A Fuga escrita por Summer


Capítulo 7
Faça o que é necessário, salve-se essa é a opção


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo foi meio estranho, tanto de escrever quanto de resto, mas foi necessário e saiu bom, eu espero, me contem o que acharam.



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Michael e eu não trocamos uma palavra, e já estamos nesse carro a quase meia hora, não é como se nós falássemos o tempo todo porque ele não é de falar muito e eu fico meio idiota quando estou perto dele, mas eu tenho tantas coisas para dizer, mas minha língua não obedece meu cérebro, ser á que eu bati a cabeça com muita força? Oh Socorro, eu sou uma débil mental agora, mais do que eu era antes, eu preciso de um médico urgentemente para descobrir qual é o problema no meu cérebro, talvez ele me dê uma injeção e melhore.

— No que você tanto pensa? — Michael fala pela primeira vez.

— Nada de especial — Minha voz é pastosa, mas eu não pareço uma idiota falando então ponto pra mim.

— Hum — ele parece querer entrar em outro assunto e pensa em uma maneira de entrar gentilmente, por fim ele decide pela praticidade — Porque você quebrou a TV — Olhei para ele interrogativamente, só Frank viu a TV — Eu estava lá em cima quando você quebrou só vi a Televisão quebrada no chão — ele se explicou.

— Bem... — limpo a garganta, eu havia me esquecido completamente que do andar de cima você tinha uma visão de toda a sala de estar ­— A verdade... — eu não queria falar do prêmio, não queria mesmo, mas eu realmente não sabia o que fazer — Colocaram um prêmio gigante por informações que possam levar à nós.

— Hum... — Foi sua resposta.

— Só isso? — Minha voz é exasperada.

— Quanto eu estou valendo? — Sua voz parece casual, como se ele perguntasse as horas.

— 50 mil — eu sussurrei.

Michael dá um sorriso de contentamento. Eu olho para ele exasperada, mas com um pouco de humor.

— Como você pode estar contente com isso? — eu estou sorrindo contra minha vontade.

— É bom saber que eu sou bem valorizado no mercado — eu dou uma risada, é uma piada ridícula, mas eu fico feliz que ele possa brincar com isso.

Estamos nos aproximando da saída da cidade, o perigo é iminente, foi mais fácil sair da nossa cidade, porque apenas eu era uma procurada, agora todos são, eu sei que há policiais na saída, e não estou nem um pouco animada para encontra-los.

Já vejo a saída, e uma viatura está parada ao lado de um posto policial, apenas uma chamada de lá e toda a policia do país saberá onde nós estamos. Matt e Katherine passam em segurança, Frank e Hazel também, eu começo a respirar novamente. Quando as sirenes do carro da policia piscam atrás de nós minha cor se esvai, estou sem ar, preciso pensar rápido para nos tirar dessa.

No banco de trás vejo que Hazel jogou uma nécessaire, agarro-a e me maquio, apenas delineador e batom vermelho, encontro lentes e uma caixinha branca, tem duas dela, passo a com legenda “marrom”, para Alex e fico com as azuis, coloco rapidamente, meus olhos ardem um pouco, mas eu me acostumo após algumas piscadas.

— Nós vamos morrer, e você está se maquiando?! — ele pergunta já com as lentes, a voz de Michael é um misto de exasperação e medo.

— Cala a boca — eu digo ao dar o – ultimo retoque no batom — e troca de lugar comigo. Ele me olha como se eu realmente tivesse perdido a lucidez — AGORA!

Michael me obedece, o carro dá algumas guinadas assustadoras, mas não bate em nenhuma das árvores que nos rodeiam dos dois lados, eu coloco o cinto tento parar o carro no acostamento, tenho que parar exatamente do jeito que meu pai me ensinou, calmamente, o carro para em segurança, a ação toda levou três minutos. Minha respiração, entra e sai, entra e sai, entra e sai.

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— Porque demorou tanto para parar? — Um policial bem branco e magricelo para ao nosso lado, está encostado na nossa janela, ele parece estar na faixa dos 20 anos.

— Não ouvi nada — eu digo tentando parecer inocente.

— Hum — ele parece desconfiado — Carteira e documentos do carro, por favor — seu hálito é uma mistura de cigarro, cerveja e Tridente, com a cerveja e o cigarro dominando.

