A Nerd E O Astro escrita por AmmaSC


Capítulo 4
Charlie e novo emprego


Notas iniciais do capítulo

Olá, gatinhas!
Então, a Vitory Mona sugeriu que fosse colocado uma música em cada capítulo e eu gostei bastante da ideia - adoro quando tem musicas nas fics que leio. - Mas não sei se dá para colocar em cada capítulo daqui, mas pelo menos nesse eu peço para que vocês escutem (I CAN'T GET NO) SATISFACTION do The Rolling Stones na parte do Edward pq é a musica que escuto e que me faz mais lembrar de como ele é no começo dessa fic. Obrigada, flores (:
http://www.youtube.com/watch?v=3a7cHPy04s8



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Uma luz forte bateu no meu rosto, e eu me remexi na cama puxando a coberta para cima. Tentei afundar novamente no sono e voltar para o meu sonho perfeito com o lindo homem desconhecido, vulgo amor da minha vida.

-Vamos nos casar em um lindo jardim, meu amor.

- Sim. – meus olhos brilhavam escutando suas promessas para nosso futuro.

- E nossa internet será de 17,5 Mbps.

- OMG! – eu amava aquele homem. – Não pare, me conte mais, por favor.

Mesmo sem conseguir ver seu rosto,  eu sabia que ele tinha um sorriso nos cantos dos lábios.

- Na nossa lua de mel, vamos salvar Resident Evil... – inspirei em expectativa. – No modo Hard.

- Case-se comigo, homem de Deus! – agarrei a gola da sua camisa em desespero.

Com toda certeza ele era o homem da minha vida.

- Vamos casar... Mas agora você precisa acordar.

- Acordar? – perguntei confusa.

- Sim, acordar. Acorde, Bella, acorde.

Peraí, porque o homem da minha vida tinha a voz do Jasper?

- Bella, acorda!

MAS O QUE? Abri os olhos dando de cara com o paspalho me chacoalhando.

- O que você quer? – resmunguei, virando para o outro lado para tentar aproveitar mais um pouco da minha doce cama. Droga! Eu nem precisava ir à universidade hoje, então porque ele não me deixava dormir?

- Seu pai esta aí.

#Edward Cullen# - (I Can't Get No) Satisfaction

I can't get no satisfaction

I can't get no satisfaction

'Cause I try and I try and I try and I try

I can't get no

I can't get no

When I'm drivin' in my car

And that man comes on the radio

He's tellin' me more and more

About some useless information

Estacionei meu carro, e me apressei para dentro do restaurante, mas logo um paparazzo se colocou na minha frente.

- Edward! Edward! Onde esta a Victoria?

Forcei um sorriso e continuei a andar, tentando parecer neutro com o inferno de câmera sendo disparada na minha cara.

- Vocês estão em crise? Edward! É verdade que você a traiu com a modelo italiana?

Respirei fundo. Aqueles bastardos que adoram inventar essas porcarias para vender revistas a minhas custas. Que inferno! O infeliz continuou a me incomodar até a porta do restaurante, e só relaxei quando dois seguranças vieram me livrar do incomodo.

- Edward! Edward! – continuava a gritar, chamando a atenção dos clientes para mim. Coloquei um sorriso no rosto. Imagem é tudo por aqui.

Stonefield já estava me esperando. Obviamente não tinha me esperado para começar a comer, degustando um prato francês. Quando me aproximei, parando a sua frente, ele levantou os olhos e gesticulou com a mão suja de molho:

- Sente-se, meu rapaz.

Obedeci, e esperei ele começar a falar o porquê de eu ter sido “convidado” a almoçar com ele. Mas antes que ele pudesse explicar o garçom chegou com o cardápio, mesmo sem fome, pedi a coisa mais gordurosa e menos fresca que consegui encontrar.

Uma mulher se aproximava da minha mesa de mãos dadas com uma garota que devia ter seus quinze anos, ambas pareciam tímidas apesar dos olhos da adolescente brilhar para cima de mim. Sorri as encorajando.

- Oi. – a mulher sorriu. – Desculpe incomoda-lo, mas minha filha é uma grande fã... Ela pode tirar uma foto com você?

