Força Especial da Marinha escrita por Vlk Moura


Capítulo 14
Sinto muito, essa é minha função


Notas iniciais do capítulo

Charles
Yeva



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/381783/chapter/14

Um sentimento de culpa me atingia, eu não sabia dizer se aquilo que tínhamos feito era certo ou não, eu sabia que ela queria e eu também, mas ainda assim não parecia correto. Tínhamos terminado um namoro, mas agora voltávamos a nos comportar como se nada tivesse acontecido, a forma como ela me tratava e a forma como eu trato, tudo é como antes como se nada tivesse mudado. E tem ainda esse Charles a forma como ele nos olha, não sei o que se passa na cabeça dele, não sei se esse é o comportamento de um capitão, pelo menos o do meu time não se comporta dessa forma.

Eu deveria tomar mais cuidado como a trato isso pode nos trazer muitos problemas, mas agora ela está longe, e não voltará tão cedo, espero que isso seja tempo suficiente para eu parar de pensar que tudo isso é errado, espero que o tempo realmente nos dê um tempo.

-.-.--.-.-.-.--.-.--.-.-.

Agora era uma temporada de quase seis meses em alto mar, onde ficaríamos sempre em água, voltando a costa apenas para abastecer e fazer reparos no navio, era sempre complicado, cada nova abordagem causava arrepio em todos nós do porão, sempre parecia que seriamos atacados, mas, felizmente, até agora todos os piratas de renderam.

As vezes eu era mandada para ajudar na cozinha quando o Capitão João queria algo mais brasileiro e Charles me elegeu para fazer esses pedidos, comentou com todos o quão bons eram os jantares que eu havia feito em nosso navio. Isso me incomodava, eu tinha de largar meu posto, aquele e que eu gostava para cozinhar na maioria das vezes eu era largada pelo cozinheiro oficial, ele me deixava lá sofrendo com o fogão. Sinto falta do Yago.

Todas as manhãs eu faço meus exercícios matinais junto a Sara e Tainá, mas vez e outra ainda recebemos a companhia de Francis, Santo ou James, varia com o animo deles de correr e fazer abdominais. Estávamos só as três nos exercitando, fazendo abdominais, quando Tainá parou e olhou no horizonte parecia intrigada com algo, chamou Sara e ficaram encarando algo bem ao longe. Sara me cutucou e então constatamos que era um navio que ia direto ao polder, precisávamos alertar os capitães, corremos atrás de algum encontramos Albart, começamos a explicar com nosso inglês desesperado.

O navio não fora visto porque parecia pintado em azul o que o camuflava em meio ao céu e o oceano. Albart não nos entendia então mandou que procurássemos João, foi o que fizemos, ele entendeu e logo acionou a todos no navio, nós três colocamos nossos uniformes e seguimos para nossos postos, logo o pessoal me entregou os cilindros de oxigênio, eu comecei a carregar o meu e perceber o quanto ele retardava a movimentação, o tirei e coloquei ao chão. Todos pareceram se assustar com a minha atitude, mas me deixaram fazer.

“Ele não se rendeu” foi o aviso, todos sentimos o corpo ficar gelado, nos entreolhamos e com movimentos mais duros continuamos nosso serviço “Ele irá nos atacar...”

Meus dedos travaram, eu estava esperando o impacto, seria ali mesmo, na Holanda, já havia programado minha mente para a morte. “Conseguimos derrubá-lo” gritos ecoaram por todo o navio com alegria.

Voltamos as nossas funções com maior cuidado, agora eles haviam se aperfeiçoado, qualquer erro nosso seria um grande problema para o país. “Caímos em uma armadilha, estamos cercados!”

Medo, medo, medo, é tudo o que circula em minhas veias, aquele navio agora parecia pequeno para tamanho desespero, não só meu, mas de todos, os homens do maquinário já colocaram seus cilindros esperando o ataque, eu continuei sem o meu cilindro.

“Cinco minutos, todos no pátio” todos correram, eu não fiz diferente.

Olhei para Tainá e Sara, elas estavam distantes, busquei por Francis e James, estavam a frente de alguns holandeses e Santo estava perdido na confusão, era engraçado como procuramos um rosto conhecido que possa nos dizer que tudo ficará bem e então possamos nos sentir mais tranquilos. O capitão dava algumas instruções que eu tentava entender, mas tinha muito burburinho.

- Precisarei de três de vocês para ficarem aqui comigo – ele começou em inglês – eu ficarei no comando, preciso de alguém para as máquinas e dois para distração.

- Eu vou – falei me espremendo até chegar a frente. Meus companheiros me olharam assustados – Acho que ninguém vai querer batalhar por este lugar, não é?

- Yeva! – o Capitão Charles deu um passo a frente – Você não precisa fazer isso.

- Capitão – discutíamos em português – esse é um risco que temos de correr, não é? E eu penso em todas as pessoas lá embaixo, não se preocupe, você ainda terá que me aturar e muito.

- Quem mais? – o capitão gritou e dois meninos se voluntariaram. – Certo, João e Charles irão guiá-los até os submarinos de evasão, sigam todas as ordens que lhes for direcionado.

Bateram continência, os dois brasileiros e apenas quando o holandês a respondeu eles seguiram para os submarinos. Tainá, Sara e os meninos se aproximaram de mim.

- Espero te encontrar lá de fora – Tainá falou me abraçando e segurando as lágrimas.

- Olha aqui, se você morrer, juro que quando eu te encontrar irei te matar novamente – Sara brigou.

- Não se preocupe, iremos nos encontrar.

- Em um caixão. – Francis falou me abraçando.

- Eu não disse como. – falei segurando algumas lágrimas.

- Primeiro-Tenente, temos a sua permissão para partir? – James bateu continência assim como os outros que formaram uma fila a minha frente.

- Permissão concedida, marinheiros – eu falei batendo continência a eles que seguiram os outros.

Capitão Charles guiava alguns e se posicionou, bateu continência na minha direção eu respondi e então ele sumiu entre os outros, eu fui para minha posição, arrumei os cilindros de oxigênio para posições estratégicas. Albart nos informava cada vez que um submarino partia e quem estava no comando daquele, apenas reconheci os nomes de João e Charles, assim que o último se foi começamos com nossa correria, eu havia entendido que os dois meninos ficariam na superfície colocando fogo em pontos estratégicos, chamando a atenção dos navios, de qualquer forma morreríamos. Fui até o comunicador.

- Capitão – ele atendeu – Aqui embaixo há alguns cilindros de oxigênio, desejariam que eu subisse?

- Claro. – eu subi de um em um – Filhos da puta, eles não me notificaram sobre isso – eu ri, ele agradeceu pela atitude que eu havia tomado, agora aguardávamos que fossemos atacados.

“Senhores, temos dez minutos até a explosão” eu continuei cuidando das máquinas, as temperaturas eram altíssimas. Ficar ali já estava se tornando um sufoco, olhei para um dos cilindros, o posicionei em minhas costas junto dos outros apetrechos.

Os outros deveriam estar chegando até a costa e junto disso acionariam os outros navios que cuidavam dos polderes, estes iriam até onde estávamos para um reforço, mas que isso ocorresse seria necessário que nos sacrificássemos.

“Foi um prazer servir ao lado de vocês...” 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Força Especial da Marinha" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.