Luz Dos Olhos escrita por Mi Freire


Capítulo 49
Mulher suspeita


Notas iniciais do capítulo

Capítulo curto!



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As aulas na faculdade retornaram na segunda-feira de manhã no mesmo ritmo a todo vapor.

Henrique e Melina estudam em horário diferente e em faculdade diferente e cursam cursos diferentes. Ela estuda de manhã, ele estuda de noite. Ela cursa medicina veterinária e ele engenharia civil. Ela trabalha a tarde toda e ele trabalha também.  Quando afinal poderia se ver? Os dois tiveram que repensar os horários de cada um para poderem conciliar o relacionamento com o futuro.

Iriam mesmo conseguir?

Melina temia tanto quanto Henrique. Mas os dois estavam disposto a abrir mão de muitas coisas e fazerem sacrifícios para passarem o maior tempo livre possível juntos.

— Como vai o namoro de vocês? – Nicolas sentou-se com Melina no intervalo. Analu ficou no laboratório com umas amigas, matando a saudade e aproveitando para conversar com elas.

— Vai ser difícil nos vermos. Os horários não batem. Mas sei que vamos conseguir. O que sentimos pelo outro é muito forte!

Nicolas engoliu em seco.

Daniele, ainda cheia de energia e disposição, continuava a ir para as aulas e para o trabalho no mercadinho.

— Então quer dizer que você não botou os pés dentro de casa durante todas as férias enquanto estive fora por causa da Ariela e pelo que ela sente pelo seu namorado?

— Exatamente. É mais complicado do que parecer ser. Eu não queria aborrece-la, como se eu quisesse esfregar na cara dela que consegui ficar com ele. Porque sempre nos amamos e ele nunca a amou como ela o ama. Eu não gosto disso! - Melina suspirou, aborrecida. — Eu sinto muito por ela, sabe? Mesmo não podendo fazer nada para ajudar. Achei que me manter longe seria a única alternativa.

— E o que Henrique acha sobre tudo isso?

— Ele não sabe. Disse a ele que ficaria na casa da minha mãe, pois há um bom tempo não ficávamos juntas. Com o namoro, acabei ficando no apartamento dele, todos os dias, o que foi mais fácil, tanto para mim, quanto para nós. Eu o amo!

— Eu sempre soube – Daniele riu. — Mas também tive lá minhas duvidas, Meli. Nem tudo é o que parece ser.

— O que você quer dizer com isso?

— O que eu quero dizer é que, eu sempre acreditei que apesar de você estar com Thomaz, seu coração estava dividido entre seu melhor amigo e um antigo amor do passado.

— Meu melhor amigo? Não entendi.

— O Nick, Meli. Eu sempre achei que você também o amasse, só não sabia de que forma e o quanto era esse amor.

— Eu amo Nicolas também, Daniele. Mas como um amigo. Um irmão. Não passa disso!

— E que às vezes, parece muito mais.

Daniele deixou as duvidas pairarem pelo ar.

~*~

Daniele sentia-se um tanto culpada por ter dito certas coisas a Melina. Não queria confundi-la ainda mais. Só não conseguiu esconder o que sempre acreditou. Porque para ela, Melina nunca soube, na verdade, quem ela realmente ama.

O dono do mercadinho, um senhorzinho simpático já de idade, a dispensou mais cedo aquela tarde. Pediu que ela diminuísse no ritmo, já com o avanço da gravidez. Dada por vencida, Daniele voltava para casa pensando no que faria ao chegar lá. Queria que Melina estivesse por lá, gosta muito da companhia e da amizade dela. Elas poderiam conversar e fazer algo juntas. Mas Melina, não estava em condições de voltar para casa, não ainda, pois não tinha certeza se Ariela estava pronta para recebê-la com a companhia do novo namorado, Henrique.

— Ei, você. – alguém a chamou. Daniele olhou para trás e deu de cara com um garoto mais alto, forte e sério. — Você é Daniele?

— Sim, eu mesma. – ela respondeu, simpática. — O que foi? Quer alguma coisa comigo?

— Bom, pelo visto ainda não fomos apresentados. – ele sorria, estendendo a mão para cumprimenta-la. — Eu sou Júlio, amigo do Rafael. Moramos no mesmo prédio.

Não havia uma só quer noite em que Daniele não fosse dormir sem antes pensar no pai do seu filho. Rafael.