James permaneceu comendo em silêncio, alheio a tudo, quando eu fiquei de pé para atendê-la.

- Mas é claro. – Dei meu melhor sorriso para a garota deslumbrada, que ofegou, mas continuou muda. – Qual seu nome?

- Annie. – sussurrou, afetada.

Precisei conter o riso. Eu me gabava de conseguir causar esse efeito nas pessoas. Passei meu braço pela sua cintura, esperando sua mãe tirar a foto no celular. A pequena Annie tremia e respirava com dificuldade pelo nosso contato.

- Pronto. – A mulher sorriu, e eu tirei meu braço da cintura da filha, que suspirou. – Obrigada. Ela adora você. Assistiu todos os seus filmes.

Virei-me para a garota.

- É mesmo? Qual é o seu preferido?

- Todos! – afirmou sem pestanejar, e eu ri deliciado.

Logo as duas foram embora, mas não sem antes alguns suspiros e abraços.

James me observava com uma expressão indecifrável, que durou até depois que eu já tinha sentado.

- O que foi? – Estava incomodado com seu olhar insistente.

Ele deu um meio sorriso. – Você é bom, rapaz. Tenho certeza que com um pouco de empenho conseguirá ter uma carreira longa e bem sucedida.

Eu me arrumei na cadeira agraciado com seu elogio, mas nem menos incomodado por ter que almoçar ao seu lado. James lembrava um rato, por diversos motivos.

- Algum motivo especial para me chamar aqui? – fui direto ao ponto.

Ele não respondeu de imediato, mastigou mais duas vezes a comida e engoliu sem se preocupar em me dar uma resposta rápida. – Amanhã é aniversário de Tânia e resolvi presenteá-la, você sabe, um agrado pelos seus bons serviços. – riu. E eu fiquei atento, confuso pelo começo da conversa e a informação desnecessária sobre sua secretaria – Dei duas entradas para um show que aconteceu ontem na cidade, para ela e para o noivo. – sorriu debochado, e eu entendi por que. Não conhecia o rapaz, mas já tinha pena dele pela sua escolha de futura esposa vadia.

- Butterflies Fries Killer? - Arrisquei.

- Exatamente. – Assentiu, e depois fez uma pausa para beber um gole do vinho. Esperei pacientemente que ele recomeçasse. – Ela viu você lá.

- Bom, eu fui ao show. Algum problema? – indaguei com certa irritação.

- Não, é claro que não, meu rapaz... Mas algo me deixou curioso. Tânia me disse que viu você conversando com algumas mulheres, e uma delas ela reconheceu pelas fotos que ainda estavam na minha mesa essa manhã. – Ele me olhou sugestivamente.

- Eu ia te ligar. – afirmei como se estivesse me desculpando por algo, e não gostei disso. Mudei minha postura. – Mais tarde.

- Certo. – Ele concordou e continuou a me olhar, esperando.

Eu ponderei as palavras na minha cabeça antes de despeja-las.

- Precisamos conversar. Você errou, aquela garota não pode ser filha do Silver Charlie. Sem chance.

Ele soltou um risinho irritante. – Tânia ficou bastante surpresa porque ela acha que Isabella Swan o deixou falando sozinho.

Fechei a cara para ele. – Tânia anda vendo coisas demais.

- Eu acho que não. – Agora ele gargalhou abertamente, curtindo com a minha cara. Apertei minha mão que estava coçando para soca-lo. Se eu pudesse já teria quebrado a cara desse filha da puta há muito tempo. James se recompôs e voltou a me olhar, ainda com cara de quem estava se divertindo. – O que pensa em fazer, agora que a garota se mostrou mais difícil do que você pensava?

- Como assim o que eu penso em fazer? Eu tentei, me aproximei, mas ela é uma maluca e grossa. Você tem que ver a garota, deve ser uma frustrada... O que você quer que eu faça?

Stonefield balançou a cabeça, agora já sem traço algum de humor na face redonda. – O que eu quero que você faça? Você sabe o que tem que fazer!

