A Nerd E O Astro escrita por AmmaSC


Capítulo 5
Primeiro dia no trabalho




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- COMO É QUE É? – A estrela ficou vermelha, digo, vermelho e pronto para dar um show. Até dei um passo para trás querendo ficar longe de confusão.

Mas James pareceu não ligar nem um pouquinho. – É isso que você escutou, essa jovem, Isabella Swan, é sua nova assistente pessoal. Porque essa reação? Isabella vai achar que o problema é com ela – ele trocou um olhar rápido e severo com seu pupilo que imaginei significar “não faça barraco”.

Além disso, tenho certeza que o problema é comigo!

Edward me idolatrem Cullen pareceu mais enfezado ainda, mas apesar da sua cara de criança birrenta ele não abriu a boca para falar nada. E eu como boa pessoa, resolvi explicar a situação para o Sr. Stonefield.

- Nós já nos conhecemos.

- Já? – Ele ficou surpreso, me encarando de um jeito estranho que me fez me encolher de novo.

- Sim. – Sussurrei, uma vez que o Cullen só ficava de braços cruzados bufando e não dizia nada. – Nos conhecemos em um show, ontem.

O Sr. Stonefield sorriu satisfeito. – Isso é ótimo! Então podemos pular a apresentação, não é? – nem um de nós dois respondemos. Eu ainda estava tentando achar onde “ótimo” entraria nessa situação. E o agente continuou a falar sem perceber o clima nada amigável entre eu e a sua estrela – Mais um motivo para você ser perfeita para esse trabalho, Isabella, já tem intimidade com seu chefe.

Eu em engasguei com a minha própria saliva. Só não sei se pela palavra “intimidade” ou pelo “chefe”, ou até por uma combinação venenosa das duas. Intimidade com essa coisa? O cacete que tenho! E ele como meu chefe? Colocar isso em palavras parecia enfatizar ainda mais meu drama de ter que obedecer ao Cullen.

- Nós não, não... – Mas parei derrotada, era uma daquelas situações em que explicar só parecia piorar as coisas.

O Cullen estava me olhando esperando o que eu ia dizer, e quando não disse nada ele deu uma risadinha de escarnio.

- Eu nem sabia que precisava de uma assistente. – ironizou.

O olhar gélido que o Sr. Stonefield lançou para ele foi tão cortante que um “ai” quase saiu dos meus lábios se eu não tivesse me controlado a tempo.

- Pois agora eu decidi que você precisa.

- Por quê? – Edward não escondia o quanto estava insatisfeito com isso. E eu comecei a ficar constrangida por estar aqui, no meio desses dois.

- Olha, o senhor não precisa me dar o emprego só porque é amigo do meu pai... – comecei, mas o homem me calou com um olhar de impaciência, para depois sorrir dócil. Ele voltou a se dirigir a seu pupilo, como se eu não tivesse dito nada.

- Porque você ainda esta em ascensão, Edward. E para você ser um ator renomado, ás vezes é essencial ter alguém que possa ajudar. – Enfatizou, e fiquei surpresa porque pareceu ter soado como uma ameaça, e deve ter funcionado já a postura do ator caiu um pouco. Senti que estava perdendo algo. – Esse vai ser o trabalho de Isabella, ajuda-lo para que você não precise se preocupar com coisas triviais. Entendeu?

Edward resmungou fazendo uma carranca, mas pelo visto Stonefield tomou aquilo como um sim, já que sorriu e estendeu a mão para mim.

- Parabéns, querida. Esta contratada. – Sem ter a mínima ideia do que eu estava fazendo, apertei sua mão.

Seja o que Deus quiser!

- Obrigada. – Sorri, puxando meu braço discretamente quando ele demorou a me soltar.

- Aqui esta seu contrato. – Foi até sua mesa e voltou com uma pasta que me entregou aberta. – Assine aqui. – Ele não pedia, ele mandava. Mas eu ainda tinha algumas questões pendentes.

