Um Destino A Dois escrita por Laura Marie


Capítulo 4
Desencontro




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Os raios de sol daquela manhã de domingo já entravam no quarto de Vampira. Ela acordou assim que os primeiros raios bateram em seu rosto, fazendo-a abrir os olhos lentamente. Ela sorriu, estava feliz ao saber que o que acontecera na noite passada não foi um sonho. Também estava um pouco chateada pelo fato de ter fugido, mas ela achou que esta era a escolha certa a fazer.

Ela começou a se revirar pela cama, lembrando de todos os momentos e a imagem daquele homem inesquecível. O seu sorriso, seu olhar, seu corpo, seus beijos e até o mesmo o seu sotaque não saíam da mente de Vampira, e ela torcia para que não se esquecesse de nenhum detalhe. Mas não demorou muito e ela voltou a dormi. Aliás, ela tinha se deitado há poucas horas. 

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Gambit ainda não tinha conseguido dormi. Além de chegar tarde ao seu apartamento, ele estava com uma mulher. Mas não uma mulher ao seu lado, e sim em sua mente. Vampira realmente o deixou intrigado. Não só pelo fato de ter levado um “fora”, mas sim porque sentia algo especial vindo diretamente dela. Além de achá-la extremamente linda, ela era doce, meiga e pura, o que ainda mais o cativava. Apesar de mal a conhecer, ele também sentia muito por ela. Não era pena, mas achava injusto que uma garota como ela tivesse que passar por tanta infelicidade.

Naquela manhã, ele estava sentado em uma janela, fumando o seu primeiro cigarro do dia. Também estava sem camisa, apenas usando a calça da noite anterior, fazendo com que os primeiros raios solares aquecessem o seu corpo. Obviamente, ele estava pensativo, tentando entender a si mesmo. Afinal, o que ele estava sentido? Ele afirmava que não poderia ser paixão. Ele confessa que já amou no passado, mas hoje, não. Porém, aqueles sentimentos que tinham pela Vampira o faziam mentir para si mesmo.

De repente, ele se lembrou do lenço que a misteriosa garota esqueceu. Gambit o levou para casa, e o deixou em cima de uma cômoda. Ao lembrar, ele saiu da janela e foi até o lenço. Ele o pegou e pôde sentir o doce perfume de Vampira. Ele sorriu e considerou outro aspecto que também lhe chamou a atenção: o mistério. Como sempre, Gambit adorava um desafio. Mas desta vez, ele se perguntou se valeria à pena. Ele não queria se apaixonar (apesar de que já poderia ser tarde demais). Após suas auto- reflexões, ele apenas guardou o lenço no fundo de uma gaveta.

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Já era tarde quando Vampira começou a acordar novamente. Ela não gostava de acordar tarde, mas desta vez foi por um bom motivo. Ela se despreguiçou sorrindo e lembrando novamente de sua noite. De repente, alguém bateu em sua porta.

- Pode entrar! – Vampira nem se preocupou pelo fato de estar de pijama. Ela sempre odiava quando os outros a viam assim.

- Boa tarde, Vampira! – Era Ororo, que preferiu permanecer na porta.

- Boa tarde, Ororo! Acho que dormi um pouco mais do que eu costumo

- Sim, por isso eu vim aqui. Está tudo bem?

- Está sim, não se preocupe! – Vampira não reparou que Tempestade também se referia aos recentes acontecimentos.

- Todos já almoçaram, mas caso preferir lanchar ou almoçar, está tudo lá na cozinha.

- Obrigada, Ororo. Eu vou me arrumar e daqui a pouco desço.

Ororo se retirou e percebeu que Vampira estava diferente.

Vampira tomou um banho rápido e se arrumou. Quando ia saindo, ela quase se esqueceu das luvas. Fazia um bom tempo que não as usava mais, e sentiu certa tristeza ao lembrar que agora elas são fundamentais para a segurança de todos novamente.

A cozinha estava vazia, e tudo parecia conspirar ao favor de Vampira naquele dia. Mas, quando tudo parecia calmo, Kitty apareceu. Vampira continuou o seu lanche, tentando ignorar a presença de Kitty.

- Vampira...eu gostaria de conversar com você... – Kitty se sentia meio acanhada.