- Só pode ser brincadeira. – me exasperei. – Não escutou o que eu acabei de falar? De maneira nenhuma que quero ter que forçar alguma coisa, mesmo que seja amizade com uma garota lunática e desinteressante como aquela.

Antes que eu pudesse prever, a mão gorda voou na mesa dando um sonoro soco, atraindo atenção. James estava vermelho, e sua voz saiu com um sussurro ameaçador. – Seu problema é que você se acha bom demais, mas ainda não parou para analisar que esta concorrendo ao papel da sua vida com atores da sua idade que já colecionam óscares e tem publicidade que você precisa ralar muito ainda para conseguir, uma legião de fãs leais que vão acompanha-los até a morte. – abaixou mais ainda o tom de voz. - Aquela menina com a mãe que veio te pedir uma foto? Provavelmente daqui uns anos nem se lembre de quem você é. Então abaixe um pouco esse ego e comece a almejar papeis sérios e importantes, como esse, que qualquer pessoa com um pouco de experiência em Hollywood sabe que será um sucesso estrondoso e possivelmente se torne uma franquia bilionária.

Eu perdi a fala para respondê-lo, por mais que estivesse queimando de raiva. Minha vontade era de demiti-lo agora mesmo e ir atrás de outro agente. Mas infelizmente o bastardo era o melhor, e eu não podia negar isso. Precisava me acalmar antes que fizesse besteira, e pior, em público.

Respirei fundo tantas vezes que nem pude contar. Enquanto isso o silêncio era palpável na mesa, e James voltou a comer como se não percebesse o meu estado ou suas palavras infelizes para cima de mim.

O garçom voltou com meu almoço, mas eu empurrei o prato para longe assim que ele se afastou.

James voltou a falar e eu tremi de raiva pelo som da sua voz, mas usei todo meu talento para não demonstrar. – Você não esta lidando com uma menininha louca por fama e caras bonitos. Isabella Swan é inteligente... Infelizmente. Ela cursa engenharia na Caltech, e entrou na universidade com 16 anos.

Então eu estava certo, a garota era mesmo uma nerd. Distrai-me levemente impressionado com seu currículo, eu não conheci muitas garotas que fossem “crânios” suficientes para estar em uma das melhores universidades do mundo, cursando algo difícil desde tão nova, e isso me fez pensar em algo:

- Você sabe quantos anos ela tem?

- Dezenove. – respondeu. – Por quê? – perguntou interessado.

-Nada. – dei de ombros. Era apenas uma curiosidade. – Como sabe de tudo isso sobre ela? – Eu não sou ingênuo, sei que James tem poder o suficiente para isso, mas Silver Charlie também é poderoso o suficiente para proteger a filha que não parecia ter vontade alguma de aparecer para o mundo.

- Tenho meus contatos. – Fez pouco caso, sem entrar em detalhes.

Tomei um folego e falei o que estava pensando. – James, me escute, por favor. Isso tudo é um erro... Eu e essa menina não temos nada a ver, somos completamente diferentes, como agua e óleo.

James me analisou de cima abaixo e por fim riu.

- Tem razão Edward, eu errei em te pedir isso.

- Que bom que percebeu. – suspirei, aliviado. Mas não menos surpreso pela sua mudança de pensamento.

De qualquer forma, ele se convencer que eu não precisava da maluca para estar no filme era tudo que eu queria. Eu conseguiria o papel apenas com o meu talento, tenho certeza.

- Julguei mal, você não é capaz de conquistar alguém com um pouco mais de, digamos, personalidade.

- Como é? – minha boca abriu, achei que tivesse escutado mal.

Ele juntou as pontas dos dedos. – Como posso explicar de um modo que você consiga entender, rapaz? Vejamos... – Me remexi na cadeira, esperando que tivesse uma explicação lógica para sua suposição de que eu não era capaz de colocar uma garota para correr atrás de mim. – Você é um jovem ator, Edward, famoso, milionário e bonito. Esta acostumado com mulheres se jogando aos seus pés, presas fáceis, e não com alguém que não se derrete por você. Oh, não, não estou te julgando. – riu percebendo minha cara se fechando. – Estou apenas constatando um fato.

