P.O.V Percy

A única coisa que fiz foi balançar a cabeça positivamente. Annabeth me encarou divertida, seus olhos com um brilho intenso.

Aproximou o rosto do meu e quando eu ia acabar com aquela pouco distancia, ela se desviou e lascou um beijo na minha bochecha.

BOCHECHA, PUTA MERDA!

– Boa noite cabeça de alga, até que enfim deixamos essa fase de “estrangulamento” e voltamos a ser amigos, tenha bom sonhos.

E com isso, ela virou e ficou de costas para mim.

“Amigos, Amigos, Amigos.”

Olha que legal Percy, você tá na friendzone logo com a Annabeth, o ser que você mais odeia no mundo, toma.

Fiquei incomodado, isso nunca tinha acontecido. As garotas do Goode ou qualquer outro lugar quase que lutam pela minha atenção ou dão suspiro quando eu passo (Sim, eu sou um galã, me ame.) enquanto a Annabeth me ignora.

Dahora a vida.

Resmunguei sozinho e virei as costas também. Porém, eu sabia que ela estava acordada e rindo. Pois quando ela ri, faz um barulhinho de “tec”

“Tec.”

– Annabeth, você está acordada?

– Estou.

Me virei e encarei suas costas. Se ela quer brincar comigo, não deve ficar pensando que eu vou estar em desvantagem.

– Olha, eu vou fazer uma coisa com você e você pode me odiar pelo resto da vida, mas eu não vou me arrepender nem um pouco.

Ela riu de novo e tentou ficar séria.

– E o que é?

– Isso.

Segurei sua cintura e a virei para ficar de frente para mim. Ela tinha aquele mesmo brilho nos olhos e a luz do abajur acima da escrivaninha mostrava o quanto estava corada.

Sem pensar duas vezes, juntei nossos lábios. (N/A: AMÉM)

O beijo foi calmo, porém caloroso. Quando pedi passagem para aprofunda-lo, ela pareceu pensar duas vezes, mas acabou cedendo. Seus lábios eram macios, e nossas línguas travavam uma batalha gostosa por espaço.

Eu poderia ficar para sempre ali, beijando-a, sentindo seus dedos puxando meus cabelos e sua mão alisando minha nuca, com a sua perna sobre mim e eu apertava sua cintura levemente.

Mas, como existi uma coisinha insignificante chamada respiração, nós tivemos que nos separar. Ela estava ofegante, e olhava atentamente para os meus olhos, enquanto eu estava no mesmo estado encarando sua boca carnuda, e quando eu ia beija-la novamente, ela me empurrou de leve.

– Não Percy, isso no fundo é errado, nós nos odiamos, lembra? E...E... E merda, eu quero tanto esses seus lábios – ela me deu um beijo rápido – mas ao mesmo tempo quero te matar. Quem você pensa que é pra me beijar assim? Eu te odeio seu cretino, e você...

Ela ficou murmurando/gritando coisas sem nexos e me esmurrando todas as vezas que eu tentava chegar perto. Depois do que pareceu uma eternidade com ela falando, falando e falando, ela se virou, ficou na pontinha da cama e disse:

– Fique sabendo que isso nunca mais vai acontecer, melhor, finja que esse dia nunca existiu, passar bem.

E com isso, tive que optar em dormir, mas não sem antes lhe empurrar da cama e vê-la caindo no chão me xingando. É a vida, eu amo irrita-la, e ele fica tão linda com esse olhar de que quer me matar.

(....) 05:30, madrugada de terça.

Tip, top, tum.

Ignora Percy, são apenas idiotas jogando pedras na janela.

Tip, top, tum.

Ignora Per....

Não aguentei.

– OLHA SEUS ARRUACEIROS DE MERDA, EU QUERO DORMIR.

Gritei com os olhos fechados.

Tip, tom, tum.

Abri os olhos, senti um peso sobre mim agarrado ao meu pescoço e supus ser o meu cachorro. Me sentei na cama e olhei para o relógio.

05:30 da madrugada e tem gente vagabundando na rua? Pensei. Santo Deus.

Me alevantei e fui em direção da luz. Só quando acendi, percebi que não estava em casa e nem no meu quarto. Era o dormitório da Goode e Annabeth dormia agarrando meu travesseiro.

Tip, top, tum.

A pedra bateu na janela, quicou e depois caiu.

