Edward

Decididamente Bella estava estranha. Ela era transparente demais e eu sabia que algo estava incomodando. Tentei falar sobre isso com ela, mas sempre se esquivava e dizia não estar acontecendo nada e que estava tudo bem. Aquilo era mentira e estava me dando nos nervos.

Comecei a trabalhar em casa, vez ou outra tinha que sair para visitar algum cliente. E estava me dedicando ao marketing. Estava funcionando, claro, ainda tinha poucos clientes, mas sabia que mantenho meu nível de trabalho em excelente como fazia questão sempre, meus clientes iriam multiplicar.

Peguei-me brincando com a ideia de talvez abrir um pequeno negócio. Era óbvio que precisaria de muito estudo e dedicação. Mas isso seria para o futuro. Estava mais interessado no momento, na preparação do meu casamento. Com um pouco de insistência, consegui um consentimento de Bella sobre a data. Ela optou por não se casar na igreja, e sim em uma casa de cerimônia muito elegante que me mostrou em uma revista. Alice adorou e já estava com a mão na massa.

Mesmo com toda essa felicidade, algo estava errado. Às vezes quando olhava para Bella via um vinco entre seus olhos, os cantos dos lábios levemente arqueados para baixo. Ela estava me escondendo algo, mas não me enrolaria mais. Bella falaria o que estava acontecendo ou eu descobriria.

Comecei a prestar mais atenção nela. Descobri que além do algo que estava me escondendo, ela também andava tendo mal estar. Sondei com a Alice, mas ela pareceu não saber de nada. De alguma forma teria que saber o que se passava com minha noiva. Ela tinha que confiar em mim, isso estava me irritando um pouco.

Decidi passar no estúdio para conversarmos durante o almoço, já que tinha me dito pela manhã em meu apartamento que o movimento seria tranquilo no estúdio. Na sala de espera não havia ninguém, caminhei até onde sabia que ficava o balcão de Bella. Vi que ela estava com alguém, Bella em uma das salas e o outro alguém no banheiro, identifiquei a voz de Ângela. Falavam alto, descontraída sem saber que eu estava ali. De repente senti vontade de continuar quieto ouvindo o que elas diziam.

– Isso não está certo Bella. Você tem que parar com esse medo sem sentido. Edward entenderá. – Ângela falou e diante dessas palavras recuei um pouco para me esconder e ouvir o resto. Sei que isso não foi certo, mas eu tinha que saber.

– Não sei se ele está pronto para essa notícia. Eu ainda tremo. – Vi que Bella mexia em alguma coisa, sua voz saiu abafada. – Edward descobriu o amor agora e ainda vamos nos casar... Tenho medo. – E eu tive também. O que ela me escondia que temia tanto?

– Pelo menos vá até o hospital e faça os exames que tem que fazer. – Ângela saiu do banheiro e sentou em uma das cadeiras. Como assim hospital?

– Certo, marcarei com você e verei a médica que me indicou.

– Ela é ótima profissional e é muito amável. Você e o bebe estarão em boas mãos. – Bebe? Bebe?! Eu seria pai?

– Obrigada Ângela. Você é uma ótima amiga. – Bella saiu da sala e sentou-se ao lado de Ângela. Eu teria ouvido direito? Meu coração disparou e senti que meus dedos gelaram.

– Bella? – Não suportei mais e me revelei. As duas assustaram-se.

– Ed? O que esta fazendo aqui? – Bem típico de quem foi pego de surpresa. Bella parecia apavorada ao levantar para me beijar.

– Vim te levar para almoçar.

– Porque não me avisou antes? Estava planejando comer um sanduíche com a Ângela mais tarde. – Ela estava me descartando? Ainda fugido.

– Sei que ela não se importará, não é mesmo? – Olhei para Ângela que também parecia assustada.

– Claro que não. Podemos almoçar outro dia.

