Seus olhos brilharam ao perceber que estava dentro do sistema de segurança da casa. Resolveu buscar os arquivos desde o segundo dia de trabalho da babá, escolhendo sempre as câmeras de segurança do jardim, do escritório, da garagem, da sala ou do banheiro dos meninos. Eles, por sinal, pareciam ligar o rabo na tomada quando acordavam de manhã, tamanha energia e disposição que tinham para pular e brincar. Pelo horário das gravações, acordavam às seis horas da manhã com muito ânimo e fazendo muita bagunça. Logo, já eram soltos do canil pela babá para correr pelo jardim, e eles pulavam e brincavam, se enroscando nas pernas dela. “Que pernas”, pensou nosso amigo ator, enquanto observava a cena antiga. E na hora do café da manhã, que Bear fez um charme para comer, e ela não pensou duas vezes, sentou no chão ao seu lado, fez um carinho e ofereceu uma ração em sua boca. Logo em seguida ele já estava comendo em seu pote tranquilamente. “Que poder de sedução, heim?!”.

– Poder mesmo é esses olhos e essas pernas lindas – Edward falou para si mesmo – e que coleção de shorts e bermudas...

Visualizou também todas as tardes quando a babá saía para correr com os meninos, e ficou encantado ao perceber que ela combinava sua roupa de corrida com a roupa e o boné deles. Eles ficaram muito engraçados com a camiseta do Batman e ela estava linda como sempre.

– Opa! O que o Jacob está fazendo? – perguntou em voz alta para si mesmo – Seu trabalho não é curtir a corrida ao lado da babá seu segurança safado! É isso aí meus filhotes! Orgulho do papai! Coloquem esse marmanjo sem vergonha para correr longe daí. Mostrem para ele que vocês cuidam da família na ausência do papai lindo!

Ele nem percebeu o que acabara de comentar, tamanha sua empolgação com a cena hilária. Apenas sentia orgulho dos seus cachorros e uma pontada de ciúme de Jacob, aparentemente tão próximo a Isabella. Ficou cismado também por não poder visualizar o dia que ela passou horas no jardim dos fundos, longe das câmeras de segurança, fazendo alguma coisa com as crianças. O que estaria aprontando? Precisaria mandar Emmett cobrir aquela área também com urgência. Não entendeu muito bem a cena da manhã, onde Alec colhia algumas rosas e ficou um tempo junto a Isabella e pareciam conversar ou cantar. Aquilo parecia muito estranho, mas o sistema não tinha som, então ficou impossível decifrar o que diziam ou faziam. Viu então o mordomo entregar uma rosa para a babá. Será que ele também estava caído de amores por ela? Impossível, a vida dele se resumia a um único amor não correspondido.... L.... Ops!... Segredo... Mas ali, teve uma grande ideia a seu favor... mas como colocá-la em prática sem levantar suspeitas? Precisaria pensar muito.

Viu também a obra de reforma no canil, e se questionou porque quebrar tudo daquele jeito. Mas, Alec sabia o que fazer, então seria melhor esperar para ver o resultado. Foi procurar então a cena dos meninos dormindo naquela noite, pois sem o canil, provavelmente estariam no seu quarto, mas para sua surpresa, não os encontrou nas imagens. Se eles não estavam no quarto, nem na sala, escritório, cozinha, banheiro e nem jardim, onde estariam? Será que haviam fugido? Não, isso não, Alec o teria avisado imediatamente. Pensou... ponderou... achou melhor não... mudou de ideia... e finalmente resolveu espionar o quarto da babá linda. Tomaria o cuidado para não invadir sua privacidade, então, escolheu um horário onde provavelmente já estaria dormindo, sem correr o perigo de estar nua, saindo do banho ou trocando de roupa.

– Até que não seria uma má ideia se eu, sem querer, escolhesse justamente o horário de troca de roupa – pensou alegremente – Mas eu teria sérios problemas se meu irmão descobrisse e contasse para minha família. Melhor contar, nesse caso, com o meu completo azar para minha total sorte.

Quando abriu as imagens, por volta de vinte e três horas da noite, horário de Los Angeles, teve uma surpresa linda, que deixou seus olhos vidrados na tela. Ela estava sentada na poltrona do seu quarto, com um pijama curto, cabelos soltos, sem maquiagem, lendo as últimas páginas de um livro. Estava simplesmente sexy e linda! E ele se perdeu completamente naquela cena, no tempo e no espaço. Ela parecia um anjo do céu. Seu estado de letargia só se dissipou, quando ela guardou o livro e pegou o que parecia ser um MP4 para ouvir música, e enquanto seus lábios se moviam, provavelmente acompanhando a melodia, ela se acomodou em sua cama. Foi aí que ele percebeu que sua busca acabara, pois seus bebês dormiam tranquilamente em cima da cama da babá. Ela se acomodou num canto mínimo da cama, para não acordá-los e depois de alguns minutos adormeceu, embalada pela música misteriosa que ouvia. Que música seria aquela? E que cena mais encantadora... seus três anjos dormindo juntos... Definitivamente, sua irmã Alice tinha uma boa intuição, pois a babá Isabella era perfeita para ele, em todos os sentidos. Mas isso, dificilmente ele iria admitir diante de sua fadinha, para que sua vida não se transformasse num verdadeiro inferno.

