Angel Rebel escrita por Jenny Sarfati


Capítulo 10
Do sonho ao pesadelo


Notas iniciais do capítulo

Hey mais um capitulo para vocês :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/377701/chapter/10

***QUINN***

Rachel se levantou do sofá e correu escada a cima, puxando o cós do meu shortinho ao passar por mim, fazendo-o estalar contra minha pele. Parei a encarando e me irritando profundamente com a falsa cara de santa que ela ousou fazer quando me olhou. Entrou no me quarto e saltou em minha cama, puxando dois travesseiros.

–Um é meu-. A avisei

Bufou me atirando o que ela pretendia colocar entre as pernas. Apaguei a luz e deixei apenas a do abajur ligado. Desejava profundamente esquecer do meu sonho e voltar a dormir.

–Boa noite.- Sussurrei encarando o teto e repousando as mãos atrás da cabeça.

Alguns minutos depois e ela ainda estava acordada. Encarava o teto também

–Sem sono, ou anjos não dormem?-Sussurrei.

–Durmo quando tenho vontade.

Dei de ombros.

–Estou começando a achar que você teve um pesadelo-. A ouvi sussurrar

Sorri. Talvez eu esteja louca, ou nossa convivência forçada esta me levando a sonhar com você.

–Sou difícil para voltar a dormir-. Desconversei.

Bufou.

–Por que disse que não vai mais me ajudar mais cedo? E por que estava chorando?

Se virou para me encarar.

–Não tenho mais nada a perder-. Foi bem clara. -E você também não colabora. Escolhi enfrentar o veredito oculto. Não vou fazer falta pra ninguém mesmo.

–Vai fazer pra mim-. Deixei escapar sem querer.

Bateu a mão em minha barriga fazendo um som estalado. Me encolhi levantando a camisa e vendo a marca de sua mão

–Por que me bateu?

–Odeio mentiras.

–Uma mentirosa que odeia mentiras. Você não é normal.

Sorriu e eu prestei atenção demais nesse sorriso.

–Esta vendo isso agora?

–É, acho que estou. Mas, você ainda não me contou o motivo do choro.

Mordeu os lábios e fez sua melhor cara de brava. Era engraçado. Me bateu de novo.

–Ai!

–Ai o caramba-. Choramingou-. Por sua culpa meu pai não se lembra mais de mim.

Duas coisas que não entendi na frase. “Sua culpa” e “meu pai”.

–Deus não se lembra mais de você?

Sorriu sem humor e me encarou.

–Leroy.

–Então esse Leroy é velho e esta ficando gagá?

Me bateu de novo.

–Esta ardendo-. Falei pausadamente.

–Eu devia dar na sua cara-. Encarou o teto. Vi uma lagrima. -Ele era a única pessoa que não me achava ruim.

–Eu não te acho ruim-. Coloquei a mão na barriga antes que ela me batesse.

–Imagina... Por Leroy eu faria qualquer coisa, ate te aturar para passar um tempo aqui.

–Pensei que fosse por seu medo de ir lá pra baixo.

Deu de ombros e ouvi seu soluço. Ah droga! Ela não esta chorando, esta?

–Ninguém nunca me trata bem.

–Você devia ver como trata as pessoas-. Sorri.

Se sentou na cama puxando o travesseiro para o colo e fez bico feito criança.

–Trato elas como elas me tratam. Geralmente tudo o que elas querem é que eu faça magica. Não sou gênio, nem cupido, nem nada dessas coisas. Eu só tenho que ajuda-los a decidir.

Me sentei.

–Eu te dou trabalho?

–Você nem imagina em quantas maneiras já pensei em te matar-. Seus olhos faiscaram na luz fraca; então sorriu. -Mas não posso.

Respirei fundo e soltei o ar.

–As veze você me dá medo.

–Te entendo, às vezes me assusto com o que digo-. Se afundou de volta a sua posição de origem ajeitando a cabeça no travesseiro Me encarou.

–Tem muito de vocês por aqui?-. Perguntei, realmente curiosa.

–Alguns, não posso ver todos. As vezes estão disfarçados, alguns são caídos e eles são um perigo pra mim.

–Por quê?

Sorriu.

–Ando com eles. Nem todos são ruins.

–E por que caíram?

Bufou.

–Vários motivos que não vem ao caso agora. Bom, são quase três da manhã, você não vai dormir não?

–Já esta com sono?

–Não, mas não estou a fim de ouvir seu mau humor pela manhã.

Coloquei a mão no seu rosto e ela me bateu. Apaguei a luz e segundos depois ela mexia comigo, fazendo cocegas no meu ouvido. Liguei o abajur e ela estava de olhos fechados, só foi eu desligar, que ela voltou com a graça.

–Achei que havia me mandado ir dormir.

Gargalhou me dando as costas.

–Ta, eu parei. Vou virar pra cá ok?

–Boa noite.

–Sonhe com os anjos.

Pode deixar, vou sonhar.

