Entro na casa e vejo Maria e Howard limpando e enfeitando a casa com sorrisos nos rostos.

Não sei se acho certo usar um vestido da irmã de Carter, mas não vou de short blusa para um evento como este. 

Olho para o relógio enquanto subo as escadas e vejo que ainda são 1:30 da tarde. Desço os degraus e ando até a escada prateada onde Howard está para tentar colocar uma corrente dourada de flores.

- Querem ajuda? - pergunto sorrindo.

- Oh, Shannon. - diz Maria animada. - Mas é claro. Ajudas são sempre bem vindas. O jantar será ás oito, Sr. e Sra. Lewis chegarão as sete e quarenta aqui, se tudo for dentro dos conformes. - Ela solta um gritinho animado. - Á alguns anos não os vejo. É tão emocionante. Você usará um dos vestidos de Georgia? - Ela arqueia uma sobrancelha.

- Não. Da irmã falecida de Carter. - digo.

Maria esboça um sorriso torto, os olhos fixos no chão como se se lembrasse dela.

- Anne. - diz ela suspirando. - Foi uma tragédia. Vocês são até parecidas. Os vestidos ficarão ótimos em você. Se quiser ajuda com os cabelos, é só me chamar.

Concordo com a cabeça sorrindo.

- Enfim, o que querem que eu ajude? - pergunto.

- Pode pegar essas garrafas? - Howard me entrega um papel branco com nomes de vinhos. Carter passa correndo e corre pelas escadas. - Carter! - Ele para e sorri para Howard. - Não corra. Sua mãe vai adorar ver você com um dente quebrado.

Carter ri e diminui a velocidade até seu quarto.

- A adega fica lá embaixo. - diz Maria segurando meu braço e me levando até uma escada que vai até o subsolo. - Há um interruptor de luz no final da escada. Achará os vinhos facilmente.

Concordo com a cabeça e desço as escadas. Sinto o cheiro amargo dos vinhos e vejo um quadrado amarelo brilhante na parede. Movo-o para baixo e as luzes no teto se acendem, mostrando prateleiras e mais prateleiras com garrafas de vinhos.

Ando por entre os barris de madeira até a pratileira dos vinhos franceses. 

- Beaujolais. - tento pronunciar, mas não sei nada de Francês.

Ando pelo corredor até achar o vinho. Pego uma garrafa e continuo andando até conseguir cinco vinhos da lista.

Coloco as garrafas perto da escada. Não vou conseguir carregar isso sozinha. Posso pedir para Howard ou até mesmo para Nathan me ajudar.

Escuto uma garrafa se quebrar. 

- Shannon? - Escuto a voz de Carter. Ando até achá-lo. Ele sorri. - Oi. Vim perguntar se quer ajuda, alguns são difíceis de achar.

Concordo com a cabeça e lhe entrego a lista.

- Cabernet. - diz ele na pronuncia perfeita de francês. - Ah, este é fácil. - Ele puxa a garrafa pelo gargalo e a coloca no chão. - Agora os vinhos chilenos, os favoritos dos meus pais. 

Andamos até a prateleira de vinhos chilenos e Carter passa os olhos por todas as prateleiras, mas não encontra nenhum deles. 

Olho para a lista.

- Chocalan. - digo vendo a garrafa esverdeada com rótulo preto e as letras em laranja. - Esse. - Puxo a garrafa e a coloco no chão. 

- J. Bouchon. - diz Carter e tira a garrafa no suporte em losango de madeira. - Acho que acabamos. Que tal chamar o Nathan para ajudar com as garrafas? 

Concordo com a cabeça e levamos as garrafas até a escada.

- Nathan! - subo os degraus e vejo-o subindo as escadas. - Pode ajudar com as garrafas?

- Garrafas de quê? - pergunta ele. 

- Você não vai beber. - digo. - Não agora. Vem aqui. 

Ele solta um grunhido e desce as escadas.

Levamos todas as garrafas até a cozinha e a colocamos em cima do balcão de granito.

Nathan passa a mão sobre o cabelo, colocando-o por segundos para trás, mostrando seus olhos azuis esverdeados.

Sorrio ao vê-los.

