim como meu pai não tinha nada contra Phil. A separação dos meus pais foi amigável, entre eles. O problema sempre foi comigo e meu pai... Mas isso não importava mais, eu acho.

Minha mãe me ajudou a ir até o banheiro. Uma coisa boa: agora, com a perna machucada, o ideal é que eu só tome banho de banheira.

Sorri igual criança quando sentei na banheira, na água quentinha. Renée riu e me deixou sozinha. Fiquei alguns minutos submersa e logo tratei de me lavar, para gritar pela minha mãe em seguida.

No início eu achei que isso a irritaria, mas ela parecia até feliz. Feliz demais. Talvez porque geralmente eu não precisava muito da ajuda dela para as coisas, e Renée é o tipo de mãe “grude”.

Não demorou muito, e eu ouvi a campainha tocar do quarto. Minha mãe atendeu, no primeiro andar, e logo Leah e Seth apareceram no meu quarto.

Bella! – Leah falou meu nome carinhosamente, vindo até mim e me abraçando apertado.

Seth sorriu tímido, e me abraçou também, dando um beijinho em meu rosto. Logo Leah desatou a falar, - tagarela como só ela era – e me mostrou o bolo que havia trago para mim. Passamos bastante tempo conversando, e eles me contavam dos preparativos do casamento de Sue e Charlie.

– Temos que tirar um fim de semana ainda nesse mês para vermos os nossos vestidos. – ela disse, animada. – Seremos as damas, então, temos que estar...

– Quê? – quase me engasguei com o bolo. – Dama? Que dama?

Leah riu.

– Seremos as damas, Bella. Eu pensei que soubesse. – ela falou. Pela minha cara, logo percebeu que eu não sabia de nada. – Bom, agora sabe, então, temos que ver vestidos perfeitos. Ok?

Fiz careta, e Seth riu.

– Já vai querer usar a Bella como boneca, Leah? – ele provocou.

Leah revirou os olhos, e continuou contando dos detalhes do casamento. Seth, logo enjoado daquele assunto, foi jogar no meu videogame. Ele puxou um puf e colocou no meio do quarto, se largando no mesmo, enquanto jogava com os olhos vidrados na TV que havia na parede.

Logo o assunto entre eu e Leah mudou.

– Briguei com o Sam ontem. – ela murmurou, sentada ao meu lado e com as costas encostadas na cabeceira da cama. – Não sei se ligo para ele, ou não.

Suspirei. Leah era uma pessoa legal, e estava partilhando algo dela comigo. Eu gostava dela, de verdade, e de Seth. Tinha algo neles, eu não sei o quê, mas me fazia querer ficar cada vez mais perto, sabe? Eu os tinha como irmãos, de verdade. E eu via o quanto eles tentavam se aproximar de mim, ainda mais Leah (e ainda mais com o rumo que nossa conversa tomou), mas era algo leve e espontâneo. Não era uma aproximação forçada.

Por isso, eu resumi os últimos meses para ela. Em voz baixa, mesmo que Seth parecesse estar em outro mundo. Falei sobre Edward, - sobre como o conheci, sobre o nosso trato – e sobre como eu comecei a gostar dele e todas as outras descobertas, como aquele batalhão de gente que conviveu comigo a minha infância inteira, e eu nem fazia ideia disso.

E, por fim, sobre o episódio caótico da minha queda rumo ao hospital. E sobre todo o carinho e preocupação de Edward pelo o meu estado.

– Esse garoto é um idiota. – ela disse, parecendo realmente irritada.

– E mesmo assim eu me apaixonei por ele. – murmurei mais para mim mesma. – O que eu tenho na cabeça?

Leah suspirou, e segurou minha mão, me fazendo olhar para ela.

– Bella, se você se apaixonou por ele, é porque ele tem algo bom. Ok, ele foi um tremendo imbecil com você, mas mesmo assim... Tenta mostrar para ele que você é melhor do que essa Tanya. E quando ele estiver de quatro por você, chute a cara dele.

Ri alto, e ela me acompanhou. Seth nos olhou assustado devido a nossa risada, e logo balançou a cabeça, voltando sua atenção para o jogo.

Continuamos conversando, até que começou a anoitecer. Os dois se despediram de mim e foram embora. Phil veio nos visitar, para ver como eu estava, e havia trago doces.

Essa coisa de ficar doente, e tal, é bem legal.

Jantei com Renée e Phil, e como eu sabia que os dois ficariam de “mimimi” no sofá da sala assistindo algum filme, eu logo escovei os dentes e fui deitar na cama com a ajuda da minha mãe.

Ela saiu, fechando a porta. Fiquei alguns minutos olhando para o teto do quarto e prestando atenção no barulhinho quase inexistente do ar-condicionado.

– Você conseguiu estragar tudo.

Respirei fundo, tentando controlar. Mas não deu. Minha garganta fechou, e meus olhos arderam. Logo eu afundei meu rosto no travesseiro, enquanto tentava abafar os soluços.

Realmente, eu sou uma idiota.


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Notas finais do capítulo

N/Allie: Podem xingar o Edward a vontade, eu deixo. Sério.
Mas e aí? Gostaram? Eu sei que eu tenho andado (MUITO) enrolada com as postagens de STP, mas prometo que vou tentar adiantar isso, gente. Até porque a fic já está em reta final! O que vocês acham que vai acontecer? *-*
REVIEEEEEEEEWS! hahahah.

Ah, para quem não sabe, eu postei 2 FICS NOVAS!
Caindo no Mundo:
http://fanfiction.com.br/historia/422350/Caindo_No_Mundo
Midnight Secretary: http://fanfiction.com.br/historia/422301/Midnight_Secretary/

Quem puder dar uma passadinha nelas e me dizer o que acha... ♥
Agora, é com a Carol! HUAHUHAUHUA.
Beeeeeeeijos!