***

A cama estava vazia quando acordei e estava atrasada. Meu relógio nunca atrasava. Ela o desligou. Segui para o banheiro as pressas, tomei um longo banho e me troquei. Ela não estava, não me atormentou no percurso ate a empresa. Isso foi muito estranho para o meu gosto, porque quando ela sumia, raramente era pra fazer alguma coisa boa.

–Sam quer falar com você-. Ângela me parou na saída do elevador. Ajeitou minha camisa e meu cabelo. -Esta atrasada.

–Eu sei-. Falei me afastando. -Ele esta na minha sala?

–Na dele.

Segui para sala de Sam. Pela cara dele não era nada tão grave como eu pensava. Ângela as vezes exagerava no tom.

–Qual é a da vez?

–Brittanny mandou o andamento da campanha. Chegou a hora de apresentar as novas peças.

–E?

–E que isso não pode ser um fracasso, entendeu?

Analisei a papelada.

–Não vai ser.

–Assim espero-. Sorriu. -Vai levar a Harmony com você?

Levantei o olhar. Isso meio obvio.

–Por quê?

–Brittanny pediu para que Rachel fosse. Estou sentindo falta do humor daquela garota.

–Ela não vai-. Falei em tom alto caso ela estivesse ali.

Sam gargalhou.

–Seu fantasma voltou a aparecer?

–Nem me fale nele, estou precisando acordar das sensações estranhas que esse demônio esta me passando.

–Vai que ele te ataca enquanto você dorme. Seria louco.

–Louco é a sua imaginação-. Peguei minha pasta. -Ligue para Brittanny e marque a campanha.

Me atirou uma bola de papel antes de eu sair.

–Não se esquece da Rach-. Gritou.

Fui surpreendida com a mesma quando me virei. Estava com um vestido preto, esse ate que era decente, salto que fazia um barulho insuportável enquanto caminhava. E mais uma vez, ela estava com aquele pirulito de dado que eu tinha certeza que você só encontraria em Vegas.

–Andou fugindo para Las Vegas?

Colocou a mão na cintura em uma expressão seria, ate gargalhar.

–Isso não é da sua conta-. Enlaçou nossos braços. -Me conta, o que falavam de mim?

–Nada-. Respondi.

–Mentira. Eu ouvi meu nome.

Abri a porta da minha sala e ela me empurrou, entrando na frente.

Muito educada.

–Estávamos procurando alguém que possa vir aqui para exorciza-la.

Eu juro que ela mostrou o dedo.

–Se você não falar por bem, vai falar por mal.

Eu odiava suas ameaças.

–Ok, temos uma festa de exposição da campanha. Mas você não vai, ponto e fim.

–Eu fui convidada. Então eu vou.

–Não vai não.

Tentei ligar o computador, mas ela não colaborou. Ela voltou a trancar as portas e assustar Ângela E não me ouvia. Ela é os dois lados da moeda. Você não sabia qual te daria sorte.

–Pare com isso já.

–Me deixe ir, eu fui convidada-. Bateu o pé.

–Vou pensar no seu caso.

Cruzou as pernas chamando minha atenção

–Ótimo Pensaremos no caso uma da outra.

Harmony estaria no evento. Harmony corria risco de vida. Harmony era cega perto dela. Ela odiava Harmony. Ela era um anjo do mal com cara de anjo do bem. Ela poderia mata-la em um segundo. Harmony e ela no mesmo ambiente era como ser amante de jogos mortais.

Consegui trabalhar, às vezes ela voltava a girar na cadeira, nas outras ela sumia e era fácil saber onde ela estava. Eu só precisava ouvir algum grito de qualquer lugar da empresa e ela voltar gargalhando como se isso fosse a coisa mais incrível do mundo.

Segui para o meu almoço, e dessa vez ela me acompanhou. Ainda em silencio. Às vezes me encarava, às vezes me arrependia de olha-la tão profundamente e me lembrar do sonho. Seria possível eu confundir Harmony e ela? Estacionei e segui para a mesa de sempre, ouvi seu salto cantar irritante atrás de mim. Fez cara feia a garçonete e cruzou os braços.

–Já pensou?

-Qual é a possibilidade de você matar Harmony?. Perguntei mentalmente.

Ela me lançou um sorrisinho cretino.

–Nenhuma.

-Eu queria soca-la com tanta mentira.

–Acredite em mim.

-Não mesmo. Se eu deixa-la ir, tem que prometer que não vai fazer nada. Harmony não é ruim.

–É por isso que no inferno esta cheio de boas pessoas-. Comentou.

Fiz meu pedido e a ignorei ou ia cometer uma loucura ali. Não demorou muito e tentei começar meu almoço em paz. Tanta paz que me esqueci que ela estava ali. Uma garotinha na outra mesa me encarava, não era comigo.

-Pode parar de assustar a criança? Me encarou.

–Eu conheço aquela peste-. Sua testa estava franzida.

-Ótimo, você esta comigo agora. Percebi o olhar dos pais da garota para mim. Eu só esperava terminar meu almoço bem.