— Porque nós não esquecemos isso? — Eu já percebi que ele ficou extremamente distraído com meu decote, embora ele não mostrasse absolutamente nada.

— Sinto muito senhorita — ele diz depois de limpar a garganta, sua voz mais firme — Mas preciso dos documentos do carro, se não vou ter que apreender o carro e leva-los detidos.

Maldita Hazel e seu seus argumentos de que “ninguém desconfia de pessoas bonitas”. Meu subconsciente — que está sendo uma segunda voz na minha cabeça — sussurra: “vá mais fundo”, se ele quer que eu vá mais fundo, então é isso que eu vou fazer.

— Tenho certeza de que você pode abrir uma exceção para nós — tento fazer minha voz parecer sensual, pela risada abafada de Mike eu sei que não estou me saindo muito bem, eu mesma estou tentando não rir de minha idiotice — eu e meu irmão só queremos fugir para uma festa, sabe como é, viver um pouco, você não pode nos discriminar por isso.

— Senhorita — sua voz é mais mansa agora — entenda meu trabalho, eu não posso deixa-la ir, eu sinto muito mesmo — ele se aproxima mais ainda do carro, sua cabeça quase na parte de dentro.

Faço a coisa mais impensável e nojenta do mundo, eu beijo ele, e tudo o que eu desconfiava que estivesse aqui, está aqui, meu estomago se revira, sinto a bile subindo, tenho que lutar contra isso, eu quero gritar por socorro, não aguento mais um segundo disso...

QUE NOJO; ME MATEM; QUE NOJO; ME MATEM; QUE NOJO; ME MATEM; QUE NOJO; ME MATEM; QUE NOJO; ME MATEM; QUE NOJO; ME MATEM; QUE NOJO; ME MATEM; QUE NOJO; ME MATEM; QUE NOJO; ME MATEM QUE NOJO; ME MATEM ;QUE NOJO; ME MATEM ;QUE NOJO...

Ele finalmente acaba com a minha tortura, dá um sorriso amarelo, e faz sinal para passarmos, mas antes desliza um cartão que eu posso apostar, contém o número dele, espere sentado pela minha ligação, ou melhor, deitado junto com a sua cerveja, porque vai demorar mais que a volta de Buda.

Saio daquele lugar miserável, sinto vontade de chorar, a velocidade máxima permitida ali é a de 80km\\h, mas eu já estou próxima dos 150km\\h, e o carro ainda aguenta bastante, piso no acelerador até chegar ao limite do carro, por sorte a rua é reta e plana, não há muito perigo, mesmo que eu esteja aos 200km\\h, quero me ver longe.

Quando já estou tão longe que não há indícios do policial nem de vida humana eu paro o carro, não aguento mais, jogo o cartão idiota no chão e piso nele, depois vomito — algo que eu acho extremamente desagradável — meu jantar de comida indiana sai de dentro de mim, e o gosto nojento do policial nojento também.

Matt e Kath, Frank e Hazel param atrás de nós, andei tão rápido que nem vi quando passamos por eles. Kath me joga uma garrafa de água e eu bebo todo o conteúdo em um gole, eu me sinto uma pessoa horrível, mas eu sei que vai passar, alguma hora passa.

— Tudo bem? — Matt pergunta.

Fico em silêncio e Mike responde por mim.

— Ela fez o que era necessário — sua voz é bem séria — não há necessidade de falar o que foi.

Sinto-me imensamente grata por Mike, dou um pequeno sorriso para ele.

— O que importa é que acabou — eu digo por fim — Matt, preciso da moto — ele ouve a urgência em minha voz e mesmo não gostando muito da ideia me entrega a moto, Kath vai para o carro de Frank e Hazel.

— Tem certeza de que está tudo bem? — Michael pergunta, eu aceno positivamente com a cabeça e ele me dá um beijo na testa e segue para a caminhonete, coloco o capacete e subo na moto, começo a correr novamente, deixando para trás a droga do policial idiota e todos os resquícios dele, Michael tem razão, eu fiz o que era necessário, e eu não me orgulho particularmente disso, mas eu ainda posso deixar pra trás.


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Notas finais do capítulo

E então? Me contem o que acharam!



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