- Um fato? – indaguei, tentando me conter. – Que fato?

Gesticulou com as mãos em um gesto que dizia ser pouca coisa. – Você não é capaz de fazer uma mulher como ela se apaixonar por você. Alguém inteligente, entende?

Eu fiquei irado. Levantei bruscamente, derrubando a cadeira.

- Você...

Ele interrompeu meu rompante com um gesto controlado.

- Contenha-se! Eu não sou seu amiguinho para ficar te bajulando, e se eu preciso jogar uma verdade na sua cara, eu irei fazer isso. Agora se sente e pare de drama.

Ignorei-o e continue de pé, bufando de raiva e com o ego ferido.

- Ficou ofendido? – ele continuou, assumindo novamente o tom de deboche. – Não seja uma mocinha, rapaz. Assuma que não é capaz de conquistar aquela garota e pronto, eu me dou por vencido e pensamos em outro modo para você ter uma vantagem. – me olhou, esperando que eu confessasse minha derrota. O que nunca ia acontecer.

- Quer saber, já estou satisfeito. – vociferei, mesmo que não tivesse nem tocado na comida.

- Edward, por favor...  – ele não tirava aquele sorriso idiota do rosto, e minha mão coçava para arranca-lo a força.

- Estou indo. Obrigada pelo almoço agradável. – ironizei.

Precisava sair daqui e socar alguma coisa. Descontar minha raiva em algo inanimado antes de ir parar nas primeiras páginas por agressão.

Mas estava certo de uma coisa: eu ia mostrar para aquele bastardo quem é que não consegue!

#James#

Coloquei mais um bom pedaço de comida na boca, mastigando sem pressa enquanto observava a “estrela nervosa” se afastar furioso. Peguei meu celular no bolso do paletó e apertei a discagem rápida. Depois de três toques ele atendeu.

- Aro. – cumprimentei. – Preciso dos seus serviços.

#Bella Swan#

- O que meu pai esta fazendo aqui, Jasper? – sussurrei não querendo que ele me ouvisse da sala. Já andava pelo quarto, completamente dispersa, atrás das minhas roupas.

- Acho que uma visita. Ele é seu pai, né. – Deu de ombros.

Peguei a escova de dente e as roupas e corri para o banheiro aos tropeços. O motivo do meu nervosismo era que Charlie ainda não conhecia meu novo apartamento, e sua possível reprovação me deixava nervosa. Como sempre.

Tirei o pijama e vesti a roupa com cuidado para não coloca-la do avesso, e então parti para a luta com meus cabelos, tentando desembaraça-los para ficar no mínimo apresentável para meu pai. Voltei para o quarto jogando a roupa de dormir em cima da cama e procurei meu celular embaixo do travesseiro para ver as horas. E poxa, eu havia dormido demais! Já passam das duas.

Alisei a roupa com as mãos e estava pronta para sair quando meu celular começou a tocar, um número desconhecido.

- Alô? – atendi com pressa, preocupada em fazer meu pai esperar muito.

- Boa tarde, posso falar com Isabella Swan?

- Sou eu mesma. – respondi para a voz de mulher de telemarketing, pronta para desligar se realmente fosse algo assim.

- Isabella, sou Kate, secretária da FindJobs. – se anunciou, e eu passei a prestar atenção. Era a agência de empregos que eu tinha me candidatado mês passado e que já tinha em arranjado a entrevista que eu iria fazer na próxima semana.

- Sim? – estava ansiosa. Será que a entrevista tinha ido para o espaço? Eu precisava muito começar a ganhar algum dinheiro.

- Isabella, um cliente passou aqui hoje atrás de algumas fichas para um emprego, e se interessou muito pela a sua.

- Sério? – Não consegui esconder minha felicidade.

- Sim. – Kate riu um pouquinho do outro lado da linha pela minha empolgação, e minhas bochechas coraram. – Mas tem um problema. – Pronto. Felicidade nunca vem sozinha mesmo.

- Qual? – perguntei ansiosa.

-O emprego não é do seu ramo de interesse.

- Não é? - como assim?

- Ela veio atrás de uma assistente pessoal. – explicou.