Eu estava incomoda pela presença muda do Cullen claramente insatisfeito e se eu ia trabalhar diretamente com ele precisava ter certeza de alguns detalhes para isso não acabar em morte.

- O que eu vou fazer exatamente?

O idiota do meu lado bufou, e eu me contive para não olha-lo, já que era bem capaz de eu não me controlar e partir para a baixaria se ele estivesse com aquele sorriso torto babaca.

O agente pelo menos sorriu solicito. – Sua função é fazer coisas simples, como ajuda-lo com a agenda, ter certeza que ele irá aos compromissos, e irá no mínimo apresentável...

- Ou seja, eu serei sua babá? – Gozei com a cara do infeliz. O Cullen ficou vermelho de raiva e estava pronto para dar uma resposta, quando James continuou a falar, interrompendo minha felicidade.

- Você também terá que ter certeza que ele esta se alimentando de acordo, um ator vende sua imagem. Você sabe cozinhar, Isabella?

- Sim...

- Ótimo. Cozinhe ás vezes para ele não ter que comer todo dia na rua ou comidas industrializadas. Também pode ser que tenha que lavar você mesma algumas roupas, ou limpar alguma coisa...

- Ou seja, ela será minha empregada domestica? – O imbecil riu, tentando fazer piada comigo, e eu tremi.

O problema não era ser a empregada domestica de alguém, claro que não, o problema era ser a empregada domestica dele! Já me via tendo que suportar atrocidades... Droga! Será que valia a pena toda essa tortura? Então a imagem de mim e dos meninos dentro do nosso carro surgiu na minha mente.

- Onde eu assino mesmo? – levantei o queixo em desafio, e o palhaço me olhou sem acreditar.

James Stonefield abriu um grande sorriso, e me indicou o lugar novamente. Escrevi meu nome no lugar indicado e devolvi a pasta, para logo depois me preocupar pensando se deveria ter lido o que estava escrito ali antes.

Mas bom, ele é amigo do meu pai, acredito que não vai fazer algo de mal comigo.

- Seu horário de trabalho é das 15h30min ás 20h30min.

- Eu vou pagar a ela para trabalhar só isso? – O Cullen se manifestou.

Eu ia responder, mas James tomou a frente. – Estava especificado na ficha da agencia de empregos que ela poderia trabalhar apenas meio período. Isabella faz faculdade. E acho que você não vai querer alguém no seu pé o dia todo, Edward. – Sorriu com certa ironia.

E o que o atorzinho fez? Bufou, claro! Pelo visto é assim que ele se comunica com as pessoas!

- Mais alguma duvida? – James me perguntou, e eu neguei. Na verdade eu tinha varias, mas nem uma parecia lógica o suficiente para que eu pudesse expressar. – Certo. Então esta dispensada. – contive o suspiro de alivio. – Mas antes, aqui esta o endereço da casa de Edward, se apresente lá amanhã no horário para começar a trabalhar. Boa sorte. – desejou, com um sorriso cumplice que eu retribui.

- Obrigada de novo. Eu já vou indo, foi um prazer revê-lo. – guardei o papel no bolso e já ia saindo da sala, até que a cortesia me fez voltar. – Edward, até amanhã. – Ele seria meu chefe, né.

O Cullen balançou a cabeça sem dizer nada, e eu me dei por vencida. Assim que fechei as portas pude escutar a voz alterada do ator, e mesmo tentada a parar e ouvir o barraco que podia apostar que tinha a ver comigo, precisei continuar já que a cara da bruaca da secretaria estava virada para mim com aquela carranca de quem passou a vida comendo apenas jiló. Passei correndo por ela, imaginando como uma pessoa normal se equilibraria com aquele par de silicones, quero dizer, err, seios.

...

- E então?

Três pessoas extremamente ansiosas me esperavam de pé assim que abri a porta. Coloquei minha cara de depressão e me joguei no sofá, atuando. Meus amigos se entreolharam e vieram se sentar comigo.

- Bella, sinto muito. – Jass me consolou.

