Confiança escrita por Camila J Pereira


Capítulo 35
Desejo de Fuga


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo trás uma boa surpresa sobre Jake e Bella.



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Bella

No momento em que eu dei as costas ao Edward e sai da sua sala, foi difícil respirar. Era tão dolorosa a ideia de ficar longe dele, de não ficar mais acessível aos seus olhos verdes. Foi bom não encontrar ninguém até o elevador, eu não conseguia enxergar nada através das grossas lágrimas que derramava. Tentei me recompor antes que o elevar parasse no andar que eu queria e quando as portas abriram quase voei até meu carro. Notei que algumas pessoas me olhavam intrigadas, não tenho certeza se elas viram o meu estado. No carro, deixei que as lágrimas caíssem sem pudor e só calma voltei para casa.

Os dias seguintes foram um tormento, simplesmente não conseguia esquecer. Esquecer que fugi dele, fugi do que eu não poderia ver nele, no que ele poderia se transformar. Eu o amava, era óbvio, mas não era o suficiente. Precisava sentir que ele também me amava e que ele repensaria nas prioridades dele. O trabalho, o status, o dinheiro e o poder, essas eram as únicas coisas de que ele pensava, não haveria lugar para mim.

Por um momento pensei que ficando ao lado dele talvez pudesse ajudá-lo a enxergar as coisas de uma maneira diferente. Pensei em permanecer ao lado dele, mesmo depois da promoção, se ele quisesse. A forma como ele me contou sobre a promoção me deixou de pé atrás. Porque ele não me contou logo quando chegou ao estúdio? Por que esperou que nós transássemos para falar que fora promovido? Ele queria garantir mais um momento de paixão antes do fim?

Nem pude acreditar no olhar de alivio com que ele aceitou a minha sugestão de dar um fim no nosso falso noivado. Ele tinha vergonha e não confiava em mim. Aquele olhar me disse que eu não era mulher para apresentar aos amigos e colegas de trabalho, não era mulher para circular com ele nesse ambiente, mas era mulher para a cama dele. Disse que não iria me iludir, mas me iludi completamente. Achei que ele talvez sentisse o mesmo por mim.

A minha vida caiu na rotina mais pacata que eu já tive. Acordava e ia para o estúdio atender algumas clientes, almoçava algum sanduíche lá mesmo quando sentia vontade. De lá voltava para casa e não fazia nada, nada. Ângela me convidou diversas vezes para sair, mas eu não sentia vontade. Estava com olheiras horríveis e tentava disfarçar com maquiagem.

Comecei a trabalhar desesperadamente para ocupar a minha mente com coisas úteis e saudáveis. Ângela às vezes me olhava preocupada, mas tentava disfarçar o meu desanimo e desespero. De vez enquando Alice ligava para mim, mas eu não atendia. Adorava aquela baixinha, ela é uma ótima pessoa e parece ser uma ótima irmã, coisa que muitas vezes a Rosie não era. Mas ainda não estava preparada para ouvir notícias de Edward, precisava de um tempo.

Sentia muita falta da Rosie e da mamãe. Mesmo sendo um pouco destrambelhadas e inconsequentes, elas eram a minha família e eu as amava muito. Ficar longe delas, principalmente nesse momento era doloroso demais. A vontade que tinha era de largar tudo e ir ao encontro delas, fugir disso tudo, ficar bem longe da cidade em que Edward morava. Meu corpo reagiu a esse pensamento e eu me vi agarrada ao telefone discando o número da Rosie.

- Alô. - Rosie atendeu prontamente depois do primeiro toque. Tive sorte de encontrá-la em casa dessa vez.

- Oi, Rosie! - A cumprimentei feliz por ouvir a voz dela. A última vez que tinha conversado com ela foi depois da primeira noite que passei com o Edward. Depois disso falei apenas com a nossa mãe.

- Bella? - Ela perguntou animada.

- Sim, sou eu!

- Oi, querida! Tudo bem com você? - Rosie perguntou carinhosa.

