Bella

A luz da manhã caía sobre mim. Rolei na imensa cama e me aconcheguei junto ao Ed, feliz. A sensação da pele dele, quente e firme sob a minha mão era maravilhosa. Queria memorizar todos os detalhes do seu corpo, os músculos fortes das costas, o contorno viril de seus ombros...

- É difícil dormir com uma mulher insaciável do lado. - Ele murmurou virando-se e me tomando nos braços.

Eu me aproximei ainda mais, satisfeita em sentir a pele nua junto de mim. Apesar de ter dormido pouco, eu me sentia viva e disposta.

- Eu não sou a única insaciável. - Eu lembrei a ele. Após a primeira explosão no sofá da sala, ele me trouxe gentilmente para o quarto dele e fizemos amor até a completa exaustão.

- Tem razão. - Ele concordou espiando o relógio. - Está na hora de levantar.

- Hummm. - Gemi. Beijei-lhe o ombro e pensei que em breve ele retomaria a batalha incansável.

- Se eu soubesse que receberia esse prêmio, não teria me preocupado tanto com o coquetel.

- Foi tudo ótimo, não é mesmo?

- Sim. Você já tinha se imaginado cozinhando para cinquenta pessoas? - Ele perguntou enquanto ia ao banheiro. - Eu pensei que estava perdido quando vi as coisas doidas que preparou.

- É mesmo? - Tentei ignorar a decepção que me invadia.

- Claro. Você sabe, quem diria que pessoas acostumadas aos melhores banquetes iriam se deliciar com aperitivos e comida congelada?

- Eu diria. - Repliquei tentando ocultar a minha irritação. - E eles comeram bastante.

- Eles estavam famintos. - Tornou Edward divertido.

- É, estavam. - Murmurei erguendo-me.

- Da próxima vez vou confirmar o bufê. Não queremos correr esse risco outra vez, não é? Dessa vez funcionou, mas não vou contar com a sua sorte.

Com essa conversa de Edward, percebi triste que ele considerava o sucesso da festa como um golpe de sorte. Ele esquecera a minha criatividade, o meu empenho. Para ele, eu não passava de outro membro da família Swan inconsequente e irresponsável.

Arrastei-me para fora da cama, os meus pensamentos estavam confusos. Teria Edward confiado em minha habilidade para preparar a festa da noite passada ou aceitara os pratos feitos às pressas por não ter outra opção?

- Trabalhei muito para que a festa desse certo. - Afirmei com a voz cortante.

- É, abrindo todas aquelas caixas de congelados. - Ele brincou, já embaixo do chuveiro.

- Seu grosso! - Eu vociferei irritada. - Queria ver você fazer o mesmo no meu lugar.

- Ora Bella, não faça tempestade em copo d'água. O pessoal estava com fome e achou que você teve uma boa ideia. Não é preciso ser um gênio para preparar alguns aperitivos.

- Você é o cara mais arrogante e egoísta que já vi. Eu podia simplesmente ter ido embora.

- Ou poderia ter me ligado. - Ele devolveu agora também zangado. - Eu teria cancelado a festa.

Gemi frustrada me enrolei no lençol e fui até a sala apanhar as roupas espalhadas perto do sofá. Edward me seguiu enrolado numa toalha.

- Por que todo esse drama? A festa foi ótima. Eles gostaram da comida e passamos uma noite maravilhosa juntos.

- O que esta acontecendo? - Alice apareceu na sala com uma cara de que tinha acabado de acordar. Fiquei atordoada, nesse tempo todo eu tinha esquecido completamente de Alice. Será que ela ouviu alguma coisa ontem? E se não ouviu agora não tinha mais jeito, não poderia negar nada, afinal eu estava enrolada no lençol do Edward e ele estava enrolado em uma toalha. Morri de vergonha. O que ela iria pensar de mim?

- Nada. - Edward a respondeu parecendo ter lembrado da irmã naquele momento também.

Passei pelos dois com as minhas roupas nas mãos e me dirigi ao quarto dele para me vestir. Ele me alcançou logo depois também com suas roupas nas mãos.

- Será que ela ouviu alguma coisa? - Perguntei.

- Eu não sei, mas pelo que ela viu agora vai saber que dormimos juntos. Mas isso não tem importância. - Ele disse colocando suas roupas na cama.

- Argh! Ainda mais essa! - Vociferei envergonhada.

- Escute, eu tenho que ir trabalhar. Vamos conversar sobre isso mais tarde.

- Não há mais nada para conversar. - Resmunguei com lágrimas nos olhos.

Vesti a blusa apressada odiando-o. Como eu pude ser tão tola? O que eu tinha acreditado ser confiança em minha capacidade não passava de resignação já que ele imaginara que a festa seria um fracasso. E eu que me preocupei com ele todos aqueles dias. Enquanto isso Edward pensava em mim apenas como uma criadora de confusões, sempre buscando um meio de fugir às provocações da vida.

Eu admito com amargura que muitas vezes realmente tentei escapar. Era sentimental, dava passos sem medir as consequências e assim, me vi em empregos e relacionamentos inadequados. E mais uma vez, aqui estava eu metida em confusão por ter me atirado nos braços de um homem e descuidado do meu coração. Dessa vez, porém, não me apaixonei por um homem por ele ser atraente e gentil. Desta vez, vi meus temores, minhas incertezas ocultas pela capa de confiança, minha necessidade de segurança que nunca sentira.

Eu vi o coração de Edward e perdi o meu. Apaixonei-me por um homem que mal me notava a presença por causa dos fantasmas do passado. Enxuguei ás lágrimas que desciam pelo meu rosto e fui depressa para a sala, Alice já não estava lá, fiquei aliviada. Naquele momento eu estava arrasada, eu o amei, ofereci o meu apoio e me entreguei inteira à causa dele, mas Edward estava de tal modo consumido pelos planos profissionais que era incapaz de amar.