– Parece que não gostou da minha surpresa. – Então até quando ela iria esconder a gravidez para mim?

– Que ideia Ed, é claro que adorei a surpresa. – Ela tentou sorrir, mas notei o tremor em seus lábios.

– Bem, terei que ir agora. – Ângela levantou-se. – Cuide-se. – Falou antes de abraçar Bella. – Até mais Edward.

– Até mais Ângela. – Ela se foi, deixando-nos sós com aquele clima de suspeita.

– Para onde iremos?

– Pensei em te levar naquela pizzaria do outro dia. – Lá era bem reservado e poderíamos conversar à vontade sem que ela se sentisse intimidade, era o que pensei anteriormente.

– Muito bom. – Ela tentou sorrir novamente. – Deixe-me pegar a bolsa então. – Ela foi atrás do balcão e pegou sua bolsa. – Podemos ir se quiser.

– Antes gostaria de perguntar uma coisa. – Bella estacou em minha frente. Pude ver a mudança do seu corpo. Ela estava tensa, rígida, como enraizada no chão. Sua fisionomia era quase de pânico.

– Sim? – Saiu quase como um sussurro.

– O que está acontecendo Bella? – Dei-lhe uma chance para me dizer.

– Não está acontecendo nada Edward, já lhe disse isso.

– Certo. – Respirei fundo. Bella era mesmo cabeça dura. Queria saber por que ela escondia a gravidez. O que ela estava pensando? – Farei outra pergunta. – Bella assentiu. – Até quando pretendia esconder de mim a sua gravidez? – Bella abriu a boca, mas não falou nada. Esperei pacientemente.

– Eu... – Murmurou.

– Responda Isabella, até quando pretendia esconder o fato de estar esperando um bebe?

– Você nos escutou?

– Sim. Tive que saber desta maneira, porque estava preocupado e temia o que a minha noiva escondia de mim.

– Ed, eu não estava escondendo...

– Ah não? Por que Bella? Por quê? Eu não merecia saber que serei pai?

– Não é isso. Eu estava com medo.

– Medo? De quê?

– De você não gostar da ideia. De você achar que é pressão de mais, para inicio de um casamento. Que você achasse que eu estava forçando a barra.

– Você é absurdamente louca. – Falei sério para ela.

– Ed...

– Isabella Marie Swan. – Bella estava chorando nesse momento, segurei-a na altura dos ombros para que me olhasse de frente. – Qual parte de que quero construir uma família contigo você não entendeu? E quando digo família, quero dizer: Você, eu e nossos filhos.

– Ed, não está apavorado? Não quer fugir?

– Estou apavorado meu bem, porque quero ser o melhor pai do mundo. E fugir? Fugir do que mais queria na vida? – Bella me abraçou e beijou e adorei aquele gesto de amor.

– Estou apavorada também.

– Aprenderemos a ser pais juntos. Só espero que ele não se incomode de passar a Lua de mel conosco. – Ri divertido. - Você me faz tão feliz meu amor!

Bella

Fui uma boba em temer contar sobre a gravidez para Edward, mas ele aceitou melhor do que eu mesma. Com o entusiasmo dele, temi um pouco menos a verdade em ser mãe, ter essa responsabilidade nas mãos. Um ser totalmente indefeso, precisando de você para tudo e ele estava crescendo neste exato momento dentro do meu ventre.

A notícia se espalhou para todos os amigos, Edward fazia questão em dizer que seria pai dali a alguns meses. Minha irmã e mãe enlouqueceram ao telefone. Todos estavam amando a notícia e o Edward mais relaxado e próximo. Só um assunto era tabu entre nós: Rosie e Emmet. Mas ainda tentaria mais uma vez a conversa, depois do ultrassom que estava marcada.

Edward parecia mais nervoso do que eu naquela manhã. Acordou cedo e aprontou-se imediatamente. Ele não para quieto enquanto eu me arrumava para ir com ele ao hospital. Alice antes de sair pediu que ligasse assim que terminasse o exame, ela queria saber de tudo imediatamente. Já vi que seria uma tia coruja.