Cheguei mais perto e sufoquei um grito, pois vi uma parição de cabelos pretos, curto e com olheiras no rosto do outro lado do dormitório.

Thalia parecia a noiva cadáver, deve ser por isso que ela e o Nico combinam. Ela tinha um papel na mão e nele sua letra garrinchada dizia:

“Achamos uma escada no armário de limpeza. Abra a janela e acorde a Annabeth.”

Peguei um papel e um pincel acima da escrivaninha.

“Você não pretende que ela arrisque a vida dela passando de um dormitório para o outro em uma altura de 7 metros engatinhando na escada, certo?”

“Sim, e daí?”

“Louca.”

“Abre a merda da janela Perciana!.”

Fui na janela e a abri, o cadeado já estava todo esfolozado mesmo, só dei uma ajudinha pra ele abrir de vez.

Abri a janela e Thalia empurrou a escada, peguei-a enquanto Thalia e Katie empurravam do outro lado.

A porta de trás se abriu e Nico correu para me ajudar.

– Eu vou ficar aqui enquanto você acorda a Annabeth – minha respiração estava acelerada – rápido Nico!

Ele correu para chamá-la, olhei para o lado e vim um Connor e Travis vomitando ao mesmo tempo.

– Seus baitolas filhos de uma arrombada (N/A: Mas gente, quanto amor.) o dormitório vai ficar com um fedor insuportável.

– Hum, Percy... A Annabeth está mesmo em condições? – Nico perguntou ao se aproximar do meu lado com ela nos braços. – Você sabe, depois do que aconteceu...

– Ela não tá bêbada Nico.

– Mas...

– Nico, a porra dessa escada tá me machucando.

Ele começou a balançar a Annabeth em seus braços.

– Annie.... Annie... Óh Annabeth?! Ah sim, acordou.

Ela saiu de cima dele com uma cara amarrada.

– Que diabos é agora?

– Tu tem que atravessar essa escada até lá do outro lado – Connor disse em meio a um vômito – ou seja, tu vai morrer. Foi bom te conhecer, prometo levar rosas no teu interro.

– Cala a boca Connor! – Gritei, minha paciência estava zero – Annabeth, atravessa logo.

– Tá, tá bom.

Ela subiu na janela, se agachou e foi engatinhando.

A escada balançava e eu temia que ela pudesse cair, mas ela parecia perfeitamente equilibrada.

Quando estava na metade do caminho, Nico comentou:

– Ela tem bela curvas.

– Mais que belas.

Ele deu um sorriso maroto e esfregou as mãos.

– Então, o que rolou?

– Como assim?

– Ela estava na sua cama, com a sua camisa, abraçando o seu travesseiro, e quando eu a chamei ela murmurou o seu nome, na verdade, ela gemeu ele.

– WHAT?

­– Tô falando sério.

Tentei ficar sério e não sorrir feito um idiota.

– Hum, err, hum, não aconteceu nada.

–Sei.

– Cala a boca.

Annabeth já estava no outro lado ajudando as meninas a puxar a escada. Quando terminaram, eu gritei contra o vento:

– Tudo bem aí?

Ela rebateu sorrindo:

– Você baba enquanto dorme.

Deu uma piscadela e fechou a janela puxando a cortina.

– Mal agradecida.

– É meu caro – Nico deu um peteleco na minha nuca – quem mandou não ser esperto?

– Olha só quem fala – respondi alisando onde ele havia dado o peteleco – morre de amores pela Thalia, sabe que ela de alguma forma corresponde e mesmo assim nunca faz nada.

– Eu não morro de amores por ninguém, ela é minha prima Percy! E eu não vejo a Tha me correspondendo em nada.

– Olha Nicolas*, vai chegar um dia que vai haver outro cara que ela possa gostar e você vai a perder, pensa nisso tá?

Ele me olhou intrigado, se virou e se jogou na sua cama todo esparramado, cheirando a bebida e sem tomar banho.

Seboso*.

Travis e Connor pareciam ter se recuperado, haviam sim tomado banho e já estavam dormindo.

Olhei para o relógio, faltava poucos minutos para seis horas, decidi que não iria mais dormir. Me deitei na minha cama, e fiquei lá, olhando para o teto, esperando as horas passarem e eu mais uma vez encarar a sociedade psicótica desse internato, sem deixar de ressaltar que eu adoraria ver a loirinha novamente.