- Kitty, eu acho que isso não é necessário – Vampira largou o seu lanche e passou a encará-la.

- É preciso sim! Por favor, me perdoe! Eu me arrependo muito pelo o que eu fiz. Vou entender perfeitamente se você não quiser ser mais a minha amiga, e também sei que o que eu fiz não merece perdão. Mas por favor, me desculpe!

Vampira pôde sentir que as palavras de Kitty eram verdadeiras, mas ela continuou a encará-la em silêncio.

-Bem... acho que isso era tudo o que eu tinha para dizer. – Kitty já tinha se virado para ir embora.

- Kitty, espera! Eu posso lhe perdoar, mas não sei se poderei voltar a confiar em você. Eu não sinto rancor, e aproveito para lhe dizer que o Bobby está livre agora... então, faça o que quiser .

- Mas isto não está certo, Vampira!

- Está sim! Vocês não devem satisfações a ninguém – Vampira percebeu que Kitty poderia começar a chorar a qualquer momento – Olha, eu gosto de você e também do Bobby, só não posso mais confiar em vocês. O que vocês fizeram me machucaram  muito.  Mas vocês têm o meu perdão, pois não quero ficar sofrendo com isto.

- Obrigada, Vampira! – Disse Kitty que em seguida a abraçou – Se eu pudesse voltar ao passado, consertaria tudo isto.

Vampira não disse mais nada. Apenas aceitou o abraço, e voltou para o seu quarto.

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Apaixonada. Talvez esta seria a palavra para descrever a Vampira naquele momento. Ela não conseguia pensar em outra coisa. Até mesmo as lembranças que tinham sido absorvidas de Bobby foram esquecidas. Aquele Cajun limpou, mas também ocupou a sua mente. Em meio a todos os bons pensamentos, as incertezas começaram a surgir. Ela se indagava se um dia voltaria a vê-lo, se ela deveria voltar àquele bar, e até mesmo pensou se os dois poderiam ter um futuro juntos.

De repente, Vampira se sentiu estúpida. Pensamentos confusos começaram a brotar em sua mente. Como poderia estar apaixonada por um homem que mal conhece? Será que ele teve uma má impressão sobre ela? Vampira era uma garota frágil. Ela não só se apaixonou por Gambit  pelo fato de poder tocá-la. Desde quando o viu pela primeira vez, ela se sentiu atraída por ele, não só pela beleza, mas também por algo que ela não conseguia explicar.

E após as reflexões, Vampira se lembrou de que não poderia passar o dia inteiro ali suspirando. Ela se levantou e pensou em algo para fazer naquele domingo, decidindo, então, em arrumar o seu quarto. Durante a arrumação, ela pegou a sua roupa que usou na noite passada para levá-la à lavanderia. Daí, finalmente, ela sentiu falta de seu lenço. Ela não conseguia encontrá-lo em lugar algum. Era apenas um lenço simples, de seda e verde-escuro, mas possuía um valor sentimental. Tinha sido um presente de sua mãe, de quando ela ainda morava no Mississipi e achava que era uma garota normal.

De repente, ela caiu em si. A última vez que o viu foi quando Gambit o retirou de seu pescoço.

- Não acredito! – Disse Vampira consigo mesma. Agora só caberia a ela decidir se voltaria àquele bar.

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O tempo passou e já tinha anoitecido. Vampira continuava indecisa se voltaria ao bar para buscar o que esqueceu. Na verdade, Vampira estava feliz em saber que poderia reencontrar Gambit, mas também se sentia um pouco apreensiva. O lenço poderia ser uma desculpa para vê-lo, apesar de que ela realmente queria recuperá-lo.

Já ia ficando tarde, passando da hora em que ela tinha saído ontem. Mas finalmente, ela decidiu ir. Não poderia demorar muito tempo para se arrumar, então fez uma maquiagem simples que realçava ainda mais a sua beleza. Ao contrário de ontem, ela vestiu uma roupa mais confortável e bonita. Escolheu uma camiseta verde-escuro, dotada de um decote não tão chamativo, e também permitia que sua barriga ficasse amostra. Também vestiu uma calça e casaco pretos. E também, claro, as luvas.

 Quando estava descendo as escadas, e tomando cuidado para não acordar ninguém, ela foi surpreendida por Logan.

- Logan!