Adorei conhecer a Obstetra Tânia Denali. Ela demonstrou ser tudo o que Ângela dissera. Senti-me muito a vontade com ela. Fui preparada para fazer o exame, vesti a o roupão padrão para aqueles procedimentos e Edward fez questão de me acompanhar.

– Bem, faremos um ultrassom intravaginal. – Percebi que Edward arregalou os olhos ao meu lado.

– Isso não vai doer? – Ele olhou para o aparelho com pavor.

– Não, sua noiva não sentirá nenhuma dor e o bebe estará seguro. – A doutora falou com meu noivo muito nervoso. Busquei sua mão e a segurei.

– Tudo bem, meu amor. – Assegurei a ele.

Tânia começou o procedimento e enquanto as imagens iam aparecendo na tela, ela nos explicava.

– Ouçam, são os batimentos cardíacos do seu bebe.

Edward e eu ficamos emocionados ao ouvir aquele barulhinho que achei a coisa mais linda do mundo. De repente um amor enorme invadiu meu coração. Eu já amava aquele ser dentro de mim.

– Esperem um pouco. – Tânia parecia analisar alguma coisa. Fiquei assustada.

– Algo errado? – Edward perguntou.

– Parece que são dois... – Tinha ouvido direito? – Sim, são dois, vocês terão gêmeos.

– Oh meu Deus! – Não pude deixar de reagir com aquela notícia. Dois? Gêmeos? Olhei para Edward e ele parecia uma estátua olhando para a tela a nossa frente. – Edward? Edward. – Sacudi a sua mão para que acordasse. Ele então olhou para mim lentamente, parecendo estar acordando naquele momento. – Agora você está pensando em fugir?

– Eu só... – Ele murmurou um pouco aéreo.

– Edward, por favor, fala alguma coisa.

– Bella. Obrigado, eu me sinto muito feliz. Nem tenho palavras para expressar. – Edward beijou minha testa com carinho. – Teremos gêmeos! Isso é incrível. – Ele sorriu largo.

Edward

Quando olhei para Isabella Swan em meu escritório, demonstrando segurança e esperteza, não imaginei que me sentiria tão feliz. Pelo contrário, a sua aparição naquele momento era para mim a premunição de algo ruim. E como estava totalmente errado!

Depois que descobri a sua gravidez, a tensão que sentia nela desapareceu e pudemos nos aproveitar ainda mais. Bella voltara a ser desinibida e sorridente. O que me fazia muito bem. A preparação do casamento estava acelerada e faltava pouco para a data.

Diante de tudo isso, mas o fato de termos descoberto que teríamos gêmeos. Decidi presentear a minha noiva, e os meus filhos. Tinha pouco tempo, mas tentaria fazer a melhor escolha possível. E se Bella não aprovasse, podíamos mudar o presente.

Comecei uma corrida paralela ao casamento e secreta. Queria surpreendê-la, queria agradá-la, fazê-la feliz tanto quanto ela me fazia a cada dia. Uma semana e meia antes do casamento, estava tudo certo. Era fim de tarde quando a convidei para sair, fiz um pouco de mistério, pois sabia que ela não resitia e então saímos rumo a grande surpresa.

Bella estava linda eu seu vestido florido de alças finas, com o seu casaquinho por cima. Ela parecia a materialização da doçura. Seus cabelos em um coque displicente tornava tudo mais encantador. Bella parecia uma princesa, suave, amável e era a minha noiva.

Sabia que ela não podia se conter diante do mistério que tinha feito e sabia que tudo iria piorar depois do que faria em seguir. Pedi que vendasse os olhos quando estávamos perto do local da surpresa. Bella olhou-me com suspeita, mas ignorei aquilo e insisti que ela fizesse. Relutante e ansiosa ela vendou os olhos.

