Um Destino A Dois escrita por Laura Marie


Capítulo 3
Encontro




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Vampira estava de cabeça baixa, apenas encarando a sua bebida, sem prestar atenção nas pessoas ali presentes. Seus pensamentos estavam longe, apenas concentrados nos acontecimentos terríveis que ocorreram naquele dia.

Já eram quase dez horas da noite quando Vampira decidiu dar uma volta de motocicleta. Tal decisão era um pouco arriscada, pois ela estava triste, sozinha e confusa, e não possuía um destino certo para onde ir. Ela achou que, talvez, um passeio diferente a faria bem. Então arriscou em vagar pelos bairros distantes em Nova York. Após estacionar a sua moto, Vampira entrou no primeiro bar que avistara. Ela já tinha idade suficiente para freqüentar este tipo de lugar, apesar de sua “cara de menina” que fazia qualquer segurança desconfiar.

Após passar pelos seguranças do bar, lá estava ela, sentada em frente a um balcão, sozinha e infeliz, apenas na companhia de uma taça de Martini. Vampira não gostava muito de bebidas alcoólicas, apenas pediu um drink para disfarçar a sua presença naquele lugar.

Localizado em uma região não tão bem vista pela maioria dos nova-iorquinos, o bar até que possuía uma ótima aparência. Era grande e muito bem decorado. Além da ala do balcão e das mesas, o estabelecimento também possuía uma pista de dança e um pequeno pub, onde ficavam as mesas de bilhar, um palco e espécies de sofás embutidos nas paredes.

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Em uma mesa de bilhar, estava um homem atraente e misterioso. Era alto e possuía um cabelo castanho e cumprido até a altura do queixo. Também tinha um corpo bem definido e um olhar marcante, o que explicava o fato de muitas mulheres estarem à sua volta. Além disso, também parecia que ele estava muito familiarizado com aquele lugar.

Remy LeBeau, mais conhecido como Gambit, estava acompanhado por uma mulher loira, que estava sentada em cima da mesa, à sua espera. Usava uma camiseta e mini-saia, e uma bota que ia até os joelhos, também correspondendo aos ares daquele lugar.

Quando mal tinha terminado o jogo, Remy agarrou fervorosamente aquela mulher que, por sinal, também correspondia os seus beijos. De pé, entre as pernas da loira, Remy de repente parou e a abraçou. E foi nesta pausa que algo lhe chamou atenção: uma mulher sozinha, sentada em frente ao balcão, que em nenhum momento se virava para ele poder ver o seu rosto.

Remy não tinha percebido quando ela chegou, não fazia idéia de quem era ou como era, mas a sua curiosidade e “intuição masculina” o forçaram a arriscar.

- Podemos nos ver mais tarde, chérie?

- Uhum! Quando você quiser! – respondeu a mulher que, em seguida, lhe deu um último beijo e foi embora.

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Então, Remy foi em direção a aquela mulher sozinha e misteriosa no balcão. Ao chegar lá, ele se encostou ao balcão, ao lado de Vampira. Mas ela nem percebeu sua presença, e continuou de cabeça baixa, com o cabelo cobrindo parcialmente o seu rosto.

- Bonsoir, chérie!

Vampira olhou discretamente e se deparou com um homem charmoso e dotado de um olhar que penetrava a sua alma. Ela sentiu o seu rosto corar, e ao invés de responder, ela apenas o ignorou, voltando a encarar sua taça.

Ao ver a reação de Vampira, Gambit deu um leve sorriso. Conforme ele esperava, a mulher era realmente bonita e encantadora. Também a achou tímida, mas ele preferiu insistir, pois não seria hoje que ele levaria o seu primeiro “fora” na vida.

- Posso me sentar aqui?

Novamente, Vampira o olhou rapidamente e não respondeu.

- Bem, eu vou encarar isto como um “sim”, chérie – Assim que falou, Gambit se sentou em um banco ao lado dela.

Droga!” – disse Vampira consigo mesma. Colocar alguém em coma não estava em seus planos desta noite.

Gambit continuou a encarando, mas ela permanecia imóvel e sem dizer uma palavra.

- O que uma bela jovem como você está fazendo aqui sozinha? – Gambit insistia em um diálogo, e mais uma vez, foi ignorado.

Gambit reparou que Vampira estava com o seu corpo totalmente coberto, o que era muito estranho para uma garota naquele lugar. Vampira usava uma camisa, mas as luvas tampavam os seus braços até acima dos cotovelos. Também usava um lenço enrolado no pescoço, uma saia e uma meia-calça. Além disso, estando em pleno outono, aquele tipo de roupa não era apropriado para a estação. Sendo assim, Gambit chegou à conclusão de que havia algo errado na pele daquela garota.