- Você ainda tem outra entrevista essa semana, e é no seu ramo. – Jake tentou me animar.

- É claro que a gente ainda só não comprou o carro por sua causa, mas não a culpamos, esta tudo bem, andar a pé e de ônibus não é uma maravilha, na verdade é um saco, mas tudo bem...

- Emmett? – Jasper o chamou.

- Quê?

- Lembra aquela conversa que tivemos sobre sua completa incapacidade de consolar alguém na maioria das vezes?

- Lembro. – o tapado respondeu.

- Então cala a boca.

Eu não aguentei e comecei a rir, abrindo os braços e passando eles pelos pescoços de Jacob e Jasper que estavam ao meu lado.

- Eu consegui, o emprego é meu! – anunciei, mais feliz que puta em dia de pagamento de quartel.

- Sério? Ah, Bellinha! – Emmett se jogou em cima de mim, me soterrando embaixo daquele monte de músculos.

- Sério. – O abracei. Ou tentei: meus braços não conseguiam dar uma volta completa no seu corpo.

- Vamos poder comprar o carro! – Jacob estava eufórico, já que para ele um carro significava menos esforço físico.

- Podemos ir ver um amanhã mesmo?

- Emmett, eu só recebo mês que vem. – me senti mal por acabar com a alegria dos dois que quicavam de tanta felicidade. Ambos murcharam um pouco os ombros, mas ainda sim os olhos brilhavam com a ideia de finalmente poder comprar um carro.

- Como é o emprego, Bella? O que você terá que fazer? – Jasper indagou, agora cortando o MEU barato.

- Bom... – escolhi as palavras e eles me encararam esperando. – Lembram-se do cara que a gente conheceu ontem no show?

- Cara?... Que cara? – Jasper se esforçava para lembrar.

Tentei soar como se fosse pouca coisa. – Sabe, o ator...

- Esta falando de Edward Cullen? – Ele pareceu tão surpreso que tive que revirar os olhos para sua tietagem.

- Esse mesmo. Por mais inacreditável que pareça, eu serei a assistente pessoal dele.

Os três me olharam por alguns segundos com nítida confusão, até Jacob coçar a cabeça e exprimir seus pensamentos. – Uau, que coincidência.

- É. – Os outros dois concordaram.

E eu me vi pensando que era mesmo uma grande coincidência que com mais de três milhões de pessoas em Los Angeles eu fosse trabalhar justo para o cara, e ainda mais sendo uma celebridade como ele. Ou é muito coincidência ou é o destino curtindo com a minha cara. E eu apostava na segunda opção.

- Mas, Bella, você tem certeza disso? Você não pareceu se dar muito bem com ele ontem.

- Esta tudo certo, Jass, eu preciso da grana.

- Mas...

- Ei, se ele der uma de engraçadinho, eu sei me defender, ok. Não se preocupe. – Tentei acalma-lo quando nem eu estava animada com a ideia de trabalhar com o monstro do ego. Mas eu não podia me dar o luxo de ficar escolhendo.

- Você não precisa aceitar apenas porque queremos...

- Jass, relaxa. – O interrompi. – Olha, é um emprego bom, com um salario razoável pelas poucas horas que irei trabalhar, ou seja, ainda não atrapalha minha graduação. E de qualquer modo, é por pouco tempo, só até aparecer algo melhor. – O tranquilizei. Ele não pareceu muito convencido, mas pelo menos se deu por satisfeito.

Os deixei na sala para ir tomar um banho, estavam assistindo Senhor dos Anéis de novo, e apesar de uma aventura na Terra Média ser tudo o que eu precisava agora, ainda tinha que estudar para uma prova e me preparar psicologicamente para amanhã.

...

Estava exausta. A primeira coisa que fiz quando cheguei em casa foi me jogar em no sofá, eu precisava apenas descansar um pouquinho antes de ir para o trabalho. Só um pouquinho. Pelo menos a noite em claro tinha valido uma prova com todas as respostas preenchidas e tinha certeza que corretas também. Então, eu merecia descansar... Só um pouco...