– Falta muito para chegarmos? – Ela disse depois de talvez 10 segundos com os olhos vendados.

– Não, meu amor. Será informada quando chegarmos. – Acariciei sua perna para acalmá-la.

Minutos depois entramos no bairro em que pretendia ser feliz com a minha família. Era um bairro residencial, com lindas casas com jardins. Perfeito para se criar os filhos. Um lugar que adoraria viver com minha família quando era criança. Algo tirado de mim e que daria para os meus filhos.

Estacionei diante da propriedade de cor branca e dois andares. O jardim foi mantido cuidado pelo pessoal de vendas. Comecei a ficar ansioso para ver a reação de Bella ao olhar a casa. Pedi que ela esperasse e desci do carro. Abri a sua porta e a ajudei a descer.

– Crianças brincando? – Ela perguntou já do lado de fora. Olhei para os lados e realmente havia alguns meninos brincando em suas bicicletas. Imaginei os nossos filhos dali a alguns anos e sorri.

– Sim.

– Bella, está preparada? – Perguntei virando-a para que ficasse exatamente de frente para a casa.

– Sim, estou. – Ela sorriu e lhe beijei os lábios. Fui para trás dela e comecei a desfazer o nó da sua venda.

Bella piscou quando seus olhos ficaram libertos, e então olhou para a casa. Percebi que ela tentava entender. Então me fitou em uma pergunta muda.

– Essa casa...

– Nosso lar. – Respondi a ela. – Viveremos aqui com nossos filhos.

– Ed... Jura?

– Sim, meu amor.

– Ela é linda! – Bella me abraçou forte e estava novamente chorando.

– Meu amor, sem choro. Você gostou mesmo? - Tentei enxugar suas lágrimas.

– É linda e esse bairro é tão tranquilo. Acho que é o lugar perfeito para nossos filhos.

– Que bom, agora temos que ver se gosta dela por dentro. Venha. – Peguei-lhe a mão e a conduzi para o interior da casa. A cada cômoda Bella demonstrava ainda mais alegria.

Depois do tour, sentamos no chão da nossa sala de frente para a lareira e ficamos apenas apreciando o momento, o lugar. Bella estava sentada em minha frente, sua cabeça pendia para trás relaxada em meu ombro. Isso permitia inalar o perfume de seus cabelos.

– Nossos filhos terão natais lindos neste lugar. Já imagino a lareira enfeitada. – Bella sonhou alto me levando junto.

– Iremos incentivá-los a acreditar em Papai Noel e Duendes?

– Faz parte da magia da infância.

– Parei de acredita tão cedo... – Lamentei lembrando a minha própria infância.

– Teremos mais uma oportunidade de viver a infância junto com eles.

– Acredito que sim.

– E Alice? – Bella olhou para mim preocupada.

– Deixarei o apartamento para ela. Já estou passando para o nome dela.

– Ela morará sozinha?

– Bella, Alice é adulta. E não é como se fossemos morar em outra cidade. Estamos ao alcance dela.

O celular de Bella tocou, para nos lembrar de que existiam outras pessoas no mundo além de nós. Não gostei muito de sermos interrompidos em nossos sonhos. Ela pegou o celular para ver quem era e li no visor “Rosie”. Foi inevitável meu descontentamento e estalei a língua entre os dentes. Bella olhou para mim como se desculpasse e atendeu.

– Oi Rosie. – Silêncio. – Ah que bom! – Nem podia acreditar que a desmiolada da irmã dela nos interrompia neste momento. – Entendi. Combinado então. Falamos depois, tudo bem? – espirei fundo para não tomar aquele aparelho e esmagá-lo com meu pé. – Beijos. – Ela desligou o celular e o guardou novamente. – Rosie. – Falou para mim.

– Eu vi. Vamos jantar fora? – Bella sorri e o meu mundo voltou a ficar colorido.