Assim que Melina pôs os pés no prédio, sentiu seu telefone celular tocar no bolso de trás do seu jeans. Cumprimentou rapidamente o simpático zelador, um homem com seus cinquenta e poucos anos, alto e extremamente magro com um bigode negro engraçado. E correu escadaria a cima pegando o aparelho dentro do bolso.

— Melina? – imediatamente ela reconheceu o som da sua voz. Pois antes não tinha tido tempo para verificar o nome ou o numero no identificador de chamadas.

— Thomaz? Oi querido! Tudo bem? – Melina parou de frente para a porta do seu apartamento. Apoiando suas costas na parede fria.

— Melina! Estou com tanta saudades! Parece que faz uma infinidade de dias em que não nos vemos. Que tal se nos encontrássemos agora mesmo?

— Agora? – Melina pareceu surpresa. Ela raramente via esse tipo de reação em seu namorado. Thomaz é tão diferente do padrão de namorado que ela está habituada a presenciar.

— Sim, agora. Que tal me passar o seu novo endereço via sms? Eu poderia passar ai e conhecer seu novo lar.

Melina não poderia ter recebido sugestão melhor. Falou com ele mais cinco minutinhos e logo depois de desligar o telefone, digitou o endereço do seu apartamento no campo de torpedos e enviou a Thomaz.

Quando entrou em casa deparou-se com Ariela e Daniele de frente para a tevê vendo um filme. Melina perguntou por Marcela, por sorte, ela não estava, o que não era tão estranho. Marcela quase nunca parava em casa. E isso de alguma forma, para Melina, dava-lhe uma sensação de tranquilamente. Não se dá muito bem com Marcela. Na verdade, não vai muito com a cara dela pelo simples fato da garota também aparentar não gostar dela.

— Meninas, se não for incomodo, Thomaz, meu namorado, está vindo para cá agora mesmo. Teria algum problema para vocês?

— É claro que não...

— Claro que tem! – Daniele interrompeu Ariela. As duas se encaram por um momento. Melina ficou preocupada. Agora já era tarde demais para pedir que Thomaz não viesse. — Eu nem preparei nada, caso ele tenha fome e queira comer algo!

— Ah – Melina espirou aliviada. Depois soltou um risinho. — Não se preocupe Dani. Podemos pedir uma pizza, que tal? Thomaz conhece pizzarias ótimas aqui pela região.

— Combinado! – Ariela levantou-se. — Vou me trocar! – ela estava de pijama. — Finalmente iremos conhecer seu namorado.

Thomaz chegou vinte minutos depois. Tocou a campainha e Melina foi atender. Assim que o viu, sorriu e jogou-se em seus braços. O jovem que já estava acostumado com a reação da namorada, a segura com força, em seguida, beija seus lábios.

— Senti tanta sua falta.  – ela sussurrou. — Entre, por favor.

Thomaz entrou meio receoso, já não tinha gostado da fachada no antigo prédio, parecia simples demais. Ele não está habituado a frequentar lugares assim. E quando pisou o pé dentro do aconchegante apartamento, mal acreditou, que Melina tenha tido a coragem de trocar sua luxuosa mansão por aquele apartamento pequeno e simples com quem divide com mais algumas garotas.

— É aqui? – ele tentou disfarçar seu desagrado. Ela assentiu esperançosa, não tinha notado que ele não tinha gostado. Thomaz tem o costume de disfarçar bem. — Bonitinho.

Ela sorriu alegremente pegando a mão dele e conduzindo até o centro da sala de estar. As outras duas olhavam sorridentes para os dois, achavam que eles formavam um belo casal.

— Thomaz, essa é Daniele. – ela apontou para a loirinha que estendeu a mão para cumprimenta-lo. — E essa é Ariela. – a morena fez o mesmo.

— Melina fala muito de você, Thomaz. – Daniele se levantou, impulsionada. — Finalmente iremos nos conhecer. Isso é ótimo! Mas eu nem tive tempo de preparar algo para comermos.

E nem precisava, ele pensou sem desfazer o sorriso.

— Eu disse que não tinha problema Dani – Melina quebrou o silêncio constrangedor entre o grupo. — Pensamos em pedir uma pizza, o que você acha Thom?

— Ótimo! Conheço umas pizzarias maravilhosas aqui perto.

— Foi exatamente o que eu disse a elas. Enquanto você faz o pedido, que tal eu mostrar o restante da casa?

Melina apresentou os cômodos um a um para o namorado, muito contente por ele finalmente estar ali.

Melina e Thomaz se conhecem há dois. Tudo começou em uma festa de família. Melina de primeira sentiu-se de fortemente atraída por aquele jovem rapaz de pele dourada, cabelos louros escuros e olhos azulados. Thomaz tem uma beleza natural típica de quem vive no litoral.