Fiquei confusa. – Mas como ela conseguiu minha ficha? – Eu estava cadastrada para empresas de tecnologia e engenharia, e nada como ser “assistente pessoal” de alguém.

- Bom, ela insistiu para ver várias, várias – deu ênfase. – meninas da sua faixa etária, e quando viu sua ficha te escolheu. – apesar do tom profissional eu podia perceber que isso soava estranho para ela também.

- Assim, do nada?

- Assim do nada. – concordou. – Você esta interessada? Porque se não estiver...

- NÃO! – A interrompi com um grito de desespero, que era bem como a minha atual situação. – Eu estou sim. Se ela me escolheu né, fazer o que hehe. – quase me estapeei por ser tão patética. Mas quem sou eu para recusar qualquer coisa agora? Resposta: Mais uma desempregada na casa comprometendo a verba do nosso estimado carrinho.

- Certo. – Kate voltou ao tom profissional. – Anote o endereço. Eles estão com certa urgência e querem conhece-la ainda hoje, ás dezessete horas.

- Ainda hoje? – Balbuciei.

- Algum problema?

- Nenhum. – Neguei apressada.

Na verdade teria o problema que eu mal teria tempo para me preparar e ainda tinha o meu pai me esperando na sala. Mas sem demora peguei um papel e uma caneta e anotei o endereço.

- Mas... Ele sabe que só poderei trabalhar meio período? Tem a faculdade...

- Sim, ela leu todas as informações na sua ficha.

- Ótimo.  – estava aliviada.

- Mais alguma dúvida? – foi solicita.

- Não, obrigada.

Desliguei o celular e fui atrás do meu pai. Silver estava sentado no sofá com uma xícara de café na mão e com Jasper ao seu lado, ambos sorrindo com um desenho que passava na TV.

- Pai?- chamei, tirando sua atenção da televisão.

- Filha? Oi. – Ele sorriu largamente, levantando do sofá em um pulo e vindo me abraçar.

Eu o apertei em meus braços inspirando seu cheiro. Charlie me lembrava de casa, infância e proteção. Não importa o quanto fossemos diferentes, o quanto queríamos coisas diferentes e até vivíamos em mundos diferentes. Ou nossas brigas. Podíamos até não concordar em praticamente nada, mas eu o amo.

E sempre serei eternamente grata por Charlie nunca ter desistido de mim, mesmo quando minha mãe fez isso. Por ele ter cuidado de mim. Ás vezes eu precisava ficar longos períodos sozinha com as babas quando ele viajava para filmar seus filmes, mas eu entendia que era seu emprego e que ele amava aquilo. Afinal, que pai pode passar o tempo todo com seus filhos?

- Como você esta, Bells? – perguntou se soltando, e me lembrando do apelido piegas que tinha me dado e que os meninos usavam ás vezes.

Revirei os olhos, mas o respondi:

- Estou bem. E o você?

- Muito bem. – ele estava empolgado. – Estou com um projeto novo. Ainda esta no comecinho e nem o elenco foi escolhido, mas é coisa boa, filha. – sorriu, quase pulando como uma criança.

- Isso é ótimo, pai. – tentei demonstração animação.

- Não é? – ele concordou. – E vai ser filmado aqui em Los Angeles mesmo.

- Sobre o que vai ser o filme? – Jasper perguntou, ele também era um fã do meu pai. Graças a Deus nada exagerado como Emmett.

- Um épico sobre a segunda guerra. – meu velho respondeu, voltando a se sentar e iniciando uma conversa com meu amigo enquanto eu ia pegar algo para comer. – ...Será arrasador. – Voltei e os dois ainda discutiam sobre o filme.

- Onde estão Jacob e Emmett? – perguntei, sentindo falta da babação de ovo do Emm em cima do meu pai.

- Na Caltech. Emmett foi fazer a prova e Jacob foi à biblioteca estudar.

Droga! Isso me lembrava de que eu teria prova amanhã e tinha que arrumar um tempo para estudar.

- Então, como foi o show ontem? – Silver perguntou.

- Foi ótimo. – Jasper respondeu com os olhos brilhando.