- Bella? Bella!

Abri os olhos assustada. Tateei até achar meus óculos caídos do meu lado e os coloquei tendo a imagem nítida do meu amigo na minha frente.

- É a minha vez de dormir no sofá. – Jacob estava na minha frente, com a cara emburrada.

- O que? – pisquei os olhos, confusa, sentando. Meu pescoço doía um pouco.

- Você já esta dormindo aí há horas, agora é a minha vez. – e se jogou do meu lado colocando os pés no meu colo, enquanto eu me paralisava.

- Que horas são? – indaguei com muito medo da resposta.

O infeliz ainda se ajeitou no sofá tentando achar uma posição agradável para dormir até finalmente ter a capacidade de me responder. - Acho que umas 15 e pouco...

Em um pulo eu estava de pé e corria até meu quarto pegar o endereço e meu celular. No minuto seguinte eu já estava na rua correndo atrasada para meu inferno. Até chegar ao ponto de ônibus e ter que ficar esperando que nem uma idiota o ônibus finalmente chegar. Mas até lá, eu já tinha me dado como derrotada.

#16:25#

- Boa tarde...

- Você esta atrasada! – Ele foi rude. Sua carranca expressava todo seu desgosto assim que abriu a porta, mas sinceramente, eu nem liguei. – Entra. – ordenou, e eu não ousei desobedecer, para logo depois empacar atônita.

PUTA QUE PARIU! Que casa era essa! Tinha certeza que minha boca deveria estar aberta enquanto eu olhava em volta. Sem dúvida nenhuma que essa casa é meu sonho de consumo – Ela não era nada parecida com a enorme mansão com decoração francesa em que meu pai mora, e sim uma casa com paredes de vidro e decoração clean, apesar de tudo parecer luxuoso.

Mesmo de onde eu estava podia ver a bela vista que ele tinha da piscina já que a parede da sala parecia inexistente. CARACA! Los Angeles ficava linda daqui! O Skyline parecia muito mais impressionante. Até mesmo a poluição que deixava aquela camada cinza no horizonte parecia mais atrativa. Será que eu podia achar meu prédio se procurasse?

- Hun-hun. – O ator pigarreou para chamar minha atenção. Eu ainda estava na sua frente, impedindo que ele passasse.

Virei-me envergonhada, dando um sorriso amarelo. – Bonita casa. – Elogiei.

- Uma das mais belas da cidade. – ele não agradeceu, mas pelo menos deu um sorriso sincero.

Agora eu entendia porque um cara desses tinha que ter uma casa tão grande para morar sozinho: é para o ego caber aqui dentro.

- Desculpa o atrasado. Você sabe como é o trânsito dessa cidade. – dei uma desculpa, afinal, ele era o meu chefe, e mesmo que fosse insuportável eu precisava mostrar respeito pela pessoa.

- Sei. – Estava na cara que Edward não acreditou muito, mas quem podia culpa-lo? Eu não. O atraso foi porque eu estava dormindo mesmo.

Balancei meu corpo desconfortavelmente quando nós dois ficamos lá parados, sem falar nada e os olhos dele descaradamente me analisavam. - Então...? – perguntei.

- E então? – Repetiu. Mas é uma criatura!

- O que quer que eu faça?

- Ah sim, isso. – E o que mais seria? – Tem uma lista na bancada da cozinha de tudo que preciso que faça.

E o silencio voltou a reinar. Eu precisei me controlar para não bufar. – Onde é a cozinha?

- Lá. – Ele apontou a porta a direita. Olhei para ele esperando mais alguma coisa – seja lá o que fosse – mas a pessoa parecia ter assumido a postura monossilábica hoje. Será que ele não fala com a criadagem? Bem capaz. Já sem paciência dei as costas e fui até a cozinha, com ele na minha cola.

