Confiança escrita por Camila J Pereira


Capítulo 40
Mudanças


Notas iniciais do capítulo

Fiquei ansiosa por vocês, decidi postar logo. rs



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Bella

Seria outro sonho? Talvez uma alucinação, porque eu tinha certeza de que estava no estúdio conversando com a Sarah. Pior ainda, eu estava ficando louca. Talvez essa alucinação ainda fosse efeito daquele maldito queijo estragado da manhã. Eu me apoiei na mesa para acalmar as pernas trêmulas. Continuei a olhá-lo sem acreditar muito no que via. Mesmo que fosse realmente ele em carne e osso, tinha algo muito estranho em seu rosto. Ele parecia triste, a expressão tensa em seus olhos estranhamente vulnerável.

– Preciso falar com você. - Ele pediu ignorando totalmente a presença das outras mulheres. A sua voz saiu grave e ouvi-la me sobressaltou. Constatei a falta que senti de escutá-la.

Analisei-o novamente e ele pareceu nervoso, seus olhos estavam vidrados nos meus e era notável o brilho de lágrimas. Parecia além de nervoso e cansado também emocionado.

– Ah, olá Edward. - Sarah cumprimentou o olhar dançando entre nós dois. - Hum, Susan, vamos até lá dentro um pouco.

– Claro. - A mulher mais velha concordou, lançando outro olhar curioso para nós dois.

Nós nos encaramos, separados pelo balcão de fórmica lilás. Assim que as duas mulheres desapareceram atrás das cortinas, eu dei a volta ao redor da mesa. Estava nervosa, a mão pousada na superfície fria. Eu me sentia flutuando, sem controle do meu corpo.

Edward estava ali, o rosto pálido, o olhar ansioso. Tinha que ser forte. Não importava o quanto estava ansiosa por seus braços, quantas noites chorei até dormir, não podia me deixar convencer a ter um relacionamento meramente sexual que iria me destruir emocionalmente.

Com os cantos dos olhos vi a cortina se mover. As mulheres no outro aposento certamente podiam ouvir tudo, mas não lhes dei atenção. Edward estava ali e isso era tudo que importava.

– Então... Como vai você? - Eu quis saber, a minha voz saiu fraca e lutei contra a vontade de me atirar aos braços dele e cobri-lo de beijos. Mas apenas me deixei ficar ali, o olhar fixo nele.

– Larguei o emprego. - Ele anunciou sem preâmbulos como uma bomba. Edward pareceu ainda mais ansioso.

– O quê?! - Por um momento, eu achei que estava sonhando e a minha voz saiu chocada.

– Pedi demissão. Assumi o novo cargo, tentei me adaptar e ser feliz com ele. Finalmente, percebi que você tinha razão. – De repente tentava absorver todas as novas informações revolucionárias que eram ditas à mim em um jato. - Estava perdendo pedaços de mim, todos os dias, ano após ano. Sacrificando minha integridade, como você disse.

– Edward. – Falei pausadamente, não queria perder o controle, na verdade queria muito estar sã e entender tudo o que ele me dizia. – A vice-presidência era tudo o que você queria e trabalhou duro por isso. - Estendi a mão para tocá-lo num gesto automático de compreensão. - Eu não entendo.

– O emprego tomava todo o meu tempo. Era trabalho em cima de trabalho e me dei conta de que sempre seria assim. – Edward parecia aliviado em constatar e dizer isso. Seu sorriso nervoso e seu olhar inquieto me diziam o que havia mais por debaixo disso.

– E você simplesmente saiu? - Eu não acreditava no que ouvia.

– Entreguei a carta de demissão esta manhã. Também fiz algumas ligações. Acho que vou trabalhar como consultor.

– Consultoria?!

– Sim, de repente percebi que não é ruim trabalhar como consultor. Tenho competência e posso lidar com a instabilidade.

– Pode lidar com a instabilidade? – Eu não poderia acreditar nisso se outra pessoa me dissesse, mas eu estava ali, ouvindo-o dizer tudo aquilo e parecia muito sincero. Edward lutou contra a instabilidade durante toda a sua vida e agora estava me dizendo que poderia lidar com ela. - Mas... Esse cargo era tudo que você queria...

– Talvez. - Ele deu de ombros. - Ou talvez eu nunca tenha me dado à oportunidade de analisar outras opções. Eu poderia ser um ótimo maquinista ou cantor de rock, quem sabe? - Ele riu lembrando-se das minhas palavras na tarde que passamos no parque. Eu não consegui sorrir também, estava em choque.

– Ed... - Eu murmurei incrédula.

– Não considerei as múltiplas opções à minha frente, pelo menos não até você me mostrar o quanto eu me sentia mal à medida que eu ia subindo na empresa.

– Eu?! - A cada palavra que saia dos lábios de Edward eu me assustava mais, parecia outra pessoa. O Edward que eu vi pela última vez nunca falaria isso. Ao observá-lo notei que fora a tristeza no olhar e o cansaço ele parecia mesmo diferente.