Thomaz sempre foi o centro das atenções, pois, além de ser vaidoso e extremamente bonito, é um rapaz estudioso, que passou cinco anos em umas das melhores universidades do exterior cursando direito e hoje aos vinte e dois anos, trabalha como advogado e tem o próprio escritório de advocacia.

Thomaz sempre esteve acostumado a ser cobiçado pelas garotas mais bonitas. Nunca precisou fazer qualquer tipo de esforço para obtê-las. Eram como cachorrinhas, era só ele estalar o dedo, elas vinham todas, correndo em sua direção com o rabinho abanando.

Com Melina foi diferente. E Thomaz até hoje tem certeza que foi a discrição de Melina, o recato, o bom comportamento e sua elegância que fez com que ele quisesse lutar por ela, como nunca antes lutou para ficar com nenhuma outra.

Para ele, aquela noite, Melina era a garota mais bonita de todas, e melhor, ela não estava rodeando-o como as outras. Ela permaneceu a festa toda ao lado de sua mãe, conversando com ela com discrição, com as pernas cruzadas e vez em outra laçava olhares para ele mais que provocativos, por mais que essa não fosse sua intenção.

Só de pensar, Thomaz sente-se fortemente atraído por sua namorada. Ela foi diferente de tantas outras. E por mais que ele quisesse que uma aproximação entre eles acontecesse de imediato, custou tempo, até ele criar coragem e chama-la para conversar. A conversa fluiu naturalmente. Apesar da diferença de idade dos dois, tinha muito em comum, especialmente às viajem feita mundo a fora. Para Thomaz, Melina não poderia ter sido melhor.

Antes mesmo de a festa terminar, ele já estava perdidamente apaixonado por o encanto de Melina. Como se ela fosse algum tipo de feiticeira. E olha que, eles nem precisaram se beijar para ele ter a certeza que era ela quem ele queria. Mais do que qualquer outra.

No outro dia, Thomaz ligou para ela. Passaram um bom tempo conversando por telefone. Os dias seguintes foram à mesma coisa. E Thomaz estava cada vez mais apaixonado. Melina também não ficou atrás, gostava de Thomaz, ele era mais maduro do que os outros garotos que conheceu na vida, mais bem educado, além de mais bonito, inteligente e encantador.

Assim, os dois marcaram um encontro. No primeiro encontro, Thomaz a levou a um dos melhores restaurantes da cidade. Deu a ela uma joia rara. Melina ficou impressionada. A essa altura, a mãe dela já torcia mais que qualquer outro, para que eles se tornassem namorados. A mãe de Thomaz também apoiou muito o filho, desde o princípio. Afinal, a mãe da garota era e ainda é, uma socialite muito famosa, que estava sempre protagonizando capaz de revistas de fofoca.

O primeiro beijo entre os dois só aconteceu três semanas depois do primeiro encontro. Mas antes disso, os dois já vinham se encontrado com mais frequência. Thomaz sempre presenteado Melina. Para ele, ela era tudo que ele precisava nem que fosse só pra ouvir sua voz por telefone, ou vê-la de longe. Ao lado de Melina, Thomaz sente-se mais calmo, tem a total certeza, que seu coração pertence somente a ela, desde o dia em que se conheceram. Melina é a diferença de sua vida, sem ela, ele não sabe dizer o que seria. Melina tem uma capacidade surreal de acalma-lo, de fazer com que ele se sinta único e especial, ela sabe melhor que ninguém como conversar com ele, como tranquiliza-lo, faze-lo feliz e fazer com que ele queira ser melhor do que é.

— O pedido foi feito. – disse ele por fim, vindo da varanda, onde fez a ligação. — Em menos de meia será entregue.

— Obrigada querido. – Melina se aproximou dele, aninhando-se em seus braços. — Você é muito especial.

Melina e Thomaz namoram há um ano e dez meses. Parece pouco, mas para ele, quanto estão juntos, são os melhores momentos de suas vidas. Melina encontrou em Thomaz um porto seguro, fez dela a base de sua vida. Thomaz não é só para ela um simples namorado, é alguém em que ela pode confiar até de olhos fechados. Foi para ele que ela se entregou pela primeira vez. E sempre que se lembra desse momento, sente-se fortemente atraída. Como quem necessita estar em seus braços todo o tempo, incapaz de solta-lo.

Mesmo que nos últimos meses, a relação deles venha esfriando de uma maneira desagradável. Mas Melina compreende, afinal, Thomaz já é um homem formado, maduro, experiente e tem um trabalho que ocupa a maior parte do seu tempo.

