Força Especial da Marinha escrita por Vlk Moura


Capítulo 15
Complicado


Notas iniciais do capítulo

Capitão



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Já havíamos chegado a costa, antes de entrar no submarino eu fiquei em dúvida se não deveria assumir o lugar dela, mas agora já era tarde, já estávamos evacuando nas naves submersas, Tainá, Sara, Francis, Santo e James correram para o ponto mais alto da base, dali dava para ver tudo, Albart havia nos mandado um sinal dizendo que a contagem regressiva havia começado, João já havia avisado aos navios a nossa volta, iam par Alá, a televisão já estava entrevistando alguns marinheiros, mas todos estavam abalados demais com aquilo.

- Imagina como os pais dela irão ficar – Tainá apertava a mão de Sara – Caramba!

A explosão ocorreu, não foi algo pequeno, não, dali ainda deu para se ouvir o som do estrondo, era impossível sobreviver, todos demos as costas para a quilo, meu peito queria explodir, levei a mão até ele e antes que os marinheiros me vissem eu sumi, eu estava chorando, eu estava me sentindo perdido, a televisão tentou me parar, mas eu estava eufórico, nada me pararia em um momento como aquele.

Como eu avisaria a família dela de que eu a havia deixado morrer? Que ela assumiu um papel que ninguém mais teve coragem, nem mesmo eu? Sou um péssimo capitão.

Charles deve estar vendo o que está acontecendo... Não deu muito tempo um carro do clube parou de fora da nossa base, Charles desceu, estava acompanhado de uma moça, muito bonita por sinal, ele entrou passou pelos repórteres que tentavam entrevistá-lo, pude vê-lo parar Santo e então o abraçar para poder tapar o choro, ele olhou em volta como que querendo uma resposta, seu olhar encontrou ao meu. Eu fechei os olhos e dei as costas, ele viria atrás, eu sabia disso.

- É mentira, não é? – ele me perguntou, ele chorava, desabava, eu havia acabado de me recuperar de uma onda, se eu continuasse a olhá-lo dessa forma eu voltaria a chorar. – Por favor, me diga que é mentira.

- Sinto muito, não posso mentir – falei segurando um suspiro choroso – Ela se sacrificou por todos nós.

- Você devia tê-la parado, você manda nela, não é? É assim que funcionam as hierarquias militares – ele fazia sinais com as mãos indicando as hierarquias.

- Você a conhece há mais tempo que eu, você deveria saber que se ela tivesse essa ideia na cabeça, mesmo que eu a proibisse, ela faria.

- Quem tem a ideia de morrer? – ele socou a parede, a moça entrou e o olhou, ela usava roupas curtas demais par ao frio que se fazia, a televisão já estava ali tentando entrar.

- Capitão, por favor. – uma repórter tentava invadir o quarto.

- Não irei dar entrevistas – falei e olhei para Charles – Chorar não fará com que La volte, tente superar isso. – eu não conseguia superar.

Pude ouvir seus passos rápidos ele me virou e ia me acertar um soco, torci seu braço, parei ao lado de seu ouvido.

- Eu me sinto como você, lembra a pergunta que você me fez quando conversávamos naquela noite? – ele enrijeceu o corpo – Então, ela é a resposta. – eu o empurrei.

Passei pela porta e desci a escada. Agora estava tudo silencioso, não tinha ninguém tentando fazer mil coisas ao mesmo tempo, nem mesmo uma voz me chamando para saber se tinha permissão para fazer algo.

Ao anoitecer várias ligações começaram a chegar, as famílias queriam saber como seus filhos estavam se haviam sido uma das vitimas, no dia seguinte passaríamos os nomes a todos. Passeei pelas ruas frias de uma Holanda mais vazia, de um mundo mais calmo, mas de uma forma perturbadora, sentei na porta de um bar, era um bem simples, e comecei a pedir as doses, eu já podia imaginá-la me vendo naquele estado, brigando comigo.

Ela me viu bebendo uma vez, na nossa última folga, no último dia, eu fui até aquele mesmo bar e bebi algumas doses, passei um pouco do meu ponto, ela estava passando por ali e me encontrou, fechou a conta e me carregou para nosso alojamento, cuidou de mim até ir para o seu. No da seguinte se comportava como se nada tivesse acontecido, fora assim quando me viu passando mal no Brasil.

Por que só agora estou admitindo a mim mesmo que gostava dela, de que sempre que a via com Charles eu tinha vontade de socar aquele jogador cretino? E vê-lo com aquela moça, era a mesma Camilla de quem eu ouvira Yeva contando as meninas, ele havia voltado com ela, pelo que pude ver, mas ele se preocupava com a Yeva, por que ele era tão idiota? Por que ela foi tão idiota?

- Capitão?  - olhei, os marinheiros estavam ali, minha visão já estava meio danificada pelo álcool. – O senhor aceita companhia? – Francis perguntou.

Estiquei o braço indicando para que sentassem, eram os cinco, eles se ajeitaram, eu comecei a controlar o que estava ingerindo, eu não queria ficar bêbado mais uma vez na frente de oficiais. Começaram a conversar sobre como a imprensa estava agitada atrás de mais informações e pareciam não entender que apenas mais para a frente saberíamos sobre o assunto.

Voltamos para a base, começaram as buscas pelos corpos, os outros navios abordaram os que haviam nos cercado e os prenderam, assim chegou ao fim os piratas que queriam destruir os polderes, estávamos prontos para voltar ao Brasil, porém teríamos algumas semanas de férias e as gastaríamos por ali mesmo. Continuamos alojados no clube de futebol, Charles já estava recuperado do choque de ter perdido Yeva e se divertia com Camilla. Eu fazia os treinos de sempre junto aos cinco que restaram para serem levados ao Brasil. Recebemos um telefone dos pais de Yeva, perguntavam desesperados se era verdade o que havia acontecido com a filha, eu podia sentir a dor deles. E até o instante não haviam encontrado o seu corpo. Era difícil não ter brigas durante os treinos ou alguém observando o nada.

Passamos a olhar nos pontos e ver um restinho de Yeva, quando a noite caia eu sempre encontrava Charles fitando o campo esperando encontrá-la, nem isso ele faz mais, agora ele entra e dorme pelo que fiquei sabendo através de seus companheiros.


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