– Depois da nossa última conversa – Ele disse, com dificuldade. - passei a lamentar muitas coisas. Como não ter lhe dito o quanto a amo. - Eu me apoiei no balcão outra vez. - Você me fez ver que eu podia mudar o rumo de minha vida, que não preciso ganhar rios de dinheiro para garantir que não precise depender de mais ninguém. Sei que posso depender de você. - Edward falava transparecendo toda a dor e sofrimento no seu rosto.

Será que eu estava entendendo direito? Edward me amava?

– Mas... Minha irmã, minha família...

– Também me dei conta de como fui injusto. Duvidei de você, mas você nunca me decepcionou. Você reergueu o estúdio, soube lidar com as difíceis situações profissionais em que a meti. Na verdade, fui eu quem decepcionou você.

– Não! - Eu tomei-lhe a mão. - Não é verdade. Se não fosse por você, não teria aprendido a ficar e enfrentar os problemas. Eu teria desistido de tudo, como você previu.

– Mas não foi o que fez. - Ele retrucou com um sorriso. - Você se manteve firme e transformou isso aqui num lugar lindo.

– Eu quis fugir. - Confessei quando ele me puxou e abraçou. Oh Deus! Era muito bom ser envolvida por esses braços. Eu apoiei a cabeça no seu ombro, mal acreditando que podia ser tão feliz.

– Você ficou. - Ele disse beijando-me levemente dos lábios. - Sim... - Saiba que eu nunca amei a sua irmã.

– Eu sei. - Afirmei com suavidade, os braços dele me apertando com força.

– Eu te amo e quero ficar com você. Quero formar uma família com você.

– Ah, Ed, eu também amo você! - Ele olhou em meus olhos e os seus próprios estavam incrédulos e felizes ao mesmo tempo.

– Então, você me ama? - Ele perguntou com um sorriso enorme.

– É claro, achei que tinha deixado isso bem claro. - Ele acariciou o meu rosto carinhosamente e depositou outro beijo leve em meus lábios.

– Você não ama o Black? - Ele voltou a me encarar.

– Amo. – Edward pareceu confuso. - Mas não da mesma forma que amo você. Jake é apenas um bom amigo. - Ele pareceu não se convencer. - O único homem que amei com toda a intensidade foi você. Eu te amei desde a primeira vez que te vi com a minha irmã e de alguma maneira muito egoísta, fiquei feliz por não ter que te ver casado com ela.

– Bella... - Vi que ele ficou emocionado pela minha revelação e voltou a se aproximar. - Você já era linda na época e se convivêssemos mais tempo juntos, acho que deixaria a Rosalie e pediria uma chance para você. Eu também me senti bastante envolvido por você quando te conheci. - Edward me beijou e esse beijo foi mais longo. - Mas se você não o ama, por que está com ele? - Eu franzi o cenho com a pergunta dele.

– Com o Jake? - Ele assentiu. - Eu não estou com o Jake. Por que pergunta isso? - Vi que ele ficou um pouco sem jeito.

– Eu... Eu o vi saindo do seu apartamento. Eu fui te procurar e pedi que me perdoasse por tudo, eu iria dizer que te amava. - Sua voz voltou a ficar triste. Imediatamente lembrei-me do volvo que eu tinha visto pela janela no dia que Jake foi me visitar.

– Eu pensei ter visto o seu carro naquele dia, achei que estava delirando. Jake foi apenas conversar comigo, saber como eu estava. - Vi o alívio nos olhos dele.

– Você não sabe o quanto sofri por achar que vocês tinham voltado.

– Por que não subiu para falar comigo?

– Fiquei assustado, temi que você nem me escutasse. Você tinha pintado uma figura do Black como um homem dos seus sonhos e eu era apenas um estúpido. - Eu o abracei forte.

– Não Ed... Você é o homem dos meus sonhos.

– E você a mulher da minha vida. - Ele falou em meu ouvido. - Eu fui fraco de várias formas... Naquele dia eu cheguei ao fundo do poço, cheguei a ficar bêbado. - Eu o encarei incrédulo.

– Você bêbado? - Não acreditei.

– Sim. - Ele confirmou. – Envergonho-me disse, eu estava fugindo do enfrentamento do sofrimento. – Eu o beijei. - Compreendi o quanto meu coração depende de você. Sem perceber passei a te amar mais do que a minha própria vida. - Edward me olhava intensamente e parecia tomar coragem para falar. - Bella... Você quer casar comigo? - Eu pensei ter ouvido errado.

Edward ajoelhou diante de mim segurando as minhas mãos, seus olhos eram suplicantes.

– Não tenho emprego fixo, mas vou amar você até o último dia da minha vida. - Eu sorri com o pedido dele.

– Sim! - Eu disparei a voz trêmula de emoção. - Ah sim, quero casar com você!

Eu o fiz levantar e me atirei em seus braços. As duas mulheres que estavam no outro aposento saíram sorrindo e aplaudindo-nos.


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