- Querem que eu ajude em mais alguma coisa? - Ele pergunta com os cabelos caídos sobre os olhos.

- Eu estava pensando. Vocês dois poderiam fazer um bolo enquanto Georgia e Carter arrumam os quarto. Que tal? - pergunta Howard.

Nathan dá de ombros e eu também.

Carter concorda com a cabeça e sobe as escadas, chamando Georgia.

- Bolo de que? - pergunta Nathan olhando para Howard.

- Chocolate. É o favorito deles. - diz Howard sorrindo.

- O seu também. - Nathan me cutuca. O encaro com o cenho franzido. Desde quando ele sabe de alguma coisa que eu goste. - Que foi? Não é verdade?

- É. - digo. - É sim.

Ele curva a cabeça para frente e abre as mãos ao lado do corpo. Viu? Voltando á ser o Nathan de sempre.

Howard passa com uma caixa de papelão e coloca as garrafas de vinho, levando-as para a sala.

- Trouxe isso para você. - Howard coloca uma garrafa marrom de vidro com cerveja preta.

- Ah eu acho melhor... - digo observando-o abrir a tampa e me encarar. - Nada. Você não vai dirigir. - Dou de ombros e ele coloca a garrafa na boca. 

Ele deixa a garrafa de lado e pega a forma de bolo. Abre a geladeira e pega manteiga, ovos, e leite.

- Não vai tomar o leite? - pergunto de braços cruzados.

- Quanta classe hein Shan? Eu nunca faria isso, é tipico de você. 

- Tá. - digo vendo-o colocar tudo dentro da forma e batendo com uma colher. - Não sabia que cozinhava. 

- Preguiça e sabedoria são coisas distantes. - diz ele com os olhos na massa marrom. - Eu sei cozinhar, só nunca achei tão divertido.

Me apoio no balcão e observo-o. Não sei como consegue ser tão bipolar. 

** 

- Acho que não vai suficiente. - diz ele vendo a forma. É verdade, sabemos que virão várias pessoas, não vai ser suficiente. - Vou fazer outro. Pegue a farinha ali no armário.

Ando até o armário branco no alto e abro a porta. Vejo o saco grande de farinha e vejo que não vou conseguir alcançá-lo.

- Eu não alcanço. - digo segurando as pontas do pacote.

- Ah. - diz ele sem paciência vindo em minha direção. Puxo as pontas do pacote e vejo-o se aproximando. - Não Shan! 

O pacote abre e despeja farinha em cima de nós. 

- O pacote está aberto. - diz ele todo branco de farinha. 

Começamos a rir. 

- Ok, eu tenho que pegar outro pacote de farinha. - diz ele saindo da cozinha. - Maria vai matar você.

Maria para na frente da porta com uma pilha de toalhas brancas e arregala os olhos para Nathan.

- O que... - As toalhas caem de suas mãos.

- Eu vou precisar de uma vassoura e água. - diz Nathan. - E outro pacote de farinha.

Ele passa por Maria e ela me encara querendo rir.

Caio na gargalhada e vejo a farinha cair de meu cabelo.

- Vá tomar banho. - diz Maria juntando as toalhas do chão. - Não vai conseguir limpar nada com isso. Eu faço isso.

- Não. - digo. - Eu sujei, não vou deixar que você faça isso sozinha.

- Acredite, tome um banho, ajudará mais. - Ela segura meu ombro e depois lima sua mão no uniforme preto e branco. 

Tento não me mexer muito para não espalhar a farinha no chão á ir para meu quarto.

Entro no quarto e tomo banho junto com as roupas. Vejo a massa branca se formar em volta de meus pés. Coloco as roupas molhadas do cabo da cortinha e coloco um short e uma blusa azul sem mangas.

Escovo meus cabelos e saio do quarto. Encontrando com Nathan no corredor. Nos entreolhamos e começamos a rir novamente.

- O que houve com vocês? - pergunta Carter. - Maria disse que estavam cheios de farinha. 

- Eu derrubei o pacote de farinha em cima de nós. - digo. - Precisamos ir comprar outro.

- Já comprei outro. - diz Carter. - Querem ajuda com o bolo.

- Pode deixar, eu faço. - diz Nathan. - Só mantenha a Shannon bem longe da farinha.