Peguei a folha de papel em cima da bancada e comecei a ler:

Limpar a suíte principal. Colocar a roupa do cesto para lavar. Cozinhar o jantar. Lavar e secar a louça. Limpar todos os banheiros.

- Quer que eu faça tudo isso hoje? – porra!

Um sorrisinho de vitória começou a crescer naquele rosto e eu não gostei nada disso. – É muito para você? James me disse que seria competente, mas vejo que se enganou.

- Você não tem uma empregada para fazer essas coisas?

- Tenho uma diarista que vem três vezes por semana limpar a casa. Roupas sujas eu mando para a lavanderia do bairro e comida eu compro na rua.

- Mas... Porque eu preciso limpar os banheiros se você paga uma diarista?

- Quer desistir? – Sua expressão era de deboche, e ele chegou a se afastar um pouco e indicar a porta da rua com a mão.

Levantei o rosto em desafio. – Onde fica seu quarto?

Eu que não ia dar o braço a torcer. Ele vai ver quem não é competente.

A estrela tirou aquele sorriso patético do rosto e me deu as costas saindo da cozinha. Imaginei que era para acompanha-lo, então o segui pela sala novamente e depois pelas escadas transparentes. Chegamos a uma pequena sala com tapete de pelos brancos e pufes de couro preto, de um lado tinha um grande corredor e do outro duas portas, ele abriu uma delas e entrou.  Eu entrei também e parei, pensando se em algum momento deixaria de ficar impressionada com essa casa.

OMG! Olha o tamanho dessa TV! Nem meu pai tem uma dessa. Meus olhos brilhavam só de imaginar a emoção de jogar vídeo game nela. Olhei mais atentamente procurando um Xbox ou um Playstation, mas é claro que o chato de galochas não tinha nenhum dos dois. Nem ao menos um Nitendinho para passar o tempo? Parece que não. Humpf! Tenho certeza que ele usa essa tela enorme para assistir a pornô... ECA! ECA! ECA! IMAGEM MENTAL. IMAGEM MENTAL!

Respirei fundo, e virei para o outro lado para ele não ver meu rosto vermelho. Foi então que vi a coisa mais impressionante até agora. Edward Cullen, esse Edward Cullen, o ator estrelinha, tinha no seu quarto uma parede toda de estantes com livros. E bons livros.

- Nossa!

- O que foi? – ele indagou, olhando em volta para tentar achar o porquê da minha surpresa.

- Você lê!

Ele bufou, entendendo. – Sou mais que um rostinho bonito, garota.

Não consegui não revirar os olhos para tamanho ego. Aproximei-me dos livros, tocando os títulos com os dedos, a verdade é que eu fiquei impressionada pelos clássicos que ele tem. Nomes como “A casa Soturna” de Charles Dickens e "O Idiota" de Dostoiévski eram só alguns na grande coleção.

- Você já leu todos? – Alguns desses ricaços têm costume de comprar apenas para usar de decoração.

- É claro. – Ele se postou ao meu lado. – Você ainda parece impressionada, e isso não é muito lisonjeiro. – Mas apesar do seu tom de deboche, o sorriso parecia demonstrar orgulho.

- Desculpe. – Murmurei.

Uma coisa era uma pessoa como eu ter todos esses livros na conta, outra bem diferente é ter o príncipe de Hollywood lido tudo isso. Uma parte de mim, a Bella curiosa, indagava onde no meio de tantas festas e badalações ele tirava tempo para ser uma pessoa culta.

Arrisquei uma olhada de canto de olho para o Cullen, ele não estava me olhando, então aproveitei para observa-lo melhor, como se eu esperasse que algo tivesse mudado com essa minha pequena descoberta, mas ainda estava tudo lá: O rosto sereno e de traços perfeitos que parecia exalar arrogância; A roupa descolada, mas que deixava claro que tinham sido mais caras que todo meu guarda-roupa; O cabelo desalinhado que parecia ter saído de uma sessão de sexo.