- Foi incrível, pai. Muito obrigada pelos convites. – agradeci constrangida. – Você não precisava ter se incomodado.

- Ora, não foi um incomodo, Bells – esbravejou. – Emmett apareceu em casa e disse que vocês queriam ir, se eu soubesse tinha arranjado antes os ingressos para vocês.

Emmett! Eu precisava lembrar-me de mata-lo mais tarde.

- Ei, Jass, não vai acreditar. – mudei de assunto. - Acabaram de ligar para mim da agência de emprego, parece que alguém gostou de mim e mais tarde vou ir conhecer meu, amém, futuro chefe. Finalmente vou ter dinheiro, Jass. – joguei os braços para cima, dando aleluia.

- Esta precisando de dinheiro? Eu posso te dar, Bella... – Droga, não era isso que eu queria.

- Pai, não precisa. – suspirei.

Charlie se empertigou - Mas nem um carro você tem... As filhas dos meus amigos não ligam de ganharem carros dos pais. – cruzou os braços fazendo bico, o que foi ridículo para um homem daquele tamanho.

Eu dava amém por não ser como as filhas dos amigos deles.

- Eu posso conseguir sozinha...

- Não disse que não pode. – se defendeu. – Só quero dizer que você poderia ter coisas melhores se não fosse tão cabeça dura. Como um apartamento mais decente. – abriu os braços, mostrando o lugar a sua volta. E aquilo me deixou chateada. Jasper ficou constrangido e eu temi que aquilo o ofende-se.

- Eu não preciso de coisas melhores. – Não era totalmente uma verdade. Mas não ia deixar que ele soubesse disso. – Eu posso me virar. – sibilei, cansada da velha discussão que nem sabia por que tinha sido reiniciada.

Charlie suspirou com dificuldades, e eu sabia que ele estava nervoso por ser contrariado – meu pai infelizmente tinha alma e gênio de estrela também. - Jasper estava mudo olhando para a televisão, fingindo que nem estávamos ali.

Com um timing perfeito, a porta abriu revelando meus outros dois amigos. Jacob nem percebeu quem estava na sala, e se percebeu não ligou. Disse um “oi” arrastado e passou reto por nós indo para seu quarto, com certeza dormir depois de tanto estudo.

Mas Emmett continuou na porta.

- Silver. – cumprimentou respeitosamente, antes de sair correndo feito uma gazela e se jogar nos braços do meu pai.

- Ele tem que fazer isso toda vez? – perguntei para o nada, exasperada.

#16:20#

Olhei-me no espelho do corredor pela vigésima vez, mas não podia me demorar mais ou chegaria atrasada.

Jacob passou atrás de mim, e parou me analisando. – Relaxa, você esta bem. – sorri para ele agradecendo.

- Eu preciso de um emprego! – Gemi. – Vou tentar esse, mas vou fazer a entrevista de segunda e se der certo, saiu fora. Simples assim. – Eu falava mais para mim mesma, tentando me convencer de que as coisas eram mesmo tão simples.

Respirei fundo e fui para a sala, onde meu pai me esperava para me dar uma carona até o lugar.

#16:50#

- Eu posso arranjar um emprego para você. – Charlie praticamente fazia birra, e eu não pude deixar de rir.

- Deseje-me sorte. – pedi para ele, beijando seu rosto e saltando do carro antes que ele pudesse continuar com a manha. – Obrigada, pai.

Caminhei rápido pela rua, tomando cuidado para não ser atropelada ou para não dar de cara com o chão, só me dando conta de onde estava quando já me encontrava dentro de um imponente edifício espelhado no centro de Los Angeles. Olhei novamente minhas roupas e me senti mal por estar tão informal, elas pareciam boas em casa, mas aqui... Comecei a ficar nervosa. Estava com um vestido preto que achei no fundo do guarda roupa e deveria ser o único que eu tinha, junto com sapatos de salto baixo que guardava para emergências como essa.

Caminhei até os elevadores, atenta a não tocar em nada ou derrubar alguém. Um homem e duas mulheres entraram comigo, e imediatamente meu ego foi lá ao chão pelas roupas e a postura que tinham. A morena lançou um olhar não muito simpático para mim e dei um passo para o lado me encolhendo no canto, apenas esticando o braço para apertar o numero do meu andar e torcendo para chegar logo lá.