- Algo errado, chérie? Não precisa ter medo de mim – Em seguida, Gambit se inclinou para retirar uma mecha de cabelo do rosto de Vampira.

- NÃO TOQUE EM MIM! – Finalmente Vampira disse alguma coisa. No entanto, ela gritou e deu um tapa na mão de Gambit, o impedindo de se aproximar de seu rosto.

Gambit ficou assustado com a reação de Vampira. Todas as pessoas que estavam ali notaram o alvoroço. Vampira também ficou assustada com ela mesma, pois sua atitude foi feita sem pensar. Depois disto, o seu rosto começou a corar ainda mais.

- Pardon, chérie! Eu não queria assustá-la! – Apesar de ser um momento embaraçoso, Gambit aproveitou a oportunidade para ver o seu rosto. Ela era realmente linda, principalmente quando ficava envergonhada.

- Não...! Eu sinto muito! Eu, eu, eu não queria... – Vampira tentava reparar o seu erro, mas sentia que isso era quase impossível. Ela queria começar a chorar, então tampou o seu rosto com as mãos.

- Está tudo bem, chérie. Não tem porque se envergonhar e eu não vou te machucar – Gambit, mais uma vez, se aproximou de Vampira.

- Não! Sou eu quem pode te machucar!

Gambit ficava sem entender aquela garota cada vez mais.

- Me desculpe... Eu, eu só tive um péssimo dia... meus poderes voltaram, tirei a prova de que fui traída, terminei com o meu namorado e fui afastada do emprego! – Sem perceber, Vampira se abriu para um estranho, e seus olhos arregalaram quando viu o que acabou de fazer.

Gambit também ficou surpreso e um pouco assustado com Vampira. A garota que não dizia uma palavra há alguns minutos, agora falava descontroladamente.

- Eu sinto muito, chérie...

- Não! Desculpe-me por desabar os meus problemas em cima de você. Acho melhor eu ir...  

- Não, espera! – Disse Gambit assim que ela se levantou para ir embora. E por impulso, ele segurou o braço de Vampira, mais especificadamente onde a sua pele estava descoberta pela luva e pela manga da camisa.

Vampira pôde sentir o seu coração gelar. “De novo não!”, ela pensou. Mas para a sua surpresa, absolutamente nada aconteceu.

- Como assim!? – Ela se virou para Gambit e viu que ele ainda estava em contato com a sua pele.

- O que foi chérie? – Gambit, definitivamente, começava a ficar confuso.

- Você está tocando em minha pele e nada acontece!

- Era para acontecer alguma, chérie? – Gambit soltou o seu braço quando viu que ela se acalmou e voltou a se sentar.

- Sim. Como você pode ver, eu sou uma mutante e meus poderes são através da pele. Se eu tocar em alguém, eu absorvo a sua força vital, pensamentos, lembranças, e se for um mutante, também os seus poderes. Mas fazendo isto, eu deixo a pessoa inconsciente por um bom tempo, e se o contato demorar muito... a pessoa pode morrer – Vampira tinha até se esquecido que estava revelando a sua vida para um homem que nem sabia o nome.

Agora tudo começou a fazer sentido para Gambit, e ele até começou a se sentir aliviado ao ouvir a explicação de Vampira, mas também se lamentava por ela.

- Então eu tenho novidades para você, chérie. Eu também sou um mutante. –Ele pegou uma carta de seu bolso e a energizou. Assim que começou a energizar, os seus olhos ficaram vermelhos e brilhantes – Eu posso manipular energia cinética, a transferindo para materiais inorgânicos, assim transformo qualquer coisa em explosivos.

Gambit sorriu e viu que Vampira também sorria, mas de repente, ela voltou a si.

- Mas, eu não entendo! Há seis meses, quando o governo lançou a cura para os poderes mutantes, eu a tomei, e assim os meus poderes desapareceram. Tudo estava indo bem até que ontem eu coloquei o meu namo...o meu ex-namorado em coma – Vampira se retraiu – Será que a cura voltou a fazer efeito?

Vampira começou a ficar esperançosa novamente. Mas infelizmente (ou felizmente) não era isso o que estava acontecendo.

- Chérie, eu acho que sei o que está acontecendo.

- O que?

- Os meus poderes provocam uma interferência estática ao meu redor, me tornando imune aos outros poderes mutantes. Na verdade é como se fosse uma aura bio-cinética constante ao redor do meu corpo, que neutraliza todos os poderes com o contato físico.

Vampira não conseguia acreditar no que acabara de ouvir. Os seus olhos brilhavam e ficou sem fala. Ela encontrou o que poderia ser o único homem capaz de tocá-la. Mas isso não significa que ela se atiraria em seus braços. Além de tímida, Vampira tinha seus próprios valores, e por mais que parecesse difícil, esta não seria a coisa certa a fazer agora.