A proposito, eu podia entender todo o frisson que ele causava nas mulheres e em alguns caras: Edward Cullen exalava sexo, do cabelo selvagem ás mãos grandes, não havia uma parte dele que não lembrasse sua masculinidade. Ao contrario do estereotipo, os lábios não eram grandes e sim, finos, mas eram tão convidativos: vermelhos e macios. - Minha mente foi inundada de imagens das suas mãos e dos seus lábios em ação. Na mesma hora. Em muitos lugares. Céus!

Meu rosto se inundou de um vermelho tão intenso, e eu preferia não ter recuperado a razão, porque quando o fiz, o Cullen me olhava com a sobrancelha arqueada. Eu sou tão virgem que minha respiração estava acelerada só com a putaria da minha imaginação.

- O que foi? Esta passando mal? – ele parecia preocupado pelo menos.

- Não. – minha voz saiu rouca, e de um modo constrangedor. Arght! Limpei a garganta tentando fazer menos barulho possível.

A cara do ator tinha ficado mais desconfiada ainda.

- Eu estou bem. Obrigada pela preocupação. – sorri, tentando ser simpática.

Ele mexeu os ombros, desconfortável. – Você tem muito que fazer. – soou como uma explicação. – já que será minha assistente, eu irei usa-la... - Meus olhos se arregalaram antes mesmo dele terminar de falar, e o Cullen pareceu perceber. – Não. NÃO! – ele se apressou. – Não foi isso que eu quis dizer.

- Eu sei. - Disse, tentando o acalmar mesmo que meu rosto estivesse pegando fogo.

- Quer saber, pode começar a trabalhar. Na cozinha tem uma porta que vai para a lavanderia, tem tudo o que você precisa lá.

Ele já ia saindo rápido do quarto quando o chamei. – O que você vai querer para o jantar?

Edward pareceu pensar um pouco e por fim sorriu. – Surpreenda-me, Swan.

E então se foi, me deixando ali sozinha, imaginando diversas formas de espanca-lo.

...

Eu demorei cerca de uma hora para limpar o quarto e isso sem o banheiro que tinha deixado para depois. Tudo graças a uma camisinha usada que achei embaixo da sua cama quando fui limpar e toquei nela sem saber o que era – resultado: 10 minutos lavando a mão com todos os produtos que encontrei no banheiro além do sabonete, e muito mais cuidado com onde minhas mãos tocavam.

Desci as escadas e fui para a cozinha fazer seu jantar. Abri a geladeira verificando que ingredientes ele tinha ali, e é claro que ela estava cheia de cervejas e guloseimas que não se encaixavam nem um pouco na ideia de “comida saudável” que James parecia ter para seu pupilo. Em uma das gavetas achei uma bandeja com pedaços de peito de frango, e lá no fundo, atrás de latas abertas de salsichas industrializadas eu encontrei um saco de tomates que não pareciam muitos bons, mas pelo menos um se salvava.

Vasculhei os armários atrás de temperos, e pelo menos ele tinha o mínimo - mesmo assim peguei o papel de tarefas que carreguei comigo e anotei dois novos itens: ir ao mercado; e fazer uma limpeza na geladeira. – Também consegui achar um pacote de arroz ainda fechado e que estava no prazo de validade.

Encarei os ingredientes em cima da mesa, em perguntando se a estrela acharia de acordo com a sua magnitude jantar frango com arroz e salada de tomate? Provavelmente não, pensei desanimada. Mas bom, se eu colocasse só uma colher de arroz no prato, com apenas duas rodelas de tomate e por fim jogasse uma linha de azeite para “decoração” eu podia falar que era um prato francês fino e pronto!

Sou um gênio!

Cantarolando comecei a preparar tudo. Lavei o arroz, coloquei a panela no fogo e fui temperar o frango, sempre olhando em volta para ver se tinha sinal do Cullen, mas não, ele parecia ter evaporado desde que me deixou no quarto. Dei de ombros e continuei minhas atividades.