Quando as portas finalmente se abriram, eu saí trôpega ao observar o hall ainda mais luxuoso em que estava. Olhei mais uma vez no endereço que tinha em mãos para ver se era o lugar certo, e infelizmente era. Uma senhora, que parecia uma daquelas vovós grã-finas estava em uma mesa ao centro conversando com um homem. Respirei fundo e comecei a caminhar até as portas duplas onde estava indicado o numero seis, sem falar com ela antes, mas como a vovó não chamou minha atenção continuei.

Abri as portas duplas e tentei nem me afetar com o luxo do lugar, parecia ser costumeiro nesse prédio. Uma loira bonita vestida em um tubinho que deixava seus seios fartos quase todo para fora me olhava de cima a baixo com cara de reprovação. Engoli em seco e me dirige a ela:

- Boa tarde. Sou Isabella Swan e tenho hora marcada...

- Pode entrar, ele esta esperando você. – me cortou com uma voz enjoada, sendo seca e já nem me olhando mais.

- O-obrigada. É ali? – apontei a porta escura.

- É a única porta que tem, queridinha. – sorriu com deboche.

Pronto, eu já estava irritada. Mas mesmo assim usei da minha boa educação:

- Obrigada.

E o que ela fez? A criatura amargurada bufou sem paciência alguma. Que foi queridinha, não serviram milho no almoço hoje?

Esse não era um bom começo.

Com passos duros caminhei até a porta, encorajada pela raiva. Bati uma vez e já escutei um entre. E caraca, de tudo que é elegância que vi aqui, essa sala sem duvida coloca as outras para rodar.

- Uau. – exclamei impressionada.

Uma risadinha chamou minha atenção e fiquei vermelha quando um senhor veio até mim, estendendo a mão, que prontamente aceitei.

- Isabella Swan? – perguntou, mas não esperou minha resposta. – Sou James Stonefield.

James Stonefield? Aquele nome era familiar... Fiquei remoendo ele na minha cabeça até a imagem de meu pai me apresentando um homem há anos veio. Arregalei meus olhos.

PUTA QUE PARIU, o cara era um agente de reputação na indústria. Nunca chegou a assessorar Charlie, mas frequentava algumas festas que meu pai dava quando eu ainda era criança.

Comecei a suar frio com a ideia de que eu seria contratada para ser sua assistente pessoal... O que não fazia sentido algum! Alguém como ele deveria querer a pessoa mais competente e com o melhor histórico para trabalhar ao seu lado. Só podia ser um engano...

A não ser... Não, Charlie não faria isso. Faria? Ele sabe o quanto eu ficaria brava por ele mandar um de seus amigos me dar um emprego.

- Isabella? – O Sr. Stonefield me chamou, arqueando a sobrancelha por ter que me tirar do mundo da lua, o que me deixou ainda mais envergonhada. – Esta tudo bem?

- Sim. Quer dizer, não. Quer dizer... – Gaguejei sem saber o que dizer, mas por fim me enchi de coragem, eu precisava ser honesta apesar de precisar do emprego. – Desculpe, senhor. Mas eu preciso saber se meu pai tem algo a ver com isso.

- Seu pai? – Ele recuou um pouco, endireitando os ombros. – Não entendo, senhorita. O que seu pai teria a ver com isso? – sorriu, com paciência.

Eu torci minhas mãos uma na outra, embaraçada. – Bom, meu pai... Você sabe, vocês dois são amigos...

- Amigos? – Ele ficou surpreso. – Deve ser um engano. Eu nem sei quem é seu pai. – deu uma risadinha nervosa e eu temi que estivesse me achando louca, então tratei de explicar logo:

- Sim, você conhece. Meu pai é Charlie... Quer dizer, Silver Charlie. – falei mais baixo por algum motivo.

Ele demonstrou surpresa.