Ele então se levantou, se serviu de uma dose generosa de whisky e começou a pensar em tudo que acabara de ver. Será que ela tinha namorado? Será que estava interessada em algum funcionário da mansão? Ele não estava presente, ela não o conhecia, então a competição seria muito desigual. Será que ela se interessaria por ele? E se Jacob ou outro homem tentasse conquistá-la? Ele tinha uma vantagem a seu favor, aparentemente ela adorava seus filhos, então era cinquenta por cento de chance, mas como conquistar o coração daquela bela morena estando à milhas de distância? Ah, se ele pudesse falar com Alice, ela teria mil planos em sua cabecinha voadora. Mas não, ele queria fazer por si só, sem a ajuda da irmã, da secretária ou de qualquer outra pessoa. Seria por ele mesmo. Uma conquista verdadeira. Mas ele estaria apaixonado mesmo? Ou era apenas fogo de palha? Bom... se conseguisse executar a ideia que teve a algumas horas, talvez tivesse mais chances, mas teria que ser cuidadoso, não queria magoar ninguém, muito menos ao seu próprio coração.

Parte um do plano. Quando Isabella ganhou a rosa de Alec, pareceu gostar muito do presente e ficou cheirando as pétalas. Procurou então na internet o significado das cores das pétalas de rosa, e encontrou as rosas amarelas, que significavam felicidade e amor platônico. Perfeito para o momento pensou. Felicidade por poder observá-la e amor platônico, pelo que estava se propondo a fazer, conquistar alguém que nem conhecia pessoalmente, mas que já preenchia sua vida com alegria.

Parte dois do plano. Encontrou na internet uma floricultura no seu bairro em Los Angeles, que parecia não muito grande, mas muito aconchegante. Perfeito para quem não quer ser descoberto.

Parte três do plano. Criou um e-mail com um nome fantasma, para que pudesse fazer contato com a floricultura.

Parte quatro do plano. Mandou então uma mensagem para a floricultura. Queria entregar em determinado endereço, toda sexta-feira, independente de ser dia útil ou feriado, um buquê com rosas amarelas. Exatamente 52 rosas em todas as entregas. O horário de entrega sempre às 10 horas da manhã. A cada semana ele enviaria por e-mail a mensagem a ser escrita no cartão. Jamais poderiam informar a quem quer que fosse a origem do pedido ou o nome do solicitante. Segredo absoluto. Inicialmente, a encomenda seria por dois meses. Pagamento através de depósito em conta corrente a ser informada na resposta. Agradeceu a colaboração dos responsáveis pela floricultura, enviou o e-mail e sentou para aguardar a resposta. O fuso horário estaria a favor nesse caso.

Nem havia terminado sua dose de whisky quando chegou à resposta tão aguardada. O valor total era de US$ 5.000,00 para o pacote completo, garantindo total sigilo sobre o pedido, com as mensagens semanais recebidos do cliente por e-mail. Agradeciam o contato e aguardavam a confirmação do depósito na conta informada para efetivação do pedido. Então, agora o pior detalhe a ser resolvido, como efetuar o depósito, sendo que ele mesmo não poderia fazê-lo para não ser reconhecido na rua, e nem poderia pedir para sua secretária Rose. Pensou... pensou... e ligou para o gerente do hotel, explicando a situação que precisava ser resolvida em sigilo. O próprio gerente foi até seu quarto, pegou os dados para o depósito e um total de US$ 6.000,00 em espécie e prometeu que assim que fosse possível, resolveria tudo sem levantar suspeitas. Só então, ao fechar a porta da suíte, percebeu que as primeiras luzes do dia entravam pela janela da sua suíte. Ele havia passado a noite acordado, estava três ou quatro doses mais alegre e tinha menos de meia hora para ficar sóbrio, tomar banho, trocar de roupa e descer para o café da manhã. Literalmente, seu dia seria pavoroso sob essa perspectiva. Mas, ele estava feliz, fazia muito tempo que não fazia nada por ele mesmo, sem depender de sua secretária, seus irmãos ou seu mordomo. Era bom ser normal de vez em quando não é mesmo? Ou quase isso.

Mesmo atrasado, ele correu para o chuveiro cantarolando algo que estava há dias em seus ouvidos... a música “To Roam” que ele conhecera através de uma amiga no set de gravação interpretada pelo ator e cantor britânico “Robert Pattinson”. Não era muito o seu estilo, mas era diferente e muito agradável, e parecia combinar com a situação vivida nas últimas horas.