- Para onde você está indo a esta hora? – Logan reparava o quanto ela estava bem arrumada.

- Eu decidi dar uma volta

- Agora? Vampira, eu vi a hora em que você chegou ontem.

- É mesmo? E daí? Já tenho idade suficiente para sair e voltar a hora que eu quiser!

- Mas pode ser perigoso!

- Eu não sou nenhuma mocinha indefesa, e você sabe disto! – Vampira tinha razão, e Logan era obrigado a concordar. Além de seus poderes, que eram letais, Vampira tinha sido treinada por ele.

- Então me diga ao menos aonde você vai!

- Logan, por favor! Eu vou ficar bem, prometo!

- Está bem. Mas se alguma coisa der errada, eu não sei o que vou fazer, hein!?

- Não vai acontecer nada, tá legal!? – Vampira preferiu sair logo antes que ficasse extremamente irritada.

Logan percebeu que havia algo diferente em Vampira. Ela saiu pela segunda noite seguinte, o que não era costume. Além disso, há menos de um dia, ela estava arrasada pelo retorno de seus poderes. Certamente ela estaria indo ao mesmo lugar que foi na noite passada, onde teria acontecido alguma coisa que a fez mudar profundamente.

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Chegando ao lugar, Vampira começou a ficar ansiosa e até pôde sentir as suas mãos suarem por debaixo das luvas. Mas enfim, ela estacionou sua moto e foi rumo ao bar. Ao passar pelos seguranças, ela parou, respirou fundo e finalmente entrou.

Seus olhos estavam sem rumo. De maneira discreta, ela procurava Gambit por todos os lados. Primeiro, ela foi até ao balcão, onde ele havia a encontrado. Ela se sentou no mesmo banco, pediu a mesma bebida e ficou à sua espera. De vez em quando, ela olhava para olhar a mesa de bilhar. Em nenhum momento, ele aparecia por lá. O tempo foi passando, e Vampira ficava cada vez mais ansiosa. Ela começou a olhar para a porta, pois talvez ele poderia chegar ainda.

Passaram-se vinte minutos e não havia nenhum sinal do Gambit. Então, Vampira decidiu dar uma volta pelo bar. Ela passou pela pista de dança, e chegou onde ficavam as mesas de jogos, e lá ela teve uma surpresa. Gambit estava lá. Ele ficou todo aquele tempo em uma mesa, jogando pôker com cinco homens.

Ao vê-lo, Vampira sentiu um calafrio, seu coração disparou e quase não conseguia respirar direito. Ela pôde sentir o seu rosto corar e ficou ali parada, apenas o observando. Na noite passada, ele havia lhe mostrado uma carta de baralho, então aquele deveria ter sido o primeiro lugar onde ela poderia ter ido. Gambit parecia muito alegre, com certeza estava tendo um bom jogo. Quando ele sorria, Vampira, sem perceber, também sorria. Mas Gambit não tinha uma visão de onde Vampira estava.

Vampira pensava em uma forma para abordá-lo, mas também precisava de coragem. Ela não podia ficar ali em pé e parada por tanto tempo. Então, em um impulso, ela decidiu ir até ele. Mas quando ela estava se aproximando da mesa, uma mulher morena apareceu e se sentou no colo de Gambit. Vampira parou e pôde sentir um tremor em suas pernas. Gambit apenas abaixou as suas cartas sobre a mesa e beijou a mulher.

Os olhos de Vampira arregalaram e ela sentiu uma fincada em seu peito. Foi uma surpresa terrível. Ela se afastou e se escondeu atrás de uma pilastra. Por mais que ela não queria, ela continuou a observá-lo, e viu que ele beijava aquela mulher assim como havia lhe beijado noite passada.

De repente, Gambit parou e se levantou, mas seu braço continuava em volta da cintura da mulher.

- Excusez-moi, cavalheiros! Mas eu tenho assuntos mais importantes para tratar agora. Foi um prazer ganhar de vocês ! – Em seguida, Gambit se virou para a mulher, e juntos foram para algum outro lugar do bar.

Vampira não acreditava no que tinha visto. Ela esperou o dia inteiro para ver aquilo. Seus olhos começaram a lacrimejar e o seu coração a doer. Então, ela preferiu ir embora daquele lugar para nunca mais voltar.


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