— Tenho um recado dele pra você. Soube que você foi viajar. Ele também foi. Ainda não se sabe se algum dia irá voltar. Mas ele pediu que eu te dissesse que, sente muito por nunca ter sido o melhor pra você. Ele espera que você se cuide e que tenha seu filho com tranquilidade. Pediu que eu e o resto da rapaziada cuidássemos de você, pois você é uma garota boa, talvez a única que algum dia, se importou com ele de verdade sem pedir nada em troca.

~*~

Rebeca ainda tem fixo em sua mente que conquistaria de uma vez por todas Thomaz. Já não era só mais um plano maligno e sim uma obsessão. Ultimamente, desde que soube que Melina está namorando outro, ele se comporta e age como se não fosse o mesmo. Deixou de ser bom, para torna-se frio, calculista, grosseiro e estupido. O que para ela o torna ainda mais tentador.

O relacionamento entre eles nunca mudou. Ainda trabalham juntos, saem para comer algo juntos e passeiam juntos. Estão sempre juntos, afinal, não têm mais ninguém além um do outro. Thomaz ainda não a pediu em namoro e nem oficializou a relação deles. Como se não passassem de amigos com alguns benefícios, entre eles: dormirem juntos mais sem qualquer tipo de envolvimento ou laço.

— Eu já mandei você calar essa boca! – ele gritou, perturbado. — Chega! Para de falar disso – ele sempre se irrita quando ela insiste no assunto, alegando que ela é a mulher certa para ele. Mas Thomaz ainda não esqueceu Melina e elabora um jeito de reconquista-la.

— Thomaz, o que eu quis dizer...

— Nem começa! – ele a fuzilou com os olhos. Foi em direção a ela e agarrou-lhe os pulsos forte, a machucando. Rebeca se queixaria da dor, se não gostasse tanto dela. Vindo dele, qualquer coisa era boa. Ela gostava. — Eu não te amo!

— Mas ainda vai amar. – ela sorriu, e o beijou.

~*~

Nicolas vinha se sentindo perseguido há alguns dias. A princípio pensou ser fruto da sua imaginação. Mas confirmou suas paranoias, quando olhou para trás e flagrou uma mulher. Até ai tudo bem, existem muitas mulheres em todo o mundo, por todas as partes e lados. Mas era sempre a mesma mulher, um tanto familiar. Não tinha como ele estar delirando. Ela estava sempre por perto onde quer que ele fosse.

Pensou em contar isso a seu pai, mas não queria deixa-lo preocupado. Seu pai estava feliz demais com a mudança de Juliana. Eles decidiram que já estava mais que na hora de juntarem os trapos e morar juntos na mesma casa. Como a casa de Juliana era alugada e pequena, decidiram juntos, com a presença dele, que o melhor seria ali, na casa deles. Juliana aos poucos trazia suas coisas.

Nicolas pensou em contar para Analu, que vinha sendo uma boa amiga ou até mais do que isso, mas ela não entenderia. Apesar das semelhanças, tinham opiniões muito diferentes. Pensou também em Daniele, mas ela estava tão envolvida em sua gravidez. Melina era a melhor opção, mas ainda não havia encontrado a oportunidade de dizer a ela, já que Melina estava sempre ocupada ao lado de Henrique.

O melhor seria ele criar coragem e resolver sozinho aquela situação. Enfrentar seus problemas e soluciona-los. Sentia-se pronto para encarar aquela mulher, independentemente do que ela fosse: uma bandida, sequestradora, maníaca etc. Nicolas já era um homem e poderia ser defender sozinho. Ou melhor, era no que acreditava.

Ele olhou para trás, viu que ela estava ali por perto. Disfarçando, mais estava. Esse era o momento certo para perguntar o que ela queria com ele afinal. Nicolas deu meia volta e foi em direção a ela. Pensou que ela correria para longe ou o evitaria. Mas ela simplesmente ficou parada onde estava como se esperasse pela atitude dele.

— Oi. – ele sentia o coração bater mais forte. Ela estava de costas, e ele não sabia ao certo se queria vê-la de frente. — Com licença.

A mulher virou-se de frente para poder olhar para ele. Nicolas notou algo de familiar naquele par de olhos esverdeados. Como se já a conhecesse, só não se lembrava de onde. A pele dela é clara, como a dele e seus cabelos longos ondulados na cor acobreados. Ela tinha muitas sardas espalhadas pelo rosto. Muitas mesmo. E sua boca rosada é pequena e bem desenhada. Ela tem um lindo sorriso. Deve ter seus quarenta e poucos anos ou menos. É realmente muito bonita.