–Eu preciso extravasar minha raiva.

-Em uma criança?

–Ela esta longe de ser um anjinho.

Voltou a encarar a menina que em segundos estava chorando e Rachel sorriu satisfeita. Era uma piada que apenas ela sentia graça.

–Isso é tão bom. Agora me de a resposta final.

Afastei meu prato pegando minha carteira pronta para ir embora. Ela me seguiu ate o balcão Mexeu em alguns papeis em cima do mesmo e a encarei.

–Minha conta.

A garota sorriu me passando o papel com o calculo e tirei meu cartão, Rachel fez cara de tédio

–Tenha uma boa tarde e volte sempre.

–Fresca ela.

-Cala a droga da boca.

–Obrigada. -respondi.

Faltava tão pouco para saída e ela me fez o favor de olhar para trás onde vinha a mãe da garotinha com a pequena em seu colo.

–Estava me assustando-. A menina gritou.

Vi Rachel se afastar e quando olhei para atrás, o mundo girou. Senti o impacto do tapa em meu rosto. E fiquei no chão

–Nunca mais olhe para ela entendeu? Não tem vergonha de assustar uma criança?

–Mas...

–Vem-. Chamou o marido e passaram por nós.

Aquela peste viu tudo e não fez nada! Se agachou a meu lado.

–Então, pensou?- perguntou como se nada tivesse acontecido, como se eu não tivesse apanhado por culpa dela.

Faltou um pouco para eu começar chorar ali. Mas era de raiva, porque eu apanhei por culpa de sua diversão Dirigi em silencio de volta a empresa. Eu era capaz de joga-la do carro se ouvisse sua voz. Ângela foi a primeira a me receber mais uma vez.

A encarei.

–Brittanny ligou. O evento da campanha foi marcado para o sábado, temos um dia e meio. E ela já esta a todo vapor. Harmony já foi avisada e o senhor Sam pediu para lembra-la de avisar a senhorita Berry. Acho que é só isso. Ah e coloca gelo nesse rosto

Bufei sentindo minha cabeça latejar. Rachel entrou em minha sala logo atras de mim e se sentou comportadamente a minha frente. Apoiou os cotovelos na mesa, enquanto me observava colocar gelo no meu rosto.

–Não me olhe com essa cara, porque a minha vontade é de acabar com ela.

–Você tem que parar com isso-. Falou calma.

–Tenho que parar com isso, claro . Eu tenho.

–Só quero me divertir também

A encarei.

–Você devia pedir perdão pelos seus pecados.

Baixou a cabeça.

–Por sua culpa eu não vou ter para onde ir no sábado

–Minha culpa não. Não me venha com essa.

Empurrou a cadeira ficando em pé a minha frente e apertou o gelo meu rosto, me fazendo gritar e Ângela invadir a sala.

–O que foi agora?

–Isso dói-Falei quando o demônio se afastou.

–É assim mesmo. Ninguém mandou arrumar briga-. Ângela disse e se retirou.

Bateu a porta.

–Eu vou te matar.

–Tenta-. Colocou as mãos na cintura. As vezes ela fazia essas poses para me provocar.-  Olha, eu comecei educada. Só fiz um pedido, mas você não entendeu minha boa vontade. Então eu vou partir para violência-. Sorriu.

–Para.

–Se eu não for, Harmony também não irá. Você escolhe.

Lhe atirei o gelo, mas nem raspou.

–Péssima pontaria, tenta de novo.

Segurei a cabeça.

–Ok, você vai.

Sorriu empolgada.

–Mas deixo bem claro, qualquer gracinha. E eu te mando para o inferno em dois segundos. Não me esqueci que ainda posso escolher.

–Não te privei da escolha.

–Imagina.

–Vou me comportar, eu prometo.

Eu só queria ver.

...

Por incrível que pareça meu anjo fez seu papel pela primeira vez, não matou ninguém, não assustou ninguém, eu não apanhei na rua. Mas não a vi hoje e ainda é cedo. Me arrastei para o banheiro, Brittanny me ligaria em alguns minutos querendo saber se já providenciei meu vestido. E logo seria Harmony. Terminei minha higiene e segui para cozinha, tinha um bilhete na geladeira.

Bom dia, ou tarde porque você não dorme, hiberna. Bom hoje não vou dar o ar da graça ,afinal, hoje é o dia de eu ser normal. Sei que vai fazer piadinha sobre isso, mas ligo para sua opinião como ligo para politica. Acho que você pode se cuidar sozinha ate o fim do dia, não é mesmo? Assim espero, porque se não, você estará lascada minha filha. Era só isso, nos vemos as sete muito bem acompanhadas.

Beijos do seu anjo perfeito da guarda.

Ironia pesada e muito bom humor e o dia mal começou. Preciso reforçar que estou com medo de seu sumiço? Sim, eu estou com medo de seu sumiço.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem e me digam o que acharam



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Angel Rebel" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.