Enquanto o arroz e a carne cozinhavam, aproveitei para começar a limpar a geladeira. Batatas, alface, maças, uma torta de chocolate que já tinha bolor em cima, bananas completamente pretas, comida japonesa. – estava tudo estragado. Era uma pena que tanta comida fosse para o lixo com tanta gente passando fome no mundo. A dúvida era como essa geladeira não cheirava mal? Até decorei o nome da marca para dar uma pesquisada depois.

A comida já estava quase pronta, então fui cortar os tomates antes de chamar meu senhoril para comer. Procurei uma faca pelo mar de gavetas, mas encontrei apenas facas de carne, e por fim decidi usar uma delas mesmo, tomando cuidado para não me...

- Ai! – Gemi de dor quando a faca fez um pequeno corte no meu dedo. Não foi um corte feio, mas a pouca quantidade de sangue que saiu já foi o suficiente para que eu me sentisse nauseada. Apoiei minha outra mão na bancada com medo de ficar tonta e cair. Maldito estômago fraco!

- O que foi? – O Cullen, de repente, se materializou na minha frente me assustando.  Ele olhou me analisando se estava tudo bem até achar o sangue no meu dedo – Me deixa ver? – pediu, me fitando com um ar preocupado. Se eu estivesse em condições normais teria achado que ele bateu a cabeça, porque só isso explicava sua gentileza.  – Esta doendo? – perguntou solicito, e eu neguei com a cabeça. Por fim estendeu a mão para pegar um pano de prato e limpou o sangue. – Foi só um corte de nada.

- Eu sei. – resmunguei. – Mas não suporto ver sangue, ou sentir o cheiro. Lembra ferrugem e sal e isso me causa enjoos.

Ele se afastou um pouco, mas sem soltar minha mão, e abriu um dos armários, tirou uma garrafa e me entregou já aberta.

- Vodca? – ergui uma sobrancelha.

- Para você cheirar e não sentir o cheiro do sangue. Espera aqui que vou ao banheiro pegar um curativo para colocar no seu corte. – Falou já se afastando.

Minha sobrancelha ainda estava arqueada olhando para as suas costas, mas segui seu conselho e comecei a cheirar a vodca, o que ajudou muito para meu enjoo passar uma vez que o cheiro era tão forte que tomava todo o ar. As coisas estavam meio estranhas por aqui. Aproveitei e dei um gole na bebida que desceu arranhando minha garganta.

- Me dê seu dedo. – Ele pediu assim que voltou.

Eu estendi a mão para ele, mas recuei de novo quando o vi com um vidrinho suspeito.

- O que foi? – perguntou sem entender minha reação.

- O que é isso? – apontei para o frasco.

- É para limpar o machucado. – explicou, tentando pegar a minha mão enquanto eu tentava me desviar.

- Não precisa. A faca estava limpa. – argumentei.

- Mesmo assim, nunca se sabe.

- Eu sei. – Dei um passo para trás quando ele deu um para frente.

- Qual o seu problema? – indagou, sem entender.

- Nenhum... Só acho que você não precisa se preocupar, foi só um cortezinho de nada. – tentei rir despreocupada, mas soou mais com um guincho quando o vi se aproximando.

- Você se machucou no trabalho, pode me processar se algo acontecer com seu dedo.

- Se essa é sua preocupação, não se preocupe. Eu assino um papel para dizer que a responsabilidade é toda minha, caso tenha que amputar meu dedo.

Ele arqueou uma sobrancelha em descrença. – Prefere amputar o dedo que me deixar tocar nele?

Eu parei avaliando um pouco a situação e foi a chance para ele se aproximar e me prender na pia com seu corpo. Tentei me debater mais ele era bem mais forte. Com uma mão o Cullen segurou meu punho e com a outra ele pegou um pouco do liquido do vidro. Fechei os olhos quando vi que não tinha jeito.

- Vai arder? – perguntei mesmo com meus dentes cerrados.

- Por isso todo o drama? Por medo de arder? – ele riu descaradamente sem acreditar.