- Sim, tudo bem. - Eu menti.

- E o estúdio? Como vão as coisas? - Ela quis saber curiosa.

- Por incrível que pareça, vai tudo indo muito bem.

- Nossa! Quem diria que a minha irmãzinha daria conta do estúdio do vovô?

- Nem eu imaginaria. - Admiti.

- Estou orgulhosa de você.

- Obrigada. - Agradeci feliz por ter ouvido isso dela.

- E você e o Edward, como estão? - Perguntou maliciosa.

- Não, não estamos Rosie. - Falei, minha voz falhando.

- Mas... Por quê? - Quis saber.

- Trabalho, estabilidade – Eu suspirei. - É tudo do que Edward precisa Rosie e uma Swan é tudo o que ele não precisa.

- Bella... Desculpe-me... Isso tudo foi culpa minha, eu sei. - A voz da minha irmã pareceu amargurada. Foram poucas as vezes que eu ouvi a voz dela assim.

- Não fale assim.... - Quis aliviar.

- É sério Bella, eu e o Emm estávamos conversando essa semana, ele sente muita falta dos irmãos e eu de você Bella. Sabemos que não agimos corretamente e queríamos conversar com Edward cara a cara. Estamos criando coragem para viajarmos, pensamos em talvez visitá-los depois dos próximos shows que a banda fará por aqui.

- Isso... Isso seria ótimo para vocês. Resolver tudo de uma vez por todas. - Suspirei novamente. Parecia que finalmente a minha irmã estava pensando em outras coisas além dela mesma.

- Bella, o que há de errado? Gosta tanto dele assim? - A voz de Rosie continuava séria.

- Acho que sim Rosie. Mas não há solução. Eu queria, queria muito sair daqui agora, abandonar tudo e.... Droga! - Falei frustrada.

- Você pode fazer isso se quiser. Você já provou pra todo mundo que podia reerguer o estúdio. Liberte-se se é isso que quer. Venha pra cá, fique perto de mim e da mamãe. Nós amamos você Bella. Você pode fazer parte da banda. - Eu ri com essa ideia dela, eu não sabia tocar nenhum instrumento.

- Seria legal, mas eu não toco nada. - Falei rindo.

- Mas canta, lembro que você participava dos coros das igrejas das cidades que morávamos. Você pode cantar e se não quiser, tem muita gente que trabalha atrás dos palcos.

- É uma ideia tentadora. - Realmente me senti tentada. Libertar-me de Edward era o que eu queria.

- Pense sobre isso Bella.

- Pensarei Rosie. Falamos outro dia.

- Tudo bem. Tchau e juízo. - Ri ouvindo a Rosie me recomendando juízo, logo ela.

- Juízo você também.

Desliguei o telefone pensando nessa possibilidade de deixar o estúdio e ir viver de cidade em cidade, assim como já havia conversado com a Ângela. Poderia unir o útil com o agradável, durante as viagens com a banda poderia fazer as minhas fotos também. Ou se eu não seguisse minha irmã e mãe, eu poderia aceitar a ajuda do amigo de Âng em Nova York.

Havia possibilidades em minha frente, não precisaria ficar e sofrer, poderia simplesmente ir embora e esquecer. Meus pensamentos estavam nessa linha quando ouvi a campainha tocar. Meu coração deu um pulo. Será que era o Edward? É claro que não, ele nem me ligou depois da nossa briga no escritório. Deve ter percebido que foi muito melhor para ele se livrar de mim e é claro já deve ter arrumado outra garota para acompanhá-lo nos eventos. Esse pensamento fez o meu coração doer. Ouvi a campainha tocar novamente e fui atender.

- Oi. - Jake falou ao abrir a porta.

- Oi. - Disse meio desconfiada. Será que ele iria tentar novamente alguma coisa comigo. Eu não quero magoá-lo novamente e nessa fossa que eu estou é que não vou querer mesmo me envolver com ele novamente.

- Posso entrar ou podemos conversar aqui mesmo se quiser? - Ele perguntou brincalhão.