— Pensei que quando viesse aqui, ficaríamos sozinhos, assim poderíamos... – o final da frase ele sussurrou de maneira provocativa no ouvido dela, fazendo ela se arrepiar e soltar um risinho de constrangimento.

— Não seja bobo – ela olhou para ele. — Teremos muito tempo ainda para isso. – ela o conduziu até a cama. Ele se sentou e ela sentou-se sobre uma das pernas dele. — Como vai o trabalho?

Os dois começaram a conversar, trocando as ultimas noticias, novidades e informações dos dias em que não puderam se ver e se falar.

Na sala de estar, Daniele e Ariela arrumavam a mesa para quando a pizza chegasse. Daniele ajeitava os copos e talheres. Já Ariela pegava o refrigerante dentro do refrigerador.

— Thomaz é bonito, você não achou? – Daniele perguntou a amiga de maneira descontraída.

— Sim. Ele é muito bonito. Deixa qualquer uma boba. Sorte é da nossa amiga, tirou a sorte grande.

As duas se calaram por um momento.

— Mas tem um porém, algo que vem martelando aqui na minha cabeça desde que ele entrou por aquela porta.

— O que foi? – Ariela perguntou confusa.

Daniele pensou nas palavras certas.

— Acho que ele é meio bestinha, sabe? Do tipo de que não se contenta com o pouco. Algo me diz que ele não gostou do nosso simples apartamento. Ele tem cara de quem só sabe viver no luxo.

— Também percebi isso. Mas talvez seja só coisa da nossa cabeça. Thomaz é um encanto. Ele parece amar muito Melina, viu a forma como ele olhou para ela?

A conversa das duas foi interrompida com o som da campainha, era o entregador de pizza e o pedido.

— Obrigada. – Ariela agradeceu entregando-lhe o dinheiro que Thomaz ofereceu para pagar a pizza.

— Melina! Thomaz! – Daniele gritou. — A pizza!

Os quatro devoraram aos pedaços de pizza entretidos em uma conversa que fluiu naturalmente. Por fim, Daniele e Ariela acabaram tirando de suas cabeças a ideia de que Thomaz era um metido ou coisa do tipo. Pelo contrário, ele até que se esforçou para parecer o mais agradável possível.

— Bom, meninas eu tenho que ir. Está ficando tarde!

Thomaz despediu das outras duas e foi até a porta acompanhado por Melina que não conseguia conter sua felicidade.

— E então, o que você achou do meu humilde apartamento? Gostou das minhas novas amigas?

— Elas são lindas! E seu apartamento, bom, poderia ser melhor, algo que fosse a sua altura, mas, se você gosta daqui e se sente bem morando aqui, eu gosto também.

— Oh – ela pulou em seus braços. — Você não poderia ser melhor! Saiba que – Melina deu um passo para trás, se desvencilhando dos braços do amado, para poder olha-lo. — eu amo muito você.

— Eu também te amo princesa. – ele acarinhou seu rosto de pele macia. — Obrigado pela noite de hoje.

— Eu que agradeço. Você foi muito gentil em pagar a pizza. Sem duvidas alguma as meninas adoraram você.

— Ótimo! Gostei delas também. Mas, você me disse uma vez por telefone, que tinha outra. Cadê?

— Marcela? Bom, eu e ela não nos damos muito bem. Ela também quase não para em casa. Deve estar com o namorado.

— Não tem importância. Conhecerei ela em outra ocasião. Mas se você não gosta dela, acho que eu não gosto dela também.

Melina sorriu, ficou olhando pra ele por um momento, quase que implorando para que ele tomasse uma atitude. Pois ela adorava quando se sentia entregue em seus braços. A sensação era das melhores.

Como quem lê seus pensamentos, Thomaz puxou Melina para perto de si pela cintura, primeiramente beijou seu pescoço, ela suspirou, depois ele foi beijando seu rosto, até chegar a boca. E ela se entregou maravilhada no êxtase da paixão que sentia por ele.

Thomaz não é perfeito, disso Melina está ciente. Nem nunca desejou que ele fosse perfeito ou o melhor namorado do mundo. Ela sabe que às vezes ele é desagradável, um chato, metido, arrogante com os outros, preocupado com o próprio umbigo e que raramente sente piedade por aqueles que mais precisam.

Mas Thomaz é ótimo em tudo que faz. Além da confiança que ele transite, Melina gosta da forma como ele se sente imponente, ela gosta como ele se sente feliz quando o admiram, gosta do senso de humor do namorado, gosta a maneira como ele a provoca quando quer algo a mais do que meros beijinhos. Melina gosta de muitas qualidades em Thomaz que poucas pessoas conseguem enxergar.

— Eu te ligo. – ele beija seus lábios pela ultima vez. — Tenha uma boa noite. Durma bem. Amo você