— A senhora gostaria de me dizer alguma coisa? – ele reuniu coragem para perguntar. — Venho percebendo há alguns dias, que a senhora vem me perseguindo. Isso realmente me incomoda. Mas o que mais me incomoda e não saber o motivo.

— Desculpe – ela soltou um risinho amistoso. — Você deve ter ficado com medo de mim. Essa não foi a minha intensão. Na verdade, eu só me preocupo com você. Só isso.

— Se preocupa? Por quê? – Nicolas arqueou uma das sobrancelhas, confuso. Olhou incrédulo para ela.

— Esse não é o momento certo para você saber. Mas saiba – ela pegou as mãos dele, olhou-o dentro dos olhos. — eu me importo com você. Mais do que você imagina. Tenha cuidado! E algum dia – ela se afastou, recuando. — você saberá os meus motivos.

Nicolas esperava mais. Tudo ficara ainda mais confuso, ainda mais quando ela partiu correndo sem dizer mais nada. Ele ficou imóvel, paralisado, sem saber qual o próximo passo a dar.

~*~

— Finalmente estamos juntos! – Melina se aninhou nos braços do seu namorado. — Se eu pudesse, não sairia nunca mais daqui.

Ele beijou o alto da cabeça dela.

— Dorme aqui essa noite? É sábado, amanhã domingo. Não tem nada de tão importante pra se fazer. Ou tem?

— Não – ela sorriu. — pelo menos acho que não. Mas eu fico sim, fico porque é o mais quero no mundo: dormir com você essa noite.

Os dois se beijaram e ficaram calados por um tempo, abraçados.

— Eu fiz pizza para o jantar dessa noite. – Henrique levantou-se caminhando em direção a cozinha, Melina foi logo atrás.

— Você que fez? – Melina ficou surpresa e admirada. — Jura? Eu duvido muito. – eles riram.

— Na verdade, tive uma ajudinha da minha mãe. Mas fiz a maior parte sozinho. Quer provar?

— Eu quero. Mas porque antes, não chamamos seus pais e seu irmão para comerem conosco?

— Tem certeza? Podemos ficar sozinhos e aproveitar esse momento precioso.

— Vamos chama-los. Faz tanto tempo em que não ficamos todos juntos! Eu gosto deles. Seus pais são como se fossem meus pais.

~*~

Alexandra tirava o assado do forno, logo em seguida, colocou o na mesa de jantar, onde já estava todos assentados a espera. Alexandra sempre gosta quando Leila vem com seu filhinho visita-los, ela e a Alberto. Eles traziam alegria a aquela casa que meses atrás era um mar de solidão.

Depois que jantassem, Alexandra levaria o pequeno Enzo até o tapete no centro da sala de estar e contaria historinhas de seus livros antigos para ele. Enzo sentaria no seu colo e ficaria atento, ouvindo tudo que ela tinha a dizer. Momentos como aquele faziam com que ela se lembrasse de quando Aberto era só um garotinho.

Enquanto isso, Leila e Alberto iriam até o quarto, ficariam mais à-vontade, sozinhos para namorarem e conversarem sobre o que quisessem. Alexandra gosta de Leila, pois a moça além de uma boa nora e uma moça linda e de bom coração. Se Leila faz bem a Alberto, mas bem para Alexandra também. Agora eles são uma família. Mesmo que ainda falte Melina, que está passando por um processo difícil em sua vida da adolescência para a vida adulta, sua ausência em momentos especiais como aquele é compreensível.

Alexandra conta os minutos para Alberto se casar com Leila.


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Notas finais do capítulo

Comente! Comente! Comente! ♥

Vamos conversar? Da ultima vez tentei e deu certo. São perguntinhas simples, que você só responde se quiser. Só pra descontrair e eu saber um pouquinho melhor sobre você: Qual carreira/profissão pretende seguir? Qual seu talento? O que você gosta de fazer por prazer?
Eu, por exemplo, quero fazer Arquitetura, começar o ano que vem. E acredito que um dos meus talentos seja escrever e desenhar. Gosto muito de ler a bons livros e estar entre amigos dando risada.

E pra finalizar, peço a quem quiser e se sentir a vontade, dê uma olhadinha na minha nova história, chama-se Do Lado de Dentro.



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