- É claro que pode entrar Jake, me desculpe. - Falei sem jeito dando passagem para ele entrar.

- Queria saber como estava. - Ele disse sentando no sofá.

- Eu estou bem. - Sentei ao seu lado. - Obrigada pela preocupação. - Tentei sorrir e o vi observando a minha expressão.

- Encontrei com o Benn e ele me disse que a Âng está preocupada com você. - Jake se recostou no sofá.

- Não entendo porque.

- Ela me disse que você e o Cullen brigaram. - Eu deveria imaginar que essa história se espalharia.

- Âng esta me saindo uma fofoqueira. - Falei um pouco irritada.

- Ela não fez por mal. Âng esta mesmo preocupada com a sua total dedicação ao trabalho e a mais o quê...? Nada? - Ele me olhou com o cenho franzido. - Andou aprendendo isso com o Cullen? - Estava agindo como o Edward mesmo, me matando de trabalhar.

- Ficará tudo bem Jake.

- Está apaixonada por ele. - Afirmou.

- Sou uma idiota, eu sei. - Admiti.

- Claro que não é. Esse é o papel único e exclusivo dele.

- Obrigada, Jake.

- Bells... Fique tranquila, eu sei que você é forte e vai passar por essa sem danos maiores. - Ele tocou com uma das mãos o meu rosto. - Você é especial, sabe disso. - Abaixei meus olhos, não acreditava nas palavras dele. - Acredite em mim. - Falou parecendo ler meus pensamentos. Olhei para ele e sorri.

- Você também Jake, é especial. - Vi passando em seus olhos um brilho e por um momento pensei que ele me beijaria, então tentei mudar a direção da conversa segurando a sua mão e a colocando entre as minhas sobre as pernas dele. - E.... A garota que estava saindo? - Ele pareceu acordar.

- O que quer saber? - Perguntou meio desconfiado.

- Ainda estão saindo? - Sorri para ele.

- Sim. Ela é muito legal, é divertida e trabalhadora. - Jake soltou de uma vez, sonhador.

- Trabalha em que?

- É enfermeira, está cursando o último semestre em enfermagem.

- Uma enfermeira, Jake... - Falei maliciosa fazendo-o rir. - E como é o nome dela?

- Leah.

- Leah? Bonito nome. – Olhamos-nos e sorrimos.

- Também acho.

- Gosta dela Jake? - Ele parou de sorrir e me encarou.

- Gosto Bells, mas... – Sussurrou parecendo procurar as palavras certas.

- Mas...? - Sussurrei também.

- Ainda sinto algo por você. Consegue entender isso?

- Acho que posso entender. - Falei compreensiva.

- Quando estou com ela, não penso em você, ela me ajuda a te esquecer. Mas ás vezes eu sinto vontade de estar com você.

- Talvez seja apenas o costume, saudade da minha companhia, assim como eu sinto a sua. - Disse sinceramente.

- Talvez seja isso. - Ele pareceu concordar.

- Que bom que nos entendemos. - Sorri para ele.

- É sim. - A partir daquele momento, realmente seriamos apenas amigos e conversamos por muito tempo, até que ficou tarde e ele foi embora. Jake me fez esquecer um pouco do Edward, ri muito com as coisas que ele me contava da academia e as coisas que acontecia com ele e Leah. Eles formavam um casal muito engraçado. Pareciam sempre metidos em confusão. Ela parecia fazer o estilo dele, combinavam.

Depois que ele desceu rindo ainda das coisas que conversamos debrucei-me na janela para vê-lo indo embora na moto, assim como fazia quando éramos namorados e depois que ele sumiu no horizonte, meu olhar pousou em um volvo prata parado na frente do meu prédio. Senti meu sangue todo fugindo do meu corpo. Parecia muito com o carro do Edward. Que ótimo, agora eu estava delirando! O carro não demorou muito e partiu desgovernado cantando pneu. Eu tinha que me controlar a partir de agora, teria que parar de ver o Edward em todos os lugares que olhasse.


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