Well, I like this world
Well, I like this world
Well, I like this world
I pray I was in this world
I fight outwards in this world
I could fight with words

Ghosts in the rain
Cold walk of freedom
Well, I'm walking a hallway
I'm walking a hallway
Said, I'm walking a hallway
I'm walking a hallway
I'm walking a hallway
Well, I'm walking a hallway

I am proud and I'm gloried
Thinking 'bout the day what'll surely come
When on the scene, I'm smile evaded
When outta nowhere, I'm gonna run
But I know where I go, I will be gone

Somewhere to run to--if you see
You could see it through my mind
You wouldn't know it--no way
You'd know when my eyes roam
Through the fog and hail and sleet
I missed the snow and nowhere
Nowhere, nowhere, nowhere
You should've known where
Should've known where
You should've known where
Should've known better, baby

'Cause I like this world
And I like this world

Some people want to roam
Some people, they roam this world alone
Some people were born to roam
Some people they roam this world alone

http://www.youtube.com/watch?v=I9SiiPum7vQ

Já passava das vinte e duas horas quando finalmente retornou para o hotel. Por um problema técnico, tiveram que regravar algumas cenas e o dia havia sido mais exaustivo que o normal. Nem tivera tempo de falar com Rosalie e acabou dispensando a cerveja de sempre com o pessoal da produção, pois tinha outros planos em mente.

Ao entrar em sua suíte, encontrou em cima da mesa um comprovante de depósito e um bilhete: “Senhor Cullen, conforme solicitado. Não se preocupe. Boa noite. Jhonny Bravo. Gerência".

“Eu adoro eficiência”, pensou consigo mesmo. Antes de qualquer coisa, pegou seu celular escolheu o número dois na discagem rápida.

– Olá Edward, algum problema?

– Rose, me desculpe, te acordei?

– Não se preocupe, estou conversando com o Emm. Chegou agora? É tarde.

– As gravações demoraram mais que o normal para variar. Ainda bem que você voltou antes. Mande um abraço para o cabeção do meu irmão, segurança de porta de cadeia.

– Emm, ursão, o Edward está mandando um abraço para você. Outro para você irmão desnaturado. Ops. Falei. Desculpe.

– Sem problemas cunhadinha. Estou cansado demais para isso. Rose, por favor, quero que você escolha a melhor garrafa de whisky que você encontrar, e compre também duas entradas para o show do Rolling Stones, aquela turnê especial que está na cidade. E entregue tudo com um cartão meu de agradecimento para o Jhonny Bravo, gerente aqui do hotel. Quero agradecer por sua amizade, e sei que ele estava louco para ir ao show com a esposa e não conseguiu as entradas. Mas, você sempre consegue tudo, então, essa missão é sua cunhadinha preferida.

– Caramba Edward! Ele vai adorar tudo isso e tenho certeza que ficará muito feliz.

– Eu sei, ele é um bom amigo, por isso lembrei dele. Você pode resolver isso amanhã sem falta?

– Não se preocupe. Considere feito. Ah! O Emm está dizendo que também é um bom amigo pra você.

– Diga que ele já mora na minha casa, namora minha secretária e divide meus pais e minha irmã. Já é o suficiente para esse ursão abusado. Boa noite Rose, até amanhã e muito obrigado. Beijos.

– Boa noite chefe, até amanhã.

Parte cinco do plano. Após tomar um banho relaxante, fotografou o comprovante e enviou por e-mail para a floricultura, informando que a diferença no valor do depósito era uma bonificação pela atenção recebida e pela confiança no sigilo de todo o seu pedido. Informou o endereço completo para entrega, o nome da pessoa que receberia a encomenda e orientou que deveria ser sempre entregue em mãos. Agradeceu a atenção e finalizou com o que deveria ser escrito no primeiro cartão:

Isabella...

“O amor não se vê com os olhos mas com o coração”.

Seu eterno admirador”.

Nessa noite, seu coração estava tão inquieto, que achou melhor nem dar uma espiada em seus bebês, pois perderia o sono novamente, e para o bem da sua carreira profissional, pelo menos hoje ele precisava dormir. Ele ainda não sabia o que escrever no próximo cartão. Precisaria olhar a expressão no rosto da sua amada para ter a inspiração para as próximas mensagens. Mas, ele tinha certeza de uma coisa, ela também se apaixonaria por ele sem nem conhecê-lo pessoalmente. Viveriam a mesma experiência juntos. Em questão de minutos adormeceu, exausto, imaginando como seu anjo receberia as próximas surpresas reservadas para sua vida.

Qual seria a reação da jovem babá diante de um buquê anônimo com cinquenta e duas rosas? E por que exatamente essa quantidade? Qual o significado? Será que ela adivinharia o autor do verso do cartão? Teria sensibilidade para tanto?

Acho que devemos voltar para Los Angeles, a milhas de distância daqui e obter todas as respostas.