- Silver? Você é a filha de Silver Charlie? Esta falando sério? – sorri envergonhada. – Eu não vejo você há anos, e nem seu pai. Como você cresceu. – e então se aproximou passando os braços pelo meu ombro, em uma proximidade que me deixou arrepiada.

Aquele homem era estranho. E eu me lembrava de não gostar dele quando era criança, mesmo sem ter um motivo.

- Então não foi meu pai que pediu para me contratar? – indaguei, suspeitando que ele estivesse mentindo.

- Oh, não, querida.  – riu um pouco, como se a minha ideia fosse absurda - Faz muitos anos que não me encontro com Silver. – esfregou meu braço em um afago. – Com essa vida corrida, negócios, mesmo morando na mesma cidade e estando no mesmo ramo é difícil... A proposito, como ele esta?

- Bem. – eu ainda não estava inteiramente convencida.

- Que feliz coincidência. – riu, como se aquilo fosse incrível.

- Senhor, eu não entendo... – ele me encarou, esperando que eu continuasse e sorriu me encorajando quando demorei. – Porque me contratou para ser sua assistente pessoal? É um cargo de muita responsabilidade e acho que o senhor vai querer...

- Ah, não. – Ergueu as mãos me parando. – Você não vai ser minha assistente pessoal. – sorriu carinhosamente, o que só serviu para revirar meu estomago porque certamente aquele gesto não parecia combinar com ele.

- Não? – Eu estava ainda mais confusa.

- Não. Você será a assistente pessoal de um ator que agencio.

Eu não sabia se estava mais feliz ou não com aquela noticia. James Stonefield só tinha pupilos famosos, e eu me vi sofrendo para realizar os caprichos de uma celebridade.

- Mas acha que sou a pessoa certa para o serviço?

- Sim, acho. – ele olhou para os lados me parecendo desconfortável, e então se voltou de novo para mim. – Mas também não entendo a razão da filha de Silver estar em uma agência de empregos? – perguntou, com seus olhos negros cintilando, e me deixando desconfortável também.

- Eu preciso do emprego. – Foi o melhor que consegui dizer, sem querer entrar em detalhes com aquele homem.

- Muito? – ele indagou interessado.

- Muito. – suspirei confessando.

- Bom, então o emprego é seu. – Não pude deixar de me sentir feliz, mas ainda estava preocupada.

- Mas... – comecei, mas ele me interrompeu.

- Eu conheço você, sei quem são seus pais, então é a melhor pessoa para esse emprego, alguém de confiança.

Eu estava pronta para confronta-lo outra vez, quando seu telefone tocou.

- Pode o mandar entrar, Tânia. – disse para o outro lado da linha, lançando um sorriso para mim. - Seu chefe chegou. – disse assim que colocou o telefone no gancho. Meu estomago se embrulhou enquanto eu rezava para ser pelo menos uma pessoa aceitável.

A porta foi aberta sem bater e eu me virei para ver quem entrava quando congelei no lugar. NÃO ACREDITO! Por favor, que isso seja uma infeliz coincidência e não seja ele. Por favor. Por favor! Eu preferia ser a assistente pessoal da Samara do poço e viver com ela lá do que ter que servir essa criatura.

O paspalho estava tão surpreso quanto eu por me ver ali. Ele olhou de mim para Stonefield uma, duas, três vezes – o que já estava me dando nos nervos. – E quando parou, falou a coisa mais inteligente que conseguia:

- James, o que significa isso? – mesmo em choque eu precisei segurar a risada: a estrela parecia uma moça que pegou o marido com outra mulher.

O agente sorriu de canto a canto.

- Edward, apresento Isabella Swan, sua nova assistente pessoal.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?
Sim, James faz parte da escória humana! Ele é manipulador e falso, mas enquanto estiver tirando proveito disso, para ele esta tudo bem.
Um grande Obrigada a todas que comentaram e as novas leitoras que deram uma chance a fic. Valeu mesmo (: É isso que me incentiva a sentar na frente do notebook e escrever!
Ah e uma MUITO, HIPER, MEGA OBRIGADA a Tammy que recomendou a fic! Flor, obrigada por CADA palavra, e por me fazer acreditar que eu escrevo bem kk
Beeeeijos!