- Vai arder? – Repeti minha pergunta, ignorando o fato dele estar curtindo com a minha cara.

- Eu já terminei, sua covarde. – Riu mais um pouco.

Abri os olhos olhando minha mão e já tinha mesmo um pequeno curativo lá. E nem ardeu!

 – Obrigada. – agradeci o mirando outra vez.

Mas ele não respondeu, Edward me encarava de um jeito estranho.

- O que foi? – Será que tinha algo no meu rosto? Passei minha mão tentando limpar o que for que estivesse, mas não senti nada.

- Seus olhos são diferentes. – ele murmurou com uma voz amaciada.

- Diferentes? Não, eles são comuns, castanhos sem graça. – Dei de ombros, um gesto para mostrar que não estava nem ai quando eu estava me dando conta da nossa proximidade, e isso estava me deixando mais tonta que o sangue.

Edward balançou a cabeça minimamente, sem em nenhum momento tirar os olhos dos meus. – São diferentes, quase não dá para perceber por culpa dos óculos, mas são – decretou. – Nunca conheci ninguém com olhos assim, tão profundos. Eles me lembram de chocolate derretido, e eu sinto que posso ver sua alma através deles... Você tem olhos lindos.

- O-obrigada. – gaguejei quase sem fala pelo seu pequeno discurso, e também admirando o verde selvagem dos seus.

Mas rápido demais ele se afastou e eu me segurei na pia para não cair.

- O que você preparou para o jantar? – Ele já tinha retornado a sua serenidade típica.

- Hã? Jantar? – Eu me sentia tonta com a mudança brusca de assunto.

Precisei de uns minutos para controlar minha respiração que eu nem sabia que estava alterada e por os pensamentos em ordem. Enquanto isso ele ficou lá sentado, me encarando como se nada tivesse acontecido.

Então lembrei que tinha que desligar as panelas e corri servir seu prato, decorando do modo como tinha planejado. O Cullen pareceu já estar impaciente quando coloquei a comida a sua frente.

- Para o jantar temos um prato da cozinha francesa, muito famoso na região sul da França – mentira! – Seu nome é... É... Riz au poulet. – Precisei segurar a risada quando ele fez cara de impressionado. Agradeci aos céus que ele não tivesse a mínima ideia de francês e assim não soubesse que a tradução de “riz au poulet” é arroz com frango. – Bom apetite. – desejei.

Retirei-me para meus outros afazeres, se não só voltaria para casa meia noite já que queria mostrar minha competência e terminar toda a lista ainda hoje. Era o segundo banheiro que eu limpava e ainda tinham mais três quando ele apareceu na porta.

- Vou sair e não volto mais hoje. Aqui esta uma cópia da chave, pode levar com você e amanhã me devolve – ele fez cara de quem tinha chupado limão, e eu me contive para não revirar os olhos. – Apague todas as luzes e tranque toda a casa quando sair. - E se foi sem dar um menos um tchau me deixando sozinha na casa enorme. Eu nunca ia me acostumar com sua falta de educação.

E lá voltei eu a esfregar o chão do banheiro, me sentindo uma Cinderela... É claro, com a diferença dos animais cantantes ao meu lado, da fada madrinha, do cabelo loiro reluzente, do baile, e do príncipe encantado...

É, esquece.


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Notas finais do capítulo

Boa noite, pessoas linda o/
Como vocês estão? Gostaram do capítulo? Não gostaram? Edward é um idiota? - sim, ele é! Mas prometo que logo as coisas mudam, acho kk
Obrigada por todos os comentários do capítulo anterior - lindos! - e a Cris, minha leitora dançarina que arrasa em festivais e fez uma linda E MARAVILHOSA recomendação da fic *-* e também para a Vitory Mona, que mesmo a recomendação não tendo aparecido por algum problema com o site, eu sei que iria amar o que você escreveu por motivos de: você que escreveu kk MUITO OBRIGADA DO FUNDO DO CORAÇÃO!!!
Espero vocês nos comentários, flores (:
Beeeijos!