- Então... eu não posso te machucar?

- Eu creio que não, chérie! – Disse Gambit enquanto acariciava o seu rosto, fazendo-a corar ainda mais.

Vampira sorriu timidamente, e sem ao menos perceber, ela tinha deixado Gambit lhe tocar.

- E agora eu posso saber o seu nome?

- Vampira.

Gambit estranhou o nome, mas preferiu não interrogar, e era óbvio que este não era o seu nome verdadeiro. Sendo assim, Gambit também preferiu não dizer a sua verdadeira identidade (até porque ele nunca dizia o seu nome para as mulheres com quem saía).

Assim que se apresentou, Gambit beijou uma das mãos de Vampira. Ela sorriu e seu rosto começou a ficar novamente vermelho.

- Gostaria de dançar comigo, chérie? – Gambit a perguntou assim que uma música lenta, e também romântica, começou a tocar no ambiente.

- Bem... eu... não sei dançar...

- Não se preocupe, chérie. Eu te ajudo – Gambit se levantou e estendeu a mão para Vampira, que acabou reconsiderando o convite.

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Gambit a levou para a pista de dança, onde também estavam outros casais. Ele colocou as suas mãos em volta da cintura dela, enquanto ela o segurava nos ombros. Ele percebeu que ela não estava confortável, e havia um espaço entre eles. Para melhorar o clima, Gambit, de repente, a puxou para perto dele, a prensando contra o seu corpo.

Vampira se assustou, mas não demorou muito para começar a se relaxar, e o respondeu com um sorriso. Com isso, ela pôde sentir que Gambit possuía um corpo bem definido, confirmando a sua primeira impressão sobre o seu físico. 

Aos poucos, Gambit foi retirando delicadamente o lenço em volta de seu pescoço. Assim que o retirou, ele começou a beijar suavemente o seu pescoço. De início, Vampira ficou um pouco apreensiva, pois não estava acostumada com este tipo de coisa (e quando tinha perdido os seus poderes, o seu ex-namorado não lhe dava este prazer). Vampira estava gostando, e sem reparar, as suas mãos já estavam apertando os ombros de Gambit. Ela se deixou levar, apesar de que não planejava ficar com ninguém esta noite.

Em seguida, Gambit parou e segurou o seu rosto. Toda vez que olhava para aqueles grandes olhos verdes, ele tinha mais certeza de que Vampira era realmente encantadora. Enquanto isso, Vampira apenas o correspondia com um olhar e sorriso tímidos. As trocas de olhares não demoraram muito e, de repente, Gambit finalmente a beijou. Foi um beijo profundo e apaixonante.

Vampira sentiu o seu corpo estremecer. Foi uma sensação estranha, mas era boa. Ela nunca tinha sentido algo parecido, nem mesmo quando Bobby a beijou pela primeira vez. Vampira correspondia os seus beijos cada vez mais, até que Gambit parou. Ele olhou para ela e sorriu. Em seguida, segurou a sua mão e a puxou, levando-a para algum lugar.

Ela o acompanhou, e viu que ele tinha a levado para um daqueles sofás do pub. Ele se sentou e a puxou para o seu lado. E assim, eles voltaram a se beijar. Vampira nunca tinha se sentido tão realizada até aquele momento. Os beijos eram cada vez mais irresistíveis. As mãos de Gambit caminhavam pelo seu corpo, indo de seus braços até as coxas.

Ao reparar que as coisas estavam ficando cada vez mais quentes, Gambit fez uma pequena pausa, e lhe disse bem próximo ao ouvido:

- Você quer ir para um lugar mais íntimo, chérie?

Ao ouvir isto, Vampira engoliu seco e se afastou. Conforme a sua decisão inicial, ela não queria se entregar. Além do mais, ela nunca tinha tido uma “relação profunda”, e não estava disposta a fazê-la com o primeiro homem que encontrasse, mesmo se ele fosse bonito e imune aos seus poderes.

- Me desculpe, Gambit! Eu tenho que ir agora...

Assustada, Vampira se levantou e saiu praticamente correndo.

- Vampira! Espera! – Gambit percebeu que tinha constrangido a garota. Ele também se levantou e foi atrás dela, mas a perdeu de vista em meio às outras pessoas no bar.

Gambit saiu do bar e não viu nenhum sinal da Vampira pela rua. Apesar de não querer admitir para si mesmo, ele também tinha sentido algo especial por ela e ficou meio decepcionado por tê-la espantado. Sendo assim, este foi o primeiro “não” que recebera de uma mulher. E como recordação deste dia, lá estava um lenço em sua mão.


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